terça-feira, 29 de abril de 2008

Il Dissoluto Punito ossia Der steinerne Gast.

Para a posteridade, o dia de hoje anuncia o fim da era Wolfgang Wagner na direcção do festival de Bayreuth.

Como reza esta notícia, as candidaturas à sucessão deverão agora ser apresentadas. É agora ou nunca!

«La Fundación Richard-Wagner en Bayreuth (que gestiona esta cita operística de fama planetaria), ha dado e
sta tarde un plazo de cuatro meses a las cuatro ramas de la familia Wagner para que se pongan de acuerdo en una candidatura de consenso para la sucesión o bien presenten proyectos por separado (...)»

Dado que - à semelhança do que aqui disse - não confio na liderança bicéfala das manas Wagner, apresento a minha disponibilidade absoluta para suceder a Wolfgang Wagner!

Doravante, Il Dissoluto Punito, em Bayreuth, responderá por Der steinerne Gast.


domingo, 27 de abril de 2008

Em degustação...


(Monteverdi, Il ritorno d'Ulisse in Patria)


(Janacek, From the House of the Dead)

Abbado by Abbado

Vá-se lá saber por que razão, por estas bandas, passámos da exaltação dos intérpretes líricos à dos Maestros. Bem, em rigor, eu sei a razão da mudança, mas guardo-a para mim!

Desta feita, a vénia desenha-se diante de Cláudio Abbado, cujo trabalho muito admiro (desde que não se trate de lírica mozartiana, território onde o milanês não cessa de me desagradar!)

«(…)
ha encontrado un gran complemento a su ciclo dedicado a Beethoven, con el Fidelio como mayor atractivo. Una ópera con referencias españolas que explora a fondo el anhelo de libertad. Él no la había interpretado nunca, pero deseaba hacerla desde siempre. “Como Boris Godunov o Tristán e Isolda, son obras que me han fascinado continuamente. Lo mejor en el caso de Fidelio es abordarlo sin prisa, con humildad, modestamente. Así descubres que es una partitura revolucionaria, moderna, la primera gran ópera dramática después de las aportaciones de Mozart y Haydn”.

(…)

sobre todo en la Filarmónica de Berlín, donde sustituyó a Herbert von Karajan entre 1989 y 2002. Para los músicos, aquello fue cambiar de la noche al día. Regresar de una era dictatorial donde lo único que importaba era el culto a la personalidad del director a una relación abierta y participativa con otro personaje radicalmente distinto. “A mí Karajan me trató siempre con mucho respeto, fue muy gentil y era un gran músico, sobre todo con compositores como Richard Strauss”, recuerda.

Pero los miembros de la orquesta sí que notaron el cambio. “Mi puerta estaba siempre abierta y se sorprendían cuando les decía: ‘No me llamo maestro, me llamo Claudio”. Fue seduciéndoles con un método infalible. “Alenté que las grandes decisiones salieran de ellos, yo no les impuse nada, aunque también es verdad que no acordaban nada que a mí me desagradara”, dice, con cierta sorna misteriosa.


Así se obró toda una revolución en la orquesta más prestigiosa del mundo. Con una nueva y desconocida diplomacia. Justo lo que no ocurría en el podio que Abbado dejó para irse a Berlín. La Scala pasó a tiempos más rígidos con quien le sustituyó: Riccardo Muti. Éste impuso un régimen de hierro, a la antigua usanza, en el teatro milanés que acabó pagando con los años, enfrentado él solo con toda la orquesta. Su rivalidad ha sido una de esas historias azuzada constantemente entre el público y los medios italianos. “Cosas de la prensa”, dice Abbado. Pero lo sorprendente ahora es lo anunciado hace apenas un mes en el diario La Repubblica. Una paz más que constructiva y una futura colaboración entre las orquestas que dirigen hoy ambos

(Claudio Abbado)

Boulez by Boulez

Pessoalmente, Boulez-maestro fascina-me muito mais do que Boulez-compositor.

Serei, porventura, um deslumbrado pela lírica-mainstream, dado que aprecio Wagner?!

Boulez - que prima pela coerência -, raramente vai aquém de Mahler que, para o maestro, representa A génese, tudo o mais sendo negligenciável, à excepção de Wagner, et encore

Tive a felicidade de assistir à mestria de Pierre Boulez (compositor, sublinho!), em 2001, em Paris, no
Théâtre du Chatelet, por ocasião de um inolvidável ciclo Bartók. O maestro e Gil Shaham maravilharam-me, na leitura proposta do mais belo concerto para violino que conheço – o nº 2, do mesmo Bartók. Doravante, para onde quer que vá, este registo acompanha-me. Se algum dos meus cds corre o risco de se esgotar, este será o primeiro, dada a frequência com que o reproduzo!


Já no tocante a Wagner, apesar do sensacional Der Ring que gravou em Bayreuth – sobretudo pela riqueza e dinamismo orquestrais, não tanto pela vozes… (já para não referir a soberba encenação de Chéreau!) - e do heterodoxo Parsifal, os regentes da linha germânica – Böhm, Solti, Von Karajan, Furtwängler e Keilberth - levam a melhor!


By the way, proponho a leitura integral destas palavras de Pierre Boulez, cujas mais emblemáticas me permto citar:

«
His incendiary comments from the 50s and 60s - for instance, that contemporary classical music which does not follow Schoenberg's lead with sufficient rigour is "useless", and that "the most elegant solution for the problem of opera is to blow up the opera houses" - can still cause him problems.

(…)

His obsession with precision has been applauded for ridding Debussy of its habitual "impressionist cloudiness", while his revision of the traditional funereal tempi of Wagner's Parsifal has been seen as a force for undercutting the more offensive intimations of German nationalism.

(…)

The contrast with Messiaen couldn't have been greater. He pushed your imagination and helped you think for yourself. That is what you want from a teacher. I always think the relationship between a teacher and a student should be short and maybe violent. You don't need to spend years together. All you need is an explosion: you are the material to explode, the teacher is the detonator."

(…)
His move into the mainstream repertoire came in 1966 with a production of Parsifal at Bayreuth directed by Wagner's grandson, Wieland. "The summer before, I had been at Darmstadt, so it was a big change. And people found my tempi controversial," he remembers. "But I hadn't set out to be quicker. It was the conjunction of the text and the music that persuaded me what speed to go."
»

sábado, 26 de abril de 2008

Alagna eternizado

«Immediately after I meet him he is, after all, off to have his waxwork created at the famous Musée Grévin – the ultimate in French adulation (at least, until Alagna tops it a few weeks later by getting the Légion d’Honneur). “It’s a great honour for me, just the simple son of migrants, and now at the Musée Grévin? Sometimes I think, during my sleepless nights, thank you God – you’re very kind!” »

Bom, bom, entendamo-nos: o Museu Grévin não passa de uma imitação barata do Madame Tussauds! Mas, caro e paciente leitor, não quero ser tomado por mais um loggionistin (os que apuparam o seu Radamés, na última Aïda do alla Scala)!

Sempre defendi o talento inato de Roberto Alagna.

Entrementes, pacientemente, fico a aguardar uma estátua de cera, desta feita no soberano Madame Tussauds, ladeando outras grandes figuras do firmamento artístico planetário, M. Jackson incluído.

Bayreuth: o golpe de teatro de Wolfgang Wagner

O patriarca da família Wagner - o todo-poderoso Wolfgang -, num golpe de teatro, resolveu o eterno problema da sua sucessão na direcção artística do Festival de Bayreuth: avançou com uma proposta de fusão das duas candidaturas!

Doravante, Eva Wagner-Pasquier e Katharina Wagner serão uma só.

«"Mes deux filles, Eva et Katharina, ont eu l'occasion d'apprendre à se connaître beaucoup mieux et ont envisagé de diriger conjointement le festival", a brièvement commenté M. Wagner dans sa lettre au Stiftungsrat. Sa seconde épouse, Gudrun Mack, mère de Katharina, est morte brutalement en novembre 2007. C'est elle, dit-on, qui tirait les ficelles de cette guerre de succession. "Après mûre réflexion, j'ai décidé de ne pas fermer la porte à une telle proposition", a fait savoir Eva Wagner-Pasquier. Katharina quant à elle, critiquée pour son inexpérience, s'est toujours montrée ouverte à la possibilité d'un tandem, même si elle l'envisageait plutôt avec un imprésario.»


Pessoalmente, adianto não acreditar um só instante em tal aliança. A la Wagner, as duas irmãs acabarão por se neutralizar, imolando-se, quiçá!


De comum, ambas têm, apenas, a ambição. A primeira, mais velha, tem provas dadas e um curriculum invejável. Já a segunda, nem tanto... Na edição do festival do ano passado, a sua encenação de Os Mestres Cantores de Nuremberga suscitou reacções de determinada reprovação.


(Eva Wagner-Pasquier, à esquerda, e Katharina, à direita)

«Publicamente, as duas meias-manas já falam de pontos em comum e trabalho em conjunto. Katharina esqueceu "oficialmente" as ironias recentes com a idade de Eva (e de Nike) e Eva - que em 2001 o pai declarou "incapaz" de assumir os destinos de Bayreuth - nunca refere o pormenor de ter trocado de campo no espaço de poucas semanas... Pelo que se desenha o melhor dos mundos no reino da Colina Verde... E Nike que "se contente" em dirigir o Festival "pélérinages" de Weimar - que nem dista muito de Bayreuth. Mas, tratando-se dos Wagner, pode ainda haver novas surpresas... »


Veremos se não estou certo...

25/4, 34 anos... e 1 dia depois

A minha família sempre comemorou o 25/4. De modo discreto, lá em casa, a efeméride foi sendo recordada ao longo dos anos. Evidentemente, o acontecimento de singular simbolismo foi por mim investido, com maior passionalidade na adolescência e crescente “normalidade”, mais recentemente.

A banalização da comemoração, em meu entender, apenas tem um significado (pouco afim com o saudosistamente apregoado esquecimento): a revolução dos cravos foi assimilada e integrada na mente dos portugueses-pensantes, livres e amantes da liberdade.

No mais nobre dos sentidos o espírito da revolução perpetua-se, pese embora a pseudo-banalização da comemorações. O calor e fervor de outrora tornaram-se anacrónicos, o que em nada desvirtua a notável data.

No meio desta reflexão serena e pacífica, apenas um acontecimento me envergonha: a homenagem da dispensável RTP 1 (a que assisti à vol d’oiseau, para bem da minha saudinha) ao 25 de Abril, trinta e quatro anos depois da efeméride, consistindo numa interminável exibição da brigada do reumático, já sem voz, teimando em interpretar trechos musicais de l’époque.

Menos vergonhoso mas, ainda assim, não menos bizarro, foi ouvir – não escutar – copos-de-leite participarem nas comemorações oficiais do do 25/4. Como é de imaginar, fiel leitor, preconceituosamente, recusei-me a escutar a intervenção de Pedro Mota Soares nestas comemorações oficiais da revolução de Abril.

Associar Mota Soares – sumo representante do copo-de-leite parlamentar - à Revolução dos Cravos é tão horrendo como consciencializar o retorno da lamentável (e ora recauchutada) Manuela Moura Guedes à informação televisiva. Para bem da minha sanidade, não assisto às intervenções de Pedro Mota Soares, além de – salvo raras excepções – apenas suportar a informação televisiva difundida – aristocraticamente, no estilo e substância – por Mário Crespo.

Moral da história: haverá mais eloquente modo de recordar e perpetuar o 25/4 do que este?



Não creio!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Claudio, op.72

Magistral, Abbado dirige Claudio, de Beethoven, em Madrid.
Os anos vão passando e o Teatro Réal afirma-se: é um teatro lírico de referência, na Europa e no mundo!

«Le Teatro Real de Madrid était ce 19 avril un théâtre consacré. Claudio Abbado y dirigeait, pour la première fois de sa carrière, l'unique opéra de Beethoven, Fidelio. Qui dira la surhumaine apparition - il n'y a pas d'autre mot - du chef italien, sa silhouette émaciée de roseau pensant, le visage sculpté d'une beauté sanctifiée par la lumière de la fosse d'orchestre ? La seule clameur de la salle est un salut d'amour et de reconnaissance.

Claudio Abbado a depuis longtemps quitté les sphères de la stricte incarnation pour s'en aller vivre là où l'air n'est plus que musique. C'est un homme éternel de 75 ans, d'une jeunesse définitive, qui attaque avec une fureur de vivre intacte les premières mesures de l'ouverture. Extase et douleur se partagent la direction d'Abbado. Ce Fidelio ne ressemble à aucun de ceux entendus jusqu'alors.

Chaque inflexion du chant, chaque couleur d'instrument, chaque changement de rythme est d'une évidence qui fait du Mahler Chamber Orchestra, cet orchestre de jeunes créé par le maestro italien en 1997, le meilleur orchestre du monde. Abbado est un mage qui pousse chaque note dans ses retranchements, met les nerfs de la musique à vif.

Choeurs et chanteurs sont au meilleur : la lumineuse fille du geôlier, Julia Kleiter, le paranoïaque Albert Dohmen en gouverneur de la prison (Pizarro) et la ravageuse Leonore d'Anja Kampe, dont la vertu sous les habits d'homme viendra à bout du geôlier (Giorgio Surjan) pour sauver de la mort son Florestan de mari (Clifton Forbis).

Pressentis pour la mise en scène, Klaus Michael Grüber puis Robert Carsen ont finalement laissé place au cinéaste allemand Chris Kraus (né en 1963), une idée de Claudio Abbado qui avait apprécié son dernier film, Vier Minuten. Disons que ce premier essai, pour n'être pas un coup de maître, est plus qu'honorable. Debout de longues minutes sous les ovations, Abbado, qui a fait monter son orchestre sur le plateau, semble porter la musique en triomphe. Tous le savent : la soirée est de celles qui durent toute une vie.
»


(Claudio Abbado)

XXI Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise: Psicanálise e História



Clique aqui para mais informações.

domingo, 20 de abril de 2008

Flórez e os sucedâneos

Sem hesitar um só segundo, pessoalmente, considero Juan Diego Flórez o maior tenor ligeiro da actualidade. O episódio de Milão - em cuja ópera bisou uma ária (Ah mes amis, de La File du Régiment), facto inédito desde Chaliapin, nos idos anos 1930, em que o intérprete russo repetiu uma ária de O Barbeiro de Sevilha – apenas veio confirmar a minha convicção pessoal: a extraordinária agilidade alia-se a um timbre solar e radiante, que se fundem numa presença cénica notável, particularmente em papeis buffos.

«In February 2007 the Peruvian tenor Juan Diego Flórez made history at the Teatro alla Scala in Milan, when he nailed it twice. The last soloist to sing an encore on that hallowed stage was the Russian basso Feodor Chaliapin in Rossini’s “Barbiere di Siviglia” in 1933. The ban on the practice goes back to Toscanini. Since then only the chorus “Va, pensiero,” the song of the enslaved Israelites in Verdi’s “Nabucco,” has been repeated. Italians regard it almost as their second, superior national anthem.

“Such an uproar,” Mr. Flórez said this month at the Metropolitan Opera, between rehearsals for Laurent Pelly’s production of the opera opposite the scene-stealing soprano Natalie Dessay as Marie, the Daughter of the Regiment. (The premiere is on Monday.) Mr. Flórez had just flown in from Lima, Peru, where he had not only sung his first Duke in Verdi’s “Rigoletto” but also exchanged vows with the German-born Julia Trappe. The wedding was an encore too, the couple having been married privately last April in Vienna. Their ceremony at Lima Cathedral, the first wedding there since 1949, had the news media in a frenzy.

“I’d done encores of ‘Ah, mes amis’ before,” said Mr. Flórez, 35. “Many times, in Bologna, in Genoa, in Lecce, in Japan. But Milan can be a little snobbish. There’s an effort there to put singers down a bit. I couldn’t believe the fuss.” Even sports magazines took notice, comparing Mr. Flórez to Maradona. A replay at the Met is not impossible. The company’s general manager, Peter Gelb, says the house has no policy in this matter.»


(Juan Diego Flórez)

sábado, 19 de abril de 2008

O Prisioneiro, de Dallapiccola

Em época de revisitação da lírica contemporânea, enquanto Satyagraha, de Glass, deslumbra o Met, em Paris, O Prisioneiro, de Dallapiccola, triunfa:

«Rude et bouleversante soirée, ce 10 avril au Palais Garnier, avec la nouvelle production d'Il Prigioniero ("Le prisonnier"), opéra rare du compositeur italien Luigi Dallapiccola (1904-1975), qui n'avait pas été remonté à l'Opéra de Paris depuis sa création parisienne, il y a tout juste quarante ans, sous la direction de Manuel Rosenthal. Les Parisiens avaient toutefois pu le voir en 1992 au Théâtre du Châtelet dans la mise en scène de Bernard Sobel sous la direction d'Esa-Pekka Salonen.

Inspiré d'un des Seconds contes cruels de Villiers de L'Isle-Adam (La Torture par l'espérance), cet opéra coup de poing (en un prologue et un acte) relate la dernière nuit d'un condamné à mort, dont la passion sans rédemption - ultime torture infligée par son geôlier - s'appelle l'espérance.

Manifeste pour la liberté et profession de foi antifasciste, la charge d'Il Prigioniero est d'autant plus intense que Dallapiccola fut un temps séduit par Mussolini avant que celui-ci ne révèle ses visées antisémites.
(…)

La direction puissante de l'Allemand Lothar Zagrosek, qui n'avait pas dirigé l'Orchestre de l'Opéra de Paris depuis qu'il en avait été le directeur musical de 1986 à 1989, sert à point nommé cette oeuvre magistrale. Quant à la mise en scène de Lluis Pasqual, elle témoigne de profondes affinités électives, l'ex-directeur de l'Odéon (1990-1996) ayant grandi dans l'Espagne franquiste et fondé en 1976 un théâtre nommé Liberté (Lliure) à Barcelone. Idem pour les décors de l'Espagnol Paco Azorin (une tour-prison de barres métalliques, encerclée d'une volée d'escaliers et montée sur tournette), les lumières bleue glacier sur fond d'étoiles d'Albert Faura.

La jeunesse ardente du baryton russe Evgeny Nikitin (rôle-titre) se fracassera donc contre la puissance féline du ténor américain Chris Merritt dans le double rôle du geôlier et de l'inquisiteur, tandis que la mezzo britannique Rosalind Plowright est une mère digne de Marie.»


Satyagraha, no Met - II



«Metropolitan Opera patrons, mostly bound by tradition, might not seem a likely source of Glass fans. But when Mr. Glass appeared onstage after the Met’s first performance of “Satyagraha,” on Friday night, the audience erupted in a deafening ovation.

(…)

Sometimes, with its aerial feats and puppetry, the Met production relies too much on stage activity. Still, it’s quite a show. Mr. McDermott and Mr. Crouch have assembled a group of acrobats and aerialists called the Skills Ensemble, who produce magical effects. In once scene they form a huge puppet queen clothed in newspaper who goes to battle against a hulking puppet warrior assembled from wicker baskets. The use of simple materials is meant as homage to the poor, oppressed minorities for whom Gandhi gave his life.

Because Gandhi relied on the news media of his day to support his agitation for human rights and published his own journal, Indian Opinion, newspapers are a running image in the production. Actors fashion pages into symbolic barriers for protests. At one point, in despair, Gandhi disappears into a slithering mass of people and paper.

The cast entered into the ritualistic wonder of the work and the production despite solo and choral parts that are often formidably hard. It’s almost cruel to ask male choristers to sing foursquare, monotone repetitions of “ha, ha, ha, ha” for nearly 10 minutes, as Mr. Glass does. Yet the chorus sang with stamina and conviction.



Besides Mr. Croft, other standouts in the excellent cast included the soprano Rachelle Durkin as Gandhi’s secretary, Miss Schlesen; the mezzo-soprano Maria Zifchak as his wife; the bass-baritone Alfred Walker as Parsi Rustomji, a co-worker; and the baritone Earle Patriarco as Mr. Kallenbach, a European co-worker and ally. You are not likely to hear the long, ethereal sextet in the last act sung with more calm intensity and vocal grace than it was here.

Ultimately, despite its formulaic elements, “Satyagraha” emerges here as a work of nobility, seriousness, even purity. In the final soliloquy, timeless and blithely simple, Gandhi hauntingly sings an ascending scale pattern in the Phrygian mode 30 times. To some degree the ovation at the end, after a 3-hour-45-minute evening, was necessary. The audience had to let loose after all that contemplation.»



sexta-feira, 18 de abril de 2008

O perigoso feminismo

O discurso da compositora finlandesa Kaija Saariaho assume contornos políticos, no sentido em que reivindica um espaço de criação musical da e para a fêmea. Nele, há um tom reivindicativo: a igualdade.


(Kaija Saariaho)

Nutro pouco simpatia pelo feminismo e seus sucedâneos, devo advertir.

A verdade é que a criação – seja ela qual for – é avessa a quotas!

Por ocasião da estreia de Adriana Mater (ópera de Saariaho, estreada em Paris, em 2006), tive ocasião de proceder a uma leitura psicanalítica do libreto da mesma ópera, que reproduzo, em excerto:

«Subjacente aos acontecimentos descritos, em tom literário, é óbvio o confronto entre poderes: Adriana-fémea-mãe, estóica, por via do sacrifício(?!) e do amor maternal(?!), mulher determinada, ainda que dorida (opta por dar vida (?!) a um filho, gerado na sequência de uma violação), contrasta com a destituição de simbólica fálica de Tsargo-homem-pai (alcoólico, velho e cego, ainda que militar, outrora), figura por demais frágil.

Desde logo, Yonas surge como um projecto narcísico, fruto de um desejo exclusivo de Adriana que, sozinha, faz uma escolha: ter um filho dela, só.
A forclusão do paterno é por demais evidente!

Mas a coisa não fica por aqui...

No futuro, prosseguindo a lógica narcísica da «heroína», Yonas será investido como um prolongamento de si mesma; materialização omnipresente do ódio, o jovem tem um mandato inexorável: o parricídio.

O desejo da morte de Tsargo condensa, em simultâneo, a aspiração omnipotente de Adriana, que assim triunfa heroicamente sobre o masculino - paterno e se vinga, por interposta pessoa... sem sujar as mãos!

Adriana fêmea - mãe (re)triunfa sobre o masculino - pai / filho!


Caro leitor, lamento a brutalidade das minhas considerações...
A verdade, verdadeira - na minha óptica, claro está! - é que esta criação lírica assenta num libreto que desvirtua o masculino / paterno - identificado com a brutalidade e a guerra -, enaltecendo o virtuosismo de uma maternidade omnipotente e gloriosa, que se oculta sob o manto diáfano dos bons valores.


Adriana Mater é, para mim, a versão das «produções independentes» (leia-se, filhos-sem-pai), que as novelas brasileiras dos idos anos 1980 propagandearam, despudoradamente, diante de um público escandalosamente acrítico

Posto isto, caro e fiel leitor, Kaija Saariaho responde à dita hegemonia masculina (?!) com uma reivindicação feminista perigosa, dado que se encontra encoberta por um discurso manifesto doirado, que oculta uma dinâmica viscosa: a apologia da fêmea em clima de desvirtuação do masculino.

Esta e outras lamentáveis expressões dão actualidade à famigerada formulação freudiana de inveja do pénis.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ian Fleming & 007

Por ocasião do centenário do nascimento de Ian Fleming, Londres inaugura uma exposição integralmente dedicada à mais famosa criação do escritor britânico, 007 de sua graça ossia Mr. Me, Myself & I!





terça-feira, 15 de abril de 2008

Satyagraha, no Met - I



Ao cabo de quase trinta anos, finalmente, Glass vê a sua obra lírica mais famosa (lado a lado com Einstein on
the Beach) estreada no Met, com honras de nova (co-)produção e tudo:

«“We decided we wanted to use very humble materials in the making of the opera,” Mr. Crouch said. “We wanted similarly to take these materials, maybe associated with poverty, and see if we could do a kind of alchemy with that, turn them into something beautiful.”»

Ao que tudo leva a cre
r, a concepção baseia-se na equação entre simplicidade e minimalismo. Faz sentido, que não haja dúvida!

Um dos materiais mais utilizados nesta produção é o papel de jornal:

«More literally the newspaper reflects Indian Opinion, the paper that Gandhi founded as a vital part of the struggle for the rights of Indians taken to South Africa as indentured servants by the British. The focus is on the period from 1893 to 1914, the years Gandhi spent in South Africa. Tolstoy, the poet Tagore and the Rev. Dr. Martin Luther King Jr. each figures in an act representing witnesses from Gandhi’s past, present and future

Quanto ao elenco, a coisa promete, a começar por Richard Croft – irmão do injustamente mais célebre Dwayn Croft, barítono -, cujas interpretações mozartianas roçam o sublime (o Don Ottavio que dele vi, na Bastilha, há cerca de dez anos, apenas encontra rival à altura em Simoneau!)

«The tenor Richard Croft, who shaved his head and lost 10 pounds for the role, plays Gandhi; other cast members include Rachelle Durkin, Earle Patriarco and Alfred Walker. Dante Anzolini, the Italian-Argentine conductor, is making his Met debut.»


domingo, 13 de abril de 2008

Madama Butterfly: uma visão psicanalítica

Da malograda biografia de Cio-Cio-San – ossia Madama Butterfly -, detive-me, sobremaneira, na repetição: abandonada pelo pai, em criança, Butterfly toma-se de amores por Pinkerton, que não hesita em votá-la ao esquecimento.

Freud dissertou muito sobre a compulsão à repetição que, no essencial, se resume à circunstância de o indivíduo, de forma sistemática e inconsciente, se colocar em situações penosas, assim reproduzindo uma vivência antiga, cujo protótipo não recorda.

Ora, Madama Butterfly, rejeitada ab initio pelo pai – que optara pelo hara-kiri, abandonando a pequena -, por artes malignas da repetição, escolhe outro objecto abandonante: o oficial da marinha, que dela se serve momentaneamente, abandonando-a pouco depois, para desposar uma americana mais conforme aos olhos de uma certa moral.

Posto que sou psicanalista, profundamente avesso às explicações assentes na casualidade, insisto na tese do masoquismo de Madama Butterfly, que força a criatura a variantes do trauma original. O próprio modus vivendi de Cio-Cio-San deriva, directamente, da experiência originalmente traumática: gueixa, a rapariga entrega-se a homens, inevitavelmente mal-tratantes – no sentido do abandono -, que a colocam, de forma sistemática e repetida, sempre em contacto com o pai abandonante.

Aliás, curioso é assinalar, nesta linha, a herança pesada do pai, que não só coloca a filha desamparada à mercê dos clientes abandonantes, como a força ao inexorável destino do suicídio, perpetrado com o mesmo punhal de que o guerreiro paterno se servira!

Termino com uma última constatação, não menos horrenda, que atesta da força da citada repetição: à semelhança do que o pai com ela fizera, também Cio-Cio-San abandona o filho, como consequência do hara-kiri.

Trata-se, seguramente, de um caso de patologia transgeracional.


Um Baile de Tristes

O encenador Johann Kresnik parece não encontrar saída para a marxite aguda de que padece há anos e anos.

Desta feita, situa a acção de Um Baile de Máscaras nos Estados Unidos da América, na era pós 11/09. A sua concepção artística convoca o ridículo e o sórdido: dezenas e dezenas de reformados, nus em pêlo, passeiam-se em palco, apenas ostentando máscaras do rato Mickey.

«Thirty-five naked and cash-strapped pensioners in Mickey Mouse masks will do their best to shock opera-goers in the east German city of Erfurt tonight when a re-interpretation of Verdi's A Masked Ball holds its premiere.

The work is being staged by the Austrian director Johann Kresnik, 68, a Marxist, who is famous throughout the German-speaking world for his provocative, anti-capitalist productions and his penchant for lavish displays of naked flesh.

His reworking of Verdi's 1859 opera promises to be no exception. Its setting is Ground Zero, the post- 9/11 ruin of New York's World Trade Centre, and the protagonists include not only nude pensioners, but lots of naked young women and a woman in a red swimsuit sporting a Hitler moustache.

The naked male and female pensioners, the oldest being 69, will have their bodies coated with grey paint and will wear their masks throughout the show. In other scenes, actors will appear on stage draped in the Stars and Stripes and burning Uncle Sam hats

Evidentemente, trata-se de uma sátira sobre o american way of life, que tantos neurónios consome aos marxistas da velha guarda, cuja visão maniqueísta do mundo é alimentada pela patológica clivagem: América exploradora e mortífera vs espírito soviético salvador.

De facto, há tantas esquerdas quantas quisermos: a bafienta, que os restos mortais do pcp teimam em perpetuar, a chic, de um certo BE (mano Portas e quejandos), a doentiamente paranóica, cuja bandeira Garcia-Pereira hasteia... e A MINHA, que combina preocupações sociais com a estética Armani, dispensando caviar.

«Kresnik admitted yesterday that his interpretation had little to do with Verdi's original work about the assassination of the Swedish King Gustavus II in 1792. The monarch was shot at a masked ball and at the time censors insisted Verdi reset the opera in the US so as not to depict the murder of a European king.

Kresnik's production is still set in the US but attacks today's American values. "It will be a different, provocative masked ball on the ruins of the World Trade Centre," he said.

"The naked stand for people without means, the victims of capitalism, the underclass, who don't have anything any more."»

Bom, bom, o senhor sempre tem alguma lucidez: afinal, o que tem Verdi a ver com tamanha estupidez?

De resto, só mesmo uma alma tonta e doente pode dispensar uma ocasional saltada à big Apple!


sábado, 12 de abril de 2008

A Era Gelb, do Met

Seguramente, a Era Gelg, na Metropolitan Opera House, ficará marcada pelo volte-face financeiro. Depois de anos e anos de défice crescente – nomeadamente, dirante a longa gestão do polémico Volpe -, o Met vê as suas contas equilibrarem-se, graças ao engenho de Peter Gelb, que descobriu o ovo-de-colombo: comercializar a difusão de récitas do Met, dentro e fora dos Estados Unidos da América.




Desta feita, Paris é a cidade conquistada pela fabulosa manobra de marketing do administrador:

«C'était un samedi comme un autre au Metropolitan Opera de New York. Les matinées à 13 heures attirent, comme partout, un public un peu plus familial qu'en semaine, même si l'âge moyen des spectateurs reste élevé. La Bohème est depuis 1900 un des opéras fétiche du Met qui l'a programmé, à six exceptions près, depuis, toutes les saisons. C'est également un opéra où les spectateurs aiment retrouver leurs habitudes, un peu comme on enfile avec plaisir une vieille veste. En cent huit ans, l'œuvre de Puccini n'a connu ici que trois mises en scène. La première a été donnée jusqu'en 1952, la deuxième, réalisée par le célèbre cinéaste Joseph Mankiewicz, a été remplacée en 1981 par celle de Franco Zeffirelli.

Elle suscite toujours un intérêt passionné, comme l'atteste l'affiche barrée d'une triomphante annonce en rouge sold out. Le fronton du Met est en revanche décoré d'une sérigraphie de Francesco Clemente en forme de banderole annonçant la première dans cette salle de Satyagraha, l'opéra de Philip Glass inspiré de la vie de Gandhi, plus en phase avec la dynamique que souhaite donner Peter Gelb, le nouveau directeur, à cette respectable institution.

Seule surprise samedi, la présence d'un important dispositif de prise de vues : deux caméras à chaque coin de la scène, deux autres au-dessus de la fosse, deux en fond d'orchestre et une au balcon. Sans oublier les deux au bout de bras articulés, manœuvrées du premier balcon et, nec plus ultra, la dernière, mobile sur un rail fixe qui traverse la scène de long en large et commandée à distance.

Au grand soulagement de l'assistance, il ne s'agissait pas d'une mise en scène moderniste mais du matériel nécessaire pour la diffusion en direct et en haute définition de la représentation. Une opération rodée depuis deux ans en Amérique et dans de nombreux pays d'Europe mais effectuée pour la première fois vers la France.»

É prodigioso, convenhamos!

Aqui para nós, caro e prezado leitor, e se propuséssemos a difusão das récitas do Met... digamos... no Teatro Nacional de São Carlos? Matavam-se dois coelhos de uma só cajadada: acabava-se com a actual programação – a mais vergonhosa a que assisti -, corria-se com a direcção em funções e presenteava-se o público com uma superlativa lírica!

O que se lhe oferece dizer?

Disse-me um passarinho...



...que a major DG prepara, para breve, a edição de uma La Bohème, com a dupla do momento: Netrebko & Villazón.

Tratar-se-á de uma La Bohème mainstream?

Ver-se-á...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Festival Internacional de Edimburgo '08

Entre 8 e 31 de Agosto, em Edimburgo, tem lugar um importante festival cultural, que inclui ópera, dança, música e teatro, entre outras manifestações.

Pessoalmente, destaco sete eventos, inevitavelmente líricos:















Por último, sublinho o evento operático mais relevante desta edição do festival, ossia Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, de Kurt Weil:



O leitor mais interessado encontrará aqui a brochura da edição 2008 do Festival Internacional de Edimburgo.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Von Karajan: 100 anos e quatro dias

Skinheads, homofobia e demais ódios



A homofobia de Mário Machado & Cª, envolta em ódio, constitui, a meu ver, a prova da falha de um mecanismo de defesa mais elaborado
, contra um pensamento intolerável: a assunção de uma dimensão homossexual.

Evidentemente, a troupe skin, incapaz de integrar a sua dimensão homo, cinde-a (por via da clivagem), colocando-a maciçamente no interior dos gays e movimentos afins. Recorrendo à identificação projectiva, o grupo cria a ilusão – absolutamente omnipotente – de controlar algo que não tolera no seu interior: o ódio suscitado pelos homossexuais mais não é do que o ódio pela própria homossexualidade, pois.

Estas manobras defensivas, por demais arcaicas e primitivas, constituem formas de o sujeito lidar com o intolerável – a ler como impensável -, expelindo-o.

Quanto aos demais objectos de ódio – negros e ciganos (ossia xenofobia) -, a explicação parece repousar nos citados fenómenos – clivagem e identificação projectiva -, que a psicanálise kleiniana tão bem explicitou, nos idos anos 1940.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Madama Butterfly



A caminho dos 38 anos, deu-me para começar a apreciar gueixas! Antes isso...

Os que me conhecem sabem que não nutro por Puccini grande interesse. Tirando Tosca, La Bohème, um certo Turandot e La Rondine, pouco mais me interessa da produção lírica de G. Puccini.

A verdade é que, recentemente, deu-me para a insurreição: digo não aos preconceitos!

Pois bem, depois de muito discutir com o Raul e João Ildefonso – dois pilares deste blog -, verguei: a Madama Butterfly merecerá a minha atenção.

Psi que sou, vivo do estudo das defesas e resistências que os processos psicanalíticos, nomeadamente, comportam (para o paciente e analista, nunca é demais sublinhar): por que diabo evita um homem privar tão de perto com uma gueixa???

Ontem à noite, entreguei-me a ela... Não tarda muito, retorno à sua companhia.

A audição ainda vai no acto I e já o olho analítico espreita, maroto...

As considerações psicanalíticas ficam para o final.

domingo, 6 de abril de 2008

Von Karajan: 100 anos e um dia... (II)

Com as devidas reservas e muita prudência, recomendo uma visita a este site, onde a EMI propõe integrais das interpretações de Herbert Von Karajan a preços bastante convidativos.


(Volume I - Orquestral)


(Volume II - Ópera e Vocal)

Von Karajan: 100 anos... e um dia



As controvérsias em torno da mítica figura de Herr Von Karajan nunca me entusiasmaram particularmente.

Pessoalmente, admiro-o pelas interpretações da década de 1950 - Mozart (As Bodas de Fígaro, Così Fan Tutte e Die Zauberflöte), Strauss (Der Rosenkavalier e Ariadne auf Naxos) e Verdi (Il Trovatore e Falstaff), para não mencionar a incontornável Lucia di Berlin, - todas chez EMI.

De cor, recordo o Der Ring, Salome e Boris Godunov, de inícios dos anos 1970, sem esquecer as suas puccinianas La Bohème e Tosca.

Evidentemente, há ainda as inúmeras integrais das sinfonias de Beethoven, and so on...

Em finais da década de 1970, inícios de 1980, perto do ocaso, começou a titubear - vide Don Giovanni (DG), porventura o mais vergonhoso que conheço.



Este artigo do El Pais constitui um interessante, isento e neutro balanço da sua carreira. Detive-me, sobretudo, nesta passagem (o bold é da minha responsabilidade):

«El pasado nazi de Karajan no es secundario, aunque no fue de los que cometieron holocaustos. No hay ninguna sospecha de que cometiera crímenes raciales, y su carrera en el Reich sufrió a partir de 1942 cuando se casó con una rica heredera de ascendencia parcialmente judía. Lo que adquirió de los nazis fue un sistema de valores que aplicó a la inocente e ineficaz industria de la música a partir de 1945 de forma despiadada e implacable. Demostró que la música era, sobre todo, cuestión de poder. Muchos se sintieron, y permanecen, impresionados.»

Como recorda outro artigo - vide Le Figaro -, Von Karajan era um poseur, com uma inflacção egóica tipicamente narcísica:

«Fasciné par l’image, Herbert von Karajan portait un grand intérêt à la télévision. Celle-ci le lui rend bien, qui multiplie les hommages au chef d’orchestre à l’occasion du centenaire de sa naissance. À commencer par Arte qui lui consacre toute une soirée avec, en ouverture, le concert anniversaire de l’Orchestre philharmonique de Berlin, qu’il dirigea pendant trente-quatre ans, donné à Vienne en janvier dernier.»



A meu ver, a música deve-lhe muito. O resto é folclore...

sábado, 5 de abril de 2008

Keenlyside ossia Wozzeck

«Aujourd'hui, il aborde à Bastille le rôle de Wozzeck d'Alban Berg, un des plus beaux et éprouvants du répertoire de baryton: un défi pour une voix relativement légère comme la sienne. «Il n'est pas si difficile à chanter: il est plus court que Don Giovanni, par exemple, qui est constamment sur le registre de la violence.» Ce qui n'empêche ni la fatigue ni l'anxiété : la veille de la première, c'est un artiste inquiet que l'on a rencontré, persuadé qu'il serait moins tendu dès la deuxième représentation. «J'ai beaucoup étudié, mais maintenant, il s'agit de se jeter à l'eau. L'alternative : nager ou se noyer.»

Ce qui l'attire dans la figure de Wozzeck, victime symbolique de toutes les formes d'aliénation sociale et mentale que la communauté des hommes est capable d'inventer, c'est la question: «Qu'est-ce qu'être normal? Après combien de temps de harcèlement et d'humiliation une personne craque-t-elle ? Et quand elle le fait, est-elle violente envers elle-même ou envers les autres?» Keenlyside se souvient qu'à 17 ans, pour gagner de l'argent de poche, il fit le ménage dans un hôpital psychiatrique où des prostituées enfermées depuis quarante ans étaient devenues folles.

Au début de l'opéra de Berg, ona l'impression que les fous sont les persécuteurs, mais Wozzeck finit par être malade lui aussi. Pour réaliser ce travail, dramatique autant que musical, Keenlyside a profité de l'expérience théâtrale du metteur en scènen Christoph Marthaler: «Son intelligence est fascinante. Il suit sa ligne mais fait confiance au chanteur: il s'amuse de voir ce que l'interprète est capable d'inventer, et sait instantanément ce qu'il va éliminer ou conserver dans les propositions que je fais.»

Simon Keenlyside ne se sent pas dépaysé par cet univers d'aliénation: une grande partie de son activité est consacrée aux récitals de lieder, or les poèmes mis en musique par les musiciens romantiques nous font toucher du doigt l'entre-deux qui sépare le normal de l'étrange. «Schumann, Wolf, Hölderlin, Mörike: compositeurs et poètes sont si nombreux à être devenus fous. Ils pouvaient dire la vérité mais étaient incapables de la vivre. Ils ont refusé l'idée que la vie est un compromis. Comme l'art.»»


(Alban Berg)

Sem grande surpresa, Simon Keenlyside incarna a personagem Wozzeck (na Bastilha), que a complexidade e génio de Berg criaram. Que a interpretação seja uma referência, também não me surpreende!

O início da notícia que cito não prima pela veracidade - nomeadamente a tirada referente à discrição do baritono britânico, que amiúde "sacode" a imprensa que dele se aproxima. Mas, enfim, o fait-divers é coisa para outros espaços, que não este!


(Simon Keenlyside)

Disse-me um passarinho...

...que, em breve, sairão seis indispensáveis!