A homofobia de Mário Machado & Cª, envolta em ódio, constitui, a meu ver, a prova da falha de um mecanismo de defesa mais elaborado, contra um pensamento intolerável: a assunção de uma dimensão homossexual.
Evidentemente, a troupe skin, incapaz de integrar a sua dimensão homo, cinde-a (por via da clivagem), colocando-a maciçamente no interior dos gays e movimentos afins. Recorrendo à identificação projectiva, o grupo cria a ilusão – absolutamente omnipotente – de controlar algo que não tolera no seu interior: o ódio suscitado pelos homossexuais mais não é do que o ódio pela própria homossexualidade, pois.
Estas manobras defensivas, por demais arcaicas e primitivas, constituem formas de o sujeito lidar com o intolerável – a ler como impensável -, expelindo-o.
Quanto aos demais objectos de ódio – negros e ciganos (ossia xenofobia) -, a explicação parece repousar nos citados fenómenos – clivagem e identificação projectiva -, que a psicanálise kleiniana tão bem explicitou, nos idos anos 1940.
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