terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Luto, Perda, Idealização & Lírica...

As recentes discussões entre dois grandes frequentadores deste blog, a respeito do talento e virtudes de Elisabeth Schwarzkopf, têm-me feito reflectir sobre as questões da idealização e narcisismo, questões centrais e essenciais no contexto da lógica depressiva.


(Elisabeth Schwarzkopf)

Afinal, do ponto de vista compreensivo e explicativo, em que consiste a depressão?

Acima de tudo, a depressão é uma reacção à perda, ou de um objecto de amor (por morte ou desaparecimento do mesmo), ou do amor do objecto (quando este nos troca, abandonando-nos).

Tratar-se-á de uma depressão reactiva, caso a vivência depressiva seja uma resposta emocionalmente proporcional à importância que o dito objecto para nós tinha.
Quando o quadro se torna excessivamente presente e intenso, sendo o trabalho de luto irrealizável, fala-se de uma depressão patológica que, prosaicamente, mais não é do que a incapacidade de realizar um luto, isto é, aceitar a perda do objecto de amor, desinvestindo-o, por forma a poder investir amorosamente noutro objecto.

Ora, um dos mecanismos específicos da depressão patológica é, justamente, a idealização: endeusam-se as qualidades e atributos do objecto de amor perdido, dele fazendo uma criatura exemplar, repleta de virtudes, enquanto se ocultam as dimensões menos virtuosas do dito cujo.

Paralelamente, a agressividade que deveria dirigir-se ao dito objecto - a raiva e o ódio, secundários ao abandono, por exemplo - vira-se contra o próprio sujeito, que assim se deprime!

No essencial e de forma caricatural, o quadro é o seguinte: amo, venero e endeuso alguém, recusando reconhecer no mesmo defeitos, ao passo que me ataco e humilho, exacerbando as minhas fragilidades e defeitos!

É como se, esquematicamente, herdasse tudo o que o objecto detém de mau e nele depositasse o que há de notável em mim.

O que tem isto a ver com a Senhora Schwarzkopf ou com a admiração incondicional que se nutre por algumas figuras da lírica ?

Tudo, tudinho!

Com as devidas distâncias e precauções, creio que a fixação em intérpretes do passado atesta da nossa recorrente idealização, que impede investimentos em figuras contemporâneas, igualmente virtuosas!

Com este discurso, não pretendo questionar a genialidade de figuras como a citada Schwarzkopf , como a Callas, Hotter, Bergonzi, Tebaldi, Kunz, etc. Longe de mim!
Pretendo, tão só, relativizar a importância das mesmas criaturas.


(Elisabeth Schwarzkopf e Maria Callas)

Admiremo-las, sem as endeusarmos! Aprendamos a reconhecer-lhes dimensões menos virtuosas, que obviamente coexistem com as qualidades que as fizeram aceder ao estrelato!

A Callas, que era magnifica, era uma prepotente, uma autocrata !
A Schwarzkopf, cujo timbre delicado, pueril e aristocrático nos fascina, entretinha-se a achincalhar os desgraçados dos alunos!
A soberba Cossotto, antes das récitas, enviava bilhetinhos com votos de mau agoiro aos colegas!

Pela parte que me toca, procuro que a indesmentível admiração que nutro pelos meus mestres da lírica - Hotter, Callas, Schwarzkopf, Kraus, Varnay, Nilsson, Corelli, Price, Vickers, etc. - não me impeça de apreciar os grandes intérpretes da actualidade, igualmente geniais: Terfel, Stemme, Mattila (uiiiiiii!), Domingo, Meier, Heppner, entre outros.

(sem comentários...)







domingo, 26 de fevereiro de 2006

Da hipomania (lírica)

A hipomanía é um quadro clínico característico das perturbações do humor.

Na sua definição concorrem - além da euforia -, a agitação psico-motora, a diminuição da necessidade de repouso, associadas a sentimentos de grandiosidade, optimismo e excitação.

Também na lírica se encontram figuras hipomaníacas, criaturas alheias à fadiga, cujas vidas se desdobram num sem número de compromissos e actividades distintas.



Domingo acumula a direcção das óperas de Los Angeles e de Washington, tarefas (ligeiríssimas!) que se somam à sua (interminável, felizmente!!!) carreira de intérprete lírico - onde detém um recorde de interpretações (sensivelmente 110 papeis operáticos no reportório, coisa singela!!!!) -, não esquecendo a direcção orquestral (porventura a menos brilhante da sua multifacetada genialidade).

Villazón - tão latino quanto Domingo - desdobra-se em diversificadas interpretações líricas (ele é ópera, ele é lieder, ele é repertório russo, italiano, francês, alemão, ufffffffff).

A avaliar pelo vídeo promocional que acompanha o seu último trabalho discográfico (este), a sua hipomanía bordeja o furor maníaco: o dito vídeo extenua-nos, tal é a agitação de Rolando, sempre banhada em águas eufóricas!!!



(Ou muito me engano ou ainda vais acabar a tomar sais de lítio, caro Rolando!)

Maternidade...

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Off Opera

O L´Express propõe um estudo comparativo de seis diferentes interpretações contemporâneas de sonatas para piano, de Beethoven.

Haunted Heart?!

D´habitude, je regarde ce type de projets musicaux d´un air plutôt méfié?



Bien que la voix soit sublime et l´interprète de fasse remarquer, depuis des années, les projets crossover sont (très) souvent assez pénibles!

Vous me direz ce que vous en pensez.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Expressões narcísicas no estrelato

Na lírica, nomeadamente, o estrelato associa-se a uma expressão narcísica de dimensão invulgar: sobranceria, arrogância, omnipotência, triunfalismo, desprezo pelo labor e qualidades alheias, porte altaneiro, paralelamente à projecção de uma imagem-de-si grandiosa e invulgar.

O desamor travestido de uma pseudo-segurança e auto-confiança.



Penso na Callas, mal-amada desde o berço até às garras do Armador, que ao trocá-la reabre a imensa ferida narcísica da grega.
Camuflou com eficácia a sua dor primária, sob o manto da omnipotência: tudo cantou e interpretou, ignorando os próprios limites.



Penso, igualmente, na Gheorghiou, que recentemente declarou ao Le Monde de la Musique (com um deslate inusitado), ser a Diva da actualidade, herdeira do talento da Callas.

Que herdou da grega um frágil narcisismo, disso não duvido, quanto ao resto...

Diria tratar-se de uma identificação plenamente narcísica, dada a especularidade evidente do mecanismo e causa: uma réplica espelhada, tout court.

Penso, ainda, na Norman, na Te Kanawa, em Del Monaco, na Anderson, indubitavelmente figuras cimeiras da lírica, incontestavelmente representantes de um amor-de-si peculiar...

Wagner omnipresente, em Paris... (II): aspectos práticos





"
Wagner, wagnériens, wagnérisme", cycle de musique filmée Classique en images à l'Auditorium du Louvre, Pyramide du Louvre, Paris-1er. Métro Louvre. Du 23 février au 20 mars. Tél. : 01-40-20-55-00. Cycle de concerts de 4 à 30 Euros. Musique filmée de 2,50 à 8 Euros. Lectures de 3 à 8 Euros. Rencontre-débat de 1,50 à 4 Euros.

(Aqui e aqui há mais informações)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Contrapontos ao Narcisismo...

...interesses objectais.

O regresso à ribalta de um dos maiores vultos da beleza.









Sobre o regresso da diva:


Últimas aquisições...

Uma Arabella inédita, live from Salzbourg (29/30 de Julho de 1958), com dois dos mais míticos intérpretes desta maravilhosa ópera Straussiana - Della Casa e Fischer-Dieskau -, porventura a mais romântica de todas...

Um plus dificilmente negligenciável: Vier Letzte Lieder, na leitura da mesma Della Casa.



Bela, bela, Mullova acede à categoria dos mid-price. Parecendo paradoxal, não é: dois cd´s a preço de 1!
A PHILIPS "homenageia" a sensual violinista russa, reeditando algumas das suas mais destacadas interpretações.

Pela parte que me toca, optei por duas leituras:

Bach (concertos para violino e 3 Partitas)
(detalhes)

e

Concertos para violino do século XX: Stravinsky, Bartók, Shostakovich e Prokofiev.
(detalhes)

Avizinham-se momentos de puro deleite, na companhia destas duas beldades...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Wagner omnipresente, em Paris...

... só para levantar a ponta do véu:

"(...) du 23 février au 20 mars, vous pourrez voir sur l'écran de l'Auditorium du Louvre l'intégrale des opéras de Wagner et quantité d'archives avec les plus grands chefs et chanteurs d'hier et d'avant-hier (...)".

A ler este artigo do Le Figaro.

Fresquinho, fresquinho...

Acabadinho de sair!



ARRIGO BOITO
Prologue from »Mefistofele«
Nicolai Ghiaurov
Konzertvereinigung Wiener
Staatsopernchor
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein
CD |A|D|D| 477 591-0 |G|OR|
+ R. Strauss: Scenes from
»Salome« · 5 Lieder
The Originals


Há alguns anos, depois de uma notável interpretação de Cheryl STUDER das Quatro Últimas Canções (Richard Strauss), questionei-a sobre a SALOME da sua vida, esperando de antemão que me indicasse, de imediato, Rysanek, Bork, Nilsson...

Pois a soprano norte-americana curvou-se diante da composição da Caballé!!! Perguntei-lhe se estava a brincar comigo, ao que reiterou a citada preferência, com maior veemência...

Pela minha parte, disse-lhe que A SALOME era ela, Studer, indubitavelmente!
A mais sensual, a mais perversa...

De entre as 10 Salome´s que compõem a minha discoteca, obviamente que a da Caballé é uma delas. Mentiria se dissesse que a considero obrigatória.

Não é que a DG acaba de publicar a cena final da mencionada ópera, com mais uns positos de lieder do mesmo Richard Strauss, interpretados por Montserrat Caballé???
E se vos disser que, o mesmo cd conta com excertos de Mefistofoles (Boito), por Ghiaurov???

Tudo, mesmo tudo, sob a sábia mão de Bernstein!

Depois, direi de minha justiça, não sem antes evitar que as expectativas cresçam em demasia...

PODE UMA BELCANTISTA INTERPRETAR STRAUSS?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

A ver (ou, melhor dito, a escutar, ou ainda, DISSE-ME UM PASSARIHO...)



Para os mais interessados, aqui vai a respectiva track list:

1. Puccini: Tosca - Recondita armonia
2. Puccini: Manon Lescaut - Donna che vidi mai
3. Offenbach: Les Contes d'Hoffmann - Il etait une fois a la cour d'Eisenach
4. Offenbach: Les Contes d'Hoffmann - Allons! Courage et confiance...C'est elle...
5. Verdi: Un Ballo in maschera - Ma se m'e forsa perderti
6. Flotow: Martha - Ach so fromm
7. Flotow: Alessandro Stradella - Jungfrau Maria
8. Tchaikovsky: Eugen Onegin - Kuda...Kuda
9. R. Strauss: Der Rosenkavalier - Di rigori armato il seno
10. Donizetti: Don Pasquale - Com'e gentil
11. Donizetti: La Favorita - Spirto gentil
12. Bizet: Carmen - La fleur que tu m'avais jetee
13. Bizet: Les Pecheurs de perles - A cette voix quel trouble...Je crois entendre encore
14. Cilea: Adriana Lecouvreur - La dolcissima effigie
15. Mascagni: Cavalleria Rusticana - Mamma, quel vino
16. Giordano: Fedora - Amor ti vieta
17. Verdi: Ernani - Odi il voto...sprezzo la vita

Muito ao meu jeito, espero que, neste registo, a qualidade vocal e interpretativa de Rolando nada tenha que ver com o refinado mau gosto da indumentária... É que, em Outubro último, assisti a uma récita de I Lombardi (Verdi), no Teatro Comunal de Florença, com (o igualmente latino-americano) Ramon Vargas, vestidinho de branco reluzente... parecia um anjinho papudo... Fez-me lembrar o Roberto Carlos (ou o também Roberto, mas Leal :-))))

Metafisicamente, questiono-me sobre a estética latino-americana...

Parece-me uma boa questão para o fim-de-semana, durante o qual frequentarei um seminário consagrado ao Narcisismo e Identidade, em Sintra, sob a orientação de um dos meus mestres - porventura o maior -, Carlos Amaral Dias, de sua graça.

Digitalis: 2 anos de existência na blogosfera

Se a autora deste notável espaço de criatividade continua a pretender passar discreta, eu troco-lhe as voltas!



O Digitalis é a materialização do conceito de espaço transitivo, tal como Donald Winnicott o concebeu, i.e., território de síntese entre a realidade e a fantasia.

A não perder!

PARABÉNS, Helena ;-)))

Um abraço operático

La Bartoli: digressão em Espanha

Idem, idem, aspas, aspas, relativamente ao que se disse da actuação da grande artista, em terras lusas.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Expressões da paternidade...

Dissoluto Punito Jr. formalmente iniciado, hoje, em Mozart.

A reacção - previsivelmente - não se fez esperar: a paz, a harmonia e a tranquilidade do discurso mozartiano saldaram-se num sono tranquilo e (seguramente) repousante.

A lírica mozartiano virá mais tarde!




terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Florez Viçosas...

Juanito, meu caro

Bem sei que ontem me irritei com o teu novo cd...
Sabes, perco a pachorra para operações de marketing mascaradas de "reabilitações folclóricas"! O que queres tu que eu faça?!



A verdade é que, bem vistas as coisas, aprecio-te muitíssimo.

A propósito da tua futura apresentação em Paris, achei interessante este artigo.

Pensa no que te disse ontem, aqui.

Um grande abraço, cheio de admiração,

João

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Mudança de política, no MET (ou a Era GELB)!!!

A nova administração do Met ventila boas novas, para os amantes desta mítica sala nova-iorquina (como eu!!!).

"Well, Mr. Gelb, who assumes his post in August, will formally announce his plans for future seasons during a news conference today. Many of the productions he is promising show astute taste. Moreover, he has secured commitments from some famously recalcitrant maestros and directors. Riccardo Muti, the Italian perfectionist conductor, will finally make his Met debut, and in an early Verdi rarity, "Attila." Rossini's fantastical "Armida" will be staged for Renée Fleming in a production by Mary Zimmerman, who wrote and directed the mesmerizing play "Metamorphoses." I'm especially excited that Esa-Pekka Salonen will make his Met debut conducting Janacek's astounding "From the House of the Dead" in a new production directed by the visionary Patrice Chéreau, also in his Met debut." (in New York Times, 13/02/2006)

Novos maestros, novas produções e uma ousada (ou arriscada?) aposta no repertório contemporâneo de fronteira.

Floréz murchas...

Don Diego,

Não tarda nada, tens o mesmo destino que o Villanzon!
Atenção e prudência!

És um dos mais magnéticos e luminosos tenores ligeiros da actualidade - sobretudo no território belcantista italiano... -, mas esta novidade não augura grande coisa...

Disse-me um passarinho...

...(a quem, previamente, foi administrada uma boa dose de antiviral) que o maior heldentenor da actualidade - Ben Heppner - gravou um registo consagrado ao Ring!




A ler...

Vivaldi 'wrote mainly for women'

Freiburger Barockorchester & Cecilia Bartoli: Fundação Calouste Gulbenkian, 11 de Fevereiro, Grande Auditório

Dado que o óbvio se impõe por si, começo pelo óbvio.

Qualificar a carreira e o talento de Cecilia Bartoli é quase redundante: os atributos desta notável intérprete, o mor das vezes, rondam a excelência, a genialidade e a ousadia.

Óbvia, também, é a minha imensa admiração pela grande mezzo romana; prova disso são as referências que fiz à sua carreira (aqui e aqui), bem como ao seu último registo discográfico (aqui).



O concerto com que La Bartoli nos brindou, Sábado, obviamente foi de antologia.

Cecilia Bartoli é, a meu ver, o paradigma do intérprete vocal barroco: alia uma técnica vocal superlativa - a rondar a infalibilidade - a encarnações cénicas e interpretativas embrenhadas de calor e envolvência dramática.
O afecto está-lhe nas entranhas, não fora ela latiníssima! Canta com a alma, acima de tudo.

O programa do concerto de ontem - um decalque do seu registo Opera Proibida (DECCA 475 6924) - foi integralmente consagrado ao barroco: A. Scarlatti, Caldara e Handel, além de Corelli (Concerto grosso em Fá menor, op. 6 nº12, peça exclusivamente instrumental).

Pessoalmente, considero ser este o território mais favorável às capacidades da Bartoli, dado que nele se explanam os seus magníficos dotes interpretativos.

Se é verdade que a sua coloratura exímia enaltece Rossini (Fiorilla, Rosina e Cenerentola, entre as mais destacadas) e a sua arte representativa perpetua Mozart (Fiordiligi, Sesto, D. Elvira, Susana), em Vivaldi, Handel ou Gluck - alguns dos mais destacados expoentes do barroco operático - a mezzo romana transcende-se, em absoluto!

O seu brilho, no citado barroco, decorre de uma plasticidade vocal e cénica inusitadas: salta da bravura pura (Qui resta... L´alta Roma, A. Scarlatti) para o lirismo mais contido e recatado (Lascia la Spina, cogli la rosa, Handel) com o mesmo talento com que se entrega ao buffo suave e ligeiro (Un Leggiadro giovinetto, Handel) !

A voz mantém-se cálida e generosa, impertinente e jocosa, conservando a garra e o nervo.
É bom dizê-lo, em abono da verdade, a mesma voz perdeu alguma da clareza dos primeiros tempos: a dicção é mais opaca e a articulação menos nítida, bordejando, aqui e ali, o imperceptível...

A postura, em cena, essa prossegue a sua cruzada no encalço da heterodoxia.
Os maneirismos de sempre - refiro-me às intermináveis estereotipias (caretas em demasia e mímica, por vezes, excessiva) - diluem-se numa actuação fervilhante e desabrida, ambas polvilhadas por uma alegria e felicidade estonteantes! Quase dança (e faz dançar...) em palco! Não conheço outra igual, confesso rendido!

Petra Müllejans e a formação orquestral que dirige - Freiburger Barockorchester - envolveram-se com Cecilia Bartoli num autêntico jogo de cumplicidades (violino e flauta, sobretudo), sublinhando a graça, realçando a contenção e, acima de tudo, destacando o virtuosismo.

Veramente straordinaria! Brava, brava, brava !!!

[Uma palavra de grande agradecimento ao meu amigo João Ildefonso, habitué deste blog, graças a quem pude assistir a este inesquecível concerto!
Fico a dever-te esta, meu caro ;-))) ]

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Évidentement Straordinaria!!!



Dissoluto à beira de se finar - pulsações a 180 pm, ansiedade incontrolável, choro, lágrimas e muita, muita excitação, no Grande Auditório da F. C. Gulbenkian -, resume o recital de La Bartoli, em Lisboa, a 11 do corrente: STRAORDINARIO!

(assim que a medicação surtir efeito, Punito Dissoluto tecerá considerações a respeito do acontecimento musical da saison lisboeta, I promess).

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Strehler: não há duas sem três!

Giorgio STREHLER será um dos mais destacados encenadores, particularmente na (re)criação de ambientes mozartianos. A prová-lo estão as suas sempre actuais produções de O Rapto do Serralho - que tivemos ocasião de ver em cena, no São Carlos, nesta temporada -, Don Giovanni (tal como aqui referi) e As Bodas de Figaro, que o alla Scala propõe, um quarto de século após a estreia desta mesma produção.

Na minha óptica, Strehler destaca-se por um classicismo notável (razão de ser da sua permanente actualidade), colocado à mercê da construção de ambientes de câmara, recatados e intimistas, de uma invulgar riqueza psicológica, bem ao jeito de Mozart.

Colecção Grandes Óperas do EXPRESSO: Norma

Duas palavras para saudar a coerência editorial do semanário EXPRESSO, no que toca à mencionada colecção de (excertos) de (grandes) ópera(s): o denominador comum continua assente na mediocridade!

A Norma da Caballé - no caso desta gravação específica, sublinho!!! - é uma amálgama de sons esganiçados e estridentes, que aspiram a ornamentação!

A Adalgisa da Cossotto soa a travesti!

O Pollione de Cossuta parece salvar a honra do convento...

Por ora, fico-me pelas primeiras impressões, sem grande entusiasmo...
Noutra ocasião, procurarei fundamentar melhor esta opinião...


[Pergunto-me se "O Povo" (seja lá isso o que for...), cujo gosto e sensibilidade se pretendem educar, não merece melhor? E que tal dar um pontapé no traseiro do editor desta colecção???]

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Fundo de catálogo...

Dissoluto feliz por recuperar pérolas há muito perdidas!

Dimitrova, recentemente falecida (como aqui se noticiou, com mágoa), justamente homenageada pela EMI, que (re)edita árias de ópera de Puccini e Verdi.


(EMI 0946 3 41436 2 2)

Ghena Dimitrova foi O soprano dramatico de agilitá dos idos anos 1980.
De voz opulenta e grande, rica em dinamismo e força, pobre em flexibilidade e brilho, Dimitrova foi Abigaille, Lady Macbeth, Turandot, Giselda (I Lombardi), entre outras grandes figuras da ópera; destaque, ainda, para a sua Amneris, cuja interpretação fez furor, nomeadamente ao lado de Chiara e Pavarotti.

Para mim, notabilizou-se em Verdi, sobretudo.
Wagner poderia ter sido seu, se dominasse a língua de Goethe... assim não quiseram os deuses...


(EMI 7243 5 74803 2 1)

Recuando até à década de 1950, a única grande rival de Della Casa, interpreta os mais intimistas lieder de Mozart.

De voz graciosa e expressiva, de uma nobreza invulgar, Schwarzkopf era senhora de um timbre aveludado, algo pueril.

No território lírico mozartiano, a meu ver, jamais teve rival!
(gosto destas afirmações peremptórias, para ver se crio polémicas!!)


...Punito regressa à carga, mais tarde, para tecer considerações sobre a Norma (da colecção do Expresso)... e sobre o eternamente adiado Don Giovanni da dupla Muti / Allen, em dvd...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Má Língua

Em Paris, prossegue a louvável - embora desigual - cruzada wagneriana.

Siegfried enferma de voz e música - elenco e direcção medíocres -, afirmando-se visualmente: Wilson, fiel ao espírito de Wieland Wagner, concebe um espaço estático e depurado, num exercício de minimalismo (exacerbado?!); embora menos "majestoso" do que habitualmente, Bob Wilson mantém-se fiel a uma lógica cénica característica, que parece começar a tornar-se repetitiva...

Em Nova York, Gheorghiou encarna o seu papel fétiche, depois da novela de há oito anos, que culminou com a sua "dispensa" do Met...
(das generosas palavras do critico do New York Times, permito-me duvidar...)

Villazón deslumbrado, vencido pela mania, vai a todas (Schumann desigual, em Nova York, depois de um Massenet pouco convincente, em Nice).
Ouvi dizer que fundou uma associação de estrelas "Ursa Menoríssima", com Netrebko e Gheorghiou...
(não se ponham a pau...)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Baba...

Dissoluto embevecido desvia-se do curso operático - não por muito mais tempo - em ordem a assumir / fruir da paternidade...

Entrementes, mais algumas imagens do rebento...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006