sábado, 17 de setembro de 2005

La Signora Bartoli, ossia la Donna 50.000 EURO - II



A gravação de um album dedicado, em exclusivo, a Vivaldi marcou um ponto de viragem na carreira da intérprete.

Bartoli reduziu, de forma drástica, as apresentações operáticas - canta em Zurique e, pontualmente, em Londres -, passando o recital a constituir a espinha dorsal da sua carreira.
O valor do cachet - montante inusitado de 50.000 euros, por récita -, o mais elevado que se pratica na actualidade (em matéria de música lírica, bem-entendido!), fala por si.

O citado album, consagrado ao virtuoso violinista de Veneza - sucesso comercial, sem precedente -, deve-se, quase em absoluto, à teimosia, combatividade e orgulho de Cecilia Bartoli.

A glória e o sucesso incrementaram-lhe a capacidade reivindicativa e de afirmação.

Salvé, salvé! A editora teve de se render e cedeu, parcialmente (recordo que, por altura da selecção do repertório a incluir no registo dedicado a Gluck, La Bartoli teve de dar um murro na mesa, recusando-se a interpretar as famigeradas árias de Orfeo ed Euridice!)

De Vivaldi em diante, seguiram-se outros compositores e territórios interpretativos (injustamente olvidados - falo de Gluck e Salieri ), a que mezzo romana deu alma, reabilitando-os.
A história da música (e todos nós), estamos-lhe imensamente gratos !

São assim, os seres superiores!

(cont.)

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