A caminho dos 38 anos, deu-me para começar a apreciar gueixas! Antes isso...
Os que me conhecem sabem que não nutro por Puccini grande interesse. Tirando Tosca, La Bohème, um certo Turandot e La Rondine, pouco mais me interessa da produção lírica de G. Puccini.
A verdade é que, recentemente, deu-me para a insurreição: digo não aos preconceitos!
Pois bem, depois de muito discutir com o Raul e João Ildefonso – dois pilares deste blog -, verguei: a Madama Butterfly merecerá a minha atenção.
Psi que sou, vivo do estudo das defesas e resistências que os processos psicanalíticos, nomeadamente, comportam (para o paciente e analista, nunca é demais sublinhar): por que diabo evita um homem privar tão de perto com uma gueixa???
Ontem à noite, entreguei-me a ela... Não tarda muito, retorno à sua companhia.
A audição ainda vai no acto I e já o olho analítico espreita, maroto...
As considerações psicanalíticas ficam para o final.
Os que me conhecem sabem que não nutro por Puccini grande interesse. Tirando Tosca, La Bohème, um certo Turandot e La Rondine, pouco mais me interessa da produção lírica de G. Puccini.
A verdade é que, recentemente, deu-me para a insurreição: digo não aos preconceitos!
Pois bem, depois de muito discutir com o Raul e João Ildefonso – dois pilares deste blog -, verguei: a Madama Butterfly merecerá a minha atenção.
Psi que sou, vivo do estudo das defesas e resistências que os processos psicanalíticos, nomeadamente, comportam (para o paciente e analista, nunca é demais sublinhar): por que diabo evita um homem privar tão de perto com uma gueixa???
Ontem à noite, entreguei-me a ela... Não tarda muito, retorno à sua companhia.
A audição ainda vai no acto I e já o olho analítico espreita, maroto...
As considerações psicanalíticas ficam para o final.
14 comentários:
Bom filho à casa torna ! Quanto ao pilar, rendo-me, mas o prédio é de tal qualidade que ...
Da Butterfly, primeiro acto, a entrada e o dueto final são páginas do melhor que há em ópera italiana. Quanto à gravação da Callas, é uma grande interpretação com um detalhe de análise da personagem fabuloso, no entanto, o seu timbre único não é aquele que eu idealizo para a personagem. Quatro gravações se impoem interpretadas por pares ideais: Los Angeles/di Stefano, Tebaldi/Bergonzi, Scotto/Bergonzi e Freni/Domingo. As cantoras em questão foram tão notáveis neste papel que todas fizeram outra gravação da ópera. Com uma pistola à frente e a ter de escolher caía num par impossível: Los Angeles e Bergonzi.
À parte disto, ver a Scotto na Butterfly foi a minha primeira experiência operática. Era então (1964) considerada a melhor intérprete do momento. Comparar estas temporadas com aquilo que depreendo neste blogue como são as récitas das programações actuais é uma brincadeira.
Só um pormenor: esta gravação da Callas tem a melhor Suzuki que há gravada,Lucia Danieli, ultrapassando a Cossoto, que é muito boa, na gravação da Tebaldi.
RAUL
É uma pena que essa gravação da Los Angeles com i Di Stefano não seja reeditada. A menos que a Testament ou alguma etiqueta do género já o tenha feito.
Vem mesmo a calhar, porque fui ver esta ópera no passado domingo :)
João:
Oiça o diálogo entre Cio-Cio-San e Sharpless e o momento em que Butterfly ouve os canhões do porto a anunciar a chegada do navio de Pinkerton...
Depois quero o seu comentário.
Grande abraço.
Filipe
...Refiro-me, claro, a esses excertos nesta gravação específica.
Filipe
Eu além da Tebaldi, da Los Angeles referidas no meu comentário, e das gravações da Callas e da Scotto, tenho excertos pela Price (muito boa) e uma gravação histórica, muito famosa, com a Toti del Monte e o Gigli. A japonesice, segundo o imaginário ocidental, de Cio Cio San é hipercaracterizada. Eu gosto so so. Mas ouvir o Gigli vale sempre a pena, mesmo que às vezes "chore" um pouco. Outras Butterflys que conheço e que foram grandes intérpretes são Anna Moffo e a verista Clara Petrella, a do disco da minha infância.
RAUL
Hugo,
Eu tenho pela Testament e não comprei há muitos anos.
RAUL
Obrigado, Raul, pela informação. Eu confesso que, de tempos em tempos, passo pelo site da Testament pelo que estranho não ter visto a gravação. Falando da Butterfly da Los Angeles, também não desgosto da versão stereo dela com o Bjorling embora não tão lograda como a Bohème.
Hugo,
Também gosto bastante. Estamos a falar do Bjorling !!!
Dessa gravação, que esteve comigo durante um ano, guardo um momento: quando a Butterfly, antes de Un bel di, obriga a Suzuki (Miriam Pirazzini) a dizer que Pinkerton "ritornera".
RAUL
Querido João fico muito feliz.
Adoro a Butterfly. Musicalmente é do melhor que o Puccini fez. É bela, delicada, bem contrastada e curiosamente bem contemporânea. A leitura da Callas é histórica do ponto de vista da forma como faz da Butterfly uma mulher determinada e corajosa cheia de vida interior e de humor também (veja a forma como ela despacha o Yamadori) em oposição a outras leituras contemporâneas e posteriores até que ecolhiam infantilizar a protagonsta como a Toti del Monte ou tornavam a Butterfly uma ópera Verista como a Clara Pretella. A Butterfly de Verista não tem nada é uma ópera subtil, de sentimentos interiorizado expressos de forma musical e elegante mesmo nos monmentos de maior tensão emocional. Basta compará-la com a Irís do Mascgani que é ligeiramente anterior e com a qual partilha o tema oriental e de colisão de culturas.
Pessoalmente a minha versão favorita é a do Karajan com a Freni/Pavarotti.
J. Ildefonso.
Amigo João Ildefonso, tanto a versão Toti dal Monte (1939) como a da Petrella(1951) são anteriores à da Callas (1955).
RAUL
Sim eu estava consciente mas mesmo depois continuaram a existir versões que expressam os mesmos valores interpretativos como por exemplo a Kabavaisnka e afins.
J. Ildefonso.
Pareçe que a Gheorgiu vai gravar a Butterfly este Verão em Roma. Optimo! Um disco que vou comprar;-)
J. Ildefonso.
Tenho a certeza qua a Gheorgiu fará uma excelente Butterfly.
RAUL
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