segunda-feira, 7 de abril de 2008

Madama Butterfly



A caminho dos 38 anos, deu-me para começar a apreciar gueixas! Antes isso...

Os que me conhecem sabem que não nutro por Puccini grande interesse. Tirando Tosca, La Bohème, um certo Turandot e La Rondine, pouco mais me interessa da produção lírica de G. Puccini.

A verdade é que, recentemente, deu-me para a insurreição: digo não aos preconceitos!

Pois bem, depois de muito discutir com o Raul e João Ildefonso – dois pilares deste blog -, verguei: a Madama Butterfly merecerá a minha atenção.

Psi que sou, vivo do estudo das defesas e resistências que os processos psicanalíticos, nomeadamente, comportam (para o paciente e analista, nunca é demais sublinhar): por que diabo evita um homem privar tão de perto com uma gueixa???

Ontem à noite, entreguei-me a ela... Não tarda muito, retorno à sua companhia.

A audição ainda vai no acto I e já o olho analítico espreita, maroto...

As considerações psicanalíticas ficam para o final.

14 comentários:

Anónimo disse...

Bom filho à casa torna ! Quanto ao pilar, rendo-me, mas o prédio é de tal qualidade que ...
Da Butterfly, primeiro acto, a entrada e o dueto final são páginas do melhor que há em ópera italiana. Quanto à gravação da Callas, é uma grande interpretação com um detalhe de análise da personagem fabuloso, no entanto, o seu timbre único não é aquele que eu idealizo para a personagem. Quatro gravações se impoem interpretadas por pares ideais: Los Angeles/di Stefano, Tebaldi/Bergonzi, Scotto/Bergonzi e Freni/Domingo. As cantoras em questão foram tão notáveis neste papel que todas fizeram outra gravação da ópera. Com uma pistola à frente e a ter de escolher caía num par impossível: Los Angeles e Bergonzi.
À parte disto, ver a Scotto na Butterfly foi a minha primeira experiência operática. Era então (1964) considerada a melhor intérprete do momento. Comparar estas temporadas com aquilo que depreendo neste blogue como são as récitas das programações actuais é uma brincadeira.
Só um pormenor: esta gravação da Callas tem a melhor Suzuki que há gravada,Lucia Danieli, ultrapassando a Cossoto, que é muito boa, na gravação da Tebaldi.
RAUL

Hugo Santos disse...

É uma pena que essa gravação da Los Angeles com i Di Stefano não seja reeditada. A menos que a Testament ou alguma etiqueta do género já o tenha feito.

Moura Aveirense disse...

Vem mesmo a calhar, porque fui ver esta ópera no passado domingo :)

Anónimo disse...

João:

Oiça o diálogo entre Cio-Cio-San e Sharpless e o momento em que Butterfly ouve os canhões do porto a anunciar a chegada do navio de Pinkerton...
Depois quero o seu comentário.

Grande abraço.

Filipe

Anónimo disse...

...Refiro-me, claro, a esses excertos nesta gravação específica.

Filipe

Anónimo disse...

Eu além da Tebaldi, da Los Angeles referidas no meu comentário, e das gravações da Callas e da Scotto, tenho excertos pela Price (muito boa) e uma gravação histórica, muito famosa, com a Toti del Monte e o Gigli. A japonesice, segundo o imaginário ocidental, de Cio Cio San é hipercaracterizada. Eu gosto so so. Mas ouvir o Gigli vale sempre a pena, mesmo que às vezes "chore" um pouco. Outras Butterflys que conheço e que foram grandes intérpretes são Anna Moffo e a verista Clara Petrella, a do disco da minha infância.
RAUL

Anónimo disse...

Hugo,
Eu tenho pela Testament e não comprei há muitos anos.
RAUL

Hugo Santos disse...

Obrigado, Raul, pela informação. Eu confesso que, de tempos em tempos, passo pelo site da Testament pelo que estranho não ter visto a gravação. Falando da Butterfly da Los Angeles, também não desgosto da versão stereo dela com o Bjorling embora não tão lograda como a Bohème.

Anónimo disse...

Hugo,
Também gosto bastante. Estamos a falar do Bjorling !!!
Dessa gravação, que esteve comigo durante um ano, guardo um momento: quando a Butterfly, antes de Un bel di, obriga a Suzuki (Miriam Pirazzini) a dizer que Pinkerton "ritornera".
RAUL

Anónimo disse...

Querido João fico muito feliz.
Adoro a Butterfly. Musicalmente é do melhor que o Puccini fez. É bela, delicada, bem contrastada e curiosamente bem contemporânea. A leitura da Callas é histórica do ponto de vista da forma como faz da Butterfly uma mulher determinada e corajosa cheia de vida interior e de humor também (veja a forma como ela despacha o Yamadori) em oposição a outras leituras contemporâneas e posteriores até que ecolhiam infantilizar a protagonsta como a Toti del Monte ou tornavam a Butterfly uma ópera Verista como a Clara Pretella. A Butterfly de Verista não tem nada é uma ópera subtil, de sentimentos interiorizado expressos de forma musical e elegante mesmo nos monmentos de maior tensão emocional. Basta compará-la com a Irís do Mascgani que é ligeiramente anterior e com a qual partilha o tema oriental e de colisão de culturas.
Pessoalmente a minha versão favorita é a do Karajan com a Freni/Pavarotti.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Amigo João Ildefonso, tanto a versão Toti dal Monte (1939) como a da Petrella(1951) são anteriores à da Callas (1955).
RAUL

Anónimo disse...

Sim eu estava consciente mas mesmo depois continuaram a existir versões que expressam os mesmos valores interpretativos como por exemplo a Kabavaisnka e afins.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Pareçe que a Gheorgiu vai gravar a Butterfly este Verão em Roma. Optimo! Um disco que vou comprar;-)

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Tenho a certeza qua a Gheorgiu fará uma excelente Butterfly.
RAUL