É no Buñuel tardio que a dimensão perversa – no sentido psicanalítico do termo (contra o curso habitual da sexualidade) – atinge o seu paroxismo: Tristana, Belle de Jour e Esse Obscuro Objecto do Desejo retratam, em pleno, o funcionamento perverso.
« O sado-masoquismo e a clivagem (cisão do EU) perpassam as obras citadas, atingindo a expressão suprema no derradeiro filme de Luis Buñuel. Nas três películas, o jogo e alternância entre posições sádicas – poderosas vs masoquistas – submissas e humilhantes é mais eloquente do que a esmagadora maioria dos escritos psicanalíticos sobre a psicopatologia da perversão.»
Aqui e ali – Diário de uma Criada de Quarto e Viridiana – Buñuel faz as suas preliminares incursões no universo da distorção, nomeadamente por via do fetichismo.
Decididamente, Viridiana tem outro propósito, bem distinto do expresso na fase derradeira da carreira do cineasta.
Viridiana é, antes de mais, um exercício de pura blasfémia e exaltação da luxúria.
Nesta singularíssima obra, corrosivamente, o aragonês afronta uma certa moral católica, evidenciando a esterilidade dos respectivos valores. Afinal, o exercício da bondade e caridade cristã revelam-se contraproducentes: os desafortunados não hesitam em morder a mão que, abnegada e maternalmente, os protegera, alimentara e cuidara. Mais: os mesmos mal-fadados, quando acedem ao requinte e luxo, corroem-no da forma mais vil.
Diante destas verdades, à virginal Viridiana, apenas lhe resta a inexorável entrega à luxúria.
« O sado-masoquismo e a clivagem (cisão do EU) perpassam as obras citadas, atingindo a expressão suprema no derradeiro filme de Luis Buñuel. Nas três películas, o jogo e alternância entre posições sádicas – poderosas vs masoquistas – submissas e humilhantes é mais eloquente do que a esmagadora maioria dos escritos psicanalíticos sobre a psicopatologia da perversão.»
Aqui e ali – Diário de uma Criada de Quarto e Viridiana – Buñuel faz as suas preliminares incursões no universo da distorção, nomeadamente por via do fetichismo.
Decididamente, Viridiana tem outro propósito, bem distinto do expresso na fase derradeira da carreira do cineasta.
Viridiana é, antes de mais, um exercício de pura blasfémia e exaltação da luxúria.
Nesta singularíssima obra, corrosivamente, o aragonês afronta uma certa moral católica, evidenciando a esterilidade dos respectivos valores. Afinal, o exercício da bondade e caridade cristã revelam-se contraproducentes: os desafortunados não hesitam em morder a mão que, abnegada e maternalmente, os protegera, alimentara e cuidara. Mais: os mesmos mal-fadados, quando acedem ao requinte e luxo, corroem-no da forma mais vil.
Diante destas verdades, à virginal Viridiana, apenas lhe resta a inexorável entrega à luxúria.