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quinta-feira, 28 de julho de 2005
terça-feira, 26 de julho de 2005
Antevisão de uma Isolda...
Antevejo uma gloriosa noite, amanhã, com a estreia, neste festival de verão, de Nina Stemme, no mesmo papel que consagrou Martha Mödl, Astrid Varnay e Kirsten Flagstad, antes de La Nilsson, Ligenza e - mais recentemente - Waltraud Meier.
Este artigo do Libération cria inveja aos que - como eu - não poderão estar presentes, neste promissor momento...
segunda-feira, 25 de julho de 2005
O Poder Crescente do Simbólico...
Sem a permissão do autor - meu Mestre -, transcrevo um excerto de uma compilação de crónicas da autoria de Carlos Amaral Dias, porventura a mais bela e singela que, do mesmo, alguma vez li.
A dada altura de uma crónica, cujo título é Páscoas do Analista (in Um Psicanalista no Expresso do Ocidente, Temas e Debates), num estilo imensamente poético, a respeito do mui nobre ofício de analista - a que aspiro, com empenho -, CAD conclui:
"Não colho, pois, muitas flores no meu jardim. Quase sempre espero o seu crescimento. E quando florescem, abertas à luz da verdade, eis que o analisando parte com elas, deixando, dentro de nós, uma insuportável memória de um longo encontro que, por «perfeito» que pareça, sabe sempre a pouco."
Jamais encontrei tão elucidativa, eloquente e literária formulação, a respeito desta questão...
Para recordar,
eternamente.
;-)
Um grande abraço, Mestre !
João
domingo, 24 de julho de 2005
sábado, 23 de julho de 2005
O mau das sublimes
O texto !
A (re)discussão em torno da primazia da música ou da palavra, para os casos em questão, é secundária, senão irrelevante.
Eis dois exemplos discográficos infelizes, que padecem de um mal comum: apoiados em vozes sublimes - particularmente a de Fleming, quiçá a mais luminosa do momento... -, totalmente desadequadas face ao repertório escolhido - lírico-dramático-spinto, no caso de Crespin, e barroco, no de Fleming -, as duas grandes cantoras manifestam uma indesmentível desatenção diante dos textos das árias que interpretam, colando-se às respectivas partituras.
Crespin - soberba wagneriana, venerada em Bayreuth e escandalosamente esquecida na sua pátria - canta o suplício de Leonora (de Il Trovatore, de Verdi) e a Canção do Salgueiro (Desdemona, de Otello, de Verdi) sem a mais pequena inflexão... De um autismo absoluto ! Sem o mínimo resquício de afecto !
Desolador.
Fleming - digníssima mozartiana, elegantíssima straussiana... -, além de negligenciar os textos, revela uma particular inabilidade técnica para interpretar Handel. Não é uma cantora barroca, voilà !
A voz mantém a frescura habitual, melodiosa e sensual. A interpretação - o calcanhar de Aquiles habitual da americana -, nem tanto...
...duas excepções que confirmam a regra...
A Traça de Siza, de parabéns !
A notícia completa está aqui.
A Era Lissner...
Eis um dos projectos, entre muitos outros:
"On sait ainsi que (...) la saison 2007-2008 s'ouvrira avec Tristan et Isolde de Richard Wagner, mis en scène par Patrice Chéreau, sous la direction de Daniel Barenboim."
Uma antiga óptima, uma re-bela re-nova e uma má velha; respectivamente, Tristão e Isolda :-), a encenação de Chéreau :-)) e a direcção de Berenboim :-((
Mais detalhes aqui.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Piero Cappuccilli - RIP
Na memória, indelével, permanece o seu juvenil (e promissor) Masetto, do lendário Don Giovanni de Giulini, também ele desaparecido recentemente.
Foi em Verdi que se demarcou, disso sendo prova um mítico Macbeth - da homónima ópera de Verdi -, sob a direcção de Abaddo, o papel titular de Rigoletto, dirigido por Giulini, once again e... Iago, lui-même, perverso, perverso..., sob a batuta do genial Keiber filho !
Mais detalhes, aqui.
Tempos difíceis...
quinta-feira, 21 de julho de 2005
Pura má língua !
Jose Cura é um actor destacado. Tem boa figura. Os dotes vocais não são desprezíveis.
Enferma de um histrionismo exacerbado, que se alia a um narcisismo caricatural: as interpretações é que sofrem, quando a cabeça não tem juizo (como comprova, entre outros, o registo ERATO 3984 27317-9) !
A hiper-expressividade e o abuso da comunicação afectiva - características tão habituais nas personalidades histéricas -, neste registo, assumem dimensões exacerbadas...
Vi-o uma só vez, ladeado por La Mattila...
Um talentoso Otello, cenicamente, não fora a circunstância de ser cantado !
Impotente, numa palavra.
De la Mattila, nesse Otello... que talento ! Uma Desdemona de antologia, transbordante de ardor... Dócil, imensamente... ainda assim...
quarta-feira, 20 de julho de 2005
A propósito da extinção do Ballet Gulbenkian...
Considero está decisão questionável e polémica. Ainda assim, por incrível que pareça, não me choca !
Durante temporadas a fio, segui religiosamente as apresentações do Ballet Gulbenkian. Confesso que a saída de Jorge Salavisa, da direcção artística da companhia em questão, marcou o fim de uma época gloriosa.
Esta é, obvia e assumidamente, uma apreciação subjectiva, não sendo tecnicamente fundamentada !
A verdade é que há muitos anos, apenas esporadicamente, assisto a algumas apresentações do Ballet Gulbenkian. A sensação com que fico, invariavelmente, é de tédio e desânimo.
Compreendo o movimento de oposição à recente decisão da administração Vilar. De igual modo, compreendo a decisão da administração, se a entendermos - também - alicerçada numa lógica de qualidade e renovação.
Porque não financiar outras companhias de bailado, ditas independentes, em lugar de manter uma companhia de bailado que - repito -, na minha singela opinião, tem vindo a perder qualidade?
Outro aspecto que me parece importante destacar tem que ver com a circunstância de a FCG ser uma fundação privada - não devendo ser confundida com o inexistente Ministério da Cultura -, embora saibamos que se encontra ao serviço da investigação e cultura, tendo por missão subvencioná-las.
Por mais que me esforce, mantenho a esta convicção inabalável: há na sociedade portuguesa uma inexorável tendência para a dependência, com várias expressões.
De ânimo leve, exige-se da FCG que tudo mantenha e financie, dada a inverosímil expressão estatal nos domínios da cultura !
Extraordinária reivindicação, esta !
Quanto a algumas apreciações que têm sido feitas, a respeito da figura de Rui Vilar, muitas delas - com o devido respeito - recordam-me as doutas considerações de José Gil, que descreve a inveja como uma traço da identidade portuguesa...
sábado, 16 de julho de 2005
Um tenor furacão !
(OEHMS Classics - OC 320 - www.oehmsclassics.de)
Glorioso ! O Timbre pujante e heróico de Torsten Kerl, quente, encorpado, pleno de garra e ousadia - a roçar o registo baritonal - é uma revelação !
Entre o lirismo dramático e o heldentenor, Kerl promete revolucionar a interpretação, particularmente no território wagneriano.
Imagino-o na pele de Tristão...
Recorda a clareza de Heppner, sendo mais viril, na emissão e na densidade.
Há muitos anos que um tenor não me impressionava a este ponto !
Absolutamente imperdível !
Tutte ou TUTTI ???
A mon avis, il s´agit, sûrement, de l´interprétation la plus aériènne de l´histoire du Così!
(ARCHIV 437 829-2)
Si j´avais l´occasion d´interviewer Mozart, au sujet de cet opéra, je lui poserais une quéstion assez simple: pourquoi ne pas le rénomer... Cosi Fan Tutti, au lieu de Tutte !
sexta-feira, 15 de julho de 2005
A perniciosa pressão das majors...
Não se trata de um fenómeno isolado !
A imensa Bartoli, por inúmeras vezes, teve de recusar, com veemência, incluir os desgastados excertos de Orfeo ed Euridice, de Gluck, quando decidiu dedicar um (inigualável) álbum a este compositor.
A pensar...
quarta-feira, 13 de julho de 2005
Irritações terrenas e vis...
- comer-se rúcula, em vez de alface,
- fazer-se pilates, em vez de ginástica, pura e dura,
- o recurso maciço e sistemático a expressões como "é assim" e a adjectivos como "fantástico",
- a transcendente capacidade de encaixe, a bondade e a tremenda tolerância de Júlio Machado Vaz, que tudo compreende, aceita, encoraja e enaltece ,
- as desmesuradas falhas narcísicas de Maria Filomena Mónica, Clara Ferreira Alves, Vasco Pulido Valente, e parte substancial dos cronistas da nossa praça que, invariavelmente, se referem a tudo e todos num tom sobranceiro, desprezível e altaneiro.
Não é que estas (inquestionavelmente) inteligentes criaturas se considerem superiores... os demais é que são inferiores, if you see what I mean !
sexta-feira, 8 de julho de 2005
VERSOS PORQUE, EM LONDRES...: Londres & 1bsk...
Come away, come away, death,
And in sad cypress let me laid;
Fly away, fly away, breath;
I am slain by a fair cruel maid.
My shroud of white, stuck all with yew,
O prepare it!
My part of death, no one so true
Did share it.
Not a flower, not a flower sweet,
On my black coffin let there be strown;
Not a friend, not a friend greet
My poor corpse, when my bones shall be thrown:
A thousand thousand sighs to save,
Lay me, O where
Sad true lover never find my grave,
To weep there!
(William Shakespeare,
from Twelfth Night, Act II, scene 4)
Para ouvir, na belíssima interpretação de Bryn Terfel, acompanhado por Malcolm Martineau.
(DG 445 946-2)
(post partilhado: igualmente presente em O Ramalhete)
quinta-feira, 7 de julho de 2005
Philippe Boesmans
Achei a peça aborrecida e com um nível de estridência quase inaudível, mas muito ousada !
Pode ser que os apreciadores da ópera contemporânea gostem de ler este artigo dedicado ao compositor belga.
O regresso de Chéreau...
Na actualidade, a meu ver, a encenação - no que à ópera diz respeito -, está nas mãos de meia dúzia de criadores: Peter Sellars, Luc Bondy, Achim Freyer, Andrei Serban, Bob Wilson... e Patrice Chéreau
Discípulo de Bergman e de Visconti, de regresso à encenação, o mais mítico dos encenadores franceses - criador de lendas como Der Ring (Beyreuth, ´76), Lulu (ONP - Garnier´79) - regressa à ópera, a Aix, para tratar da última das obras resultantes da colaboração Da Ponte / Mozart...
... Cosi Fan Tutte, ossia La scuola degli Amanti...
Na entrevista que concede ao Le Monde, a propósito da encenação desta última ópera, entre outras coisas, pode ler-se:
"Contrairement aux Noces de Figaro et à Don Giovanni, tributaires d'une part de la pièce de Beaumarchais, de l'autre, du mythe donjuanesque, Cosi me paraît plus libre et plus moderne, de par la multiplicité même de ses sources (l'Arioste, Boccace, Goldoni, Shakespeare, Marivaux...), affirme Patrice Chéreau. Dans Cosi, Mozart dit enfin ce qu'il n'avait jusqu'alors qu'esquissé : il attaque de front l'idée du désir. En cherchant l'infidélité des autres, on découvre sa propre infidélité, sa jalousie, la profonde difficulté de la relation à l'autre. En bref, à quel point le désir est multiple."
"Il n'y a pas d'immoralité dans cet opéra. Il y a tromperie partout et nulle part. On découvre une chose plus belle et plus vertigineuse, qui est qu'on peut désirer plusieurs personnes à la fois. Toute la musique de Mozart ne dit qu'une chose : la liberté fondamentale de l'amour. Mozart n'est ni dans la fête ni dans la douleur, mais dans le vertige. L'important, pour les chanteurs, est de croire absolument à ce qui est dit, à ce qui est fait. Sinon on est foutu."
Bon retour !
Nota: Na Diapason de Julho, há um dossier dedicado a Patrice Chéreau.
quarta-feira, 6 de julho de 2005
Bártok - II - Concerto para Violino, Nº 2
Inquestionavelmente, é a minha peça favorita de Béla Bartók.
Há quatro anos, em Paris, por ocasião de um festival dedicado a Bartók, assisti a uma impressionante interpretação deste concerto, a cargo da dupla Boulez / Shaham.
Inolvidável !
Foi o meu baptismo, neste território...
Aqui fica a marca desse acontecimento musical.
(DG 459 639-2)
Bartók - I
A sua obra é deste funcionamento paradigmática. Sendo notável, pela ruptura que encerra, é distante, sombria, cerebral, algo fria, assaz insólita...
Deslumbrante, malgré tout !
Escuto Os Quartetos para Cordas, pelo Quarteto Végh.
(naïve V 4870)
Brava Mullova !
A DIAPASON (edição de Julho / Agosto) tece os mais rasgados elogios à interpretação de Mullova dos últimos concertos para violino de Vivaldi.
Corroboro o entusiasmo !
A violinista russa faz-se acompanhar pelo agrupamento Il Giardino Armonico, que é uma autoridade em matéria de interpretação barroca, particularmente em Vivaldi (oiça-se a leitura deste agrupamento d´As Quatro estações, na TELDEC, se não me engano).
O virtuosismo de Viktoria, nesta interpretação, é estonteante, jamais caindo em tentações maneiristas.
Há uma alma viva por detrás desta magnífica técnica, particularmente observável nas passagens mais intimistas, onde a sonoridade cede lugar à expressão afectiva, plena, ainda que algo contida...
(ONYX 4001)
terça-feira, 5 de julho de 2005
segunda-feira, 4 de julho de 2005
RIP Ghena Dimitrova
Apagou-se a última Abigaille do século XX.
Resta-nos a gravação de Sinopoli, como testemunho desta grande cantora, num dos mais fascinantes papeis da ópera verdiana (DG 410 512 - 2).
A propósito do ensino artístico nas escolas... francesas
A dada altura do relatório de avaliação do dito ensino, mais especificamente na conclusão do mesmo, pode ler-se "(...) apprendre à lire, écrire, compter est à l'évidence fondamental, apprendre à voir, entendre, sentir ne l'est pas moins".
Quais serão as insuficiências do ensino artístico português... no ensino obrigatório ? E no ensino superior ?
sábado, 2 de julho de 2005
Goldberg & Música Antiga
Jacobs dirige Conti
René Jacobs - outrora grande contra-tenor, actual destacado e reputadíssimo maestro -, a quem os admiradores do Barroco musical tanto devem, dirige, hoje, a criação francesa da ópera de Conti (1681 - 1732) intitulada Don Chisciotte in sierra Morena.
sexta-feira, 1 de julho de 2005
Don Giovanni... mais curiosidades estatísticas
2 dos 5 papeis masculinos - o de tenor e o de baixo - dobram consoantes à esquerda: don oTTavio e il coMMendatore.
Moral da estatística: todos os homens da trama têm consoantes dobradas, ou no início, ou no fim !
Apenas doNNa aNNa tem este privilégio, ao quadrado !
A circunstância de (apenas) uma personagem feminina contar com tal atributo (x 2 !) invalida a tese do plus masculino !
Será a excepção que confirma a regra ?
Haverá alguma tese sobre o assunto ?
Don Giovanni... sempre ! Curiosidades
...começou por ser Masetto - sob a direcção de Östman -, foi Don Giovanni, com Solti e, sob a batuta de Abbado, interpretou Leporello !