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quinta-feira, 4 de junho de 2009
Disse-me um passarinho...
...que, em breve, sairão algumas pérolas:
29 comentários:
J. Ildefonso.
disse...
Conheço a existência da Norma da Sills mas acho que poderia ser muito interessante caso se tivessem trocado os papeis das duas protagonistas. A Verret que só abordou a Norma tardiamente e em contextos infelizes talvez podesse fazer uma boa Norma com a sua escola belcantista, voz robusta, maleável e faciliade nos agudos enquanto a Sills seria uma Adalgisa perfeita com a sua voz limpida e delicada repondo a diferenciação timbrica da concepção original. Não creio que o papel da Norma possa ser defendido com sucesso pela Sills, que já na Ana Bolena (papel concebido também para a Giuditta Pasta) mostra dificuldades nas frases longas e coloratura de força saindo ainda assim vencedora através duma caracterização arguta que de alguma forma aproxima o papel da Lucia. Seguramente cantará uma excelente Casta Diva mas não imagino que encontro energia, folego e projecção para as cenas mais dramaticas.
Salve a Centennial Gala e a Norma com Sills e Verrett!
A propósito desta última, é curioso notar como muitas das gravações efectuadas por Beverly Sills foram comercializadas com o selo Westminster/Millenium. Posteriormente, os direitos passaram para a EMI embora, segundo julgo saber, não tenham chegado à era do CD. Há poucos anos, a DG tomou as rédeas do legado Sills. Contudo, parece ter-se apropriado, inclusive, de registos pertencentes à própria EMI como a Manon com Gedda e Souzay. Parece-me estranho. O que se me afigura mais natural é a DG se engajar na comercialização dos restantes registos Westminster/Millenium/?EMI?, designadamente, os Puritanos com Gedda, Quilico e Plishka.
Os exemplares hendeleanos devem ser bons, pelo menos o de Ragazzo dado o seu excelente Mozart nas gravações do R. Jacobi. A senhora não conheço. Bartok para os críticos tem no maestro e compositor Pierre Boulez o seu intérprete ideal. Ritrovato ou Souvenirs é uma fórmula de mercado. Se corresponder a árias e duetos de Puccini, tem todos os ingredientes para ser uma boa gravação dada a dimensão dos seus intérpretes, embora não estou a ver a Urmana na Mimi, na Butterfly, na Doretta, na Suor Angélica, na Lauretta ou na Liú. Quanto à gala de 1983 do Met, trata-se na melhor gala de todos os tempos. Só os americanos teriam dinheiro para uma tal concentração de qualidade, onde ainda vemos no fim da carreeira cantores da Idade de Ouro do cantos lírico. Só duas curiosidades: o triunfo sobre todos da imortal Nilsson aos 65 anos e o facto de terem cortado a Habanera pela Regine Crespin, que felizmente está no Youtube. Este dvd É ABSOLUTAMENTE OBRIGATÓRIO em qualquer cedoteca de um melómano. Guardo para o fim o cd que nunca compraria: a Norma pela Sills, a antítese da voz que a dramaticidade do papel exige. Não terá tessitura adequada, nem cor nem timbre. Interessante será a Adalgisa da Verrett, mas talvez seja mil vezes melhor ouví-la na Norma numa gravação que até por sinal tenho a maior parte. Raul
Sobre o Haendel pouco sei, mas o Lorenzo Ragazzo é um excelente mozartiano, pelo menos no Figaro e no Leporello do Jacobi. Segundo a crítica Bartók não encontra melhor intérprete que o maestro e compositor Pierre Boulez. Quanto ao Ritornato, fazendo lembrar os Souvenirs, como técnica de mercado, está nas mãos de bons intérpretes. A Centennial Gala é certamente a melhor gala que houve, pois só os americanos podem concentrar tantas estrelas num só espectáculo. Curioso ser uma representante da Idade de Ouro, Birgit Nilsson, já com 65 anos, que vai ser a número de noite. Também é curioso terem apagado a prestação da Crespin na Habanera, felizmente conservada no Youtube. Penso que esta gala deve ser adquirida por qualquer apreciador de ópera. Guardo para o fim a Norma e não posso discordar mais do caríssimo Hugo Santos.Não há Norma sem Norma e a Sills não tem tessitura (onde estão os graves?), nem cor nem timbre para o papel. Troquem de papéis, a Verrett com a Sills, e resolve-se assim o problema. Raul
Dissoluto, daqui gostaria de salientar a Norma de Bellini que desconhecia, confesso, uma 2ª versão dirigida por James Levine, que só sabia ter dirigido a Norma oficial Scotto/Troyanos para a CBS; e ainda por cima com Sills e Verrett… :-) mas desconheço a data da gravação, e isso para o percurso canoro de Sills é importante. Também destaco o PUCCINI RITROVATO, mas também desconheço a música pucciniana que é aqui apresentada/gravada nesta novidade. … agora quanto ao MET CENTENNIAL GALA… bem meus Srs. … já não era sem tempo de alguém publicar LEGALMENTE esta Gala, que juntamente com a RUDOLF BING GALA AT THE MET/1972 (DG? É pedir muito uma remasterização?... Já agora que saiu a Met Centennial… vá lá, não custa nada… ;-)) ) são sem dúvida nenhuma as Galas líricas do Séc. XX! E foi o meu primeiro Vídeo VHS de Ópera a entrar cá em casa já lá para os idos de 89. Um amigo meu que tinha em VHS a Gala gravada em Vídeo caseiro, emissão 2º Canal 1984, fez-me a gentileza de o gravar para uma novíssima Cassete VHS (“O tempora! o mores!”) que tinha comprado expressamente para o efeito. Bem… Toda (ou quase toda) a minha geração de cantores favorita, a Geração LP e inícios do CD, está lá!... E CANTA E ENCANTA!! Cresci no canto lírico a ver e a ouvi-la VEZES SEM CONTA!! Descobri L`Enfant Prodigue de um Debussy ainda muito verde com Cotrubas nesta Gala; O HINO AO SOL da Iris de Mascagni pelo Coro do Met; a voz terrífica de Marton na Turandot; a vénia e o sorriso de Ricciareli no Faust; a “branca” de Te Kanawa no Dove sono; a voz lacrimejante de McCracken no Dio, mi potevi do Otello; o laço ridículo de Sutherland na sua Semiramide; Kraus e Malfitano interrompidos pelo público no final do seu dueto do Romeo et Juliette; Carreras que se vira para Caballé no dueto final do Andrea Chénier e esta só se apercebe da intensidade da performance do dito cujo já um bocado tarde… mas funcionava…; da franjinha branca de Raimondi na Calunia do Barbiere; o perfeitíssimo kitsch metiano da Bacanal do Sansão e Dalila de Saint-Saens; de Soderstrom que quase cai na escadaria ao descer com Von Stade e Battle para o Terceto Final do Rosenkavalier; o abraço de Horne a Rise Stevens no final da sua aparição na Gala, etc., etc, etc…. …saudades, saudades… Os pretéritos, caro Dissoluto, os pretéritos… …espera aí!... se a DG edita a Met Centennial Gala… queres ver que a EMI vai editar a Gala dos 125 Anos do dito cujo, com Plácido and all the folks… em HD??... Hmm!… :-/ cheira-me que sim!... See ya, LG
P.S. No Stanley Sadie New Grove Dictionary of Music and Musicians ou na Wikipedia, devia haver uma entrada a definir DIVA e/ou DIVISMO dizendo assim: Vide DVD Met Centennial Gala- antepenúltima faixa (em princípio): BIRGIT NILSSON – Narração de Isolde, Iº Acto. São à volta de 15 mins. De PURO TRIUNFO, GLÓRIA E… FÉ!!... A ver, até à exaustão!... com uma caixa de Kleenexes própria!! ;-))
eu tenho gravações ao vivo da Norma com a Sills e a Verrett. Cada uma, à sua maneira, traz algo de interessante ao papel. Por esse facto, julgo valer a pena a aquisição.
Escrevi logo o primeiro comentário, mas não saiu no tempo "normal" e até escrevi ao amigo Dissoluto "queixando-me. Ele disse-me logo que nada tinha recebido. Bem, pensei "Deve ser daqui e da censura nos blogues". Escrevi outro tentando lembrar-me do primeiro. Conclusão: saíram dois comentários meus quase idênticos. Este sistema "A moderação de comentários foi activada. Todos os comentários têm de ser aprovados pelo autor do blogue." tem certamente o seu preço. E se o caríssimo Dissoluto suspendesse por uns tempos este "mecanismo"? Pode ser que a tal varejeira, porca e nojenta, que despertou esta medida tenha ido para o seu verdadeiro ambiente. Raul P.S. Também outra coisa estranha, primeiro saiu o comentário do Hugo Santos no topo e assim esteve quase um dia, depois o comentário do João Ildefonso apareceu em primeiro lugar, que pelas horas tinha esse "direito".
Caro Hugo, Falo de cor, pois não ouvi a gravação, mas que interesse pode trazer. Uma Casta Diva, a ária só, muito bem cantada, uma frase aqui e acolá mais luminosa no seu significado. E a dimensão trágica, a lua, e a noite, e o "sediciozi voci" e o "in mia man" e o final tão apreciado por Wagner... não...não estou a ver a Sills. Peço desculpa por discordar da pessoa com quem geralmente estou mais de acordo neste blogue. Raul
penhora-me com tanta amabilidade. Sem querer fazer publicidade de modo tão descarado, vou actualizar o meu site com um excerto de uma das gravações ao vivo da Norma que possuo com a Sills. Convido-o e aos restantes frequentadores a elegerem um excerto da ópera que gostariam de ouvir.
Caro Hugo Santos Fui ao seu Blog (?)/ Google Page (?)… Desculpe lá a minha ignorância nos universos bloguistas… e reparei que ele/elas estão muito vazias(os)… :-/ ...Mas houve um ponto que despertou a minha atenção e curiosidade: “My Opera Discography”… só que está vazio... :-/ Teria muita curiosidade em saber qual é então a sua Opera Discography… a ver se a gente comunica/”posta” mais sobre o assunto, para se efectuarem mais debates de gostos e opiniões. Acho que não haverá mal nisso :-) e se estou a ser para si, neste momento, inconveniente e curioso demais, queira aceitar os meus humildes mil perdões ;-)) Dissoluto, peço-lhe mil desculpas por estar a fazer do seu Blogue, neste momento, de centro de Serviço de Mensagens “pó telemóvel” :-D :-D ;-)) All the Best LG
muito obrigado pela visita à minha humilde página. Relativamente ao conteúdo, carece de algumas modificações uma vez que, no caso da minha discografia de ópera, pensei inicialmente incluir todas as gravações áudio e vídeo que possuo. Tendo em conta que se aproximam do milhar afigura-se como tarefa inglória. Estou a pensar em colocar uma discografia recomendada baseada em gravações ao vivo. Talvez, deste modo, seja mais exequível.
Seja como for, aguardo sugestões de todos relativas à Norma com Beverly Sills.
Gosto mais desse dueto do que do segundo. Considero a versão Callas-Stignani em Londres sem rival. Não tenho aqui o texto, mas é depois da Adalgisa repetir o seu "lamento" quando Norma inicia uma frase, onde a Callas mostra por que é a melhor cantora do mundo. Nessa frase todas as notas se organizam como numa frase lapidarmente construída, num equilíbrio perfeito, a tal sintaxe callaciana de que fala Gianandrea Gavazenni. Raul
Tasmbém é o meu dueto favorito da ópera e um dos duetos para duas vozes agudas mais fascinantes de todo o reportório tal como os da Semiramide e o da Ana Bolena. Ponderado o assunto volto a afirmar que acho o papel da Norma demasiado grave e pesado para a Sills que tem um registo médio/grave fragil e que se deve sentir em dificuldade com as longas frases e com a coloratura de força.
Totalmente de acordo: o primeiro dueto da Norma, o da Semiramide e o da Anna Bolena estão no top do género. O facto da Callas não ter gravado a Semiramide com, por exemplo, a Stignani, Simionato ou a Cossoto, foi um dos grandes "crimes" perpetrados pela editoras discográficas, neste caso a Emi ou o Walter Legge. E andou ela a perder tempo a gravar a Cavellaria, os Palhaços e a Manon Lescaut.
Caro Hugo, Ouvi a Sills na Casta Diva no Youtube depois de ter conseguido vencer alguns filtros chineses. Era o que eu esperava: tecnicamente na zona aguda perfeita, mas no resto a começar pelo timbre, com uma lágrima, o que é anti-Norma, a parecer-me, desculpe a comparação, uma pessoa adoentada a cantar. A Norma passa de um canto elegíaco para um Lamento. Quanto ao resto não posso falar, só imagino. Raul
Caro Hugo Santos, Depois de ouvir extractos no You Tube desta NORMA Sills/Verrett/Levine, plenamente de acordo aqui com o João Ildefonso; pode esta versão ser cantada na sua integralidade e mais conforme ao Bellini de 1831, mas a perenidade dramática belliniana, que atinge o seu cume aqui na NORMA, exige um Pollione e uma Grande Sacerdotessa di Irminsul com peso dramático na enunciação do texto cantado, e tanto Sills como Di Giuseppe deixam muito a desejar na coloração dramática voz/dramatis personae. Além de que, bem lá no topo do registo da voz de Sills em 1973, já se notam estridências e vibrato a mais… que tem um resultado voz/drama bem diferente de uma Callas em 64/65. Só Verrett é que se sai bem destes confrontos bellinianos e já tem a sua vocalidade preparada para ser uma muito boa Norma. Pelo acima exposto, Norma continua nas mãos dos eternos fantasmas que são (com algumas reservas)Sutherland, Caballé e, claro, the Great Maria; e Pollione nas mãos de del Monaco, Corelli e Domingo. Mai nada!! :-D ;-))) A propósito… já tentou
Bem melhor, acho eu!… depois diga-me alguma coisa, tá? All the Best LG
P.S. Não é só você que tem à volta de um milhar de cds e dvds, nós, quase todos, também. E eu idem!!... :-/ ... e a minha casa já se começa a queixar da falta de espaço. :-D Por isso seria, na realidade, inglório expôr toda essa discografia num Blogue… ou não… ??!!;-)) Tenho curiosidade em ver então o seu resultado Discografia Live. A seu tempo, tá?... :-)
conheço o cd de duetos Freni/Scotto e, no caso da Norma, as intérpretes saem-se a contento, na minha modesta opinião. Um contributo perfeitamente válido por parte dos dois sopranos.
No que respeita à proposta de audição que aqui lancei, parece-me que, para todos quantos se manifestaram até ao momento, o dueto do primeiro reúne consenso. Contudo, se houver mais algum excerto que alguém pretenda escutar, eu procurarei incluí-lo.
A versão que seleccionei é igualmente com um soprano no papel de Adalgisa.
Conheço a versão Scotto/Freni dum recital conjunto onde também cantam "Bianca e Fernando" do Bellini, excelente o dueto, e "Le Ilustri Rivali" do Mercadante, menos interessante mas boa interpretação. É um excelente c.d. de que muito gosto por acaso no referido dueto gostaria de ver as protagonista trocarem os papeis mas isso acho que já é uma mania. Seja como for corre o boato de que existe parte duma Norma do Karajan nos arquivos Emi?, projecto abortado, com a Freni/Riciarelli. Poderá ser verdade? Eu pessoalmente acho que uma Norma com a jovem Verret, por volta do final dos anos 60 inicio dos anos 70, teria sido um projecto muito interessante.
A propósito da longevidade vocal da Sills, segundo a própia e também informação contemporânea, teria sido operada em 72 reiniciado a carreira nos palcos ainda convalescente, contra o conselho médico. Realmente a partir de mais ou menos 72 nota-se uma condição vocal muito débil e nas últimas gravações precária, para usar uma expressão educada. Gosto muito da Lucia com o Bergonzi que considero extraordinária a todos os níveis.
o problema que identificou agravou-se, segundo a opinião corrente, com a interpretação da Elisabetta do "Roberto Devereux". A própria Sills confessou-o diversas vezes. A assunção do papel retirou-lhe alguns anos de carreira. Contudo, não considero que as últimas gravações a encontrem num estado vocal, digamos, lastimoso. Recorde-se o excelente Rigoletto com Milnes, Kraus e Ramey ou o Don Pasquale com Kraus, Gramm e Titus. A voz já não apresenta a mesma frescura presente nos registos do início da década de 70 embora tenha ainda muito a oferecer.
Aproveito igualmente para comunicar que o excerto requisitado da Norma com Beverly Sills já se encontra disponível.
Já ouvi o excerto em questão mas quero voltar a ouvir com mais atenção seja como for a primeira impressão foi positiva o que não invalida que se possa vir a sentir em dificuldades nas partes mais dramáticas como o "non tremar" ou o recitativo "sediciosi voci". De qualquer maneira muito obrigado pela atenção e voltarei a comentar oportunamente pois é um tema que me interessa. Imaginar como um artista aborda um papel e expecular do seu sucesso com base em outros papeis que abordou.
Se a Netrebko gravar a Ana Bolena como se fala espero que seja um alibi para contratar o Florez, d'Arcangello, Ganasi e Barcelona para os outros papeis. Esse disco eu comprava porque ainda está para ser gravada a Ana Bolena que tenha um tenor que faça justiça ao papel sem desmerecer os esforço do Raimondi, papel amputado e estilisticamente um pouco peixe fora de água, ou do Borrows que evidencia grande dificuldade nos agudos.
Já ouvi com atenção o excerto apresentado e confesso de forma geral não fiquei mal impressionado se bem que ache disvirtua de algum modo a ideia que tenho da Norma tornando-a um personagem tímido, inseguro devido ao timbre delicado da Sills.
ola meu caro em breve tambem ira sair um disco do kaufmann com arias do wagner e do mozart que penso pelo que se ouve no pequeno filme sera um dos discos do ano com a conduçao do Abbado dé uma vista de olhos http://www.jonas-kaufmann.com/ E esta caixa do mozart tambem sera mais uma a nao perder tal como foi a de wagner penso que nao tao boa mas sera razoavel http://www.prestoclassical.co.uk/r/Decca/4781600 Um abraço daniel fnac algarve
29 comentários:
Conheço a existência da Norma da Sills mas acho que poderia ser muito interessante caso se tivessem trocado os papeis das duas protagonistas. A Verret que só abordou a Norma tardiamente e em contextos infelizes talvez podesse fazer uma boa Norma com a sua escola belcantista, voz robusta, maleável e faciliade nos agudos enquanto a Sills seria uma Adalgisa perfeita com a sua voz limpida e delicada repondo a diferenciação timbrica da concepção original.
Não creio que o papel da Norma possa ser defendido com sucesso pela Sills, que já na Ana Bolena (papel concebido também para a Giuditta Pasta) mostra dificuldades nas frases longas e coloratura de força saindo ainda assim vencedora através duma caracterização arguta que de alguma forma aproxima o papel da Lucia. Seguramente cantará uma excelente Casta Diva mas não imagino que encontro energia, folego e projecção para as cenas mais dramaticas.
Salve a Centennial Gala e a Norma com Sills e Verrett!
A propósito desta última, é curioso notar como muitas das gravações efectuadas por Beverly Sills foram comercializadas com o selo Westminster/Millenium. Posteriormente, os direitos passaram para a EMI embora, segundo julgo saber, não tenham chegado à era do CD. Há poucos anos, a DG tomou as rédeas do legado Sills. Contudo, parece ter-se apropriado, inclusive, de registos pertencentes à própria EMI como a Manon com Gedda e Souzay. Parece-me estranho. O que se me afigura mais natural é a DG se engajar na comercialização dos restantes registos Westminster/Millenium/?EMI?, designadamente, os Puritanos com Gedda, Quilico e Plishka.
Os exemplares hendeleanos devem ser bons, pelo menos o de Ragazzo dado o seu excelente Mozart nas gravações do R. Jacobi. A senhora não conheço.
Bartok para os críticos tem no maestro e compositor Pierre Boulez o seu intérprete ideal.
Ritrovato ou Souvenirs é uma fórmula de mercado. Se corresponder a árias e duetos de Puccini, tem todos os ingredientes para ser uma boa gravação dada a dimensão dos seus intérpretes, embora não estou a ver a Urmana na Mimi, na Butterfly, na Doretta, na Suor Angélica, na Lauretta ou na Liú.
Quanto à gala de 1983 do Met, trata-se na melhor gala de todos os tempos. Só os americanos teriam dinheiro para uma tal concentração de qualidade, onde ainda vemos no fim da carreeira cantores da Idade de Ouro do cantos lírico. Só duas curiosidades: o triunfo sobre todos da imortal Nilsson aos 65 anos e o facto de terem cortado a Habanera pela Regine Crespin, que felizmente está no Youtube. Este dvd É ABSOLUTAMENTE OBRIGATÓRIO em qualquer cedoteca de um melómano.
Guardo para o fim o cd que nunca compraria: a Norma pela Sills, a antítese da voz que a dramaticidade do papel exige. Não terá tessitura adequada, nem cor nem timbre. Interessante será a Adalgisa da Verrett, mas talvez seja mil vezes melhor ouví-la na Norma numa gravação que até por sinal tenho a maior parte.
Raul
Fui verificar e constatei que, afinal, os ditos Puritanos já foram lançados, há alguns anos.
Sobre o Haendel pouco sei, mas o Lorenzo Ragazzo é um excelente mozartiano, pelo menos no Figaro e no Leporello do Jacobi.
Segundo a crítica Bartók não encontra melhor intérprete que o maestro e compositor Pierre Boulez.
Quanto ao Ritornato, fazendo lembrar os Souvenirs, como técnica de mercado, está nas mãos de bons intérpretes.
A Centennial Gala é certamente a melhor gala que houve, pois só os americanos podem concentrar tantas estrelas num só espectáculo. Curioso ser uma representante da Idade de Ouro, Birgit Nilsson, já com 65 anos, que vai ser a número de noite. Também é curioso terem apagado a prestação da Crespin na Habanera, felizmente conservada no Youtube. Penso que esta gala deve ser adquirida por qualquer apreciador de ópera.
Guardo para o fim a Norma e não posso discordar mais do caríssimo Hugo Santos.Não há Norma sem Norma e a Sills não tem tessitura (onde estão os graves?), nem cor nem timbre para o papel. Troquem de papéis, a Verrett com a Sills, e resolve-se assim o problema.
Raul
Dissoluto,
daqui gostaria de salientar a Norma de Bellini que desconhecia, confesso, uma 2ª versão dirigida por James Levine, que só sabia ter dirigido a Norma oficial Scotto/Troyanos para a CBS; e ainda por cima com Sills e Verrett… :-) mas desconheço a data da gravação, e isso para o percurso canoro de Sills é importante.
Também destaco o PUCCINI RITROVATO, mas também desconheço a música pucciniana que é aqui apresentada/gravada nesta novidade.
… agora quanto ao MET CENTENNIAL GALA… bem meus Srs. … já não era sem tempo de alguém publicar LEGALMENTE esta Gala, que juntamente com a RUDOLF BING GALA AT THE MET/1972 (DG? É pedir muito uma remasterização?... Já agora que saiu a Met Centennial… vá lá, não custa nada… ;-)) ) são sem dúvida nenhuma as Galas líricas do Séc. XX! E foi o meu primeiro Vídeo VHS de Ópera a entrar cá em casa já lá para os idos de 89. Um amigo meu que tinha em VHS a Gala gravada em Vídeo caseiro, emissão 2º Canal 1984, fez-me a gentileza de o gravar para uma novíssima Cassete VHS (“O tempora! o mores!”) que tinha comprado expressamente para o efeito. Bem… Toda (ou quase toda) a minha geração de cantores favorita, a Geração LP e inícios do CD, está lá!... E CANTA E ENCANTA!!
Cresci no canto lírico a ver e a ouvi-la VEZES SEM CONTA!! Descobri L`Enfant Prodigue de um Debussy ainda muito verde com Cotrubas nesta Gala; O HINO AO SOL da Iris de Mascagni pelo Coro do Met; a voz terrífica de Marton na Turandot; a vénia e o sorriso de Ricciareli no Faust; a “branca” de Te Kanawa no Dove sono; a voz lacrimejante de McCracken no Dio, mi potevi do Otello; o laço ridículo de Sutherland na sua Semiramide; Kraus e Malfitano interrompidos pelo público no final do seu dueto do Romeo et Juliette; Carreras que se vira para Caballé no dueto final do Andrea Chénier e esta só se apercebe da intensidade da performance do dito cujo já um bocado tarde… mas funcionava…; da franjinha branca de Raimondi na Calunia do Barbiere; o perfeitíssimo kitsch metiano da Bacanal do Sansão e Dalila de Saint-Saens; de Soderstrom que quase cai na escadaria ao descer com Von Stade e Battle para o Terceto Final do Rosenkavalier; o abraço de Horne a Rise Stevens no final da sua aparição na Gala, etc., etc, etc….
…saudades, saudades…
Os pretéritos, caro Dissoluto, os pretéritos…
…espera aí!... se a DG edita a Met Centennial Gala… queres ver que a EMI vai editar a Gala dos 125 Anos do dito cujo, com Plácido and all the folks… em HD??... Hmm!… :-/ cheira-me que sim!...
See ya,
LG
P.S. No Stanley Sadie New Grove Dictionary of Music and Musicians ou na Wikipedia, devia haver uma entrada a definir DIVA e/ou DIVISMO dizendo assim:
Vide DVD Met Centennial Gala- antepenúltima faixa (em princípio): BIRGIT NILSSON – Narração de Isolde, Iº Acto. São à volta de 15 mins. De PURO TRIUNFO, GLÓRIA E… FÉ!!...
A ver, até à exaustão!... com uma caixa de Kleenexes própria!! ;-))
Caro Raul,
eu tenho gravações ao vivo da Norma com a Sills e a Verrett. Cada uma, à sua maneira, traz algo de interessante ao papel. Por esse facto, julgo valer a pena a aquisição.
Escrevi logo o primeiro comentário, mas não saiu no tempo "normal" e até escrevi ao amigo Dissoluto "queixando-me. Ele disse-me logo que nada tinha recebido. Bem, pensei "Deve ser daqui e da censura nos blogues". Escrevi outro tentando lembrar-me do primeiro. Conclusão: saíram dois comentários meus quase idênticos. Este sistema "A moderação de comentários foi activada. Todos os comentários têm de ser aprovados pelo autor do blogue." tem certamente o seu preço. E se o caríssimo Dissoluto suspendesse por uns tempos este "mecanismo"? Pode ser que a tal varejeira, porca e nojenta, que despertou esta medida tenha ido para o seu verdadeiro ambiente.
Raul
P.S.
Também outra coisa estranha, primeiro saiu o comentário do Hugo Santos no topo e assim esteve quase um dia, depois o comentário do João Ildefonso apareceu em primeiro lugar, que pelas horas tinha esse "direito".
Caro Hugo,
Falo de cor, pois não ouvi a gravação, mas que interesse pode trazer. Uma Casta Diva, a ária só, muito bem cantada, uma frase aqui e acolá mais luminosa no seu significado. E a dimensão trágica, a lua, e a noite, e o "sediciozi voci" e o "in mia man" e o final tão apreciado por Wagner... não...não estou a ver a Sills. Peço desculpa por discordar da pessoa com quem geralmente estou mais de acordo neste blogue.
Raul
Caro Raul,
penhora-me com tanta amabilidade. Sem querer fazer publicidade de modo tão descarado, vou actualizar o meu site com um excerto de uma das gravações ao vivo da Norma que possuo com a Sills. Convido-o e aos restantes frequentadores a elegerem um excerto da ópera que gostariam de ouvir.
Caro Hugo Santos
Fui ao seu Blog (?)/ Google Page (?)… Desculpe lá a minha ignorância nos universos bloguistas… e reparei que ele/elas estão muito vazias(os)… :-/
...Mas houve um ponto que despertou a minha atenção e curiosidade:
“My Opera Discography”… só que está vazio... :-/
Teria muita curiosidade em saber qual é então a sua Opera Discography… a ver se a gente comunica/”posta” mais sobre o assunto, para se efectuarem mais debates de gostos e opiniões. Acho que não haverá mal nisso :-) e se estou a ser para si, neste momento, inconveniente e curioso demais, queira aceitar os meus humildes mil perdões ;-))
Dissoluto, peço-lhe mil desculpas por estar a fazer do seu Blogue, neste momento, de centro de Serviço de Mensagens “pó telemóvel” :-D :-D ;-))
All the Best
LG
Caro, mr. LG,
muito obrigado pela visita à minha humilde página. Relativamente ao conteúdo, carece de algumas modificações uma vez que, no caso da minha discografia de ópera, pensei inicialmente incluir todas as gravações áudio e vídeo que possuo. Tendo em conta que se aproximam do milhar afigura-se como tarefa inglória. Estou a pensar em colocar uma discografia recomendada baseada em gravações ao vivo. Talvez, deste modo, seja mais exequível.
Seja como for, aguardo sugestões de todos relativas à Norma com Beverly Sills.
Carissimo Hugo
Talvez o 1º dueto Norma/Adalgisa.
Gosto mais desse dueto do que do segundo. Considero a versão Callas-Stignani em Londres sem rival. Não tenho aqui o texto, mas é depois da Adalgisa repetir o seu "lamento" quando Norma inicia uma frase, onde a Callas mostra por que é a melhor cantora do mundo. Nessa frase todas as notas se organizam como numa frase lapidarmente construída, num equilíbrio perfeito, a tal sintaxe callaciana de que fala Gianandrea Gavazenni.
Raul
Tasmbém é o meu dueto favorito da ópera e um dos duetos para duas vozes agudas mais fascinantes de todo o reportório tal como os da Semiramide e o da Ana Bolena. Ponderado o assunto volto a afirmar que acho o papel da Norma demasiado grave e pesado para a Sills que tem um registo médio/grave fragil e que se deve sentir em dificuldade com as longas frases e com a coloratura de força.
Totalmente de acordo: o primeiro dueto da Norma, o da Semiramide e o da Anna Bolena estão no top do género.
O facto da Callas não ter gravado a Semiramide com, por exemplo, a Stignani, Simionato ou a Cossoto, foi um dos grandes "crimes" perpetrados pela editoras discográficas, neste caso a Emi ou o Walter Legge. E andou ela a perder tempo a gravar a Cavellaria, os Palhaços e a Manon Lescaut.
Caro Hugo,
Ouvi a Sills na Casta Diva no Youtube depois de ter conseguido vencer alguns filtros chineses.
Era o que eu esperava: tecnicamente na zona aguda perfeita, mas no resto a começar pelo timbre, com uma lágrima, o que é anti-Norma, a parecer-me, desculpe a comparação, uma pessoa adoentada a cantar. A Norma passa de um canto elegíaco para um Lamento. Quanto ao resto não posso falar, só imagino.
Raul
Caro Hugo Santos,
Depois de ouvir extractos no You Tube desta NORMA Sills/Verrett/Levine, plenamente de acordo aqui com o João Ildefonso; pode esta versão ser cantada na sua integralidade e mais conforme ao Bellini de 1831, mas a perenidade dramática belliniana, que atinge o seu cume aqui na NORMA, exige um Pollione e uma Grande Sacerdotessa di Irminsul com peso dramático na enunciação do texto cantado, e tanto Sills como Di Giuseppe deixam muito a desejar na coloração dramática voz/dramatis personae. Além de que, bem lá no topo do registo da voz de Sills em 1973, já se notam estridências e vibrato a mais… que tem um resultado voz/drama bem diferente de uma Callas em 64/65. Só Verrett é que se sai bem destes confrontos bellinianos e já tem a sua vocalidade preparada para ser uma muito boa Norma.
Pelo acima exposto, Norma continua nas mãos dos eternos fantasmas que são (com algumas reservas)Sutherland, Caballé e, claro, the Great Maria; e Pollione nas mãos de del Monaco, Corelli e Domingo.
Mai nada!! :-D ;-)))
A propósito… já tentou
http://www.youtube.com/watch?v=RCCwjFr1C2U&feature=related
Bem melhor, acho eu!… depois diga-me alguma coisa, tá?
All the Best
LG
P.S. Não é só você que tem à volta de um milhar de cds e dvds, nós, quase todos, também. E eu idem!!... :-/ ... e a minha casa já se começa a queixar da falta de espaço. :-D Por isso seria, na realidade, inglório expôr toda essa discografia num Blogue… ou não… ??!!;-))
Tenho curiosidade em ver então o seu resultado Discografia Live. A seu tempo, tá?... :-)
Caro mr. LG,
conheço o cd de duetos Freni/Scotto e, no caso da Norma, as intérpretes saem-se a contento, na minha modesta opinião. Um contributo perfeitamente válido por parte dos dois sopranos.
No que respeita à proposta de audição que aqui lancei, parece-me que, para todos quantos se manifestaram até ao momento, o dueto do primeiro reúne consenso.
Contudo, se houver mais algum excerto que alguém pretenda escutar, eu procurarei incluí-lo.
A versão que seleccionei é igualmente com um soprano no papel de Adalgisa.
Mr LG
Conheço a versão Scotto/Freni dum recital conjunto onde também cantam "Bianca e Fernando" do Bellini, excelente o dueto, e "Le Ilustri Rivali" do Mercadante, menos interessante mas boa interpretação. É um excelente c.d. de que muito gosto por acaso no referido dueto gostaria de ver as protagonista trocarem os papeis mas isso acho que já é uma mania. Seja como for corre o boato de que existe parte duma Norma do Karajan nos arquivos Emi?, projecto abortado, com a Freni/Riciarelli. Poderá ser verdade?
Eu pessoalmente acho que uma Norma com a jovem Verret, por volta do final dos anos 60 inicio dos anos 70, teria sido um projecto muito interessante.
A propósito da longevidade vocal da Sills, segundo a própia e também informação contemporânea, teria sido operada em 72 reiniciado a carreira nos palcos ainda convalescente, contra o conselho médico. Realmente a partir de mais ou menos 72 nota-se uma condição vocal muito débil e nas últimas gravações precária, para usar uma expressão educada. Gosto muito da Lucia com o Bergonzi que considero extraordinária a todos os níveis.
Caro João Ildefonso,
o problema que identificou agravou-se, segundo a opinião corrente, com a interpretação da Elisabetta do "Roberto Devereux". A própria Sills confessou-o diversas vezes. A assunção do papel retirou-lhe alguns anos de carreira. Contudo, não considero que as últimas gravações a encontrem num estado vocal, digamos, lastimoso. Recorde-se o excelente Rigoletto com Milnes, Kraus e Ramey ou o Don Pasquale com Kraus, Gramm e Titus. A voz já não apresenta a mesma frescura presente nos registos do início da década de 70 embora tenha ainda muito a oferecer.
Aproveito igualmente para comunicar que o excerto requisitado da Norma com Beverly Sills já se encontra disponível.
Caro Hugo
Já ouvi o excerto em questão mas quero voltar a ouvir com mais atenção seja como for a primeira impressão foi positiva o que não invalida que se possa vir a sentir em dificuldades nas partes mais dramáticas como o "non tremar" ou o recitativo "sediciosi voci". De qualquer maneira muito obrigado pela atenção e voltarei a comentar oportunamente pois é um tema que me interessa. Imaginar como um artista aborda um papel e expecular do seu sucesso com base em outros papeis que abordou.
A despropósito:
Se a Netrebko gravar a Ana Bolena como se fala espero que seja um alibi para contratar o Florez, d'Arcangello, Ganasi e Barcelona para os outros papeis. Esse disco eu comprava porque ainda está para ser gravada a Ana Bolena que tenha um tenor que faça justiça ao papel sem desmerecer os esforço do Raimondi, papel amputado e estilisticamente um pouco peixe fora de água, ou do Borrows que evidencia grande dificuldade nos agudos.
Caro Hugo
Já ouvi com atenção o excerto apresentado e confesso de forma geral não fiquei mal impressionado se bem que ache disvirtua de algum modo a ideia que tenho da Norma tornando-a um personagem tímido, inseguro devido ao timbre delicado da Sills.
Caro João,
tal como constatou, embora algo afastada dos paradigmas, a interpretação da Sills não deixa de possuir alguns pontos de interesse.
Sim sem dúvida para o melhor e o pior a Sills é uma artista extraordinária. A Lúcia e a Ana Bolena são de antologia.
ola meu caro
em breve tambem ira sair um disco do kaufmann com arias do wagner e do mozart que penso pelo que se ouve no pequeno filme sera um dos discos do ano com a conduçao do Abbado dé uma vista de olhos http://www.jonas-kaufmann.com/
E esta caixa do mozart tambem sera mais uma a nao perder tal como foi a de wagner penso que nao tao boa mas sera razoavel
http://www.prestoclassical.co.uk/r/Decca/4781600
Um abraço daniel fnac algarve
E a do verdi tambem sera imperdivel http://www.prestoclassical.co.uk/r/DG/4778121
Tudo disponivel na fanc do algarve este verao:)
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