quarta-feira, 6 de junho de 2007

Teatro alla Scala: Baremboim, Chéreau & Wagner

Daniel Baremboim dirige, na próxima temporada da sala milanesa, Tristan und Isolde.
A encenação está a cargo de... Patrice Chéreau!
A coisa promete...

Eis um excerto da entrevista do maestro ao Le Figaro:

«Pourquoi, justement, avoir choisi Tristan pour l'ouverture de la saison ? Lissner m'a proposé de le faire avec Chéreau. C'est un projet que j'avais avec Patrice dont nous discutons depuis 1978. Nous devions le faire, en 1981, à Bayreuth, et il s'est décommandé parce qu'il venait de terminer la Tétralogie qu'il avait suivie pendant cinq ans et il avait peur d'en faire le cinquième opéra du cycle. Tristan est à la clé de notre amitié»

Quanto à restante programação lírica do alla Scala - temporada 2007 / 2008... não arrebata, muito antes pelo contrário.

terça-feira, 5 de junho de 2007

A Flauta de Von Karajan

Sexta-feira, com o DN.
Eis a verdadeira "cara" da dita
A Flauta Mágica.



A não perder!
Trata-se de uma notável interpretação - sem os diálogos,
hélas -, de um grande Von Karajan, muito antes da fase comercialóide!

Disse-me um passarinho...

...que em Setembro Kozena encarna Handel!!!


domingo, 3 de junho de 2007

Macbeth no São Carlos: sob o signo da mediania

Macbeth, Teatro Nacional de São Carlos, récita de 2 de Julho de 2007.

Com este conjunto de récitas de Macbeth, o TNSC dá expressão à sua robusta quota verdiana.

Com efeito, desde há vários anos, o nosso teatro lírico tem-nos brindado com inúmeras récitas de ópera de Verdi, o mor das vezes de indesmentível qualidade: Falstaff, La Traviata, Simon Boccanegra, Stiffelio, Otello, para além de Macbeth, ora em cena.

Do meu ponto de vista, o sucesso deste investimento na obra de G. Verdi decorre, em grande medida, da qualidade dos intérpretes: Guelfi e Maestri (respectivamente, os intérpretes dos papeis titulares de Falstaff e Simon, figuras maiores do actual canto verdiano), Malagnini (Stiffelio e Otello) e Theodossiou (Violetta Valéry, Lina e Desdemona) - intérpretes verdianos em ascensão meteórica -, para além de outros muito reputados, como Sabatini (Alfredo), por exemplo.

Hélas, o Macbeth de Verdi tem pouco que ver com o de Shakespeare, faltando-lhe mestria e sentido dramático pleno.

Para além de Macbeth ter sido a primeira incursão verdiana na obra de William Shakespeare, o compositor iniciara o seu trabalho há menos de 10 anos (Oberto estreara em 1839), estando, portanto, ainda muito longe da maturidade e plenitude expressivas – Don Carlos, Aïda, Otello e Falstaff.

Em minha opinião, a veia genial do compositor apenas começou a afirmar-se com a trilogia, inaugurada com Rigoletto (1851) e encerrada com La Traviata e Il Trovatore (ambas estreadas em 1853).

Nos antípodas desta (algo) fracassada adaptação, Otello e Falstaff provaram ao mundo que Shakespeare tem indesmentíveis afinidades com a lírica, por via do trabalho de G. Verdi.

Macbeth – tanto para o dramaturgo inglês, como para o compositor italiano - é uma tragédia absoluta, versando sobre a ambição desmedida pelo poder.

Na trama, a relação com / ao poder é alvo de um tratamento psicológico interessante: enquanto o protagonista contrapõe à ambição a culpabilidade e o remorso humanizantes, a protagonista incrementa a primeira com uma infinita perversidade, que contem a marca da urdidura e da malícia absolutas.

Macbeth pouco mais é do que um instrumento da mulher – sequiosa de poder -, que dele se serve, a qualquer preço, para nutrir as suas terríficas aspirações fálicas.

A meu ver, encenação que se preze deve aludir a estas realidades.

Ora, é bem verdade que a produção desta ópera – assinada por Barbalich (encenação), Lagattolla (cenografia e figurinos) e Vittoriano (luzes) – teve em consideração as enunciadas marcas maiores da(s) obra(s); contudo, não se distanciou do óbvio.

A dita produção esforçou-se por aludir e sublinhar o lúgubre, a malícia, a intriga, a inveja e o horror, recorrendo invariavelmente a clichés cromáticos e cénicos: d’A Obra ao Negro, passou-se para O Vermelho e o Negro, i.e., identificou-se vermelho a morte - destruição e negro a perfídia - malignidade.

Até aqui, apesar do óbvio, a coisa poderia ter funcionado!

O problema residiu na ineficácia cénica, teatral e dramática desta concepção: o cenário e guarda-roupa encontravam-se absolutamente dominados pela escuridão, sendo quase imperceptíveis eventuais rasgos ou subtilezas!
Uma imensa massa negra, quase informe...

Previsivelmente, com a queda de Macbeth, as trevas dissipam-se, emergindo a luz: o branco imaculado (?) domina, então, a cena.

Déjà vu, em cima de déja vu, para mais pouco eficaz...

Em termos de solistas, pouco há a enaltecer, em minha opinião.

Reuter (papel titular) é bom actor e canta bem, revelando grande equilíbrio nos registos, a par de disciplina e técnica segura. Em contrapartida, peca pela falta de garra cénica, carisma e brilho verdiano.

De uma figura deste calibre espera-se uma inundação de vivências, conflitualidade a rodos e um protagonismo inquestionável.
Tive sempre a sensação de que Reuter era um entre tantos outros...

Quanto à Lady Macbeth de Theodossiou, pouco há a enaltecer, contrariamente às expectativas.

Esta figura verdiana – lado-a-lado com Abigaíl (Nabucco), Odabella (Attila) e Gisela (I Lombardi) – inscreve-se no primo verdi, porventura o mais exigente em termos vocais e técnicos. À época, a tradição belcantista mantinha o seu peso.

Embora a distinção não seja, nem clara, nem pacífica, creio que a figura de Lady Macbeth se aproxima mais do dramatico di agilita do que do lirico spinto – Aïda, Elisabeth, Elvira, etc.

Dimitra Theodossiou é uma grande actriz, uma excelente cantora e uma superlativa intérprete, com provas dadas, nomeadamente no São Carlos.
Desta feita, a excepção confirmou a regra...

As fragilidades técnicas da intérprete – vibrato mal controlado, sobretudo - não são problemáticas, por si só. Recorde-se que as maiores Lady Macbeth de que há memória – Callas, Varnay e Rysanek enfermavam de indisfarçáveis fragilidades da mesma natureza!

Theodossiou escravizou a emissão à berraria e o vibrato à estridência, entregando-se a maneirismos inadmissíveis, provas concretas de uma personagem mal assimilada, do ponto de vista dramático: histrionicamente, procurou sobressair a qualquer preço, entregando-se a liberdades em tudo estranhas a um artista sério.
A esquecer...

O Banco de Furlanetto (Giovanni, e não Ferruccio) prometeu – pelo timbre nobre – no Acto I, decepcionando em Studia il passo, pela falta de volume.

Paradoxalmente, a grande glória vocal da récita foi o Macduff de Sartori: voz brilhante e luminosa, bem aberta, timbre redondo e pujança qb. Um regalo!
Fábio Sartori contrariou os desígnios verdianos, conferindo à sua personagem um brilho e protagonismos inusitados!
Temos Homem.

Para terminar, uma palavra de louvor ao coro, pela disciplina, afinação e sentido de coesão.

Quanto à orquestra e sua direcção – a cargo de António Pirolli – dir-se-ia que cumpriu, com relativa unidade, sem grande brilho, nem vitalidade particular.

Em meu entender, este Macbeth pouco teve que ver com o último que passou pelo TNSC, protagonizado pelo grande Brusson, em 1981, justamente no auge da gloriosa carreira daquele que foi, unanimemente, o maior barítono verdiano do final do século XX.

Quanto à quota verdiana da Era Pinamonti, aspas, aspas... Ou seja, este Macbeth não deixa saudades.

Em jeito de reparação, sugiro ao fiel e paciente leitor - sobretudo ao da linha verdiana - um dos mais completos, equilibrados e refinados Macbeth da discografia (por Cappuccilli, Verrett, Domingo, Ghiaurov e Abbado):


(DG 449 7322)

Netrebko & Hvorostovsky

(ainda e sempre) Strauss & Stemme

Mais uma crítica deste artigo, que tanto anseio por ter!


sexta-feira, 1 de junho de 2007

Dia Mundial da Criança!

Para o meu querido filho, Tiago.



Com um beijo muito grande da Mamã e Papá!

O Bom Filho...

...à casa torna!

Depois de uma gorada tentativa de mudança de ares - qual Lili Caneças - (e a pedido de várias "famílias"...), eis Dissoluto Punito, em versão clássica.



For the moment, é o que se pode arranjar...

ps poucos serão os que se aperceberam da falhada tentativa de lifting deste blog ;-)

terça-feira, 29 de maio de 2007

Ópera e DN - La Suite

A saga operática do DN prossegue!
Eis as "veras caras" da última - Tito Manlio (Vivaldi) - e da próxima - Salome (R.Strauss) - óperas, respectivamente:




segunda-feira, 28 de maio de 2007

(Gooooooooooooood) News



Por escassos Euros - 6, mais coisa, menos coisa - terá o leitor acesso a um dos mais notáveis baixos da história da lírica!

Indubitavelmente, é O meu predilecto: tão lírico quanto buffo, tão expressivo quanto jocoso.

Maior Don Giovanni do que ele - nos anos 1950 -, seguramente, não houve!

domingo, 27 de maio de 2007

Bullying: a explicação da psicanálise

Por via da Identificação Projectiva – conceito criado por Melanie Klein, na década de 1940 -, o sujeito tem a ilusão de livrar-se de partes de si, intoleráveis, colocando-as no interior do outro (o objecto). Este mecanismo proporciona ao sujeito uma sensação de omnipotência, dado que lhe alimenta um vivido de controlo.

Este conceito – absolutamente fundamental, nomeadamente na compreensão e explicação da dinâmica psicótica (ansiedade paranóide, delírio, etc.) – permite explicar de forma bastante razoável e clara fenómenos como o racismo, a discriminação e o (tão em voga) bullying.

No caso deste último, o sujeito / grupo mais não faz do que nomear um bode expiatório, doravante portador do material psiquicamente intolerável por parte dos ditos sujeito e / ou grupo.

Recentemente, os media têm divulgado o caso de discriminação de que tem sido alvo uma criança portadora de doença oncológica.

A dita criança – identificada com o cancro, leia-se com a morte, em derradeira instância – torna-se, deste modo, a portadora das angústias de morte dos colegas, que se mostram incapazes de as integrar / suportar.

Afastando-se o colega portador do mal, ilusória e omnipotentemente, irradica-se a morte do espectro mental!

O bullying é, pois, uma entre tantas outras manifestações da Identificação Projectiva patológica, essencialmente evacuativa.

Em minha opinião, ou se tem em consideração este aspecto - bullying determinado pela Identificação Projectiva -, na abordagem dos colegas de escola da mencionada criança, ou a intervenção psicológica estará votada ao fracasso, sobretudo se se investir no moralismo pedagógico - "Temos de ter compaixão pelos desfavorecidos, não os discriminando!!"

Alagna: a hipoglicémia

Ri-me a bom rir com esta longa entrevista de Alagna ao El Pais.
Entre outros mimos, o grande tenor brinda-nos com "petas" criativas até mais não!
Por exemplo, as suas palavras justificam o já famoso caso-alla-Scala (a que clinicamente se chama passagem-ao-acto) com base na hipoglicémia!
Extraordinário…

Bom, o que mais se evidencia, nesta entrevista, é a depressividade.
Alagna atravessa um momento particularmente frágil, psiquicamente falando.
Ao meu jeito, diria que por trás da hipoglicémia está uma fragilidade oral, que agora se evidencia de forma aparatosa.

Falta-lhe açúcar…

Será demasiado ousado – e por ora injustificado – falar-se de uma depressão oral (explicada pela falha da provisão nutritiva-afectiva, pela parte do objecto). Mas… quiçá, €50 por sessão, três vezes por semana, e um divã… talvez resolvessem o problema!

Verdadeiramente, as palavras de Alagna revelam uma fragilidade narcísica de tipo oral.

Pelo meio, Roberto evidencia uma tendência interpretativa – na acepção mais paranóica do termo – algo obstinada (vide caso alla Scala), polvilhada por uma hiperexpressividade emocional e muito, muito histrionismo...

Moral da história: Alagna revela uma personalidade essencialmente histérica, com inúmeros dotes artísticos! Quase nos convence, tal não é o seu talento artístico ;-)

sábado, 26 de maio de 2007

Gulbenkian: temporada 2007 / 2008


Não fiquei particularmente deslumbrado com esta programação…
Eis os meus dilectos momentos:

Quinta, 18 Out 2007, 21:00 - Grande Auditório e
Sexta, 19 Out 2007, 19:00 - Grande Auditório


ORQUESTRA GULBENKIAN
LAWRENCE FOSTER (maestro)
SOILE ISOKOSKI (soprano)
Richard Strauss
Prelúdio, para sexteto de cordas, da ópera Capriccio, op.85
Finale da ópera Capriccio
Duas árias da ópera Ariadne auf Naxos:- «Ein schönes war»- «Es gibt ein reich»
Le Bourgeois gentilhomme, suite para orquestra, op.60

Sábado, 8 Dez 2007, 19:00 - Grande Auditório

ACCADEMIA BIZANTINA
OTTAVIO DANTONE (direcção)
ANDREAS SCHOLL (contratenor)
«Andreas Scholl and Friends»
Georg Friedrich Händel
Vedendo Amor, Cantata para Contralto e baixo contínuo, HWV 175
Sonata em Trio, em Si menor, op.2 nº 1
Nel doce tempo, Cantata para Contralto e baixo contínuo, HWV 135b
Dolce pur d’amor l’affanno, Cantata para Contralto e baixo contínuo, HWV 109
Sonata em Trio, em Fá Maior, op.2 nº 5
Mi palpita il cor, Cantata para Contralto, flauta e baixo contínuo, HWV 132c

Sábado, 9 Fev 2008, 19:00 - Grande Auditório

ORQUESTRA DE CÂMARA DE BASILEIA
CECILIA BARTOLI (meio-soprano)
«A Revolução Romântica»
(programa a anunciar)


Segunda, 10 Mar 2008, 19:00 - Grande Auditório

MAGDALENA KOZENÁ (meio-soprano)
Obras de: Claude Debussy, Gustav Mahler, Francis Poulenc, Richard Strauss, Antonín Dvorák


Terça, 18 Mar 2008, 19:00 - Grande Auditório

KRYSTIAN ZIMERMAN (piano)
(programa a anunciar)


Sexta, 25 Abr 2008, 19:00 - Grande Auditório e
Sábado, 26 Abr 2008, 21:00 - Grande Auditório

CORO GULBENKIAN
JOHN NELSON (maestro)
NORA GUBISCH (meio-soprano) - Marguerite
PAUL GROVES (tenor) - Faust
SIR WILLARD WHITE (barítono) - Méphistophélès
LUÍS RODRIGUES (barítono) - Brander
Hector Berlioz
La Damnation de Faust, op.24


Segunda, 12 Mai 2008, 19:00 - Grande Auditório

EUROPA GALANTE
FABIO BIONDI (maestro)
IAN BOSTRIDGE (tenor) - Idomeneo
EMMA BELL (soprano) - Elettra
CHRISTINE RICE (meio-soprano) - Idamante
KATE ROYAL (soprano) - Ilia
BENJAMIN HULETT (tenor) - Arbace
Wolfgang Amadeus Mozart
Idomeneo, K.366
(ópera em versão de concerto)


Quinta, 29 Mai 2008, 20:00 - Grande Auditório e
Sábado, 31 Mai 2008, 20:00 - Grande Auditório

CORO GULBENKIAN
LAWRENCE FOSTER (maestro)
SERGEY MURZAEV (barítono) - Onegin
ELENA PROKINA (soprano) - Tatyana
MARIA SOULIS (meio-soprano) - Olga
ANATOLI KOTSCHERGA (baixo) - Gremine
MARIUS BRENCIU (tenor) - Lensky
(restantes solistas a anunciar)
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Evgeny Onegin, op.24
(ópera em versão de concerto)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Lohengrin, na Bastilha

Em nada me surpreende este sucesso! O elenco, a direcção do maestro, a encenação...
Enfim, previsivelmente notável!

O que mais me fascinou neste artigo é a reflexão em torno das liberdades interpretativas, no tocante à mise-en-scène:

«A chaque fois, un même argument : réactualiser les oeuvres lyriques pour que le spectateur d'aujourd'hui y trouve un intérêt. Ce qui est absurde. Quand on se plonge dans Proust, Mann ou Dostoïevski, c'est pour entrer en résonance avec des lieux et des époques spécifiques. Quand on va voir des Monet ou des Delacroix, ce n'est pas pour être téléporté dans le monde de la Guerre des étoiles.»

A questão da liberdade, neste contexto, permanece na ordem do dia!
Será - creio - uma mera questão de limites!?

«En quelques jours, on a pu voir Elina Makropoulos, l'héroïne de Janácek, soulever sa jupe et s'asseoir sur la cuvette des toilettes, dans la production signée Warlikowski pour Bastille. Puis Carmen tailler une pipe sur la scène du Châtelet, tandis que Micaëla se faisait sodomiser puis dessouder, au milieu de saillies brutales méticuleusement mises en scène par l'Autrichien Martin Kusej (...)»

Alagna Triunfal: Vendetta?

Esta notícia dá conta de um outro Roberto Alagna, bem mais interessante do que a estrela birrenta e caprichosa.



Negar que Alagna possui um imenso talento - limitando-o à fútil dimensão de star - será absurdo, no mínimo.

Pessoalmente, continuo a apreciá-lo muitíssimo, malgré tout.

Centremo-nos no talento, que é desmesurado:

«La Sicile est debout, les Champs-Elysées aussi, qui scandent le triomphe d'Alagna et le vengent des huées de la Scala.»

Também eu te aplaudo, de pé!!!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Macbeth abre o Festival de Glyndebourne!!!

Antes do Macbeth luso - no TNSC -, Glyndebourne propõe uma leitura particular desta ópera

Expectante, Dissoluto Punito vai encontrando outras razões para uma saltada ao maior festival de lírica em terras de Sua Majestade, A Rainha.

Rainha, rainha, Stemme não será. Mas - diz quem a viu - é uma imperatriz do canto wagneriano. Se lhe juntarmos Skovhus e Pape, apenas teremos de procurar um Tristan à altura para que as récitas façam história.



Reclama-se, pois, Heppner!

domingo, 20 de maio de 2007

(ainda) A Valquíria de Marselha

Neuroticamente – ou não! -, retomo a notícia do post anterior, alusiva à A Valquíria de Marselha (desta feita via Le Monde).

Não me surpreende que tenha encantado, esta A Valquíria marselhesa!
Nos anos 1970, o “couple” Vickers & Rysanek abrilhantou récitas e récitas desta mesma ópera, justamente em Marselha.

Mais virtudes: Dohmen é seguramente um imenso Wotan!
Vi-o no Met – como João Baptista (Salome), em substituição de Terfel – e convenceu-me.

Ainda mais esta: Kerl será, sem sombra de dúvida, um dos Siegmund do século!
Tive ocasião de me vergar diante do seu notável talento, aqui.


Mais, ainda?
Vamos todos para Marselha, apanhar o final de O ciclo da lírica!!!

O Conflito (também) presente na Wagneriana

Prolixa é "a coisa" wagneriana em aspectos psicopatológicos: megalomania, perversidade e narcisismo, além de uma bem camuflada ansiedade de perda.

Ora, a propósito de uma – aparentemente interessantíssima – A Valquíria, em Marselha, esta notícia enfatiza a dimensão mais neurótica da wagneriana, pois sublinha o conflito de Wotan: debatendo-se entre desejo (o ID) e defesa (o Super-Eu), o herói (?!) conflitua, como segue:

«Mais, au-delà, c'est le combat intérieur d'un Wotan particulièrement humain déchiré entre son amour pour ses enfants et le devoir de défendre l'ordre selon les désirs de Fricka, sa femme, qui donne une force dramatique universelle à cette oeuvre.»

Mas… vamos mais a fundo, pois que a psicanálise aspira à verdade – e esta, e apenas esta, cura:

«L'air où il se sépare de sa fille préférée, Brünnhilde, à laquelle il voue un amour presque incestueux, est bouleversant. L'inceste, la transgression ultime, est d'ailleurs un autre thème central de l'opéra. Sieglinde quitte Hunding pour vivre avec Siegmund, son frère jumeau né des amours adultérines de Wotan, une passion qui brise les tabous et les conventions.»

Wagner levanta a ponta do véu, ao ousar afrontar a regra de ouro da neurose: a interdição do incesto.

Não é o único a fazê-lo, diga-se em abono da verdade! Neurótico que se preze, psiquicamente – apenas e só, sublinho! –, evoca a possibilidade da transgressão primeira!

No caso em questão – para retomar a luta interior (intrapsíquica) de Wagner / Wotam -, o conflito reside num ponto bem mais distante do que o primeiro parágrafo evoca.

A luta situa-se entre o desejo por Brünnhilde (ditado pelo ID, que reenvia ao Incesto) e a defesa contra o mesmo (esta ditada pelo Super – Eu, representante interno da Lei e do Interdito).

Ainda há quem ouse limitar o acesso da wagneriana à neurose de todos nós!

Nem só de perversidade (e ou perversão) vive Richard Wagner.



Enfim, com os Mestres aprendemos a ver o mundo com outros olhos!
Obrigado, CAD ;-)

O Retorno do Virtuoso

Fala-nos Mestre Freud da Compulsão à Repetição, como um dos mecanismos essenciais do conflito neurótico.
O neurótico, mais ou menos sistematicamente, repete e repete, de forma viciosa. Sem sombra de virtude.

Quando o vício repetitivo cede à virtude mutativa, o conflito dissolve-se, pois a compulsão à repetição cedeu. E cessa a conflitualidade neurótica.

Quando "a coisa" não se resolve de per si, o divã termina o processo; não sem sofrimento, não sem alguma dor.

Ora,
esta notícia – onde se comemora a estreia do Grande, Grande Plácido Domingo na Ópera de Viena -, alude à recolocação da estrela no início de ciclo, que nada teve de vicioso. De virtuoso teve muitíssimo!

«A Plácido Domingo, lo que le fascina de la capital austriaca es que haya tanta gente que perciba la música como una lengua materna. "En Viena, las familias van a misa con los niños, que crecen con Bach, Mozart y Händel. Conozco a espectadores de más de 30 años que ya venían a verme a los ocho. Tienen la música a mano, y sería bueno que esto sucediera en otros lugares"



Bravo, DOMINGO!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

(mais) Ópera de Qualidade!

Via DN!

Boa, barata e bem embalada: o que mais se quer?!

Na semana passada, brindaram-nos com esta pérola:



Amanhã, será a vez desta:



Price, King, Donath e SAWALLISCH, em 1973, é seguramente do melhorio!!!

Não cesso de dar a mão à palmatória.

Ainda há que diga que a vida não tem (pequenas) coisas boas, para além de tomate - cereja, gin - tónico, abacate, camisas EMPORIO ARMANI, sapatos TODS, relógios & canetas MONTBLANC, TOBLERONE, telemóveis a €29,95, meias - de - leite (escuras e com espuma, como na CRISTAL, à Lapa), croissants mistos com manteiga, manhãs de fim - de - semana na cama, manhãs de fim - de - semana no parque infantil, pacientes provocadores (os muito submissos são uns sacanas!), JOÃO PIRES, APPLE - Mac, leite VIGOR fresco, batidos de morango, IPOD's (Mini, Maxi), Free - pass HOLMES PLACE, imeeeeeeeeeeeeeenso NESPRESSO (preferencialmente com bichas intermináveis, no Chiado), fotografias da Ornella Muti..., e mais não digo !