Prolixa é "a coisa" wagneriana em aspectos psicopatológicos: megalomania, perversidade e narcisismo, além de uma bem camuflada ansiedade de perda.
Ora, a propósito de uma – aparentemente interessantíssima – A Valquíria, em Marselha, esta notícia enfatiza a dimensão mais neurótica da wagneriana, pois sublinha o conflito de Wotan: debatendo-se entre desejo (o ID) e defesa (o Super-Eu), o herói (?!) conflitua, como segue:
«Mais, au-delà, c'est le combat intérieur d'un Wotan particulièrement humain déchiré entre son amour pour ses enfants et le devoir de défendre l'ordre selon les désirs de Fricka, sa femme, qui donne une force dramatique universelle à cette oeuvre.»
Mas… vamos mais a fundo, pois que a psicanálise aspira à verdade – e esta, e apenas esta, cura:
«L'air où il se sépare de sa fille préférée, Brünnhilde, à laquelle il voue un amour presque incestueux, est bouleversant. L'inceste, la transgression ultime, est d'ailleurs un autre thème central de l'opéra. Sieglinde quitte Hunding pour vivre avec Siegmund, son frère jumeau né des amours adultérines de Wotan, une passion qui brise les tabous et les conventions.»
Wagner levanta a ponta do véu, ao ousar afrontar a regra de ouro da neurose: a interdição do incesto.
Não é o único a fazê-lo, diga-se em abono da verdade! Neurótico que se preze, psiquicamente – apenas e só, sublinho! –, evoca a possibilidade da transgressão primeira!
No caso em questão – para retomar a luta interior (intrapsíquica) de Wagner / Wotam -, o conflito reside num ponto bem mais distante do que o primeiro parágrafo evoca.
A luta situa-se entre o desejo por Brünnhilde (ditado pelo ID, que reenvia ao Incesto) e a defesa contra o mesmo (esta ditada pelo Super – Eu, representante interno da Lei e do Interdito).
Ainda há quem ouse limitar o acesso da wagneriana à neurose de todos nós!
Nem só de perversidade (e ou perversão) vive Richard Wagner.
Enfim, com os Mestres aprendemos a ver o mundo com outros olhos!
Obrigado, CAD ;-)
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