Sou um admirador confesso da ópera straussiana !
De entre os compositores modernos seus contemporâneos - Janacek, Schoenberg, Bartok e Berg -, Richard Strauss foi claramente o mais expressivo, em termos de produção operática. Aliás, são várias as óperas deste compositor que se mantêm em repertório, nos nossos dias.
Arabella foi a derradeira obra nascida da colaboração entre Richard Strauss e Hugo von Hofmannsthal, dupla ilustríssima, responsável por composições como Elektra, O Cavaleiro da Rosa, Ariadne de Naxos, A Mulher sem Sombra ou Helena do Egipto.
Desta feita, o propósito da dupla centrava-se na composição de uma peça estruturalmente similar a Der Rosenkavalier, capaz de alcançar igual sucesso.
Tragicamente, a colaboração entre Strauss e von Hofmannsthal foi interrompida pela súbita morte deste último, escassos dias após o suicídio do próprio filho, quando apenas o primeiro acto da ópera se encontrava concluído...
A première teve lugar a 1 de Julho de 1933, em Dresden, sob a direcção de Clemens Krauss, contando com Viorica Ursuleac na pela da protagonista.
À semelhança de O Cavaleiro da Rosa, Arabella é trespassada pela comédia. Em ambas as óperas, envoltos em clima de inefável ligeireza, são expostos aspectos menos nobres e, forçosamente mais encapotados, da sociedade vienense, respectivamente, de setecentos e de finais do século XIX.
Efectivamente, em Arabella, autenticidade, nobreza de carácter, fidelidade, castidade e pureza, coexistem com vício, ocultismo, oportunismo e superficialidade das aparências, mantidas a qualquer preço !
Não foi sempre assim, afinal...
De entre as mais famosas produções straussianas, Arabella jamais passou de distante enteada ! A prová-lo, veja-se o reduzido número de gravações de que esta obra foi alvo, sendo que, a maioria das mesmas, resultou de gravações ao vivo !
Quiçá, falta-lhe o arrojo de Salomé e de Elektra - óperas avant-garde -, ou a profundidade de Capriccio e de Ariadna, criações meta-operáticas, capazes de relançar, em moldes singulares, questões tão nobres e prosaicas, à la fois, como trágico vs cómico, sério vs bufo ou ainda a eterna questão em torno da primazia da palavra ou da música, tema essencial e transversal a toda a criação lírica.
(continua...)
De entre os compositores modernos seus contemporâneos - Janacek, Schoenberg, Bartok e Berg -, Richard Strauss foi claramente o mais expressivo, em termos de produção operática. Aliás, são várias as óperas deste compositor que se mantêm em repertório, nos nossos dias.
Arabella foi a derradeira obra nascida da colaboração entre Richard Strauss e Hugo von Hofmannsthal, dupla ilustríssima, responsável por composições como Elektra, O Cavaleiro da Rosa, Ariadne de Naxos, A Mulher sem Sombra ou Helena do Egipto.
Desta feita, o propósito da dupla centrava-se na composição de uma peça estruturalmente similar a Der Rosenkavalier, capaz de alcançar igual sucesso.
Tragicamente, a colaboração entre Strauss e von Hofmannsthal foi interrompida pela súbita morte deste último, escassos dias após o suicídio do próprio filho, quando apenas o primeiro acto da ópera se encontrava concluído...
A première teve lugar a 1 de Julho de 1933, em Dresden, sob a direcção de Clemens Krauss, contando com Viorica Ursuleac na pela da protagonista.
À semelhança de O Cavaleiro da Rosa, Arabella é trespassada pela comédia. Em ambas as óperas, envoltos em clima de inefável ligeireza, são expostos aspectos menos nobres e, forçosamente mais encapotados, da sociedade vienense, respectivamente, de setecentos e de finais do século XIX.
Efectivamente, em Arabella, autenticidade, nobreza de carácter, fidelidade, castidade e pureza, coexistem com vício, ocultismo, oportunismo e superficialidade das aparências, mantidas a qualquer preço !
Não foi sempre assim, afinal...
De entre as mais famosas produções straussianas, Arabella jamais passou de distante enteada ! A prová-lo, veja-se o reduzido número de gravações de que esta obra foi alvo, sendo que, a maioria das mesmas, resultou de gravações ao vivo !
Quiçá, falta-lhe o arrojo de Salomé e de Elektra - óperas avant-garde -, ou a profundidade de Capriccio e de Ariadna, criações meta-operáticas, capazes de relançar, em moldes singulares, questões tão nobres e prosaicas, à la fois, como trágico vs cómico, sério vs bufo ou ainda a eterna questão em torno da primazia da palavra ou da música, tema essencial e transversal a toda a criação lírica.
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