segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Mal à l´aise...


(Villazon, dans le rôle-titre de Werther, à Nice)

Souvent, lors d´une prise de rôle, on doit faire face aux monstres que l´histoire nous impose.

Ceci dit, prendre la place de Thill ou Kraus, dans la peau de Werther, en France, en plus? Je m´imagine ! Qu´est qu´il doit être mal à l´aise, M. Villazon?

domingo, 15 de janeiro de 2006

365 dias depois...

...é tempo de comemorarmos 1 ANO DE EXISTÊNCIA BLOGOSFÉRICA!



Aos leitores deste espaço, um grande abraço!

Agradeço, muito particularmente à Teresa e a Carlos Amaral Dias que, cada um a seu modo, me incentivaram a embarcar nesta aventura pela lírica e demais interesses...

sábado, 14 de janeiro de 2006

Met: Futurologia...

Em torno das futuras programações das salas míticas, compreensivelmente, especula-se...



Como grande amante do Met, não passo uma semana sem consultar este magnífico reino do boato, rumor e especulação...

Não raras vezes, acertam na mouche!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

A Paternidade (representação, em antevisão)

La Nilsson: obsessão...

o WASHINGTON POST redige o melhor artigo que li a respeito (do desaparecimento) da gloriosa Nilsson, de que me permito citar o seguinte excerto: «She conquered New York in the last days of 1959, singing a "Tristan und Isolde" at the Metropolitan Opera that was followed by a 15-minute shouting, stomping and standing ovation that became par for the course whenever Nilsson performed. The public demonstration after a 1980 Met performance of "Elektra," when Nilsson was in her sixties, went on for even longer. Almost a half-hour elapsed before the lights came up and we reluctantly agreed to go home. Never before or since have I seen an audience so hysterically excited -- and for all the right reasons.»

Curosamente, apenas os jornais americanos - WASHINGTON POST, CBS NEWS e NEW YORK TIMES (como ontem referi, neste post) - fazem referência destacada à morte desta Valquíria.

...triste demonstração europeia de apreço pelas suas lendas...

La Nilsson: eterno retorno...

Mas, se insistirem, perguntando-me o que levaria para uma ilha deserta, do vasto legado de La Nilsson...
remeter-vos ia para aqui...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

La Nilsson: trabalho de luto

Regresso a ti, minha querida Birgit, desta feita para divulgar, aos que me lêem, a indispensável colectânea que possuo do teu legado interpretativo:

- Wagner



- Strauss



- Puccini



- Verdi




Vários


La Nilsson (1918-2006) - notícias na imprensa

Aqui e aqui podem ser encontradas notícias com alguns elementos biográficos da grande cantora sueca.


(Com Levine, no Met, em 1979)

Para outra ocasião, prometo uma lista das minhas gravações de eleição de La Nilsson.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

La Nilsson (1918-2006)

Så long, kära Birgit... För alltid, Nilsson

(Adeus, cara Birgit... Para sempre, Nilsson)



Querida Birgit,

Acabo de saber que partiste, para sempre. Confesso que há muito temia este momento, dada a tua avançada idade...

Não sei se alguma vez compreenderás quão importante para mim foste! Iniciei-me em Wagner pela tua Sábia mão, em Tristão e Isolda.
Böhm dirigia-te, em Bayreuth. Tinhas por companheiros Windgassen, Ludwig e Talvela. Corria o ano de 1966. A "yellow label" eternizou essa magnética noite.

Anos mais tarde, em Orange, tornei a ver-te na ópera homónima, desta feita com Vickers, na pele de Tristão. Böhm dirigia-vos, uma vez mais. Que soberania...
Parecia o crepúsculo dos deuses...
Contavas com 55 primaveras. O semblante acusava-as; a voz, nem tanto... A encarnação, essa era divina, majestosa, absolutamente assimilada, right under the skin (como dizias relativamente à Elektra, lembras-te?).

A tua retirada de cena materializou o fim da proveitosa geração wagneriana do pós-guerra. Depois de vós, deu-se o ocaso.
Hoje em dia, discretamente, como bem observaste, o canto wagneriano, qual Fénix, parece renascer, paulatinamente...

Aqui para nós, que ninguém nos ouve, verdadeiramente, acho que, à semelhança de Brünnhilde, retiraste-te, na expectativa de que um herói te beije e te desperte... Sê paciente, espera. Siegfried não passa sem ti e Wotan protege-te.
Não te imoles, peço-te encarecidamente!

E a tua Elektra, a última que interpretaste no Met, sob a direcção de Levine, em 1982, lembras-te? Dizias tu que dominavas a personagem... O Jimmy deu-te umas belíssimas dicas, não?!

Asseguro-te que em nossa casa, a tua presença perpetua-se.
O Tiago vai tomar contacto com a obra wagneriana, pelo teu folgo...
Pela minha parte, sabes bem que não passo sem as citada Isoldas, sem as Brünnhildes dirigidas pelo imenso Solti, muito menos sem a Salome e a Elektra que gravaste para a DECCA, com o maestro húngaro no púlpito.

Divina que és, apenas creio na tua retirada.
Não tardará muito para que, sob outros disfarces, regresses até nós, vis mortais.

Um abraço muito saudoso deste teu amigo, que te adora e perpetua a tua memória,

João



Hojotoho! Hojotoho! Hojotoho! Hojotoho!

Britten em Madrid: a (outra) inocência

A propósito da estreia da Sonho de Uma Noite de Verão, de B. Britten, no Teatro Real, em entrevista ao EL PAIS, o encenador Pizzi diz-nos, a dada altura: «(...)"la inocencia es clave en esta obra, la inocencia tiene un gran valor espiritual y por algo el autor decidió que el coro fuera un coro de niños."»

A temática da inocência, na ópera de Britten, tem um relevo indiscutível.
Pense-se, por exemplo, na personagem Billy Bud (da ópera homónima) ou na figura de John, jovem aprendiz de Peter Grimmes.

Ora mais, ora menos explicitamente, em ambas as óperas - porventura as mais relevantes, constantes do repertório lírico operático - a questão da inocência vs perversão / perversidade / desvio é da ordem da clivagem, no sentido mais psicanalítico do termo.

Ora, pelos vistos, na ópera Sonho de Uma Noite de Verão, o compositor inglês soube abordar e representar a dita inocência sob outro ângulo, não a identificando, nem com o masoquismo, nem com a vitimização.

sábado, 7 de janeiro de 2006

Divagações de um possidónio

Este blogger, acometido por um surto de superficialidade, consumismo e futilidade, à beira de abandonar os prazeres elaborados - mas etéreos - da música & literatura, rende-se às maravilhas da trivialidade!

Sinto-me agora infinitamente mais feliz!

Já posso dizer, no Golf, que «isto assim é uma imensa maçada, i mainãoseiquê», «os piquenos é um aborrecimento...», «Bóra lá todx pá beira da picina, comer imensa salada e vinho vêde!», «Tá ouvir, Martim? Vá falar àquele tio ali !», «Nazalturas de gandes apêrtos, nózémais "Valha-nos S. Judas-Tadeu!", qué o santinho da nossa devoção, tá a vêr?»...

A bem dizer, o meu filho vai passar a chamar-se Lourenço e os amiguinhos dele serão o Benárdo, o Tomás, o Salvador (um só? Nem pensar! Serão immmmmmensos!); a namorada ê a Caetana (nome mailindo, não há!), prima da Constança e amiga da Madalena...

Passaremos temporadas infindas entre a Praia-das-Maçãs e o Banzããão, lugares míticos, banhados por águas cálidas e tranquilas... longe, bem longe de "pessoas quase iguais a nós, que se cumprimentam com dois beijos e assim, brrrr" (pôbres, leias-se).

O Maria-Bolachas - qual Martinho da Arcada, qual carapuça! -, espaço de eleição para debates em torno de epistemologia (prizemplo), destronará o Botequim e quejandos, pela elevação das tertulias que aí proliferarão...


E quando estivermos fatigados, partiremos todx pasSão Martinho, qué um encanto, sempre banhado de sol, luz e assim!
...

Nem só de pão vive o homem...

... ou detalhes narcísicos...

... ou sob a égide do princípio do prazer ...

... ou les bourgeois, c´est comme les cochons ...

... ou aquém da metafísica ...

... ou, prosaicamente, ao serviço do conforto e da estética!

La Swenson, em O Elixír do Amor, hoje, live from Met (transmissão em directo na Antena 2)


Ruth Ann Swenson é o mais destacado soprano ligeiro americano dos nossos dias (mais detalhes biográficos, aqui). Não hesito um segundo em afirmá-lo!

Aos 46 anos, segundo reza este artigo, continua no pelotão da frente, acumulando galardões, sobretudo nos EUA, mais especificamente em S. Francisco e ... no Met, claro está!

Nesta singela e despretensiosa cantora, aprecio a disciplina e o rigor, que se alicerçam numa técnica fabulosa. Os agudos são luminosos, seguríssimos e de um brilho invulgar. Ornamenta as frases com uma correcção quase miraculosa.

Da geração de Fleming, perde em favor desta pelas limitações dramáticas e, sobretudo - há que dizê-lo... -, pelo timbre, que sendo belo, em nada se compara ao de Renée (que irradia lirismo, sensualidade e volúpia...)!

Em meu entender, nunca acertou, em definitivo, no repertório que mais lhe convém.

Dotada de uma voz ágil, graciosa, muito extensa e grande, aspirou a belcantista, sem grande sucesso...
A Lúcia que dela vi, no Met, era tão exímia na disciplina, como desconcertante na envolvência dramática... Já no Verdi intermédio, - Rigoletto, sobretudo - deu cartas! Na Bastilha, durante temporadas a fio, compôs uma Gilda maravilhosa, cheia de encanto e simplicidade!

Pelo que tive ocasião de ler, no Met, Levine impôs-lhe Zerbinetta, Juliette, Zerlina e Olympia... Ouvi dizer, também, que a sua Rosina é particularmente feliz.

Em minha opinião, é no território coloratura buffo e lírico
coloratura que mais brilha. Prova disso foi a extraordinária Amina (La Sonnambula) que interpretou no nosso São Carlos, em 1999, de um virtuosismo único!

Com maior ou menor brilho, no lírico spinto e no lírico dramático, a verdade é que Ruth Ann Swensosn se tem mantido fiel ao mais light do belcanto, ganhando aí à concorrência (Jo, Bayo, Petibon, etc.).

Ora, vem este post a propósito d´O Elixir do Amor, de Donizetti, em cena no Met, onde La Swenson interpreta Adina, ao lado de Ramon Vargas, com quem forma uma parelha perfeita, dado que o mexicano enferma precisamente dos mesmos males desta intérprete, brilhando pelas mesmas virtudes.


(Swenson, ladeada por Vargas, no Met, em O Elíxir do Amor)

Não sendo uma ópera de referência para mim, recomendo a sua audição, via rádio (Antena 2), amanhã à tarde, mais que não seja pelos dotes vocais de Vargas e da cantora americana.

Baltazar, Melchior e Gaspar...

...escutai o pedido deste impaciente ouvinte, que anseia pelos recitais de Dessay (consagrado a Handel) e de Ghiaurov (best of vienense).



Ao invés de ouro, incenso e mirrai, trazei, pois, música e mais música !

Dos ditos registos, adianto já nada saber...
... mas difícil não é de prever que nos encham de encantos mil!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Manifestações de arrogância...

... e desprezo:

Se fui ver a Maria Guleghina, ontem, à Gulbenkian?

Claro que não! Era o que mais faltava, depois do desastre do ano passado...

Safa!

Question pour un champion...

O que terão em comum Alfred Brendel, Maurizio Pollini e Arturo Benedetti Michelangeli?

A resposta seria demasiado óbvia!

Aos ditos senhores, junte-se a figura de Il Dissoluto Punito, na mais prosaica das suas encarnações.

E agora, repito a questão, reformulando-a:

O que terão em comum Alfred Brendel, Maurizio Pollini, Arturo Benedetti Michelangeli e Il Dissoluto Punito, na mais prosaica das suas encarnações?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Les places de la qualité...

Je n´ai jamais trouvé que les places les plus chères soient un synonyme de qualité, jamais de ma vie !

Que se soit à l´opéra ou ailleurs, on se méfie toujours de cette pseudo vérité, d´autant plus que certains experts le disent fort (vide cet article du New York Times).



"At the Metropolitan Opera House, family circle seats may be far from the drama onstage. But heard from on high, the orchestra sounds richer and some voices sound smoother." (New York Times, le 3 janvier, 2006)

La lecture de cette page m´a comblée, puisqu´au Met - notamment -, je ne prends que les places du family circle !
La seule fois où já procédé autrement (en prenant des places d´orchestre), ça sentait l´arnaque!

Comme pas mal de gens, je trouve que le public que soutien le monde lyrique - les experts, du moins! - peut bien s´asseoir n´importe où !!!

La musique est au-delà des bonnes places, donc !

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Super-Homem vs Ulisses

Esta notícia, mis à part os aspectos estritamente objectivos da coisa, fez-me pensar no NARCISISMO e OMNIPOTÊNCIA, questões que muito me interessam, dada a minha formação.

A figura de Super-Homem - tal como a da maioria dos super-heróis do pós-guerra (Hulk, Spider-Man, Captain-America, etc. - corresponde a um ideal colectivo de invulnerabilidade e omnipotência, a que o mundo ocidental aspirava, vitimado que fora pelo horror de duas guerras mundiais.
Eis, no meu entender, a génese da moderna era super-heróica.

Os trágicos acontecimentos que vitimaram Christopher Reeve - actor que encarnou a figura de super-homem, paradigma da (quase) absoluta invulnerabilidade - com tudo o que contêm de horrendo, tiveram o mérito de mostrar ao mundo que a natureza é soberana, nos seus ditames e desígnios: o homem é um vil mortal, em tudo estranho à omnipotência, omnisciência e invulnerabilidade (triade que, a existir, será exclusiva da divindade).


(Brandon Routh, re-encarnação, na tela, de Superman, pós-Reeve)

Anos volvidos sobre o desaparecimento de Reeve - e, mutatis mutandi, sobre a morte do Super-Homem (que, por essa mesma via, paradoxalmente, ascendeu à categoria de mortal e terreno, humanizando-se), eis que, a todo o custo, procura ressuscitar-se o dito herói, num monumental rasgo de omnipotência!

Uma vez mais, o homem frágil, comum (mas humano!), procura transcender-se, por via da negação da sua natureza, especificamente terrena: a dependência, a vulnerabilidade e a finitude...

Pela parte que me toca - orgulhosamente representante da falha, da incompletude e da imperfeição -, reivindico o estatuto inexoravelmente humano de um herói clássico: retornemos a Ulisses, herói de carne e osso, infinitamente vulnerável.

Ulisses, essa magistral figura tecida por Homero, afirmou a sua heroicidade, sempre, por via da finitude, da vulnerabilidade e da imperfeição.
Ulisses lutou (por vezes, venceu...), amou e procriou, contrariamente aos citados heróis, criações de um ocidente narcísico e megalómano, com pretensões hegemónicas...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Diva!??



Esta senhora - cuja falha narcísica é imensa - parece ter aprendido a conter a sua habitual impulsividade... Mais domesticada, lá vai dando um "ar da sua graça"!

Há uns anos, teria lido esta notícia com muito mais entusiasmo...

De facto, quando penso nela, acho sempre que "a montanha pariu um rato".

Versão romena de NETREBKO, também ela parava o transito, há uns anitos...

domingo, 1 de janeiro de 2006

01/01/2006



On en a déjà "pris" un. Il arrive bientôt...
Prenez-en un, vous aussi!

Bonne année!!!