sábado, 7 de janeiro de 2006

La Swenson, em O Elixír do Amor, hoje, live from Met (transmissão em directo na Antena 2)


Ruth Ann Swenson é o mais destacado soprano ligeiro americano dos nossos dias (mais detalhes biográficos, aqui). Não hesito um segundo em afirmá-lo!

Aos 46 anos, segundo reza este artigo, continua no pelotão da frente, acumulando galardões, sobretudo nos EUA, mais especificamente em S. Francisco e ... no Met, claro está!

Nesta singela e despretensiosa cantora, aprecio a disciplina e o rigor, que se alicerçam numa técnica fabulosa. Os agudos são luminosos, seguríssimos e de um brilho invulgar. Ornamenta as frases com uma correcção quase miraculosa.

Da geração de Fleming, perde em favor desta pelas limitações dramáticas e, sobretudo - há que dizê-lo... -, pelo timbre, que sendo belo, em nada se compara ao de Renée (que irradia lirismo, sensualidade e volúpia...)!

Em meu entender, nunca acertou, em definitivo, no repertório que mais lhe convém.

Dotada de uma voz ágil, graciosa, muito extensa e grande, aspirou a belcantista, sem grande sucesso...
A Lúcia que dela vi, no Met, era tão exímia na disciplina, como desconcertante na envolvência dramática... Já no Verdi intermédio, - Rigoletto, sobretudo - deu cartas! Na Bastilha, durante temporadas a fio, compôs uma Gilda maravilhosa, cheia de encanto e simplicidade!

Pelo que tive ocasião de ler, no Met, Levine impôs-lhe Zerbinetta, Juliette, Zerlina e Olympia... Ouvi dizer, também, que a sua Rosina é particularmente feliz.

Em minha opinião, é no território coloratura buffo e lírico
coloratura que mais brilha. Prova disso foi a extraordinária Amina (La Sonnambula) que interpretou no nosso São Carlos, em 1999, de um virtuosismo único!

Com maior ou menor brilho, no lírico spinto e no lírico dramático, a verdade é que Ruth Ann Swensosn se tem mantido fiel ao mais light do belcanto, ganhando aí à concorrência (Jo, Bayo, Petibon, etc.).

Ora, vem este post a propósito d´O Elixir do Amor, de Donizetti, em cena no Met, onde La Swenson interpreta Adina, ao lado de Ramon Vargas, com quem forma uma parelha perfeita, dado que o mexicano enferma precisamente dos mesmos males desta intérprete, brilhando pelas mesmas virtudes.


(Swenson, ladeada por Vargas, no Met, em O Elíxir do Amor)

Não sendo uma ópera de referência para mim, recomendo a sua audição, via rádio (Antena 2), amanhã à tarde, mais que não seja pelos dotes vocais de Vargas e da cantora americana.

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