quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

La Nilsson (1918-2006)

Så long, kära Birgit... För alltid, Nilsson

(Adeus, cara Birgit... Para sempre, Nilsson)



Querida Birgit,

Acabo de saber que partiste, para sempre. Confesso que há muito temia este momento, dada a tua avançada idade...

Não sei se alguma vez compreenderás quão importante para mim foste! Iniciei-me em Wagner pela tua Sábia mão, em Tristão e Isolda.
Böhm dirigia-te, em Bayreuth. Tinhas por companheiros Windgassen, Ludwig e Talvela. Corria o ano de 1966. A "yellow label" eternizou essa magnética noite.

Anos mais tarde, em Orange, tornei a ver-te na ópera homónima, desta feita com Vickers, na pele de Tristão. Böhm dirigia-vos, uma vez mais. Que soberania...
Parecia o crepúsculo dos deuses...
Contavas com 55 primaveras. O semblante acusava-as; a voz, nem tanto... A encarnação, essa era divina, majestosa, absolutamente assimilada, right under the skin (como dizias relativamente à Elektra, lembras-te?).

A tua retirada de cena materializou o fim da proveitosa geração wagneriana do pós-guerra. Depois de vós, deu-se o ocaso.
Hoje em dia, discretamente, como bem observaste, o canto wagneriano, qual Fénix, parece renascer, paulatinamente...

Aqui para nós, que ninguém nos ouve, verdadeiramente, acho que, à semelhança de Brünnhilde, retiraste-te, na expectativa de que um herói te beije e te desperte... Sê paciente, espera. Siegfried não passa sem ti e Wotan protege-te.
Não te imoles, peço-te encarecidamente!

E a tua Elektra, a última que interpretaste no Met, sob a direcção de Levine, em 1982, lembras-te? Dizias tu que dominavas a personagem... O Jimmy deu-te umas belíssimas dicas, não?!

Asseguro-te que em nossa casa, a tua presença perpetua-se.
O Tiago vai tomar contacto com a obra wagneriana, pelo teu folgo...
Pela minha parte, sabes bem que não passo sem as citada Isoldas, sem as Brünnhildes dirigidas pelo imenso Solti, muito menos sem a Salome e a Elektra que gravaste para a DECCA, com o maestro húngaro no púlpito.

Divina que és, apenas creio na tua retirada.
Não tardará muito para que, sob outros disfarces, regresses até nós, vis mortais.

Um abraço muito saudoso deste teu amigo, que te adora e perpetua a tua memória,

João



Hojotoho! Hojotoho! Hojotoho! Hojotoho!

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