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sexta-feira, 30 de julho de 2010
OperaManager: Opera Libretto
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Bayreuth II - O Lohengrin de Neuenfels
A nova produção de Lohengrin, de Neuenfels, parece conter inúmeros pontos de interesse, a começar pela simbologia rica e expressiva:
E quanto a intérpretes, previsivelmente, o colossal Kaufmann levou a melhor, triunfando num papel que, doravante, É SEU! A seu lado, também o promissor jovem maestro Andris Nelsons suscitou aclamações.
Bayreuth I - As Manas Unidas...
«Las hermanastras -hijas del mismo padre y de diferentes madres- no se han conformado con este reto. Han planteado por primera vez una doble inauguración del festival a través de un proyecto para niños, en una sala de ensayos habilitada para la ocasión, con un Tannhäuser reducido a 70 minutos que hizo las delicias del público infantil que abarrotaba el recinto. Hasta 10 funciones están anunciadas hasta que tome el relevo en el mismo espacio un simposio internacional en colaboración con la Universidad Libre de Berlín que responde al enunciado ¿Cuándo vendrá el próximo cisne? Milagro entre estrategia y emergencia. Y además proyecciones al aire libre de algún título... En fin, Bayreuth ha cambiado de estilo.»
Duas novas produções, sendo uma delas une sorte de versão infantil?!
«Capítulo aparte merece la ópera para niños, una idea de Katharina Wagner puesta en marcha gracias a una adaptación de Alexander Busche. Obviamente se adaptan las situaciones escénicas a las inquietudes de los más jóvenes pero todo ello con un gran respeto a la música original. Aunque se invita a los asistentes a la participación en alguna escena, los niños no se desmelenan en ningún momento y siguen con un interés casi religioso su particular Tannhäuser, con Elisabeth en bicicleta y Venus de punki con sus arañas que meten miedo. La dirección musical es de Hartmut Keil al frente de una orquesta de Fráncfort, y la escénica de Reyna Bruns.
terça-feira, 27 de julho de 2010
I Traviati - III, a derradeira apreciação
(Patrizia Ciofi)
Depois do que aqui foi dito, a respeito desta La Traviata, pouco haverá a acrescentar.
A glória da interpretação assenta, repito, na superlativa encenação de Carsen – que sublinha a conflitualidade Giorgio vs Alfredo (pela posse de Violetta), enfatizando a dimensão materialista, efémera e crua de uma trama, o mor das vezes, excessivamente romanceada –, bem como na prestação de Hvorostovsky.
Saccà cumpre, como Alfredo. A sua performance reitera a impossibilidade de ombrear com o rival: a figura é mais fraca, o timbre algo caricatural e a prestação cénica, pouco acima da mediania. Este Alfredo é um pobre neurótico – psicanaliticamente falando -, castrado e incapaz de afrontar a soberania paterna.
Quanto a Ciofi...
Patrizia Ciofi é uma actriz extraordinária, com provas dadas (o que dizer da sua Marie?!). No drama de Violetta, Ciofi leva a melhor, sublinhando a conflitualidade da sua personagem, ora mais puta (perversa), ora mais ambivalente (neurótica: ossia, balanceando entre o amor por Alfredo ou por Giorgio...). Vocalmente, há evidentes problemas de afinação, particularmente no acto I, cuja coloratura é assassina e implacável. Mais à vontade, nos derradeiros actos, a voz alia-se ao teatro, o seu forte.
Mazzel dirige uma orquestra mediana, morna e arrastada em excesso, com deslizes discretos.
Esta La Traviata reveste-se de algum interesse musical adicional, na medida em corresponde à versão original, estreada, justamente, no La Fenice, a 6 de Março de 1853. Os números desconhecidos do grande público não são assim tão negligenciáveis...
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(3,5/5)
domingo, 25 de julho de 2010
I Traviati - II, ossia Il Traviato
(Dmitri Hvorostovsky)
À semelhança de Tosca e Otello – para não me debruçar (ainda) sobre Eugene Onegin –, La Traviata é, também, susceptível de uma leitura psicanalítica, capaz de aclarar alguns pontos, merecedores de uma compreensão alternativa.
Dir-me-ão os mais cépticos – porventura, avessos a interpretações que dissolvam o peso do reprimido, psicanaliticamente falando – não ser legítimo ler o que o libretista / compositor não criou.
Ora, desde Freud, sabemos existir, em toda a produção humana, um conflito, conflito esse instalado na expressão autêntica: entre o que se diz e o que se pretende / deseja dizer / fazer, reina uma distancia imensa.
No tocante à ópera, claro está que, manifestamente, Floria ama Mario, Iago pretende destruir Otello e Violetta deseja Alfredo. Porém, como temos vindo a constatar – não sem um coro de resistentes (que está no seu pleno direito!) -, sob as aparências, escondem-se outras intenções e movimentações inconscientes.
Vem esta prosa a propósito da La Traviata que reabriu o La Fenice, em 2004, com Ciofi, Saccà e Hvorostovsky, nos papeis titulares. A encenação de Robert Carsen constitui, para mim, um dos maiores pontos de interesse desta produção.
Carsen revela uma profunda intuição psicanalítica, explicitando o conflito triangular que une Violetta, Alfredo e Giorgio.
O (grande) encenador opta por uma desconstrução da habitual imagem romântica de Violetta. A Senhora Valéry é uma puta de luxo, a que os senhores de oitocentos apelidaram cortesã (Dumas Filho, incluso). Carsen constrói a sua concepção de La Traviata numa linha que privilegia luxúria e materialismo. Há plumas, lantejoulas, ambientes a meia luz, dinheiro e lingerie provocadora a rodos, para gostos mais atrevidos! Coralistas boazudas e bailarinos abichanados, coiros e bolas de espelhos completam o ambiente dissoluto.
Aos olhos de Carsen, Violetta é – acima de tudo – uma meretriz de luxo, cuja conduta se rege pelo vil metal. Pontualmente, a rapariga cede ao coração, ma non troppo...
A Violetta de Robert Carsen será, pois, uma criatura da linha perversa, pouco dada a culpabilidades e arrependimentos românticos (e neuróticos).
A meu ver, a maior ousadia do metteur-en-scène decorre, justamente, do vínculo libidinoso que une Giorgio e a protagonista. Por artes do inconsciente, esta produção escolhe um Giorgio de óptima figura, timbre divino e articulação esplêndida. Dmitri Hvorostovsky, no auge da sua soberania lírica, compõe um Senhor Germont impressionante. Sob uma aparente rigidez, Giorgio abeira-se de Violetta, paulatinamente, insinuando-se, com um atrevimento diplomático...
Nos antípodas de Hvorostovsky, deparamos com um Saccà atontalhado, de timbre algo circense e caricatural.
Pergunto, à fiel leitora - e, por que não, ao fiel leitor -, que Violetta preteriria Giorgio, em favor de Alfredo, neste quadro?!
Ora, Carsen sublinha a trama triangular – um claro desdobramento do conflito edipianino -, em que o pai rivaliza com o filho, procurando conquistar o vértice feminino / materno do complexo triângulo.
A fraca figura e desempenho deste Alfredo são tributárias da ansiedade de castração: evidenciam uma criatura algo trôpega, incapaz de assumir uma disputa com o progenitor. No limite, o pobre Alfredo sai perdedor da luta! É por força da decisão paterna – a anuência do pai – que o pobre menino Germont se (re)abeira da, então, moribunda Valéry.
Posto isto, estou em crer que o móbil do gesto de Giorgio – suplicando que Violetta se afaste do desafortunado filho, pelas nobres razões, que todos conhecemos – decorre do seu desejo pela dita dama. O rival Alfredo é, por esta via sinuosa, liminarmente afastado...
sábado, 24 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
Habemus Sachs!!!
Interpretar Hans Sachs, o Sábio (Die Meistersinger von Nürnberg), requer maturidade e humanismo, indubitavelmente. Será uma das maiores aspirações – e legítimas! – de um grande barítono wagneriano.
A partir dos 40 anos, creio estarem reunidas as indispensáveis condições para uma recriação sólida, à altura da concepção do génio de Wagner.
Para os espíritos mais tacanhos, que se lambuzam identificando o criador com o nazismo e demais ideologias miseráveis, não será de mais enfatizar a grandiosidade da figura de Sachs – sublinho -, também originada na mente de Richard Wagner. É certo e sabido que Hans Sachs existiu, na realidade, mas Wagner baseou-se na figura, recriando uma outra, que se perpetuou!
Dito isto, além dos deuses pervertidos e irmãos incestuosos, Wagner foi, também, autor de figuras maiores e grandiosas.
Pergunto: haverá, no panorama lírico, meia-dúzia de figuras que ladeiem Hans Sachs?
Evidentemente, Terfel será o maior e mais eloquente Sachs da actualidade. Não lhe chegava ser o mais destacado Figaro, Don Giovanni, Wotan, Falstaff, Mefistófeles, Holandês...
Para os que – como eu – veneram o génio e imensidão de Bryn Terfel (um quarentão pleno), eis as críticas à sua estreia no papel protagonista de Os Mestres Cantores de Nuremberga:
Pacientemente, aguardemos pela ocasião de testemunhar Hans Terfel, live!
ps gentilemnte, o Valquirio enviou-me este excerto! Desde já, os meus agradecimentos ao P.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Maniforme, mas lúcido! A propósito de um embuste!!!
domingo, 11 de julho de 2010
Dados de relevância...
Aix - I, II & III
Já no tocante a Alceste (Gluck), a prestação da ultra-lírica Véronique Gens parece ter constituído a glória suma da récita:
sábado, 10 de julho de 2010
Cesare Siepi (1923 - 2010) - III
(Siepi, como protagonista de Don Giovanni)
Curiosamente, apenas o The New York Times – de entre os jornais que leio regularmente (vide coluna de Imprensa) - noticia o falecimento de Cesare Siepi!
A que se deverá tal omissão?
Siepi foi uma lenda, pela grandeza teatral e qualidade vocal. Além de tudo, era senhor de uma óptima figura...
Enfim, seja por que razão for, o dito jornal rende-lhe uma justíssima homenagem, que reproduzo: