domingo, 13 de janeiro de 2008

Da Identificação

«Cecilia Bartoli just may have found the role of a lifetime: the diva Maria Malibran, who was born in 1808 and died in 1836.

(...)

«“He told me that she was a great mezzo-soprano of the 19th century whose career had started with Rosina,” she said. “And I thought: ‘Oh, nice. Nice picture. Interesting story.’ ”»

Evidentemente, o desejo de Cecilia Bartoli se identificar à Malibran é manifesto!
Aqui para nós, caro leitor, antes assim! Pobres são os que, em lugar da identificação, promovem a imitação!



Já agora, apreciei a clarificação de Bartoli, a respeito das famigeradas interpretações belcantistas do pós-guerra:

«“I wanted to give back to the bel canto what we have forgotten,” Ms. Bartoli said. “In some ways the most difficult thing about this project was really to focus on the dynamics, the orchestration, and not to listen to what we think of as tradition. Bellini didn’t have 80 players in the orchestra; he had 35 or 40, maximum. Singing was more of a dialogue with the players and not a fight.

“All of us have grown up with the recordings of the great Joan Sutherland, Montserrat Caballé, Maria Callas, who were born right around the time Puccini died. His style, the style of verismo, continued to influence the musical fashions of the 1940s and ’50s. But bel canto isn’t the next step after Puccini. It’s the next step after Mozart.”»

5 comentários:

Anónimo disse...

Com todo o respeito e temeridade que as palavras da Bartoli me merecem, não sei se Mozart tem assim tão grande influência na geração seguinte. A Norma bebe mais em Gluck do que em Mozart e a coloratura bel-cantista em geral mais num Haendel do que no Imortal autor da ópera das óperas, o Don Giovanni, segundo Wagner.

Anónimo disse...

Lamento corrigir a Bartoli mas Bellini não tinha 30/40 músicos à sua disposição. Talvez na mais remota provincia mas não nos Teatros para as quais escreveu as suas operas. A documentação está disponivel e é de fácil acesso.
Obviamente que à tipologia vocal da Bartoli convinha que assim tivesse sido...

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Geralmente os cantores de ópera, ao comntrário dos maestros, não são uns grandes conhecedores do tema quando saiem do microcosmos das suas personagens ou da arte e técnica interpretativa deste ou daquele compositor. Li a autobiografia de Tito Gobbi e foi uma decepção. Às vezes teorizam brilhantemente sobre o que cantaram, como a Schwarzkopf. No resto o cantor, por maior que seja, como a Callas ou a Nilsson, não teorizam sobre a história do canto. A excepção, claro, vai para esse grande Senhor, que é Dietrich Fischer-Diskau, que tem bibliografia publicada, alguma da qual de fundo ideológico, para além de coferencista. Mas, repito, é uma excepção.

Anónimo disse...

Sim mas a Bartoli é suposto ser uma intelectual e fala com propiedade de música, música antiga e da história da interpretação! Um erro assim grosseiro pareçe propositado!
J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Meu caríssimo João Ildefonso,
Quem a supõe uma intelectual (?) ? Eu não. É natural que, em contacto com tantos manuscritos e certamente musicólogos, ela seja conhecedora de música antiga, daí que não a qualificaria de fazendo erros grosseiros. Acho muito forte. E também estamos a falar na base de uma citação a que pode faltar qualquer coisa.
Um abraço de Portugal (desde ontem)