segunda-feira, 12 de março de 2007

Helena von Voigt



Nesta notícia, temos uma antevisão da Ägyptische Helena, de Richard Strauss, proposta por Deborah Voigt, que interpretará muito em breve o papel titular da ópera no Met.

A Ópera do(s) Malandro(s)?



A última vez que um jornal português - Expresso - se associou à ópera, foi a catástrofe!
Desta feita, é o DN...

À medida que a coisa for correndo, direi de minha justiça. Prometo!

Dmitri Hvorostovsky, em Lisboa



Na próxima terça-feira, dia 13 de Março, o barítono siberiano Dmitri Hvorostovsky apresenta-se em recital, na Gulbenkian, num programa inteiramente dedicado à canção russa. Destaco as Canções e danças da morte, de Modest Mussorgsky, que Hvorostovsky interpreta como ninguém, na actualidade (vide este post)

Em meu entender, caro leitor, nos dias que correm, há três baritonos de excepção: Terfel, na ópera, Goerne, no lied, e Hvorostovsky, na canção (e ópera) russa.

Há bem pouco tempo, tive a felicidade de o ver actuar, como Onegin (na opera homónima), no Met. Inolvidável!!!

Trata-se, sem sombra de dúvida, da mais bela voz de barítono lírico que conheço, nos nossos dias.

A não perder!!!

Comme d’habitude, Dissoluto & Dissoluta lá estarão, ele sem smoking, ela sem peles.

domingo, 11 de março de 2007

I Puritani – Metropolitan Opera House – Récita de 05.02.2007



Os Puritanos, de Bellini, representam com propriedade a ópera belcantista, característica de inícios do século XIX: sobre uma trama histórica sem grande relevância, as vozes são convidadas a piruetas pelos domínios do sobre-agudo; requer-se muita disciplina, muita técnica, muito floreado e apenas algum talento dramático.

De entre a produção operática de Bellini, I Puritani é um produto de segunda, abafado por A Sonâmbula, esmagado por Norma.

Se é verdade que o belcanto demanda uma técnica vocal superlativa, não menos verdadeira é a circunstância de reclamar a presença de uma primadonna. De facto, a escola belcantista – Rossini, Donizetti e Bellini –, como nenhuma outra, escrevia e produzia, sobretudo, para estrelas femininas.

Ora, esta récita não foi excepção à regra! O Met contratara, nem mais, nem menos, do que a estrela lírica do momento: Anna Netrebko. No passado, para o mesmo papel, contámos com Sutherland e Sills, além de Swenson, que vestiu a pele de Elvira em finais de 1990.

Este conjunto de récitas de I Puritani apoiou-se numa já velha e datada produção dos anos 1970, estreada pelas estrelas líricas da época – Sutherland & Pavarotti, Milnes e Morris.

A produção de Sandro Sequi assenta num hiper-realismo grandioso, prolixo em efeitos marmoreados, com veludo a metros; tudo muito à l´époque, com cenários de dimensões impressionantes: castelos imensos, fontes grandiosas, jardins amplos, enfim... A pobre bela-adormecida, perto desta grandiosidade, corroer-se-ia de inveja!

Da encenação, pouco há a destacar. Sharon Thomas investe no ultra-convencional: as “meninas” exprimem a felicidade dando piruetas sobre si mesmas, os rapazes falam de amor com a mão direita sobre o coração...
Diria tratar-se de uma movimentação cénica muito datada, e algo bafienta...

No tocante a intérpretes, a coisa piou mais fininho.
Globalmente, a distribuição revelou grande homogeneidade, pautando-se pela mestria.

Pessoalmente, nada tenho contra as divas, sobretudo se o estatuto de que gozam decorre de um talento invulgar. Ora, se além de talentosa, a diva for bela, tanto melhor.

Netrebko é, no mínimo, de uma beleza espantosa, cálida e envolvente; uma actriz sólida e de uma elegância assinalável.

Anna Netrebko compôs uma Elvira pueril e complexa - na inocência, na joie, na insanidade -, vocalmente... arrebatadora! Até vê-la ao vivo, sempre duvidei do seu real valor artístico, devo assinalar.

Sem sombra de estridência e / ou de esforço, projecta agudos naturalíssimos e graciosos, quase luminosos. O timbre é belíssimo, singular, não sendo a voz particularmente grande.

Peca pela dicção deficiente - absolutamente incompreensível, sobretudo nas passagens de coloratura -, sendo indiscutivelmente mais lírica do que spinto - a técnica, a ornamentação, a coloratura, contêm hesitações...

Do meu ponto de vista, Netrebko será tanto mais convincente, quanto investir nos recitativos e na técnica.

Quanto a Gregory Kunde - Lord Arturo -, estupidamente, há muito que lhe vaticinam o ocaso vocal. É mentira!

Recordo o notável Elvino que compôs no TNSC, em 1999, ladeado pela estupenda Swenson (que, no MET, precedeu Netrebko, justamente em I Puritani, em 1998, como disse).

Kunde mantém o estilo belcantista, disciplinado e rico em ornamentos. Porventura, estará um pouco menos seguro nas vocalizações; ainda assim, os agudos mantêm a solidez de há anos.

O Arturo de tenor norte-americano é rico em emoção e afecto, sendo bastante convincente teatralmente.

Por fim, uma palavra para Patrick Summers, que dirigiu uma das mais extraordinárias orquestras do mundo, em matéria de ópera (romântica, sobretudo, diga-se em abono da verdade...). Embora a sua direcção privilegiasse o peso da massa orquestral, Summers revelou mestria, cuidado e atenção no lirismo, permitindo aos cantores brilharem, nunca os abafando. Confesso que, de início, temi o pior, tal não era o volume da orquestra !
Numa palavra, diria ter realizado um trabalho convencional, mas eficaz.

Enfim, esta récita de I Puritani constituiu um momento marcado pelo brilho vocal, apesar do descrito convencionalismo, teatral, musical e visual.

I´m Back ;-)

Depois de uma intensa e absorvente actividade clínica e académica, regresso à carga!
Para já, como prometido, aqui vai uma detalhada apreciação crítica do que vi por terras do tio Sam!

sábado, 3 de março de 2007

(4º)1bsk



Parabéns, meu Caro Alexandre!
Não me canso de repetir que, pela tua mão, o VERDE assumiu outro brilho.
Na blogosfera, não tens paralelo.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Disse-me um passarinho



Eis uma boa nova, que teima em chegar...

Stemme, no meu entender, combina melhor com o lírico-dramático wagneriano - Elisabeth, do Tannhäuser, Elsa, de Lohengrin, Senta, para não mencionar os Wesendonck Lieder - do que com o eminentemente dramático do mesmo Wagner - Isolde.

Ainda assim, creio que a sua leitura de As Quatro Últimas Canções, de Richard Strauss, obra maior, frequentemente interpretada por sopranos líricos - Schwarzkopf, Della Casa, Studer, Fleming, Isokoski, and so on - constituirá motivo de interesse.

Ver-se-á...

Viagra, Impotência ou a Derrota do Narcisismo Fálico



O duelo de titãs - Granadeiro vs Belmiro - parece ter terminado.
Granadeiro leva a melhor, desferindo um duro golpe em Belmiro.

A derrota do Sr. SONAE só prova que a omnipotência lhe é estranha.

Com todo o mérito, há em Belmiro de Azevedo um inquestionável espírito empreendedor.
Desde há muito que nos habituámos à sua procura de identificação absoluta com o poder, procura essa subsidiária de um narcisismo de tipo claramente fálico.

O poder, nas suas múltiplas acepções, mais não é do que o supremo revelador da aspiração fálica.

Mas, Senhor Engenheiro, queira V.Exa ou não, a famigerada ansiedade de castração, que Freud tão bem definiu, ainda é um organizador psíquico, prova da nossa finita e imperfeita - mas suprema! - condição humana.


Moral da história: Belmiro não mais poderá dizer "Isto nunca me tinha acontecido… Não sei o que se passou…" diante de uma prosaica investida amorosa falhada, if you see what I mean

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Doido, doido...

...ma non tropo! Resta-me um pingo de juízo para felicitar a Helena et ses hétéronimes.

DIGITALIS é, para mim, uma companhia diária, plena de vida, poesia, manjares dos deuses e - claro está - divagações psis.

(Cá para nós, Caríssima, retome a prosa! Aprecio a imagem, mas a sua prosa é notável!)

Um beijo e até mais

ps quando passar por Lx, apite!

BAIXA PSIQUIÁTRICA DE DURAÇÃO INDETERMINADA

If you cant’t fight them, join them

De tanto conviver com a / nas fronteiras da (in)sanidade, tornei-me, eu próprio, num insano e desmiolado: há vários dias que me afastei da lírica, literatura e demais interesses.

Desde há semanas, deu-se uma inexorável (?) mudança na estética dissoluta: descobri a mestria de JOSÉ CID - que já conta com 40 anos de carreira, sim senhor, pois que é obra!!! -, a grandiosidade de QUIM BARREIROS, que animou como ninguém o Carnaval do Salão Preto e Prata do nosso Casino do Estoril, e - pasme-se! - preparo-me para assistir a um concerto de JULIO IGLESIAS, que teima obstinadamente em protelar a reforma.

Noite e dia, trauteio “Como um macaco gosta de banana, eu gosto de ti”, enquanto a minha mulher me administra HALEDOL injectável (um neuroléptico de efeito quase imediato e duradoiro...)

A loucura é uma viagem sem retorno...



Se rgressar, será para criar um blog sobre Música Ligeira Portuga, e vão com sorte!
Ou então, sobre a obra da Sãozinha, essa dócil e amável menina...

(aqui para nós, a minha crise teve início com a estrondosa derrota da menina de quem sou devoto, que perdeu para a fatinha de todos nós, no concurso d'O Pior Português de Sempre. Não me conformo... Nunca mais serei o mesmo...)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Young (and clever) American Way of Speaking

Back from NY.

Ain't this great, like?

"Like, it’s just like, you see, like, Oh my God! Like, amazing, like, you know… Like…"

Quanta propriedade...like...
Um dia, chegarei a este estádio do conhecimento supremo...like...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Dissoluto Punito alienado, na APPLE STORE, junto ao Central Park...

Eugene Onegin

This (http://www.metoperafamily.org/metopera/season/single/reserve.aspx?perf=8957) will be a remarkable night, for sure!
Gergiev, Fleming, Vargas e... HVOROSTOVSKY sao do melhorio, sobretudo neste tipo de repertorio.

Veremos, com ansiedade!!!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Jenufa - curtissima... Silija TRIUNFAL

Na recita de ontem, a grande estrela - alem da direccao orquestral, que foi sublime, dando primazia a brutalidade e visceralidade da partitura, mais do que ao lirismo - foi... Silija!

Mattila foi explendida, triunfando no final, pela luminosidade! A voz, plena de graves - Isolda a espreita? - demorou mais do que e habitual a aquecer. No monologo, foi contida.

Silija, essa, deu corpo a Kostelinka definitiva! Nem Rysanek deve ter feito melhor! O proprio vibrato selvatico assentou-lhe que nem uma luva! Triunfal, plena de odio e malignidade...
Aos 67 anos, depois de uma brilhante carreira, o que se pode mais querer?

Further details will be done, as soon as I arrive home ;-)


ps a temperatura em Nova Iorque esta substancialmente mais suportavel! Subiu para -7...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Netrebko... telegramas

Estao 17 graus negativos em Nova Iorque.
Escrevo da APPLE STORE, no SoHo.


Por ora, duas curtas palavras para louvar a prestacao de Netrebko e Kunde, respectivamente Elvira e Arturo de I Puritani.

Segui a maxima Ver Para Crer.
Sem entusiasmos excessivos, sem deslumbramentos.

Netrebko foi notavel, mais lirica do que spinto.
Apesar da diccao deficiente - por vezes, incompreensivel! - e da fragilidade na coloratura - ai as cadenzas... -, triunfou pela ousadia - agudos amplos e brilhantes, sem pudor nem contencao.

Kunde mantem a disciplina e o estilo belcantista.
Embora menos seguro do que por ocasiao das recitas de La Sonnambula - TNSC, Junho de 1999 -, continua a ser um interprete de referencia neste dificil repertorio.


Esta noite, segue-se a grande Jenufa de La Mattila, dignamente acompanhada - espera-se! - por Silvestra e Silja.
Assim que puder, darei noticias!

Obviamente, farei criticas longas e aprofundadas relativamente as recitas.

(Aqui para nos, estou a convencer a minha mulher a assistir a Cavaleria Rusticana - com Licitra e Zajik - e I Pagliaci - com o mesmo Licitra e Urmana -, quarta-feira, dois dias antes do grande Oneguin, com Hvorostovsky, Vargas e... Fleming!

See ya soon, Folks :-)))) )

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Entre 3 e 11 de Fevereiro, este blog resumir-se-á a...

...NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY, NY.

Tiago Palaré Galamba de Almeida...

... faço hoje, 2 de Fevereiro, UM ANO DE VIDA!!!



O meu pai está de partida, com a minha mãe, para os lados da Big Apple.

Parece que vão à ópera... Cheio de pressa que estava, não teve ocasião de colocar no blog uma foto recente...

By the way, PARABÉNS AO RAUL que é, segundo o meu pai, um dos mais assiduos leitores deste espaço ;-)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

L'Hoffmann de Villazon

Sans surprise, l´Hoffmann de Villazon a fait merveille à Bastille.

D´après Le Monde, à part son français pénible - on s´imagine…-, Rolando Villazon a campé un héro plein de vitalité, à la fois scénique et vocale.

En ce qui concerne la mise en scène - dont la première j´ai pu témoigner, en 2000 -, avouons que l´optimisme du journaliste demeure isolé…

Finalement, je n´arrête pas de m’étonner: qu´est-ce qu´on méprise le boulot de Mlle Petibon ! À quel sujet ???

Mozart & Harnoncourt

No que à lírica mozartiana diz respeito, raramente Nikolaus Harnoncourt me fascinou.

Em boa verdade, passa-se bem sem a sua Trilogia (apesar de Don Giovanni contar com aspectos mais do que relevantes, como em tempos aqui tive ocasião de dizer).

Desta feita, na bela Salle Pleyel, reinaugurada recentemente, La Betulia liberata - única peça de oratório escrita pelo punho de Mozart -, o maestro holandês transcendeu-se, segundo
aqui se diz.

Na citada notícia faz-se referência a Mitridate, Re di Ponto, peça contemporânea do mencionado oratório.

Convido o paciente leitor a entregar-se a Mitridate, preferencialmente na leitura de Rousset (DECCA).

Depois dir-me-ão!