sábado, 19 de março de 2011

Lucia di Nuova York!


Nat Dessay - a minha querida Nat - interpreta hoje, no Met, um dos seus papéis de eleição.

Hoje com ontem, a pretensa nobreza & burguesia pindérica - afectada pelas correntes aéreas da Porcalhota, quiçá - desdenha os (as, no caso) grandes!

Nos idos anos 1950 - em meados, sejamos precisos -, chic era menosprezar a Callas. Agora, é ver as palavras do sabichão Calado, no Expresso. Segundo o Calado-mor, salva-se a interpretação cénica, pois a voz é uma amostra do que era.

Mais tarde, democraticamente, veremos!

18 comentários:

Paulo disse...

Lá estaremos para ver e ouvir. Toi toi toi, Nat.

FanaticoUm disse...

E vamos seguramente ver e ouvir uma Nat ao seu nível e excelentemente acompanhada de outros intérpretes de superior qualidade! Desta vez, sei do que falo...
Até logo, primeiro intervalo, na sala de fumo.

J. Ildefonso. disse...

Infelizmente não vou poder ir. Estou a trabalhar:-((
A voz da Dessay sempre foi pequena e naturalmente já não exibe a frescura dos primeiros anos. Não creio que o Met seja o seu elemento natural no entanto numa transmissão ao vivo os microfones sempre ajudam.
A avaliar pelo último cd as qualidades interpretativas continuam intactas, a voz mostra algumas fragilidades mas o timbre continua belissimo e o domineo da agilidade exemplar.
Tenho muita pena de não poder ir à Gulbenkian.

Anónimo disse...

Caro Senhor,

Não sei de que nobreza fala quando diz que era "chic" desprezar a Callas, nos idos 50.
Aquela de que eu me lembro (e a burguesia culta e requintada) não só apreciava muitíssimo La Divina, como correu mundo, quando fosse caso disso, para a ver.
Talvez haja aqui alguma pretensão de falar de uma classe social que não se conheceu.

Respeitosamente,
Manuel de Castro Pereira

blogger disse...

Qual a vossa gravação da Lucia preferida? Eu ando a descobrir uma com a Sills e o Capuccilli que é fenomenal e electrizante.

Espero que estejam a ter um bom bocado na Gulbenkian. Eu daqui de onde estou faço-vos companhia através da Antena 2.

Il Dissoluto Punito disse...

Caro Manuel Castro Pereira,

Tenho o insólito hábito de falar do que conheço. Havia, de facto, uma pandilha burguesa que apreciava desacreditar grandes estrelas. Uma burguesia invejosa e pequenina. Se o caro leitor desconhece de quem falo, eu não !

Raul disse...

Caro Blogger,
Primeiro vai a correr comprar a Lucia com a Callas, di Stefano, Panerai, Zacarias, dirigidos, como ninguém, pelo Karajan; depois comprava a primeira Sutherland em estúdio ou a Scotto, di Stefano, Bastianini.

portasabertascadeirasaosoco disse...

Estimados,eu não tenho nenhuma Lucia na minha discoteca,nem uma para amostra,mas hei-de ter.E por este andar,vou ver o Otello ao vivo mesmo antes de escutar o cd :) é que também não tenho!será grave?

Anónimo disse...

Caro Senhor,

Admito que sim, mas não nos círculos sociais portugueses. Isso posso garantir-lhe eu, que era vivo à data.
Quanto ao mais, a unanimidade, em arte, é algo de corrosivo, pelo que é não só natural como benfazejo que se prefira a Tebaldi à Callas, para recordar uma dicotomia que marcou um tempo.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Última mensagem: Manuel de Castro Pereira

blogger disse...

Raul,

essas duas gravações já eu possuo! Esta da Sills descobri recentemente.

De facto admito que ninguem se possa compara a Callas e a Sutherland neste papel, cada uma dela de uma perspectiva diferente, são fantasticas.

J. Ildefonso. disse...

Caro Blogger

Tenho a gravação da Sills, colhido no seu auge, que é muito atraente e tem a vantagem de ser a única gravação que conheço que utiliza a harmonica de vidro como era intenção do compositor. Saliento a interpretação arrebatadora do Bergonzi e da Sills que utiliza com extraordinaria inteligencia as suas qualidades vocais mas também as suas deficiencias na construção duma Lucia delicada, sofredora e muitissimo eloquente.
É também interessante por as caracterisitcas vocais da Sills serem semelhantes à Dessay, por isso a comparação é oportuna. Boa agilidade, registro agudo priviligiado, registro médio e grave pouco consistente, grande poder histrionico, etc.

Raul disse...

Blogger,
Fui eu que li mal. Pareceu-me que não tinha nenhuma Lucia. Burrice minha.

blogger disse...

Raul,

e que acha da gravação com a Sills?
Ildefonso, será que já ninguem usa a harmonica de vidro? tem um som tão espectacular.

Raul disse...

Blogger,
Nunca ouvi, mas à partida não me entusiasma, porque nunca fui um admirador da Sills. Talvez possa estar enganado.

portasabertascadeirasaosoco disse...

Essa polémica,faz-me lembrar o nosso Marquinho Paulo dos anos 70/80,também ninguém gostava,ou dizia que não gostava,e depois o homem era o campeão de vendas :)))
O pessoal não podería ser um bocadinho menos complicado ?

Hugo Santos disse...

Caro blogger,

antes de mais, siga o conselho do caríssimo Raul e adquira o miraculoso registo dirigido por Karajan com Callas, Di Stefano, Panerai e Zaccaria.

No que concerne à versão Sills/Schippers, não poderia estar mais de acordo consigo. O engajamento dramático e vocal dos intérpretes é de assinalar bem como o facto de estarmos perante uma execução integral da partitura.

J. Ildefonso. disse...

A gravação da Sills é muito boã. A execução da partitura é integral, utiliza harmonica de vidro na cena da loucura o que sugere uma atmosfera lunar e onírica muito de acordo com a peça, o Bergonzi desenha um Edgardo arrebatador e a Sills, com uma voz muito semelhante à Dessay mas com um timbre mais vulgar, compoe uma Lucia frágil e delicada no limite da alucinação desde o primeiro encontro com o amante, interpretação muito original e extraordinariamente bem cantada.
A Sills tem optimas gravações até cerca de 1974 depois começa a exibir uma linha vocal muito irregular e um vibrato descontrolado com interpretações cada vez mais excessivas até cair no mau grotesco. Infelizmente a vaidade impede-a de se retirar atempadamente. Infelizmente essas gravações posteriores ofuscam os inequivocos méritos do inicio de carreira.