Antecipando a edição de La Cenerentola (2008) captada ao vivo no Liceu, eis um fragmento arrebatador (aqui).
Depois de um momento histórico, apoteótico, desta envergadura e calibre, a Senhora deveria ver erguida uma estátua em sua memória. Deveria ser agraciada com uma tiara, um trono eterno...
Com a felicidade estampada no rosto, Didonato conquista-nos, neste que é – seguramente – um momento de antologia belcantista.
Uma agilidade impressionante, uma graciosidade desconcertante.
Que mais quer uma Cenerentola perfeita?
11 comentários:
já vi esta produção na totalidade. acho que é "A" cenerentola desde a Bartoli em Houston.
Está muito bem a Joyce, de facto.
Este DVD da Cenerentola vai imediatamente para o topo da minha lista junto com Bartoli (Decca) e Von Stade (DG). Sensacional DiDonato.
Mas quando aqui andaram a compará-la com a Miss Rattle e a Bartoli, só eu tomei o partido dela e precisamente no Rondo final da Cenerentola. Bem, esqueçamos essas infidelidades:) e desde já me candidato a adquirir este dvd.
A ópera é uma obra-prima só ultrapassada pelo Barbeiro de Sevilha. Eu desde muito novo me senti muito atraído por ela e lembro-me de ter o LP da Cenerentola com a Simionato, que deu um segundo fôlego ao reabilitar da ópera, pois o primeiro tinha sido dado pela grande Conchita Supervia, um dos melhores mezzos do século XX e o modelo da Angelina. Antes da Cenerentola da Bartoli tínhamos a inultrapassável Berganza, para mim superior a tudo o que já ouvi, a melhor Cenerentola de todos os tempos, cuja gravação com o Abbado é obrigatória em qualquer discoteca rossiniana, por menor que seja.
Caro Raul,
Por falar em Barbeiro, existe alguma versão vídeo que considere recomendável? Tenho a de Abbado com Berganza, Prey, Alva, etc., musicalmente fabulosa, mas que é um filme, o que, sob esse ponto de vista, retira algum interesse.
Ando há procura duma versão "live" musicalmente boa. Tem alguma ideia?
Cumprimentos
Caro Luis Froes,
Essa versão-filme tem esse grande pecado, ser um filme, embora o movimento dos lábios esteja perfeito. Como intérprete a maior Rosina, a divina e inultrapassável, a meu ver, Berganza. Enzo Dara, a perfeição, Alva, já acusando aqui e ali a idade, no entanto, ainda uma maravilha, principalmente no final do dueto com o Prey. Montarsolo muito bem, embora haja vocalmente melhor. Quanto a Hermann Prey, cenicamente acho-o a perfeição do Fígaro, mas vocalmente, conquanto perfeito, falta-lhe ser italiano, há qualquer coisa na voz que não é o Gobbi, para mim a perfeição total, ou o Bruscantini.
Bem, distraí-me, pois não foi isso que perguntou. E a resposta é que não conheço nenhuma versão ao vivo que substitua essa, que concordando consigo é musicalmente fabulosa, mas um filme. Existem e eu até tenho uma com a jovem Bartoli e o Gino Quilico, mas está muito atrás da do grande Abbado. Recordo-me, no entanto, de há muitos anos, talvez antes do 25 de Abril, a Televisão Portuguesa exibir um Barbeiro de Sevilha com os maiores do seu tempo no Almaviva e no Bartolo, ou seja, Luigi Alva e Fernando Corena. Só sei isto, de que tenho a certeza, o resto terá de fazer o favor de procurar na net. Olhe, eu por acaso nunca o fiz, mas qualquer dia faço-o ou então o nosso tão excepcionalmente bem informado Hugo Santos pode ser que o ajude.
Um abraço
Caro Raul,
deixa-me sem jeito com as suas extremamente simpáticas palavras, das quais não sou, de todo, merecedor.
Em relação ao Barbeiro que refere, estive a procurar em diversos arquivos e não consegui encontrar nada. Talvez se o Raul se lembrar de mais algum pormenor seja possível localizar o que pretende.
Caro Hugo,
E não é verdade, não? No tocante à ópera eu tenho a maior admiração por si. Tão novo e sabe tanto! Isto foi para o deixar mais sem jeito :)
E também me lembro de ver na televisão um Barbeiro com o Capecchi no Bartolo. A mim custa-me a acreditar que não tenha ficado um registo video do Bartolo do Corena. Era o mais famoso do mundo, o sucessor do Bacalloni.
Raul,
se o seu objectivo era deixar-me embaraçado, foi bem sucedido em toda a linha :)
Quanto ao Barbeiro de Sevilha, parece-me, de facto, não existir uma gravação vídeo com o Bartolo do Fernando Corena. Contudo, é possível que o mesmo tenha cantado excertos na "Bell Telephone Hour", disponível em DVD. Já o Renato Capecchi, encontra-o como Bartolo num DVD de uma produção da Ópera Holandesa com o maestro Alberto Zedda a dirigir Jennifer Larmore, Richard Croft, David Malis e Simone Alaimo (1992).
Em 1992 deve ser notável, 20 anos depois do Dandini para o Abbado e 34 depois do Melitone para o dvd da Tebaldi/Corelli da Forza. Mas, é natural, pois era um garnde cantor.
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