quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Met opening night III : Tosca (September 2009)


(Luc Bondy)

Como temos vindo a constata
r, a grande controvérsia suscitada pela Tosca de Bondy radica, justamente, na encenação. Eis mais uma reacção à dita cuja:

«Bondy has taken the opposite approach. He has pared down his sets to the bare minimum. The church is sparse and austere with bare brick walls; Scarpia's office in the Palazzo Farnese in act two is like a waiting room in an institution, painted in brutal browns and oranges; and the third and last act – the most successful in terms of stage design – is a simple brick tower set against the dim blue-grey light of dawn.

There was some egregious silliness to the Bondy version, which no doubt goes some way to explain the cat calls. Cavaradossi's painting of Mary Magdalene upon which he is working at the start of the opera looks like a Mills & Boon cover portrait – all soft edges and flowing hair, and, horror of horrors, her left breast is showing. In act two Scarpia is being pleasured by a courtesan kneeling between his legs, a wholly gratuitous addition to Puccini's portrayal of an evil torturer who exudes suppressed sexuality in any case.

Those incongruities aside, the puzzling thing about the audience reaction last night was that in most other regards the Bondy production is striking by how safe it is, how little risk-taking and how traditional. The Swiss theatre and opera director is known for his humorous touches, though there weren't many on view last night. The acting is traditional too, sometimes slipping into melodrama which is always an occupational hazard with Tosca.»


(Mattila e Álvarez, respectivamente como Floria Tosca e Mario Cavaradossi)

Por regra, acompanho as reacções do público do Met (a minha casa lírica), no tocante às prestações vocais e interpretativas. Contudo, em relação às respostas do público diante das encenações, a coisa pia de outro modo! Assim, uma reacção adversa a uma nova encenação - quase garantidamente - é sinónimo de uma explosão emotiva de júbilo, da parte deste escriba!

A verdade é que, onde Bondy é ousado, Zeffirelli é de um convencionalismo caduco! Nem a insuportável megalomania do italiano o descola do realismo convencional que caracteriza as suas abordagens...

Veremos, veremos...

9 comentários:

J. ildefonso. disse...

Pelo que vi na net a encenação parece bastante tradicional. Bonita e competente mas bastante banal e desprovida de ideias ou "insight". Não vejo razão para tanta confusão!

Raul disse...

Tomemos, por exemplo, a encenação da Aida feito pelo Zefirelli para o Scala que está em dvd, aquela em que o Alagna saltou para fora a seguir à Celeste Aida. Respeita o texto, provavelmente terei de chamá-la "tradicional", que para mim não tem nada de negativo, quer em ópera quer em qualquer domínio artístico. Um prazer à vista, esplendorosa, uma lógica cénico-vocal, superior ao nível geral dos cantores. Num fim Zefirelli recebe uma ovação estrondosa. Enfim, a casa máxima da ópera não tem gosto...

Hugo Santos disse...

Por tudo o que afirmei num comentário anterior, tenho de concordar com o Raul. Acrescento, a título de exemplo, a encenação da Turandot, igualmente por Zeffirelli.

J. Ildefonso. disse...

O Raul tocou no ponto da questão ao afirmar "tradicional que para mim não tem nada de negativo". Também para mim tradiconal não é obrigatoriamente mau tal como moderno não é obrigatoriamente bom. O que importa é o conceito, a motivação dos personagens, o contexto e a fidelidade ás ideias gerais expressas pela música e o texto caracteristicas que podem estar presentes ou ausentes de qualquer tipo de encenação. Depois há as encenações competentes que não são brilhantes mas também não chateiam e que por meio de circunstancias especais de cast, motivação podem resultar muito agradáveis tal como por exemplo o D. Carlos do Met de que falámos ainda há pouco.

Raul disse...

Ildefonsíssimo,
Ainda bem que não usas "tradicional" com sentido nagativo. Tenho visto esta palavra tão primariamente empregue, principalmente noutras áreas, nomeadamente na minha, que reajo sempre à palavra de modo a esclarecer e a ficar esclarecido.

J. Ildefonso. disse...

Fixe!

J. Ildefonso. disse...

O que eu acho engraçado é que me parece que ambos têm razão! O Zefirelli mesmo no seu melhor nunca saiu da sombra do Vicontti e é absolutamente desprovido de subtileza e o Boncy é bastante competente e honesto mas também não é nenhum génio.

Anónimo disse...

Onde disse Boncy queria dizer Bondy.

Anónimo disse...

Ainda me hão-de explicar essa grande diferença entre o Visconti e o Zeffirelli, para colocarem um nos píncaros e outro nas cloacas da cidade.
Raul
P.S.
Nem imaginam a dificuldade de acesso a este blogue. O regime endureceu depois do 60º aniversário da proclamação da RPC. EStava a ver que não consegui e foi por um mero acaso que furei os filtros. Já sabem se eu não aprecer é porque estou "agrilhoado" metaforicamente falando.