segunda-feira, 3 de agosto de 2009

La Trovatora, ossia D’amor sull’ali rosee


(Il Trovatore - Festival de Salzburgo, Julho de 1962; da esquerda para a direita: Corelli, Simionato, Price e Bastianini)

Nem tudo são rosas, no tocante a este Il Trovatore, atenção!

Além das hesitações do coro – particularmente audíveis no acto I -, Corelli, parco em subtilezas interpretativas, pouco vai além do brilho vocal: o seu Manrico é heróico e audaz, nada mais havendo a sublinhar. A ousadia e brilho dos seus agudos é do domínio da lenda, mas Franco Corelli permanece escravo da pirotecnia histriónica, com maneirismos que apenas se compreendem dentro da lógica da afirmação fálica.


Simionato é a única rival de Cossotto, como Azucena. Prefiro colocar a coisa por esta ordem, dado que, habitualmente, considera-se a primeira como legítima herdeira da segunda. A voz – homogénea, apesar da opulência dos graves – dá corpo a uma personagem densa, maioritariamente apoiada na sede de vingança.


O Conde de Bastianini, embora parco teatralmente – falta-lhe a sobranceria e nobreza de Capuccilli -, brilha pelo timbre e técnica, verdianos até à medula.


Termino com a glória suprema desta noite festiva de Salzburgo, a superlativa Leontyne Price, inquestionável paradigma do soprano verdiano.

Price foi o maior intérprete do Verdi lírico – dramático (Leonoras – Il Trovatore e La Forza del Destino -, Aïda e Amelia) pós-Callas. As suas Leonoras são absolutamente lendárias, particularmente a da presente ópera. O timbre desta intérprete funde-se com o drama e dilaceração romântica da personagem. A sua técnica é olímpica, batendo aos pontos a da Callas, cuja Leonora é outro colosso incontornável (também dirigida por Von Karajan – EMI).

Recomendo que o leitor escute amiúde o D’amor sull’ali rosee (acto IV) – uma das mais belas e exigentes páginas da lírica verdiana, divinamente interpretadas por Leontyne Price. Não conheço concorrência à altura – Plowright é soberba tecnicamente e a Calas triunfa pelo teatro, mas…

Se outras razões faltassem para a aquisição desta interpretação, os quatro minutos de êxtase que a intérprete americana aqui nos propõe convenceriam o maior dos cépticos!

Quanto a Von Karajan, nesta mesma ópera, embora pior acompanhado (RCA e EMI), teve momentos mais felizes e grandiosos.

O leitor mais exigente dir-me-á que há um Il Trovatore inultrapassável, também por Leontyne Price. Mas esse é um milagre!

Vale o Price!

________

* * * * *

(4/5)

26 comentários:

Hugo Santos disse...

Na minha opinião, a melhor prestação em termos puramente dramáticos de Corelli enquanto Manrico encontra-se num registo captado ao vivo, em Berlim, com a companhia do Teatro da Ópera de Roma, no ano de 1961. Ladeiam-no Mirella Parutto, Ettore Bastianini, Fedora Barbieri (também uma enorme Azucena, vocalmente mais elementar e menos elegante) e Agostino Ferrin.

A Leonora de Rosalind Plowright, que possuo num registo vídeo efectuado na Arena de Verona, enferma de dificuldades no registo agudo, pese embora a igualdade em todos os registos e uma presença agradável.

Anónimo disse...

E a análise recorrente sempre presente: "maneirismos que apenas se compreendem dentro da lógica da afirmação fálica." Pois lá está! Fá-lo-ias de forma diferente?

Il Dissoluto Punito disse...

Anónima,

Falo-ia de modo diferente, claro ;-D
Não tenho o hábito de responder a anónimos... Sorry :)

Raul disse...

A Cossoto herdeira da Simionato? Não penso que o seja. A Cossoto foi, sim, herdeira da Stignani quer no reportório quer no formato da voz.
Quanto ao Trovador que o caro Hugo tem, a Plowright, com bom timbre verdiano, toca o agudo no limite. Como o tenho em laserdisc, já há muito que não o ouço, mas lembro-me que a Cossoto já está um pouco gasta -- grita os agudos -- e o Bonissoli é muito histriónico, dentro duma linha popular do tenor italiano.

Anónimo disse...

Fá-lo-ia, sim, um Fá para lhe dar música. Bons lanches. E aproveite-se destes dias amenos para frequentar um workshop dedicado ao engomar de camisas, pólos e afins. Eu disse amenos, não deixe que lhe sejam a menos.

Anónima ma non troppo

Il Dissoluto Punito disse...

Este blog costuma ter comentários elevados, mas há sempre espaço para anónimas mais prosaicasitas, cara Ana;-)))

M.BOY disse...

tou a precisar urgentemente de ouvir Rossini - La Cenerentola, qual recomenda?

opção 1
Giulietta Simionato
Sesto Bruscantini
Ugo Benelli
Paolo Montarsolo

Oliviero de Fabritiis - Orquesta y Coro del Maggio Musicale Fiorentino

ou

opção 2
Cecilia Bartoli
Enzo Dara
William Matteuzzi
Alessandro Corbelli
Michele Pertusi
Fernanda Costa
Gloria Banditelli

Orchestra e Coro del Teatro Comunale di Bologna
Riccardo Chailly


desde já obrigado e boas noites!

Anónimo disse...

Prosaicasita! Só porque não lhe gosto dos vincos. Gosto da sua personalidade vincada, isso sim. Isto assim parece tomar a forma de um chat, ou de uma coisa chata. Mas não se arme de ferro em punho para me atacar, use-o nos paramentos de senhor de bem.
Vá, boa noite para si e para os seus.
Sim, troppo Ana :)

Il Dissoluto Punito disse...

M.Boy,

Obviamente a segunda opção, com La Bartoli, uma rossiniana de mão cheia!
Quer uma alternativa?
Abbado com Berganza (DG)

Boas audições ;-)

M.BOY disse...

caro Dissoluto,
muchas gracias!

mr. LG disse...

Caro Dissoluto,
Aí vai como prometida a minha resenha a este Trovatore:
Herbert von Karajan – é como você diz na sua recente personal review do Otello do mesmo Sr. Maestro. É um bocado atraiçoado pela captação sonora, mas nota-se cuidado e sensibilidade: as pequenas introduções orquestrais do IVº Acto/Parte (porque, segundo rezam as crónicas do Libretto, o Trovatore é dividido em Partes e não em Actos, mas continuaremos a designar, por comodidades linguísticas e habituações operáticas, as Partes por Actos)-1º e 2º Quadros, por ex. Agora, quando a partitura e os intérpretes pegam fogo, aí ele também pega : Ensemble/Terceto final do IºActo, toda a Cena entre Azucena e Di Luna no IIIª Acto- 1º quadro. Parece que nos quer dizer que se o Trovatore tem um autêntico festim na parte vocal, a “sua” orquestra não lhe fica atrás… então os pratos nos finais de Cena ou dos Actos? Saltam da minha aparelhagem sonora e fazem tremer toda a sala! A Sério! :-)
Mas de qualquer maneira, Herr von Karajan dá-nos um Trovatore orquestral bem doseado e equilibrado, não deixando de ser luxuoso… até a trompa do “usato messo” de Ruiz, tem direito a um tratamento de luxo :-). É um Trovatore cuja orquestra não o afunda, nem tenta sobrepor-se a tudo e a todos, como já será o caso do Trovatore Karajaniano de 77/78 EMI… que também já o escutei, embora noutra altura, e que não desprezo de todo! Muito gostaria de o ter aí na minha discoteca, by the way. Quanto ao registo em DVD TDK Ópera de Viena78 com Kabaivanska, Domingo, Cossotto, Cappuccilli, nunca o vi, portanto não posso ajuizar… embora a curiosidade seja IMENSA!
F. Corelli – desculpe, Dissoluto, discordo de si. Manrico tem que ser assim. Cito-o: “o seu Manrico é heróico e audaz” – tudo certo. Torno-o a citar: “Franco Corelli permanece escravo da pirotecnia histriónica”- não acho. Dá-nos pungência dramática no último dueto com Leonora, mesmo no final da ópera; alguns chamar-lhe-ão tiques veristas baratos; eu não: DRAMA PUNGENTE! Recorre a aspectos veristas?... Sim, senhora… mas, meus Srs. e Sras., Il Trovatore não é Mozart, nem o Barbeiro de Sevilha, é um DRAMALHÃO, E DAQUELES, DEUS DO CÉU! De resto, é a perfeição corelliana: Morbidezza e Smorzare quando tem que ser, brilho, valentia, virilidade… e Corelli não está a jogar em casa, porque se estivesse… e dirigido por outros, que não o exigentíssimo Herr von Karajan, tenho a certeza QUE O TELHADO IRIA PELOS ARES!!! OH, YES! :-)
Simionato e Bastianini – a 4 anos da sua retirada de cena, Simionato faz-nos lembrar o caso de Flagstad no Tristan/EMI52 para Furtwangler. Estava quase retirada, segundo dizem as próprias notas do Booklet que acompanha esta edição discográfica, nem parece!!… tomara nós hoje! Mas nota-se, muito ao de leve, uma certa madurez a mais (nota-se isto no registo mais alto de Azucena), falta-lhe um nada de redondez total na voz… Ah, se Karajan já tivesse usado a Cossotto (existe um registo desta gloriosa Sra. Cossotto já em Azucena, no Alla Scala, no mesmo ano de 62, mesmo Manrico: Corelli, maestro diferente: Gavazzeni; e acho que há qualquer coisa no You Tube com estes dois gloriosos… a investigar, portanto,com urgência).
Mesmo reparo para Bastianini: Ah, se Karajan já tivesse utilizado Cappuccilli… mas confesso, que apesar das minhas investigações, não sei se o notabilíssimo Barítono já cantava o Di Luna em 62. Dramaticamente ambos, Simionato e Bastianini, estão adequadíssimos; mais ela do que ele: aí tem razão, Dissoluto.
Segue a seguir 2ª parte

mr. LG disse...

2ª Parte (porque isto não cabia tudo à primeira e de uma só vez... paciência! :-) )
Resta-nos o caso Leonora, ossia, Madame Leontyne Price: Começa bem e tal… excelente voz de lírico-spinto verdiano, muito bom “Tacea la notte placida…”, mas parecia-me que ainda não tinha aquecido, não me ocasionava Shivers down the spine. Pensava eu: Ah… se a Milanov tivesse sido bem gravada nas décadas de 30 e inícios de 40, se a Tebaldi jovem dos idos de 50 também tivesse tido a mesma sorte (embora a versão de Erede para a Decca não desmereça, falta-lhe qualquer coisa…). Achei o seu agudo final no terceto que finaliza o 1º Acto “Di geloso amor sprezzato…” magro, comparado com o de Corelli, não com os harmónicos vocais par a par.
…Bem… até que a Sra. em questão ataca o Ensemble final do 2º Acto: “E deggio e posso crederlo? Ti veggo a me d´accanto!...” aí o meu cérebro faz CLIC, toca nas raias da emoção (a única vez na audição desta versão do Trovatore), só me apetecia arrojar-me aos pés de Madame Price e pedir-lhe mil e um perdões, ousei eu pensar em… quais Tebaldis e Milanovs, quais quê!!...
A partir daqui Madame Price toca a perfeição em TODA A LINHA VERDIANA! EXPRESSÃO, VOCAL, TUDO! A Soprano lírico-dramatica verdiana por excelência! Agora sim: A lenda tinha toda a razão de existir! :-) O seu “D´Amor sull´ali rosee” do IVºActo devia servir como modelo a se atingir em todos os Conservatórios deste mundo que ensinam a Arte Vocal-Lírica, tal a perfeição do fraseado e a SUPER! Justeza da respiração. Da sua coloratura ousada no “Miserere” e no Dueto seguinte com Di Luna, nem falo… :-) muito mais ousada e valente que Corelli, e que se tornaria na sua imagem de marca nas Leonoras Trovadorescas que interpretou por esse mundo afora a seguir…Tal como o grito da Rysanek quando Siegmund retira Notung do tronco da Hundings Haus no final do 1º da Valquíria :-) Torna-se mais calma, moderada e sofrida, como deve de ser, no final da ópera.
Apesar do público austríaco aos poucos e poucos se render ao espectáculo, são tal e qual como os britânicos: relativamente moderados no aplaudir… porque se estivéssemos na Itália nesta mesma altura… O TELHADO IA PELOS ARES!! :-) Esta versão, apesar de indubitavelmente de referência, não me fez desistir da busca do meu Trovatore ideal: vocalmente generoso, audaz e valente ate à medula… não depreciando a linha e o estilo verdiano… mas com uns BONS TOQUES VERISTAS À MISTURA!!... Oh, Yes! :-) Algum Blogger desta praça para me ajudar??... Mets, Cólon de Buenos Aires, 50s, 60s, boas qualidades de captação sonora… anyone? :-)
Resumindo e concluindo: Concordo com a sua nota atribuída: 4/5; apesar de alguns cortes tradicionais: para o tenor no “Di quella pira…” e da tradicional ária de Leonora a seguir ao Miserere “Tu verdrai che amore in terra…”.
Muito bom trabalho de captação sonora para um evento de 1962 (bons engenheiros tinha a ORF ou a remasterizaçao da DG é que é a dona do milagre?). Som bem límpido, cantores escutam-se perfeitamente, chega mesmo a ser superior ao famoso Parsifal Bayreuth62 Knappertsbusch/ Philips. Isto apesar das típicas perdas de balance sonoro devido aos cantores se moverem no palco, típico de um Live… então daqueles tempos, é mais do que evidente. Nota-se, de qualquer maneira, uma perda de qualidade sonora no fim da ópera, perda de qualidade que não deve ser imputada à DG.
Meu Deus… horas passadas na fabricação desta personal review. Horas de voltar para os afazeres deste corriqueiro mundo… :-)
É sempre um prazer, Dissoluto e caros restantes Bloggers desta praça.
See ya.
LG

P.s. A propósito de Verdi… não lhe "disse um passarinho" :-) que… se calhar teremos brevemente em mãos um “bom/excelente” (??!!) Requiem dirigido por Antonio Pappano, Accademia Nazionale di Santa Cecília, Pape, Villazón, Harteros, Ganassi ??…
:-)

Vítor disse...

A versão de Mehta seria, de facto, muito boa se não fosse o desastre da gravação, com aquela distorção toda a tolher os fortisssimi e o registo agudo. Dizem os críticos que os microfones estavam colocados demasiado próximos dos cantores e do coro. É uma das grandes frustrações da história da gravação. Quase tão grande como a que resulta daquela tosse toda no início do Parsifal de Kna, de 62.

Raul disse...

É a primeira vez que leio um comentário desta natureza sobre esta gravação. O caro co-bloger Vítor, podia fazer o favor de citar uma fonte, além da sua opinião.

Vítor disse...

Caro Raul: Basta ouvir o CD. Há passagens quase insuportáveis, cheias de grão e distorção. A princípio, pensei que seria a minha cópia mas depois fui lendo que se trata de um problema na origem.
Veja, por exemplo, o que se escreve em http://www.amazon.co.uk/Verdi-Il-Trovatore-Giuseppe/dp/B000009NIY/ref=sr_1_7?ie=UTF8&s=music&qid=1249567485&sr=8-7
Confesso que o problema é tão evidente que não sei como a RCA pôde deixar passar uma gravação com esta qualidade técnica.

Hugo Santos disse...

De facto, caro Raul, as deficiências técnicas apontadas pelo sr. Vítor costumam ser amiúde citadas. Não que sejam mais pronunciadas comparativamente a outros registos discográficos do período que padecem do mesmo problema. A questão é que se trata de uma das versões de referência da ópera, logo, sujeita a maior escrutínio por parte da crítica e do público. Todavia, convém sublinhar que os problemas de captação não subjugam a excelência da mesma.

Vítor disse...

Caro Hugo: (Esqueça o 'Sr.'...) Só por curiosidade: que outras gravações do mesmo período têm estes problemas?
Sou fã de Leontyne Price e apesar dos que desdenham o toque "imperial" e relativamente pouco empenhado da sua interpretação nesta gravação, gosto muito deste álbum. Apesar da frustração.

Hugo Santos disse...

Caro Vítor, posso-lhe dizer que algumas gravações da Decca efectuadas neste período acusam um excesso de reverberação e uma colocação de microfones pouco cuidada. Um exemplo que me vem à memória, por ser um registo diversas vezes frequentado, é o Baile de Máscaras com Pavarotti, Tebaldi e Milnes. Na RCA, a Força do Destino com Price, Domingo e novamente Milnes deixa transparecer, embora em doses bastante mais reduzidas, a mesma problemática.

Raul disse...

Caro Vítor,
Estou informado. Obrigado. É verdade que sou um pouco ignorante quanto à parte técnica. Acontece que até nesta gravação me lembro que no início da ópera me agrada muito o som.

Vítor disse...

Caro Raul: Sim, o som é muito bom e a dinâmica é surpreendente (talvez daí saiam os problemas), mas não há praticamente nenhum final de ária ou de ensemble que não esteja afectado pela distorção.

Vítor disse...

Caro Hugo: Também dessa época (1972) é a célebre gravação da Sinfonia n8 de Mahler por Solti, na Decca. É outro caso curioso em que nos encontramos mais vezes a ouvir o que os técnicos fizeram com o som do que propriamente a ouvir a interpretação, tantos são os truques de compressão e de mistura. Aquela súbita redução do volume na 2ª reprise do "Veni creator spiritus" é fatal.

Hugo Santos disse...

Muito bem lembrado, caro Vítor. Não existe crítica a essa gravação que não mencione as diversas intervenções técnicas.

Raul disse...

Caros Vítor e Hugo,
Parabéns. Estou maravilhado com os vossos conhecimentos. Mas eu pergunto: não é legítimo se me derem a escolher um Macbeth ou uma Lucia eu preferir as versões ao vivo pela Callas?

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

mais do que legítimo, é uma questão que não se deve colocar. Na minha modesta opinião, gravações ao vivo e em estúdio devem ser consideradas de modo diverso dado que as primeiras revestem-se de um interesse que escapa ao âmbito das segundas. Enquanto que no espectro limitado dos registos efectuados em estúdio partimos do pressuposto que a mesma oferece um nível mínimo de qualidade sonora que, caso não se verifique, pode defraudar marcadamente as expectativas do ouvinte, quando nos focamos nas incontáveis gravações "live" a captação é relegada para um plano secundaríssimo comparativamente a aspectos de ordem artística. Por exemplo, não me importaria de ouvir o Macbeth do Scala com Maria Callas num suporte que me oferecesse uma qualidade sonora inferior às que circulam no mercado dado que, não só concessões devem ser feitas a registos ao vivo como outros valores, nomeadamente o tal factor artístico, se levantam.

Vítor disse...

"Ontologicamente" são coisas diferentes, não são? Quero dizer: uma versão live é uma espécie de documentário; a versão de estúdio é um produto controlado, e com muito mais variáveis. As interpretações foram pensadas para condições de audição muito diferentes e ouço-as também de forma diferente. Quantas vezes é que de Sabatta e Walter Legge regravaram o "E avanti a lui tremava tutta Roma" até chegarem a uma conclusão? Eu gosto desse grau de controlo quando ouço música em casa. O "live" é mesmo melhor "live". Celibidache tinha razão...

mr. LG disse...

Concordo plenamente com o que diz o Vítor aqui em cima; alem de obviamente, os outros Bloggers que debateram opurtunamente este problema bem real dos Classical Recordings From the 60s and 70s. A primeira versão da 2ª Sinfonia de Gustav Mahler, dita “Ressurreição”, que Georg Solti gravou para a Decca já nos idos de 1966, e que acabei de escutar, apresenta também enferma destes problemas. Nota-se um equilíbrio sonoro/doseamento do som bem diferente nas primeiras páginas desta Sinfonia, em relação às que se ouvem no monumental final. Há, de certeza, trabalho aqui dos balance engineers e das recording machines de serviço.
See ya.
LG