quarta-feira, 20 de maio de 2009

Disse-me um passarinho...

Entrementes, a mesma DG disponibiliza – em formato exclusivamente virtual, hélas! – dois artigos tentadores:

Uma A Mulher sem Sombra (R. Strauss), com Borkh, Mödl, Thomas e Fischer-Dieskau…
E uma colectânea de árias de ópera italiana, interpretadas por Antonietta Stella.

Pedir os mesmos artigos em formato real não é nada do outro mundo, pois não, caro leitor?!

15 comentários:

blogger disse...

eu uma vez tentei ver e ouvir a " mulher sem sombra" mas ainda não consigo "encarrilhar" com ela. De Strauss ainda gosto de muito pouca coisa.

mr. LG disse...

You bet! Dissoluto. :-D ;-))
LG

Anónimo disse...

Na Mulher sem Sombra há também a noroeguesa Ingrid Bjolner,na Imperetriz, que eu vi na minha primeira experiência wagneriana cantando a Brunilde da Valquíria em 1971. Este elenco referido no poster, nem é preciso dizer, tem tudo para fazer desta gravação algo de muito bom. João, este passarinho fala português ou habla español?
Antonietta Stella foi uma das grandes cantoras italianas dos anos cinquenta e sessentasendo o seu reportória maior Verdi e o Verismo. Tive o privilégio de a ver em Portugal na Tosca, Fedora e Ernani. Tenho s seu autógrafo e lembro-me de lhe ter feito alguma pergunta idiota de fan. Era uma mulher bonita e extremamente elegante em palco. Nunca se me varreu da minha memória a sua roupa estilo Império que usou na Tosca. Disseram-me depois que era guarda-roupa pessoal. No Youtube há um pequeno extracto do que seria uma entrevista mais ou menos actual e vemos uma senhora de grande classe.
Raul

Hugo Santos disse...

Eu tenho este recital DG e um anterior Verdi/Puccini efectuado para a EMI. Um justo tributo a uma grande intérprete.

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

eu tenho essa entrevista na íntegra. Faz parte do DVD do Baile de Máscaras editado pela VAI em, salvo erro, 2008. Trata-se de uma récita gravada em Tóquio em 1967 com Carlo Bergonzi, Antonietta Stella, Mario Zanasi, Lucia Danieli e Margherita Guglielmi. Vale muito a pena. A entrevista é um daqueles, ainda raros, momentos de poder conhecer um pouco mais das "outras divas".

João Ildefonso. disse...

Gosto bastante da Stella mas com a competição da Callas, Tebaldi, Price,etc não atingiu a projeção que merecia. Gosto muito de ouvi-la numa Bataglia de Legnano ao vivo com o Corelli.

Anónimo disse...

Caro Hugo,
Desses 5 cantores só não vi a Lucia Danieli, a excelente Suzuki da Butterfly da Callas.
Que tal, essa gravação? Eu tenho quatro gravações de Tóquio: a Tosca e a Andrea Chenier por causa da Tebaldi, A Aida e a Cavellaria pela Simionato. Ver estes sublimes artistas, mesmo que reprsentem muito convencionalmente ("who cares?" citando o grande crítico John Steane a propósito da Forza da Tebaldi de Napoles) é uma experiência onírica:)

Hugo Santos disse...

Caro João Ildefonso, essa Bataglia di Legnano é fenomenal (Scala, 1961). Então, na última cena do penúltimo acto, quando Arrigo é aprisionado com Lida no quarto desta pelo marido Rolando e é obrigado a saltar do alto da torre, o Corelli, a Stella e o Bastianini são viscerais. E a direcção orquestral do Gavazzeni corresponde em pleno.

Caro Raul, é como diz. A representação é muito "matter-of-the-fact" mas é tudo feito com uma naturalidade que, hoje em dia, se tem vindo a perder. No mínimo, é delicioso. Alguns dos actuais encenadores e afins teriam muito a aprender com os intitulados "tarefeiros" da época. Em relação aos DVD's de Tóquio tenho ainda a Lucia di Lammermoor com Scotto e Bergonzi, a "double-bill) Cavalleria Rusticana/Pagliacci com Cossotto e Domingo e a Tosca que me recomendou com a Tebaldi, o Poggi e o Guelfi. Se não me engano, julgo que é isto. Aliás, queria agradecer-lhe imenso pela Tosca uma vez que fiquei muitíssimo bem impressionado. No que concerne à Tebaldi, só me apeteceu chorar ao ouvir aquele timbre do qual tanto já se disse e escreveu. Por sua vez, o Guelfi encheu-me as medidas com uma grande presença e uma voz que não lhe fica atrás. Uma autoridade inquestionável.

Anónimo disse...

Caro Hugo,
Imagine que naquela Tosca que vi com a Stella, o Scarpia foi o Guelfi e, embora ela tenha estado à altura, o grande triunfador da noite foi o barítono. A tal ponto se gritava pelo seu nome no fim da ópera que ele teve de vir agradecer os aplausos já descaracterizado e vestido normalmente.
Um outro pormenor. Reparou que na récita de Tóquio o Scarpia ia caindo duma cadeira que devia estar desengonçada e muito calmamente um dos figurantes foi "lá dentro" e substituiu a cadeira. Tudo isto no segundo acto antes da entrada de Tosca.
Raul

Anónimo disse...

Caro Hugo,
Outro pormenos e sobre a Batalha de Legnano. Tem a certeza que o Arrigo é obrigado a saltar de uma janela! Eu não tenho a ópera aqui comigo, mas conheço-a dos meus velhos LPs com a Mancini e Panerai e tenho o cd com a Ricciarelli, Carreras e Manuguerra, e não me lembro de uma cena assim. Eles são surpreendidos e amaldicioados, Depois o Arrigo vai para a guerra e regressa ferido, morrendo em paz com o casal.
Pode ser que eu esteja enganado.
Raul

J. Ildefonso. disse...

Eu não sei porque a minha versão é o mais "low-cost" possivel e não tem libreto pelo que só muito genericamente percebo como se desenrola a acção!

mr. LG disse...

Acabei de ouvir há pouco o DON CARLO de 54 EMI/Santini e impressionou-me deveras a sanidade e a juventude vocal que Stella deu à Regina Elisabetta. De facto, não me lembro de ter escutado em disco melhor Elisabetta do que a que Stella apresenta nesta gravação.
Apesar dos cortes... quem ousa, hoje em dia, melhor DON CARLO do que Gobbi/Posa ou Christoff/Fillipo?
Hã??... :-))
Ah, os pretéritos, Dissoluto... os pretéritos... :-))
See ya
LG

Hugo Santos disse...

Caro Raul, tudo o que diz é verdade, recordo-me que o contou aqui neste mesmo espaço. O episódio da cadeira é delicioso. Quando o Raul o mencionou pela primeira vez estive bastante atento e, chegado o momento, fiquei bastante impressionado com a naturalidade com que a questão foi tratada.

Caro João e Raul, estive a consultar o libretto da Battaglia di Legnano e a acção decorre da seguinte forma: após surpreender Lida e Arrigo juntos, Rolando aprisiona-os na torre do castelo. Deste modo, Arrigo não poderá apresentar-se aquando do chamamento às armas dos Cavaleiros da Morte e será desonrado. Desesperado, Arrigo salta do alto da torre para o rio que corre junto ao castelo.

Anónimo disse...

Caro Hugo,
Obrigado pelo esclarecimento. Eu gosto da Batalha de Legnano, embora deste período, que antecede o Rigoletto, excluindo o Macbeth que é uma das grandes óperas verdianas, talvez goste mais do Stifellio, sobretudo, e do Atila e I Masnadieri.
Raul

Anónimo disse...

E a Luisa Miller Raúl? Eu gosto bastante.