Adriana Lecouvreur (Cilea) é um produto de segunda categoria do verismo italiano, apenas abrilhantado por um naipe de intérpretes de craveira - Tebaldi e Domingo, por exemplo.
Quinze anos após a última revival da bafienta produção dos anos 1960, eis que Adriana Lecouvreur volta a ver a luz do dia, no Lincoln Center.
Sem surpresa, a protagonista Guleghina roça o desastre, vocalmente, compondo o ramalhete por via da sua habilidade dramática.
Pelo que julgo saber, o papel demanda um soprano lírico. Maria Guleghina é um soprano cavernoso, berra que se farta, tem uma técnica desastrosa e um vibrato horrendo.
Nos antípodas desta prestação, Domingo ossia o eterno, brilha sem cessar...
«The Ukrainian soprano Maria Guleghina sings the title role, opposite Plácido Domingo as Maurizio, the role of his Met debut 40 years ago. Ms. Guleghina brings her trademark vocal and dramatic intensity to her work. Yet the music also calls for a soprano with Italianate legato and creamy lyricism. Ms. Guleghina sings with fervor and honorably tries hard to shape phrases with subtlety and nuance.
But in recent years she has been tearing with abandon into weighty Verdi roles like Lady Macbeth, and these days her sound is often grainy and hard edged. One missed the melting lyricism that should pervade the alluring aria “Io son l’umile ancella,” in which Adriana explains to her colleagues that as an actress, she is merely the servant of the creative spirit.
At that 1968 debut Mr. Domingo sang Maurizio opposite Tebaldi, no less. Now 68, he remains a wonder of vocal longevity. He missed the dress rehearsal because of a cold and took time to clear his throat and warm up during the performance on Friday. But soon he was singing with vigor, stylistic insight and ringing top notes. Some of the music was transposed down to suit Mr. Domingo’s current comfort zone. “That’s cheating,” purists might complain. But the trade-off is a Maurizio sung by a major tenor who still sounds like one.»
Quinze anos após a última revival da bafienta produção dos anos 1960, eis que Adriana Lecouvreur volta a ver a luz do dia, no Lincoln Center.
Sem surpresa, a protagonista Guleghina roça o desastre, vocalmente, compondo o ramalhete por via da sua habilidade dramática.
Pelo que julgo saber, o papel demanda um soprano lírico. Maria Guleghina é um soprano cavernoso, berra que se farta, tem uma técnica desastrosa e um vibrato horrendo.
Nos antípodas desta prestação, Domingo ossia o eterno, brilha sem cessar...
«The Ukrainian soprano Maria Guleghina sings the title role, opposite Plácido Domingo as Maurizio, the role of his Met debut 40 years ago. Ms. Guleghina brings her trademark vocal and dramatic intensity to her work. Yet the music also calls for a soprano with Italianate legato and creamy lyricism. Ms. Guleghina sings with fervor and honorably tries hard to shape phrases with subtlety and nuance.
But in recent years she has been tearing with abandon into weighty Verdi roles like Lady Macbeth, and these days her sound is often grainy and hard edged. One missed the melting lyricism that should pervade the alluring aria “Io son l’umile ancella,” in which Adriana explains to her colleagues that as an actress, she is merely the servant of the creative spirit.
At that 1968 debut Mr. Domingo sang Maurizio opposite Tebaldi, no less. Now 68, he remains a wonder of vocal longevity. He missed the dress rehearsal because of a cold and took time to clear his throat and warm up during the performance on Friday. But soon he was singing with vigor, stylistic insight and ringing top notes. Some of the music was transposed down to suit Mr. Domingo’s current comfort zone. “That’s cheating,” purists might complain. But the trade-off is a Maurizio sung by a major tenor who still sounds like one.»
(Domingo e Guleghina, em Adriana Lecouvreur, de Cilea, Metropolitan Opera House)
10 comentários:
A propósito de Met, ninguém ouviu a transmissão da Lucia no Sábado?
A estratégia composicional de Cilea passa pela repetição do mesmo material temático sob diversas formas. Sorte que o mesmo é de primeira água.
…tudo depende da maneira como se confrontam as duas personagens Principessa di Bouillon/Borodina e Adriana/Guleghina no final do IIºActo e do monólogo de Fedra dito por Guleghina no final do IIIº.
Alguém se lembra de Alla Scala/89, Freni, Cossotto, Gavazzeni… de pegar fogo o palco e a plateia?... Know what I mean? ;-)
Récita transmitida directamente do Met Antena2, 21 de Fevereiro.
A ver vamos…
All the Best :-)
Mr. LG
A Adriana nçao nao e uma obra prima mas tem momentos inspirados. O monologo da Adriana, o confronto meio-soprano/soprano, a aria do tenor. O resultado final, como em todas as obras mediocres, depende ainda mais da qualidade e carisma dos cantores. A Olivero, a Tebaldi, a Caballe, a Scotto e a Freni foram famosas no papel tal como a Cossoto, a Simionato no de princesa e o Corelli e o Domingo no de Mauricio. Creio que actualmente a principal razao pela qual o papel se mantem regularmente em cena e a de permitir um papel permitir um protagonista praticamente sem notas agudas o que convem a uma diva em fim de carreira. Mas a facilidade do papel e ilusoria como por exemplo o da Fedora e requer grande tecnica pois recai bastante na faixa de mudanca de registo do soprano com as decorrentes dificuldades de manter a voz homogenea e timbrada.
A Gheorgiu vai ensair o papel com o Kaufman e sinceramente nao acredito que se saia muito bem.
olá
O fach da Adriana não é lírico mas sim um Jugendlich Dramatischer Sopran, na nomenclatura italiana um
spinto.
La Freni acabou a carreira a cantar a Adriana, pelo que me lembro há 4 anos em Washington. A ópera está cheia de hits tais como Poveri fiori (Adriana) e L'anima ho stanca (Maurizio).
Deixo o link da Daniela Dessi a cantar "Poveri fiori" ao vivo, para comprovar que não é papel para um lírico.
http://www.youtube.com/watch?v=qMGsXEBoDYU
Bem haja
Ricardo, ouvi e gostei. O Kwiecen e o Abdrazakov são vozes pastosas e estilisticamente correctas que fizeram ampla justiça aos papéis de Enrico e Raimondo. O Beczala achei-o um tudo nada cansado, embora tal não desmereça a sua notabilíssima prestação. Um timbre muito belo. Quanto à Netrebko, apreciei a interpretação. Dramaticamente esforçada, peca por uma voz algo alheia ao bel-canto e uma coloratura amiúde insuficiente. No início com a voz algo presa, passou por algumas dificuldades na cena da loucura. Apesar de tudo, a voz é de inegável qualidade e, nos momentos mais dramáticos, esteve em excelente plano. A Netrebko não será uma Lucia mas deixou-me satisfeito.
A propósito da Adriana, a escolha mais acertada para o papel titular teria sido, porventura, a Daniela Dessi ou a Aprile Millo.
Caro Pedro Figueira
Segundo me parece a Freni terminou a carreira com a Fedora do Giordano e a Donzela de Orleans do Tchaykovsky.
A Adriana Lecouvreur de Cilea tem uma música que revela um compositor aqui e ali bem inspirado e que não é escravo do libreto. Para mim a intérprete ideal é a Tebaldi de que tenho o Cd da Decca com as companhias do costume, del Monaco e Simionato, o que dá à gravação um alto valor. Quanto à Fedora, que é de Giordano, é tal a supremacia do texto que a música resulta uma amálgama de leitmotiv muito pouco inspirados com uma ária de tenor, pequeníssima, que não deixou cair o nome da ópera no esquecimento.
E Guleghina com direito a transmissão HD da sua Turandot...
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