A noite fora deveras turbulenta: tosse interminável, entrecortada por um choro sofrido, que reclamava a presença repetida, ora do papá, ora da mamã.
A fadiga, crescente, levou o pai a adiar a ida da criança para a escolinha, naquele dia de inverno mal assumido.
Surpreendentemente, o miúdo despertou cedo, com uma boa disposição inusitada, para quem apenas tivera escassas horas de repouso. De imediato, o pai fez seu o sentimento de bem-estar que o pequeno mostrara.
Juntos, seguiram para a escolinha.
Ao chegar ao destino, o pai, apressado, justificou o atraso: “Sabe... ele dormiu mal.. passou a noite mal... Ele e os pais!”.
O milagre deu-se então.
Ao fundo do pátio, encostada a uma parede, uma criatura adulta fazia magia: soprava bolas e mais bolas de sabão, que os miúdos procuravam alcançar, num clima de absoluta euforia e interminável excitação.
Num ápice, o miúdo largou o colo do pai, lançando-se na caça às bolas de sabão.
Perplexo, o pai seguia a pequenada com indisfarçável gozo. Os providencias óculos de sol disfarçavam as rebeldes lágrimas que lhe brotavam dos olhos.
O filho ensinara ao pai a primeira lição.
5 comentários:
Não vem nada a propósito, mas hoje vou à Gulbenkian. Por acaso não vai também?
Paulo,
Não vou... O que vai ver? Amanhã, sexta, vou ao Rigoletto.
Já fui e voltei. Angelika Kirchschlager. O programa era este:
Benjamin Britten
Four Sea Interludes, da ópera Peter Grimes, op.33a
René Koering
Grand Adagio *
Edward Elgar
Sea Pictures, op.37
Claude Debussy
La mer
A voz é pequenina, mas bonita quando sobe.
Em princípio irei também amanhã ao Rigoletto. Penso que está esgotado mas vou à aventura.
Paulo,
(msg pós sms)
;-)))
Muito bem.
Boa noite. Também desejo que o melhor não seja o repasto, mas... On verra.
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