quinta-feira, 12 de julho de 2007

"Ópera en el Cine", em Madrid

Na última temporada, o Met – já com sangue novo na direcção, com preocupações assumidamente mais afins com a multiplicação do vil metal, do que com critérios artísticos (pois crise oblige) – descobriu o ovo de Colombo: teledifundir récitas para inúmeros cinemas dos Estados Unidos.
E por que não?!

A escolha da primeira récita não podia ser mais infeliz (digo-o impregnado de subjectivismo): Madama Butterfly, difundida em Time Square.

A mais pirosa das óperas projectada no mais deplorável recanto nova-iorquino.
Enfim, a combinação parece perfeita...

Pois bem, eis que o periférico Teatro Real (de Madrid) resolve repetir a proeza, projectando récitas da mesma ópera, un peu par tout... Até a protagonista é a mesma, Gallardo-Dômas de sua graça!

Eis a síntese da notícia (do El Pais): «(...) "Ópera en el Cine" para emitir vía satélite las representaciones en 20 salas españolas que disponen de tecnología digital.»

As boas experiências (?) serão para repetir?

(Caros co-bloggers Raul, João e Filipe: o verão lisboeta chegou, e com ele as quentes polémicas ;-)))
ALARMI!!)

7 comentários:

Anónimo disse...

Ópera, para mim, é no teatro. Contudo, considero que a ópera não é, nem pode ser, só para mim! E como todos nós sabemos o que a ópera custa aos nossos bolsos, vejo como positiva a difusão deste tipo de manifestação humana, ainda que nunca na sua mais pura forma de existência (digo-o, num teatro, sem recurso em amplificação sonora). Não obstante, guardo para mim a opinião que a ópera não é um género tão complicado como isso, já que sempre que convido amigos meus para assistirem a alguma récita as suas opiniões são, normalmente, surpreendentemente favoráveis. O facto de se investir na projecção em cinema, para mim, revela (entre outros interesses mais obscuros - concordo consigo, caro Dissoluto) a necessidade de se alargar o acesso a estes espectáculos através da construção de mais teatros de ópera, mais salas de concerto e que a cultura seja, de facto, cultura, isto é, que, efectivamente, faça parte da identidade de um povo e não, somente, de franjas muito reduzidas do mesmo, se quisermos, elites.

Filipe

P.S.: E sim, caro Dissoluto, eu também ainda não me consegui apaixonar pela Madama Butterfly. Eu bem tento...mas não consigo.

Anónimo disse...

Não vou entrar em polémicas. Gostaria de saber o que é para si uma ópera pirosa, pois que é uma adjectivação que a ser usada eu aplicaria mais facilmente à La Boheme ou à Traviata. Não sei o que é uma ópera pirosa.
Eu adoro a música da Madame Butterfly. A história ? Impossível, mas trata-se do mundo da ópera e não do cinema.
Raul

Anónimo disse...

Olá!

Bem cada qual pensa como cada qual..... eu pessoalmente acho o wagner terrivelmente piroso e "passé".... não há paciência para lendas medievais, cavaleiros heroicos e heroinas castas tudo confecionado com desmedida ambição.....
Viva a Bhoéme dos artistas pobres e raparigas de virtude duvidosa, a Mimi, presume-se, salta para a cama do Rudolfo no própio dia em que o conheçe! Compositor genial e contemporaneo, na Turandot pedia um beijo "à moderna" com língua como no cinema, com sentido teatral que não precisa de 2 hora para começar a contar uma história....

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Concordo com ambas as posições. Todas elas revelam aquilo que há de mais maravilhoso na ópera: poder ser olhada idiossincraticamente. Pessoalmente, o meu desconforto com a Madama não se deve, tanto, ao seu enredo (que, sem dúvida, não é melhor nem pior que a Bohème ou a Traviata), mas, julgo, à própria dimensão melódica que, exceptuando algumas passagens, também não me cativa.

Um abraço a todos.

Filipe

Anónimo disse...

Continuo sem perceber o que é uma ópera dita pirosa.
Eu adoro ópera italiana e ópera alemã.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Raul,

Uma ópera pirosa é.. a Butterfly!

Anónimo disse...

Se isto é uma explicação vou ali e já venho.
Raul