domingo, 19 de março de 2006

LYRIC OPERA OF CHICAGO...

O excelente nível dos elencos dos teatros líricos norte-americanos ? vide Met e, muito particularmente, LYRIC OPERA OF CHICAGO ? reforçam uma convicção pessoal de há muito: a lírica americana será o epicentro do fenómeno operático do século XXI.

Sejamos realistas: além dos notáveis (ainda que dispersos) fenómenos de música barroca - que têm lugar em França, sobretudo - e das programações de ópera de Paris e de Londres (Milão, já era, tal como Viena e Salzburgo), pouco mais há a destacar, no que se refere à qualidade da lírica no velho continente.

Depois da nova-iorquina Met e da californiana Opera de S. Francisco, CHICAGO afirma-se como um dos vértices da música lírica americana e ? assumamo-lo, sem rodeios ? mundial.

6 comentários:

Anónimo disse...

A Lyric Opera de Chicago é um dos pilares decisivos da actividade operática na América desde 1954, ano em que foi inaugurada com um Don Giovanni dirigido por Nicola Rescigno e cantado por Nicola Rossi-Lemeni, Léopold Simoneau e Eleanor Steber, entre outros. Em 2004, tive a sorte de poder assistir à nova produção de Don Giovanni que iniciou a temporada comemorativa do Jubileu. Ficará na minha memória como provavelmente a melhor récita de ópera a que assisti. A encenação (numa palavra, perfeita) era de Peter Stein; a direcção era de Christoph Eschenbach; e o cast inigualável nos dias que correm incluía Bryn Terfel, Karita Mattila, Susan Graham, Ildebrando d'Arcangelo, Andrea Silvestrelli e Kurt Streit (que cantou a melhor "reprise" em pianissimo de "Dalla sua pace" que já ouvi). Na mesma temporada, apresentaram Das Rheingold, a que também pude assistir, com o incomparável James Morris, com um Alberich de excepção, Oleg Bryjak, que pedia meças a Neidlinger, e o extraordinário Fasolt de Andrea Silvestrelli. Apresentaram ainda o Götterdämmerung e, na Primavera, três ciclos do Ring, com Morris, Eaglen, Domingo, Meier, et al. Quem nos dera metade disto!

Anónimo disse...

Não nos esqueçamos que foi lá que a Callas se estreou nos Estados Unidos (1.11.1954) , cantando a Norma e ainda nesse mês foi Violeta e Lucia.
Também foi esta casa que revelou ao mundo Amelita Galli-Curci.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Cara Kundry (Calado/a???)

Acredita que redigi este post a pensar nese soberbo Don, o de 2004???
Li maravilhas a esse respeito.

Chorei baba e ranho ao ler a critica - Terfel, Mattila, D´Arcangelo e demais... Numa maravilhosa encenação, snif, snif...

Será que o Brian Large estava por lá, a preparar um dvd da dita récita?

Anónimo disse...

Caro Dissoluto Punito,
Não sou o crítico Jorge Calado, se é a ele que se refere.
A única crítica a esse Don Giovanni histórico que li foi no Chicago Tribune, na altura. Dizia respeito à récita da estreia, sem Mattila, indisposta. Na récita a que assisti, Mattila estava de óptima saúde! Não vale a pena lamentar-se. Tenho a certeza que já assistiu a muitos espectáculos que lhe encheram as medidas. É uma questão de sorte. Por acaso, estava em Chicago por razões profissionais e foi o que foi. Ao invés, tinha esperança de poder ir a N.Y. em Maio ouvir Ben Heppner no Lohengrin e no Parsifal (acompanhado de Mattila e da divina Meier, respectivamente) mas vai ser completamente impossível. Umas vezes ganha-se, outras vezes perde-se. Não faltarão oportunidades. Ainda quanto ao Don Giovanni, tratando-se da comemoração do Jubileu, com Peter Stein e um cast estelar, é provável que mais cedo ou mais tarde haja DVD.

Anónimo disse...

Caro( por causa do descuido)Kundry,
É pena que atrás deste wagneriano disfarce não esteja o crítico Jorge Calado, pessoa bastante sentenciosa. Não é problema, pois todos o somos, só que dizemos "segundo penso", "para mim" ou quando o não dizemos a nossa opinião não versa as verdades pretensamente ditas "absolutas" tipo "Mozart é o melhor compositor de todos os tempos". Talvez seja, mas podemos substituir por Bach ou Beethoven. O.K. Tudo isto para discordar em absoluto com uma frase do crítico Jorge Calado que há uns meses apareceu na revista do Expresso a propósito não sei de quê, que me "irritou". Disse o crítico "Haendel foi o maior compositor de óperas de sempre". As palavras podem ter sido outras, mas a ideia era a mesma.
Era só isto que queria dizer.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Caríssimo(a) Kundry,

Pois fique sabendo que também tencionava ir a NY, na mesma altura, para assistir às encarnações wagnerianas da tríade Heppener-Mattila-Meier... A paternidade trocou-me as voltas... Fica para o ano:-)))