sábado, 9 de abril de 2005

CHRISTINE SCHÄFER recital na Gulbenkian



Vi-a no Met, em 2001, num dos seus papeis de eleição: Lulu...

Também com esta interprete estabeleci uma relação especial !

SCHÄFER pertence a uma geração de cantoras que se afirmou e notabilizou no início da década de 90. São suas copines de route, entre outras, Dessay e Jo, ambos reputados sopranos ligeiros (embora Dessay comece a explorar o território spinto - Lucie -, tudo levando a crer que não se retirará sem antes encarnar a tentadora Violeta, da La Traviata).

SCHÄFER é a mais versátil das citadas colegas, recordando - noutro registo vocal - Von Otter, pela abrangência do repertório ! Aborda Debussy, Chausson e Berg com a mesma facilidade com que interpreta Bach ou encarna personagens mozartianas (Susana ou Konstanze - que gravou para a ERATO, sob a direcção de Christie), donizettianas (Lucia), straussianas (Sophie e Zdenka) e verdianas, do período intermédio (Gilda, por exemplo, que lhe valeu uma verdadeira aclamação, há poucos anos, em Covent Garden).

Nascida em Frankfurt, Christine beneficiou dos sábios ensinamentos de grandes figuras do canto lírico de outrora: Augér, Fischer-Dieskau e Jurinac, entre outros.

Em 88, pela primeira vez, viu reconhecido o seu talento, tendo sido galardoada com um prémio no concurso alemão VDMK.

A fama internacional adveio de uma célebre Konstanze, que interpretou em Salzburgo, se não estou em erro, em 1997. Salzburgo, aliás, vê-la ia, no ano seguinte, interpretar o (até à data) maior sucesso da sua carreira... Lulu, da obra homónima de Berg.

Para felicidade de todos nós, há um registo desta interpretação avassaladora, não em Salzburgo, mas em Glyndebourne, onde obteve um êxito tremendo com a encarnação da heroína em questão.

Se é verdade que prima pela polivalência - se me é permitida a expressão - em termos vocais e interpretativos, em meu entender, SCHÄFER é notável, sobretudo, em compositores como Schoenberg (Pierrot Lunaire, que gravou para a DG com o maestro Boulez), além do já citado Berg.

No post que consagrei à apresentação da temporada da Opéra National de Paris, saudei as interpretações de Christine S. que aí terão lugar, ambas mozartianas - Cherubino e Donna Anna.
Haja meios para me deslocar à Bastilha...

Por agora, proponho o recital que a interprete vai dar na Gulbenkian, a 26 de Abril, onde abordará Purcell e Wolf, numa exibição da abrangência do seu repertório.

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