All about Eve é um filme magistral de Joseph Mankiewicz,
protagonizado por Bette Davis (Margo) e Anne Baxter (Eve), entre outros.
Trata-se de uma obra corrosiva e negra, que revela uma
decepção essencial com a humanidade. A natureza humana persegue a glória e
fama, ainda que delas se aproprie de forma etérea e efémera.
O motor da trama é – creio... – o narcisismo patológico, que
almeja a consagração e reconhecimento grandiosos, de modo a ocultar o desamor
primário.
Eve é uma ardilosa jovem, de uma ambição desmesurada, que
aspira à glória, a todo o custo. Oculta as suas origens singelas e sofridas,
assumindo uma falsa identidade, de modo a captar a atenção de Margo, uma actriz
famosa.
Sob o manto da humildade e falsa admiração, Eve infiltra-se
na intimidade da actriz, servindo-a com o propósito de a replicar.
Eve pretende apropriar-se, por via da sua conduta, do brilho
de Margo. Inveja-a doentiamente, aspirando a assumir o seu lugar no palco / vida.
Jamais Eve procura identificar-se com o seu modelo! No lugar da identificação,
através da inveja, há um desejo especular, absolutamente narcísico.
E Mankiewicz filma o narcisismo doente com uma subtileza
espantosa, terminando gloriosamente com a cena dos espelhos, em que Phoebe
(Barbara Bates), a sucessora de Eve, trajada a rigor com as vestes da mesma Eve
– então no apogeu -, ostenta o símbolo do poder absoluto – o prémio que a
consagra como A actriz do ano - diante de uma infinita plateia... de
espelhos...
Evidentemente, Phoebe assumirá a glória que Eve detém no
presente.
1 comentário:
Celeste Holm, recentemente falecida, desde o início se incompatibilizou com Bette Davis, por esta ser intratável e pouco educada. A mesma disse que o papel de Margo era a próproa personalidade de BD. Isto tudo não invalida que estamos perante um excepcional filme com poderosas interpretações, nomeadamente Bette Davis, a bela Anne Baxter o esse explêndido actor que era George Sanders.
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