domingo, 11 de dezembro de 2011

Do Triunfo milanês (IV)




Eis a visão ponderada e sóbria do The New York Times, a respeito do Don Giovanni milanês:

The Canadian director does, however, have the Commendatore (Kwangchul Youn), join the governmental dignitaries in the central box when his statue accepts Don Giovanni’s dinner invitation. The weight of societal authority thus stands behind the slain official’s recriminations against the libertine.

Yet Mr. Carsen, in a refreshing departure from grim productions depicting Don Giovanni as a serial rapist, takes a generally positive view of the mythical character. In Peter Mattei’s invigorating portrayal, Don Giovanni’s defiance of convention and boldness in the face of death are outward signs of an inextinguishable energy that animates him and those around him. The point might have been made forthrightly, but Mr. Carsen devises an elaborate construct in which La Scala itself plays an essential part.

During the overture, Don Giovanni rushes from the audience onto the stage and yanks the stage’s deep red curtain to the floor — an iconoclastic gesture if there ever was one. A huge mirror is revealed, reflecting the auditorium and the audience, but more importantly, Don Giovanni has taken control of the stage. Michael Levine’s sets thereafter consist largely of variations on images of the curtain and the auditorium, as the action sometimes unfolds as a play within a play.

In Act II, when exchanging clothes with his servant, Leporello, to further a lovemaking adventure, Don Giovanni briefly instructs his doubting underling, then sits down to follow the action like a director. At the end of Act I, when Don Giovanni looks cornered, the curtain suddenly falls, knocking his pursuers’ swords from their hands as he escapes through a stage box. When not dressed in modern formal attire, the characters often wear heavy outer garments (costumes by Brigitte Reiffenstuel) that are the same deep red as the curtain.

Another dramatic curtain descent seals Don Giovanni’s descent into hell, or so it at first seems. As the others launch into the moralizing epilogue, Don Giovanni reappears behind them. Soon they are the ones who sink into the abyss as he watches, amused.

It makes for a breathtakingly cynical close, but this “Don Giovanni” fails to cohere. It is brilliant in its individual pieces, which include scenes set in imaginative locales, like a church through with the Commendatore’s coffin passes in procession. But especially in Act II, when tension is difficult to maintain, the play-within-a-play format saps the action of energy.

Still, there is plenty of vocal energy to keep the musical side alive. Mr. Mattei’s potent Don Giovanni not only dominates those around him but also towers over them physically. His seductively sung serenade brings a quick reward when Donna Elvira’s maid appears out of nowhere to embrace him. After cuddling in the dark, they eventually depart, she in a state of thorough undress.

Anna Netrebko’s richly resonant voice is heard to seething effect in the accompanied recitative when Donna Anna recognizes Don Giovanni as her father’s killer, a powerful moment in a compelling portrayal. Later, Ms. Netrebko delivers a finely etched “Non mi dir” while holding a Scala program, as if Donna Anna had just returned from the opera. Barbara Frittoli, an appealing voice as Donna Elvira, also rises to moments of intensity, both in expressing her lust for Don Giovanni and in warning others of his duplicity.

Bryn Terfel’s outstanding Leporello delivers the “catalog” aria with emphatic sternness, as if determined to teach Donna Elvira a lesson. As Donna Anna’s patient lover Don Ottavio, Giuseppe Filianoti tends toward a style more suitable to Verdi than Mozart, but the voice has Italianate ring, and something can be said for Don Ottavio imbued with Mr. Filianoti’s brand of ardor.

As Zerlina and Masetto, Anna Prohaska and Stefan Kocan make an attractive pair of newlyweds, Mr. Kocan’s deep tones reminding one that Mozart wrote Masetto and the Commendatore for the same singer.

Before Act II, after Mr. Barenboim had acknowledged applause, someone called out “Troppo lento!” and was promptly shushed. The performance was a bit on the slow side, but it also had an imposing grandeur. In a concession to period practice, a harpsichord played during musical numbers.

20 comentários:

Rubens disse...

Caro Dissoluto o que o você acha do Don Giovanni registrado em DVD por James Levine no Met, contando com Reneé Fleming, Bryn Terfel, Ferrucio Furlaneto entre outros?

J. Ildefonso. disse...

O entendido no D. Giovanni é o nosso anfitrião. Se lhe interessar outra opinião posso dizer que é um bom espectáculo com uma encenação não muito fantasiosa mas coerente e com cantores bem estabelecidos no circuito internacional.
Pessoalmente prefiro um D. Giovanni mais aristocrático e elegante do que o Terfel que exibe um canto um pouco "vulgar" e um fraseado plebeu.

Rubens disse...

Me interesa sim, Ildefonso, e concordo que Terfel Não seja um Don Giovanni aristocratico, me lembrando muito mais um cafajeste.

Se me lembro bem você não é muito fã dessa ópera preferindo "Le Nozze Di Figaro" e eu queria uma opinião sua sobre uma gravação do Zubin Metha,que me emprestaram recentemente, onde temos o seguinte elenco:

Condessa - Karita Mattila
Conde - Lucio Gallo
Fígaro - Michele Pertusi
Susanna - Marie Mclaughlin

é uma gravação de qualidade?

J. Ildefonso. disse...

Boa memória:-))

A versão que referiu é bastante boa. Gosto especialmente do elenco masculino. A minha versão preferida é a do Solti com o Van dame, Fisher-Dieskau, Kanawa, Pop e Von Stade.
Gosto muito da versão dvd do Bhom, com um elenco semelhante, em que o Prey canta o Figaro e a Freni a Susanna. São verdadeiramente encantadores.

Rubens disse...

Eu já ouvi muitos elogios a essa gravação de Solti, e creio que seja realmente muito boa, principalmente pela presença de Kiri Te Kanawa e Lucia Popp, excelsas mozartianas.

Sabe aonde eu posso encontrar uma gravação onde temos como solistas: Bryn Terfel, Reneé Fleming e Cecelia Bartoli? Pois já a procurei a exaustão tanto na Fnac (uma loja que aqui no Brasil é muito pobre em termos de ópera) quanto na internet.

J. Ildefonso. disse...

Não tenho conhecimento que essa gravação exista comercialmente.
Sei que a Bartoli cantou a Susanna no Met com a Fleming e o Terfel talvez tenha havido uma transmissão em directo mas não creio que esteja disonivel em dvd.

Rubens disse...

Eu fiquei curioso por causa dos comentários do Dissoluto sobre essa encenação. Uma pena não terem gravado.

Ildefonso eu queria saber sua opinião sobre a Angela Gheorghiu, sei que não gosta muito dela, mas é por isso mesmo que eu queria saber.

J. Ildefonso. disse...

Caro Rubens

É um assunto muito controverso. Pessoalmente acho que é uma cantora com algumas boas gravações do início dos anos 90 como a Traviata e a Rondine mas cujo desenvolvimento da carreira eu acho que não cumpriu as promessas iniciais. Acho que associado ao glamour e promoção das editoras um elemento artistico pouco honesto da parte dum cantor que grava o Trovador, Tosca, Carmen e depois canta essencialmente o Elixir, Amico Fritz, Simão, Fausto e agora a Fedora e a Adriana papeis essencialmente de composição pouco exigentes a nivel de agudos e por isso amados das cantoras em fase avançada da carreira.
Actualmente acho a Gheorgiu uma cantora mediocre mas também nunca fui grande fã.

J. Ildefonso. disse...

Caro Rubens

Vou-lhe mostrar uma cantora com uma carreira sensilvemente da mesma duraçao da Gheorghiu, com a mesma tipologia vocal, que canta nos melhores Teatros, especialmente Met, Liceu, Viena, que tem uma voz explendida, optima dicç~ao e uma rara capacidade de habitar os personagens que canta mas que infelizmente nao se parece nada com uma top-model, alias parece exactamente aquilo que ´´e uma Sra Bulgara de meia-idade, e por isso poucos discos tem gravados. Chama-se Krassimira Stoyanova e encontra facilmente varios excertos no youtube se por acaso tiver curiosidade.

Rubens disse...

Eu pesquisei sobre a cantora e vi que recentemente cantou Fausto em Barcelona, e aparentemente foi muito bem, gostei muito da ária das joias.

Gheorghiu parece continuar a cantar Violetta e Tosca com grande exitô pelo que eu venho lendo. Adina e Marguerite não são papeis pobres em agudos, visto que necessitam de alguma coloratura, ainda que Adina seja uma das personagens menos exigentes em termos de coloratura de Donizetti.

Inclusive a "La Traviata" a que me refiro, deslumbrou o Dissoluto. Mas e esse Trovador da Gheorghiu, presta?

J. Ildefonso. disse...

Gosto da primeira Traviata da Gheorghiu a segunda gravação em Milão acho muito má. Da Tosca da Gheorghiu não gosto nada acho muito pobre vocalmente e dramaturgicamente contaminada pelo postura e narcisismo da cantora.
O Fausto pelo que vi na aria das joias é terrivel.
O Trovador em cd é aceitável mas existem disponiveis gravações muito melhores.
Realtivamente aos agudos referia-me unicamente à Adriana e à Fedora mas não fui muito claro.

Rubens disse...

Hoje encontrei todas as Traviatas da Gheorghiu mais sua Manon, além da sua "homenagem" a Maria Callas. Mas optei por levar 2 Lucias, a da Maria Callas (55) e Renata Scotto (67).

Ildefonso, quanto custa em media dvds e cds de ópera ai em Portugal?
pois aqui no Brasil, onde resido elas custam em media 70 a 120 reais. A da Callas por exemplo foi 73 reais, já a Renata Scotto faz parte de uma promoção, então custou-me apenas 16 reais.

Eu queria saber sua opinião sobre essas gravações que comprei hoje.

Rubens disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rubens disse...

Outra duvida minha, é sobre a qualidade de um Barbeiro de Sevilha que adquiri, onde constam no elenco:

Lily Pons: Rosina
Di Stefano: Conde Almaviva
Giuseppe Valdengo: Figaro

Comprei o CD principalmente por causa de sua Rosina, a legendária, Lily Pons, soprano de coloratura muitissimo apreciada no Met.

J. Ildefonso. disse...

Olá.

A Lucia da Callas é explêndida. Gosto especialmente da gravação ao vivo da digressão em Berlim dirigida pelo Karajan. A Scotto também é uma excelente Lucia. Gosto muito dela na primeira fase da carreira quando explorava os papéis lirico/coloratura. Quem é o Edgardo da Scotto? O Bergonzi? É o meu Edgardo favorito.
A gravação da Lily Pons não conheço mas imagino que nessa fase já estivesse no fim da carreira.
Eu pessoalmente não aprecio muito o gosto americano anos 50/60. A orquestra é medíocre, as obras são muito amputadas, etc.

Rubens disse...

A gravação qye tenho da Maria Callas como Lucia é justamente a que você listou como uma de suas preferidas.

O Edgardo da Scotto é o Luciano Pavarotti no inicio de sua carreira.

Mas e o preço dos discos de ópera ai em Portugal?

Il Dissoluto Punito disse...

O Don Giovanni do Met, de que falam, com Terfel e Furlanetto, é banalíssimo, com uma encenação manhosa... Não merece a compra!

Rubens disse...

Dissoluto e quanto a qualidade dos interpretes?

Il Dissoluto Punito disse...

Rubens,

Não vá por aí... Os intérpretes estão muito longe do ideal... Se quer um Don Giovanni, em dvd, inesquecível, opte pelo de Furtwängler, de Salzburgo!

Rubens disse...

Assim que eu acha-lo comprarei, afinal temos nada mais nada menos que o maior Don Giovanni da história, Cesare Siepi.

Dissoluto o que voce acha da Rosina da Lily Pons?