terça-feira, 9 de agosto de 2011

Guillaume Tell




Disse-me um passarinho, atento e sábio, que o Guilherme Tell (Rossini), d'áprès Pappano, é um portento. A crítica, em uníssono, aclama-o, como segue:


















Em breve, ver-se-á se assim é!

18 comentários:

Xavier disse...

O passarinho é distraído, pois a capa do cd não coincide com os intérpretes referidos na crítica que vem depois. Aliás as capas dos cds tendem a pôr os nomes das óperas na língua original e não em tradução. "William Tell" parece mais uma edição da "opera in english".

Il Dissoluto Punito disse...

Xavier,

Distraído?! Terá reparado neste detalhe: "(the live EMI recording is in the shops and online now)"?! O artigo TAMBÉM faz referência ao registo em cd! Depois, como poderá verificar melhor, sob o título em inglês (capa da Amazon) está escrito french version ;-) Got it?
;-)

Sabe, Xavier, embora se trate de uma récita do Albert Hall, posto que alude à recente edição, não tive alternativa :)))

Hugo Santos disse...

Contrariamente às impressões publicadas pelo nosso Dissoluto, as críticas às quais tive acesso não denotaram um grande entusiasmo pelo registo em questão.

Xavier disse...

Mas a capa do cd tem Gerald Finley no protagonista e a crítica refere Michele Pertusi. Não acha estranho? É por isso que eu digo que o passarinho é distraído.

Ivette Marie Serrano disse...

very nice!

Xavier disse...

Qual a sua ideia tonta, Ivete Maria Serrano?

blogger disse...

Nessa capa vem tambem o nome de Marie Nicole Lemieux, mezzo que lançou um cd recentemente que muito me agrada. Nao sei se será boa em Rossini. Parece-me mulher para coisas bem mais pesadas.

Hugo Santos disse...

Caro blogger,

Lemieux tem-se revelado uma intérprete assaz versátil, deambulando quer pelo reportório barroco como pelas líricas mozarteana, francesa e italiana, para além de incursões no "lieder" germânico e na "chanson" francesa.

Mr. LG, el Mister disse...

Dissopluto,
também estou desejoso de adquirir esta versão e curioso de avaliar os resultados.
Atenção que nem todas as críticas "ravam" about (rave about ;-D ) esta nova versão; Consideram-na somente muito boa. Consulte o Daily Telegraph e o Financial Times para constatar tal.
All the Best, happy hollidays ;-)

LG

blogger disse...

Caro Hugo,

e já ouviu alguma coisa cantada pela Lemieux? Se sim, que achou? Eu pessoalmente, a ser ao vivo igual ao registo em cd, acho que pode ser um bicho em palco, daqueles bons. Já a imagino numa cavalleria rusticana, ou mesmo uma boa Amnéris.

Hugo Santos disse...

Caro blogger,

acabei de voltar a escutar Lemieux, desta feita, na interpretação da ária "Ne me refuse pas" da ópera Herodiade de Massenet, obra que, curiosamente, tem andado muito em voga cá por casa, nos últimos tempos. Tratando-se, em essência, de uma voz de contralto, a canadiana exibe uma recomendável plasticidade vocal, contribuindo para um emprego eficaz das dinâmicas e expressividade no fraseado. Acrescem graves bem definidos e suficiente solidez na região aguda num timbre que denota um apreciável lirismo e liquidez de emissão. Todavia, desconheço até que ponto o seu instrumento comportará o volume necessário para afrontar os grandes mezzos verdianos ou mesmo o reportório verista. Neste particular, acresce a questão relativa ao grau de identificação estilista da intérprete com determinados quadrantes da Lírica. Em suma, julgo que, até ao momento, Lemieux tem sabido extrair o melhor partido das suas faculdades vocais no reportório mais congenial para as mesmas.

J. Ildefonso. disse...

Hugo Santos

Não conseguia exprimir as minhas ideias sobre a cantora de forma mais clara e elegante do que o que escreveu no post anterior por isso faço suas as minhas palavras.

blogger disse...

Hugo,

concordo. Ja agora mate-me a curiosidade e diga-me o que acha da Herodiade.

Hugo Santos disse...

Caro João,

penhora-me com tanta amabilidade. Um reconhecido agradecimento pelas suas palavras.

Caro blogger,

em termos globais, no que se reporta à produção de Massenet, considero a Manon e o Werther, justificadamente, as suas melhores obras. Não por mero acaso, são as únicas que, ao longo das décadas, se tem mantido no reportório dos teatros de ópera. Para além do elevado requinte orquestral, característica transversal à obra do compositor, ressalta uma superior invenção melódica que se ajusta com particular propriedade à respectiva ambiência das supracitadas obras.

A Herodiade, à semelhança do Cid, da Esclarmonde, do Roi de Lahore ou da Cleopâtre, entre outras, respeita a uma dimensão composicional de Massenet, claramente, influenciada pela "grand opéra". No caso em apreciação, a exímia capacidade evocativa do compositor compensa, porventura, uma partitura moderadamente abundante em temas memoráveis. Por outro lado, não deixa de ser algo notória uma excessiva pulverização da estrutura narrativa, fragmentada que surge em diversas cenas cujo encadeamento nem sempre conserva a eficácia necessária para a coesão e desenvolvimento optimizado do drama. Seja como for, a gloriosa orquestração, aliada à recorrência de motivos marcadamente românticos no seu arrebatamento e exuberância, transformam esta Herodiade numa experiência auditiva assaz recompensadora.

Raul disse...

Caro Hugo Santos,
A seguir ao Werther, para mim a melhor ópera de Massenet, e à Manon, pese algumas banalidades e um "Adieu ma petite table" que começa na melhor tradição francesa para acabar em música desinspiradíssima, pudemos dizer que está o melhor de Massenet. Há, porém, uma ópera de Massenet de que gosto muito: Don Quixote. E uma gravação recomendo:
Kord: Ghiaurov, Bacquier, Crespin

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

julgo não poder concordar, na totalidade, consigo relativamente à ária "Adieu, notre petite table". De facto, o arroubo orquestral que introduz a mesma epitomiza, de certa forma, a essência da ópera romântica francesa. Já ária propriamente dita não mais é do que um lamento algo contido que encontra apropriada correspondência na escrita vocal e orquestral.

Se reparar, quer a "coquetterie" como o deslumbramento e inocência de Manon são perfeitamente retratadas nas linhas vocais conferidas por Massenet à personagem.

Raul disse...

Mas não podia ele buscar linhas melódicas mais inspiradas para traduzirem esse lamento que resulta em melodias fragmentadas e muito simples. Mas não me falou do Dom Quixote e da fabulosa cena dos moínhos?

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

a cena dos moinhos constitui-se mais um óptimo exemplo da capacidade evocativa de Massenet através do sábio emprego, por exemplo, de percussão, bem como de figuras rítmicas sugestivas.