A música de Janacek é absolutamente bela, impregnada de pathos e drama. A violência e dilaceração da partitura mesclam-se com momentos imensamente líricos e delicados. Contudo, na sua essência, há uma brutalidade visceral.
Nesta magistral encenação, Carsen opta por uma depuração radical, relembrando a herança de Bob Wilson. Tudo é reduzido ao mínimo essencial: cenários e iluminação. Em contraste, privilegia-se a expressividade: os intérpretes actuam, cantando secundariamente.
A água – o ovo de Colombo da proposta de Carsen -, omnipresente, desde o primeiro minuto, afirma-se como elemento primeiro e derradeiro. Kata, na progressão dramática, oferece-se em sacrifício à dita água, como forma de expiar o seu pecado. Corroída pela culpabilidade, a ela se entrega, num inexorável gesto suicidário.
Por uma das mais sublimes mise-en-scène...
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