Existem interpretações absolutamente incontornáveis, que ofuscam toda e qualquer ousadia vindoura. Tal é o caso de Don Giovanni (Giulini'59), Parsifal (Kna'51 e '62), Tristan und Isolde (Furtwängler) e Tosca (De Sabata'53). Mais do que referências, estas leituras transformam-se em modelos, praticamente irrepreensíveis, que se tornam em peças idealizadas.
Doravante, a crítica tende, de modo inexorável, a comparar a interpretação contemporânea com a histórica, sendo que a ousadia presente perde aos pontos, face à opera prima...
O caso de Tosca será dos mais tiranos, posto que arrasa quase toda a discografia pós-Callas. Falo da Callas Divina que, em meados de 1950, residia no Olimpo. A sucedânea Tosca - de inícios de 1960 - (já terrena, ainda que parisiense) é considerada uma mera amostra do génio de outrora...
Mas, mas - caro leitor -, mas, mas - repito... Não é que a SONY resolveu comercializar uma famosíssima Tosca Metropolitana, de inícios de 1960, com Leontyne Price e Franco Corelli??? Que mais se quer, ein?
«This stupendous set is among the first issues from Sony's new collaboration with the New York Metropolitan Opera, the aim of which is to release remasterings of some of the house's finest archive material. Taped in April 1962, this is one of the greatest of all performances of Puccini's political thriller, violent in its passion, yet also extremely subtle in its menace. Leontyne Price and Franco Corelli are glorious as Tosca and Cavaradossi. She suggests the vulnerability and naivety beneath Tosca's fire and fury, though she also confronts Cornell MacNeil's Scarpia with the enraged terror of a cornered animal. Corelli, meanwhile, is very much the noble revolutionary, with every sustained high note sounding like a call to arms. MacNeil, turning from charm to sadism in a flash, is often at his most chilling when at his most lyrical, and Kurt Adler's weighty conducting blends electricity and malevolence in equal measure. The enraptured audience break into applause at every opportunity, adding immeasurably to the excitement.»
É aguardar, ou mergulhar na ITUNES, onde a obra já se encontra disponível para aquisição!
42 comentários:
Eu gosto desta Leontyne,tem raça.A única Tosca completa que tenho é com a Tebaldi,mas já ouvi extractos da Tosca de Leontyne e siderei.
Portas,
Junte a Callas a essas duas e tem as três mais perfeitas Toscas da discografia.
Eu tenho essa gravação dirigida por Kurt Adler, datada de 1962. Aliás, foi dos primeiros registos ao vivo que adquiri. Recomendo vivamente.
Caro Hugo Santos,
Além do "frisson" de ser ao vivo, que é um grande atractivo, e do Corelli, a Price/Adler supera a Price/Karajan? Isto porque de certeza que o Karajan e o Taddei estarão muito além dos correspondentes na presente gravação.
Caro Raul,
MacNeil é um magnífico Scarpia, tal como o registo vídeo com Verrett e Pavarotti, ainda que ligeiramente tardio para o barítono norte-americano (1978), atesta.
Por outro lado, Kurt Adler, pese embora a long associação com o MET na qualidade de maestro do coro (1943-1973), não desmerecerá, de todo, uma potencial rotulagem de maestro rotineiro.
Ora já cá mora a dita da Leontyne,por isso estimado Raul,só me falta a da Callas.Obrigado pela preciosa informação.Abraços
Caro Portas,
Pra já, um abração de saudades ;-)) :-D
Segundo: há duas versões - em estúdio - da Leontyne Price na Tosca.
A qual se refere? A de Karajan para a Decca com Di Stefano, ou a de Zubin Mehta para a RCA/Sony com Domingo e Milnes?
Se me fizesse o Obséquio de esclarecer qual delas aí habita no seu lar. ;-)
Esta versão que agora sai e que tem privilégio de um Post do nosso Dissoluto, tem o beneplácito da memória de uma super idade de ouro da lírica, quando as técnicas de gravação se aperfeiçoavam dia a dia e o LP era rei. Um grande bem hajam a todos esses responsáveis, bem longínquos do nosso Portugal, pelos nossos sonhos líricos mais que dourados. ;-))
Um Corelli, uma Leontyne, um McNeil numa Tosca at the Met, em 62…
Bem…
O cérebro ilumina-se, começa-se a ganhar água na boca, a carteira começa a chorar… e, pois então… aí temos mais uma Tosca na nossa discoteca ;-))
LG
Ora viva estimadissimo Lg,el grande mister :) seja bem ouvido :) pois bem,a Tosca que acabou de entrar,é uma que tem a madame Leontyne na capa,muito escurinha e de lábios muiiiitos sensuais :) dirigida pelo defunto Karajan,acho que em 63.Da Decca.É essa.E já escutei uns trechos e gostei imenso do som.Só aquela entrada mete logo respeito!
Mande sempre que eu ando por cá,embora ás vezes não pareça :)
Caros,
Se quiserem, leiam o que escrevi da Tosca com Price, Di Stefano e Von Karajan, há uns bons anitos, depois de uma saltada a Madrid ;-) (http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2007/11/floria-von-karajan.html)
Também tenho a outra Tosca da Price, com Domingo e Milnes. Não me deslumbra...
A da Gheorghiu é óptima e as da Callas - a primeira, sobretudo - são obrigatórias!
Conheço a Tosca de uma nota à outra e foi a ópera que mais vi (11) desde 1965 no Coliseu com Antonietta Stella até a Carol Vaness no Met em 2000, passando por Rita Orlandi-Malaspina, vocalmente grande, (1981) e Martine Arroyo (1985), ambas no São Carlos e Josepnine Barstow em 1992 em Hong Kong. Eu até vi a Tosca cantada em chinês em Pequim em 1988! As gravações que possuo são, modéstia à parte:), as melhores: a Callas / Sabata, Tebaldi / Pradelli e Price / Karajan. Também possuo a Nillson, com o Corelli e o Diskau, a Freni, com o Pavarotti e Milnes, e a Scotto, com o Domingo e o Bruson. Em Dvd, os excertos da Callas (Paris e Londres) e a ópera completa pela Tebaldi (Alemanha e Japão), a Gheorghiu e a Guleghina.
As três supremas intépretes (Callas, Tebaldi e Price) gravaram duas vezes a ópera e só a Tebaldi o fez no seu apogeu vocálico. A Callas em 1964 é uma sombra da versão Sabata e a Price na versão Mehta sofre muito da comparação com a versão Karajan. Aliás outras segundas versões da Price (Força do Destino, Aida) são um "downgrade" em relação às gloriosas primeiras versões.
Relativamente à Tebaldi, aconselhos todos a ouvirem a Vissi d'Arte da primeira versão; quanto à segunda, uma das suas melhores gravações e que penso ser aquela que o amigo Portas tem, eu não aprecio o timbre do Scarpia (George London), embora tenha sido um grande intérprete. A presença do Del Monaco é fabulosa, como por exemplo no "Quel'occhio al mondo...".
Nos tempos actuais estou de acordo com o amigo Dissoluto: Angela Gheorghiu é uma grande Tosca e na versão Pappano é a melhor da sua geração.
Não sei ao certo Raul,pois a Tosca que tenho é da caixa da Decca com as operas de Puccini,irei ver os detalhes.Sim,eu também adoro o Del Monaco,tem uma pujança formidável e uma energia contagiante.Felizmente nessa edição ele canta em muitas óperas.Ando a namorar um Otelo,que ainda não possuo na minha discoteca e sei que mais dia menos dia,vai ser o dele.
Raul,é obra,11 Toscas!já fez o mestrado em Tosca :) eu só vi uma,pequena produção portuguesa,ali nos claustros se não estou em erro,do museu amadeu sousa cardozo em Amarante,e guardo uma memorável memória dessa noite.
Tosca será, porventura, a minha ópera favorita de Puccini. Não por acaso, entre registos "live" e comerciais, devo possuir perto de uma centena de gravações, isto se a marca não tiver já sido superada.
Além das invocadas, uma outra leitura da Tosca que recomendo sem hesitações é a que reúne Galina Vishnevskaya (numa interpretação assaz visceral), Franco Bonisolli e Matteo Manuguerra, dirigidos por Mstislav Rostropovich. Trata-se de uma versão editada pela Deutsche Grammophon, datada de 1976.
Caro Portas,
Experimente a minha sugestão para uma primeira audição do final do 1º Acto da Tosca versão Karajan Decca 62/63:
Aproveite um dia em que os vizinhos saíram todos das suas casas, se for o caso de viver num prédio, ou, se viver numa rica e luxuosa vivenda, aproveite que ninguém esteja por perto. Assim que a faixa do CD atinga as seguintes linhas cantadas pelo Barão Scarpia ( Giuseppe Taddei):
"Tre sbirri... Una carrozza...
Presto!... seguila
dovunque vada!..."
Etc, etc …
Ponha o volume da sua Hi-fi BEM ALTO, mas, obviamente, dentro do audível e do aceitável. A seguir, deixe-se levar… ;-)
Se sentir a sala a tremer e a casa quase cair de tanta tremura, a começar a apresentar fendas e a cal começar a cair, NÃO SE INCOMODE, É PERFEITAMENTE NORMAL DEVIDO ÀS CIRCUNSTÃNCIAS.
:-D :-D
LG
P.S. Caros,
Chamo também à atenção para o final do 1º Acto da Tosca na última versão Karajan DG 79/80 com Ruggero Raimondi como Scarpia ser também espectacularmente sonora. Quanto ao resto, pouco posso ajuizar, dado que só ouvi um CD de Extractos desta mesma versão Tosciana já há uns bons e valentes anos.
Caro Hugo Santos,
Nem lhe pergunto como arquiva 100 Toscas, mas pergunto-lhe se as ouviu todas ou mais do que uma vez. É que a Tosca da Tebaldi já devo ter ouvido umas 200 vezes, se considerarmos que está na minha mão há mais de 40 anos. Não há memória para se ouvir tanta Tosca :).
Caro Portas,
Por acaso até tenho um mestrado, mas muito mais esquisito do que em Toscologia :)
100 toscas???? é obra Hugo,que paixão.Isso tudo em cd?ou ainda vem do vinyl? ainda bem que diz que essa tosca de Kurt Adler é de 62,pois tenho um enorme carinho por esse ano e simpatizo com tudo que seja desse ano.Mistérios!!! logo que possa vou comprar.
Lg,obrigado por belas dicas,a mim,que conheço mal as operas,dá-me uma enorme ajuda saber os pontos altos,por assim dizer as coisas mais importantes,obrigado,amanha vou já direito ao assunto.Julgo que até as galinhas da índia que moram no meu vizinho se irão empoleirar na vedação :)))
Raul,gostei dessa da toscologia :) fez-me rir.Eu nao tenho mais que 9 exemplares do mesmo autor/musico,e nem é de opera,é do velhinho Bob Dylan.Mas não me inquieto,devagarinho vou usufruindo desta descoberta magnifica.
Se pudesse oferecia um jantar a vocês todos pela paixão contagiante com que me têm feito gostar cada vez mais de opera.
Caríssimo Raul,
Olhe que nem parece seu.
Toscologia? … …
Dá-me a sensação que temos aqui um erro.
Senão reparemos:
Tosco é uma palavra antiga da língua portuguesa. Recentemente, tornou-se uma expressão popular (gíria) em Portugal para designar algo mal feito, mal formado, feito sem refinamento, sem muito cuidado ou capricho.
Logia – em Português, utilizado como Sufixo, quererá significar: um campo de estudo; um estudo de um assunto em particular.
Um campo de estudo, o estudo de um assunto de algo mal feito, mal formado, feito sem refinamento, sem muito cuidado ou capricho? …
Qual a relação que tem com a TOSCA?
Olhe que acho que não. Não será antes TOSCALOGIA?
Senão reparemos:
Floria Tosca - a nossa cara personagem ficcional, por aqui tão amada e versejada, criada pelo dramaturgo francês Victorien Sardou (1831-1908) na sua peça teatral Tosca, datada de1887; imortalizada pelo Maestro compositore Giacomo Puccini, com a ajuda do libretto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, e estreada, esta magnifica Ópera homónima, no Teatro Costanzi de Roma, a 14 de Janeiro de 1900…
La Farrar, La Muzio, La Turner, La Cigna, La Jeritza, La Welitsch, La Kirsten, La Tebaldi, La Callas, La Stella, La Jurinac, La Olivero, La Price, La Nillsson, La Rysanek, La Brouwenstijn, La Jones, La Vishnevskaya, La Freni, La Scotto, La Caballé, La Bumbry, La Kabaivanska, La Arroyo, La Marton, La Behrens, La Te Kanawa, La Malfitano, La Vaness, La Mattila, La Cedolins, La Urmana… La Matos, pois então… whatever.
Logia – o mesmo referido anteriormente.
…
Eu acho que será correcto referir-se TOSCALOGIA e não Toscologia.
Sempre ao seu dispor.
Atenciosamente,
LG
Caro Raul,
já terei ouvido, seguramente, mais de metade, tendo regressado a determinadas gravações em diferentes momentos. Nestes casos em particular, a selectividade da memória é fundamental.
Caro portas,
uma tal paixão inebria-nos, levando a verdadeiros estados de absoluta desconcertação. Imagine o que é possuir entre dois a três milhares de gravações áudio e procure avaliar a condição em que me encontro :).
Relativamente à questão que coloca e que, de certa forma, complementa a indagação do caríssimo Raul: há alguns anos atrás optei, como forma de optimizar o espaço disponível, por ir “transformando” todos os registos não comerciais em "bytes", ciente, obviamente, dos riscos inerentes a uma decisão desta natureza, sobretudo no que à integridade dos mesmos concerne. De um momento para o outro posso perder tudo…
Au secours ! Portas , Dissoluto que explicação para isto? Psicalitacamente falando. Veja lá Portas, aquilo que o fez rir fez a outros uma reflexão profunda sobre a formação das palavras. Caríssimo !!!
Vou responder civilizadamente a quem me chamou sapo, snob e sem ideias próprias. Não resisto à resposta civilizada e um pouco snob na linha de Horácio, António Ferreira e João Galamba.
LG,
Eu estudei mais do que "-logia" , que vem do λόγος (ver Wikipedia) quer nas cadeiras de Mitologia Romana e de Historiografia Grega. Já há uns trinta e poucos anos. Ensinei muitas vezes este tópico da formação das palavras. Mas quanto à *toscologia (em linguística coloca-se um asterisco antes de uma palavra inexistente ou não documentada), por favor, preste atenção a isto:
Em latim "China" diz-se "Sina" e a ciência que estuda a cultura e a civilização chinesa "Sinologia" e os seus estudiosos "Sinólogos", aquilo que eu gostaria de ser se não viesse tão tarde na minha vida.
Raul,se alguém aqui lhe volta a chamar isso,eu juro,como gajo do norte que sou,que dou a esse magarefe um gancho de esquerda até ter uma fractura da orelha.Pode não ser civilizado,mas resulta e garanto que nunca mais há-de ouvir musica em estereofonia.
Obrigado, Portas, por essa resposta nortenha e musculada. Olhe o meu sangue é 3/4 nortenho (pai e mãe minhotos), mas eu já nasci em Lisboa, o primeiro numa família mais ou menos grande, muita dela na Norte. Temos de nos encontrar, porque é "obrigatório", sempre que vou aí, fazer uma visita à família, nomeadamente a um irmão no Porto.
Voltando á Tosca,tenho ouvido,quiçá mais atentamente,a Tosca da Tebaldi e Del Monaco,e....acho que tem um som melhor que a Tosca do Karajan e Price.Melhor limpidez,melhor sonoridade,melhor detalhe e até melhor estereofonia,a meu ver tem mais matizes.O som do Karajam,embora seja muito bom,tendo em conta que´foi gravado em 63,parece um pouco mais "morno" e sofre da comparação.Quanto ás prestações dos intervenientes,bem....nessa eu não me meto,disso percebem vocês,mas eu gosto de ambas,no entanto os machos da versão do Karajan soam melhor,mais melodicos,sei lá,parece.
Por exemplo,o Lg falou no final do primeiro acto e eu escutei com toda a atenção,mas de facto fico mais sensibilizado com a voz masculina da versao do Karajan.Na versão Tebaldi,o homem canta bem,muito forte,mas.....é duro ao pronunciar " tosca ",não gosto,o que canta na versão Karajan,esse sim,tem melodia,diz aquilo com sentimento,com paixão,soa emocional,quase que susurra ao dizer "tosca",é lindo.É o que sinto.
Raul,pois será um enorme prazer desfazer esta virtualidade.Quando quizer.
Portas, um grande momento da Tosca, para mim, começa quando Tosca diz para Scarpia "Dunque Per compiacervi si Dovrebo mentire" e aí a Callas é inultrapassável, acompanhada logo da Price. Meço drama da intérprete por esta frase. As três Toscas de que falamos, Callas, Tebaldi e Price, são inigualáveis. Callas é mais segundo acto, Tebaldi é mais primeiro acto. Repare na voz desta quando pede a Mário "Ma falle gli occhi neri!" Na morte de Scarpia a Callas é um paradigma inantigível, igual ao recitativo da Norma "Sedizioce Voci".
Quanto à gravação penso que o Karajan é superior ao Molinari-Pradelli, como não podia deixar de ser. Quanto a Scarpias, George london foi um grande Scarpia, que cantou com todas as grandes Toscas do mundo, inclusive com a Callas na estreia desta no Met. Mas Giuseppe Taddei, na gravação da Price/Karajan é muito melhor timbricamente e em palco é excepcional, como tive ocasião de testemunhar em Lisboa em 1968. Ainda guardo na memória a sua entrada, de frente, no primeiro acto.
No seu blogue está o seu email?
Caro Raul,
a própria Tebaldi revelou, em diversas entrevistas, abordar o dueto do primeiro acto da Tosca como se de uma comédia romântica se tratasse. Tal facto encontra-se patente no DVD que documenta as récitas de Tóquio datadas de 1961, com Gianni Poggi e um soberbo Giangiacomo Guelfi.
Outras frases a considerar com especial atenção: "Dio mi perdona... Egli vede ch'io piango!" (Acto I, Cena nona) e "Com'e bello il mio Mario. Là! Muori! Ecco un artista!" (Acto III, Cena última). Aqui aproveito para invocar uma outra Tosca incontornável: Magda Olivero.
No que se reporta a Taddei, julgo não ser necessário alongar-me em comentários que, estou seguro, redundariam fatalmente supérfluos. Ambos partilhamos uma incondicional admiração por este superior intérprete.
P.S. Está igualmente a dever-me uma “visitinha” :).
Caro Hugo,
Tudo o que cita é mesmo como diz. Não parávamos de acompanhar a Tosca da Tebaldi. Quanto à Magda Oliver, sim, grande Tosca, embora eu não seja um incondicional da sua "lágrima" na voz. Gosto mais da da Grummer ou da Söderström. Olhe, uma Tosca que me surpreendeu muito pelo positiva foi a Freni, superior à Nilsson e à Scotto.
Certamente que, quando for ao Norte, entro em contacto.
Um abraço
Raul
Raul
Relativamente à Tosca da Freni aconselho a versão Sinopoli com a Freni/Domingo/Ramey. É explêndida. Nem melhor nem pior do que as referidas, diferente.
A Freni diz que teve muita pena de não cantar o papel em palco mas quando se sentiu preparada para faze-lo no inicio dos anos 90 achava que já não podia constituir uma figura verossímel em palco.
Ildefonsíssimo,
Eu estou a falar da Freni com o Pavarotti e o Milnes. Quanto à que tu referes, estou em desacordo contigo. Como dizia a crítica francesa na altura, é mais um "falar cantando" do que puro canto. Esta Tosca é de 1992, doze anos após a outra, e a grande Freni está perto dos sessenta.
Caro J Ildefonso,
Também partilho da sua admiração pela versão Sinopoli. Só a escutei na íntegra uma vez, há já uns anos, na Antena2. Embora a veja muitas vezes nos escaparates à venda, nunca me deu a adquiri-la embora seja um grande admirador de Sinopoli, muito mais no repertório germânico. Ahh… se eu apanhasse a caixa DG com as suas Sinfonias de Mahler… :-)
Apesar de Sinopoli ter dedicado uma certa atenção à produção operática Pucciniana, as suas versões neste domínio soam um bocado “barulhentas” demais, como se fossem Richard Strauss…
Esta perto, eu sei, mas a geografia e cultura operática dos dois é bem diferente. Tenho aí na minha discoteca a sua Cavalleria Rusticana com Baltsa e Domingo (DG), que me soa demasiada monumental, bombástica. Do mesmo sofre a sua Madama Butterfly com Freni e Carreras (também DG).
De qualquer maneira, disse-me um passarinho ;-)) , que brevemente teremos o seu Parsifal de Bayreuth98 em DVD. Já não era sem tempo… ;-))
Quanto à Freni, não sei se também terá afectado a sua decisão de não atacar em palco a nossa Tosca o facto da Freni sofrer de um certo problema de motricidade. Dá-me a sensação que quando a vejo já nos seus registos mais tardios como diva assoluta do Verismo na Fedora ou na Adriana Lecouvreur que manca ao deslocar-se em palco. Imaginemos só: a mulher tem que, no 2ºActo, andar à bulha com Scarpia e mata-lo; no 3ºActo, tem que correr para o recem fuzilado Mário, uns segundos depois tem que correr para o parapeito da plataforma do Castel Sant'Angelo, proferir o finalíssimo “O Scarpia, avanti a Dio!” e atirar-se para cima do colchão que está lá em baixo à espera dela… é obra, é um sofrimento para quem sofra de problemas de motricidade. Dá-me muito a sensação que a Freni sofria deste problema, que se acentuou com a idade.
Se Freni, a última das últimas legítimas italianas lírico-spinto, não “pegou” na Tosca, outra ouve que fez deste papel seu: La Kabaivanska. Papel apropriado para o seu timbre e para a extensão da sua voz, reinou com ele até já não podermos ouvir mais a degradação do seu material vocal, já bem dentro da década de 90. Já a sua voz não podia mais e teve direito a duas (!!) versões áudio: uma para a editora Frequenz vinda de Verona (acho eu) com Antinori, Portella, Gabriele Bellini (esta que fazia as minhas delícias de estudante na montra da velha Discoteca Almedina, na Coimbra de 1985 :-)) e outra com Pavarotti, Wixell e Daniel Oren como maestro para a RCA/BMG. Nunca as escutei na íntegra… mas faço ideia o estado da Kabaivanska.
Outras houve: La Marton compunha uma Tosca demasiado agressiva vocalmente, confesso-o, apesar de ser um seu fã incondicional. Também, não acompanhava a personagem com um jogo cénico por aí além…
Anna Tomowa-Sintow. Vi-a no S. Carlos, nos idos de 95. Não me deixou grandes impressões, tanto vocalmente como cenicamente. Nesta Récita, o frisson veio-me do Scarpia do gigante James Morris.
(segue-se a 2ª Parte)
A propósito de Luciano Pavarotti como Cavaradossi, conservo nas minhas memórias como ouvinte da Lírica muito boas impressões, daquilo que permitia já naquela altura o seu grão vocal, as famosas Récitas do Met nos idos de 90, quando estas eram a novidade das novidades na Antena2. Em1994, já Maria Guleghina, nos seus bons tempos, reinava como Floria Tosca; em 1995, com uma tal de Elizabeth Holleque e nos anos finais do seu Cavaradossi at the Met, a Floria de serviço era outra senhora nada desprezível: Carol Vaness. Também já tendo passado o tempo do seu Prime Time…
Hoje… bem hoje… :-/ hoje já não há Toscas como antigamente ;-)) :-D
As de hoje, são sopranos líricos norte-americanas, na sua maioria (Of cross!)
com algumas notinhas que lhes dão jeito para uma Tosca que se consiga servir mais ou menos digna desse nome… de qualquer maneira…
…algumas bem se queimam, mesmo assim: La Mattila, por exemplo.
A Sra.Gheorghiu. Bem… quer suceder à Callas e para isso tem a máquina empresarial da EMI atrás de si. Deu-nos uma linda Tosca, uma Tosca verdadeiramente lírica, diria mesmo almofadada de muito soft que consegue ser… mas a força, o drama… que tinha a Marton, até demais… cadê?... ainda estou à espera. :-/
Uma boa soprano lírica revelou-se Patrícia Racette em 2010, récitas às quais o nosso Dissoluto teve o privilégio de assistir no nosso palco de eleição.
Tenho uma certa curiosidade em saber se há algum registo sonoro ou visual da soprano canadiana Adrienne Pieczonka na sua Tosca da Ópera de S. Francisco do ano passado. Desta espero “alguma” coisa.
Sondra Radvanovsky este ano nas Récitas do Met? … não, não!... :-/
Talvez um dia os agentes agendem-nos numa casa de Ópera perto de nos (Valencia?) uma Tosca, dignamente gravada para a TV e para posteriores edições DVD ou Blue-Ray, uma Tosca com a nossa Elisabete Matos. Zubin Mehta a dirigir?... sonhemos, sonhemos…
Tudo isto para dizer que, para mim, o verdadeiro “Oscar” de Floria Tosca vai para… Madame Meneghini Callas que me perdoe, mas o “Oscar” vai para RENATA TEBALDI. Senão, ora ouçamos…
http://www.youtube.com/watch?v=LkFXH-9IFg4
toda a cor e volume necessário de uma Lírico-spinto para uma Floria Tosca estão aqui, meus senhores. Não há palavras…
…os cambiantes, matizes, inflexões e variações, whatever, que algum dia Giacomo Puccini sonhou para o “Vissi dÁrte…” da sua Floria estão aqui em carne e osso. Fica para a História da Lírica o lamento de Puccini nunca ter escutado a voz da sua Floria (e não só) de eleição.
Vinho desta cepa, já não existe meus senhores… ou como dizia a nossa Hermínia: fado a valer já não há. :-)
Mário Cavaradossi? Resposta: Franco Corelli. Il Barone Vittelio Scarpia? Resposta: só há um, e esse é Tito Gobbi.
A encenação?: a de Franco Zeffirelli, pois então… Ok, Dissoluto. Não vou lutar consigo. ;-)) :-D
Caro Portas,
Leontyne Price não foi só exímia ao nível Operático. Na canção americana também era difícil igualá-la. Antes de se abalançar a sério na sua Price/Floria Tosca, para si reservo-lhe os seguintes Links, siga-os. ;-) Sei que também deve ir ao encontro dos seus gostos, presumo…
http://www.youtube.com/watch?v=UaU-c7awFwk
http://www.youtube.com/watch?v=XKyHHMoXfGo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=D5PFLogttFE&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=MIw0DyLrirE&feature=related
e com esta prelecção toda, lá se passou uma tarde toda em frente a um computador. ;-/
E o Parsifal / Gergiev, Urmana, Lehman, Nikitin, Pape, Putilin em comparação com o Parsifal Hans Knappertsbusch, Hans Hotter, Gustav Neidlinger, Irene Dalis, Jess Thomas, Martti Talvela, George London … que espere. :-)
Para os que gostaram, o meu muito sincero obrigado.
Para quem não, paciência. Melhores dias virão… ;-)
All the Best.
LG
Sorry Portas,
Talvez me tenha esquecido do melhor:
http://www.youtube.com/watch?v=UaU-c7awFwk&feature=related
Really enjoy, I hope ;-)
LG
Caro Mr.LG,
permita-me tecer algumas considerações.
Na minha perspectiva, Sinopoli, não obstante a inatacável estatura enquanto director orquestral de primeira linha, sempre emergiu como uma figura de extremos. As suas leituras operáticas denotam uma excessiva oscilação entre "tempi" freneticamente rápidos e andamentos algo lentos e arrastados. Por outro lado, a sua louvável advocacia em prol de uma absoluta transparência nas texturas orquestrais, pese embora assaz reveladora em partituras menos frequentadas (ouça-se o seu Attila com Mara Zampieri ao vivo em Viena), redunda numa série maneirismos potencialmente pouco toleráveis em obras de "reportório" (Nabucco).
Pelo pouco que pude ouvir da sua integral das sinfonias de Mahler para a DG, a desaprovação da critica especializada não se afigura, de todo, infundada.
(Cont.)
(Cont.)
Penitencio-me, neste ponto, por não me haver recordado de uma das mais notáveis Toscas da segunda metade do século vinte: Raina Kabaivanska. Conquanto o timbre marcadamente eslavo, com aquele metal tão característico dos instrumentos provenientes destas latitudes, não recolha o beneplácito imediato dos "operários", a caracterização é magnífica, numa simbiose a que raras vezes se assistiu neste papel. Chamo a atenção para dois registos indispensáveis que documentam o soprano búlgaro na heroína de Puccini: com Gianfranco Cecchele e Giuseppe Taddei (de uma brutalidade suprema), dirigidos por Rouslan Raichev em Sofia (1972), produção que marcou a estreia de Kabaivanska e Placido Domingo, Mario Zanasi, com direcção orquestral a cargo de Francesco Molinari-Pradelli no Scala (1974).
A melhor Marton, no que ao reportório romântico italiano concerne (exceptuando a sua Turandot), remete-nos, quase fatalmente, para a década de 70. É deste período temporal que provem uma gravação da Tosca com Giacomo Aragall e Kostas Paskalis, sob a égide de Alberto Erede na Ópera de Viena (1977). Aqui o peso vocal de Eva Marton revela-se perfeitamente adequado à Lírica pucciniana.
Sob pena de me alongar para além do tolerável, termino com uma breve referência a Sondra Radvanovsky, uma das minhas intérpretes de eleição, cuja Tosca, tal como apresentada ao vivo no MET, pareceu-me enfermar de um ligeiro défice dramático face à sumptuosidade vocal patenteada. Em Julho, pronunciar-me-ei com maior propriedade assim que a ver e ouvir aqui ao lado.
" andar á bulha " ....ora aí está uma expressão que eu não ouvia há séculos,thanks Lg por este tropeção na memória e thanks também por tantas e tão boas recomendações,vou demorar a verificar isso tudo.Fiquei a arfar com o seu post :)))
Raul,eis o meu belo mail fpmaga3@gmail.com
A todos agradeço este "toscacontágio",pois devo dizer que fui severamente tocado e agora ando diariamente de Price para Tebaldi e de Tebaldi para Price,de London para Monaco e de Monaco para London com Tadei e Di Stefano a encantarem os meus ouvidos.
Mas o estranho é que ainda ando no 1º acto....e dali ainda não saí,volto e re-volto e assim ando encantado como que a não me apetecer mudar de disco,ou melhor,de acto :)) será que ainda não usufrui do melhor?????
Sim, caro Portas, o segundo acto é o melhor, embora o primeiro seja uma jóia. Quanto ao terceiro já acontece o mesmo na Boheme e na Butterfly: é o menos bom. Talvez Puccini estivesse com pressa em acabar. Quem sabe!
Caro Hugo Santos,
Um pequenino desacordo: estou longe de obter uma plena satisfação com a Sondra Radvanovsky. Compare a sua Tacea la notte com, por exemplo, a de Aprilo Milo, cantora de que gosto muito. Está no Youtube.
Ouvi uma vez a Butterfly Sinopoli/Freni e fiquei impressionado com a leitura da entrada da protagonista (para mim, uma das coisas mais belas da ópera italiana)no Primeiro Acto.
A Marton, uma grande cantora actriz a quem nem sempre a voz responde. Há muita estridência na sua voz.
A Raina Kabaivanska tinha por vezes um timbre que parecia que tinha algo na boca quando cantava. Mas, sem dúvida uma boa cantora.
Caro Raul,
Millo será, porventura, um dos derradeiros exponentes daquela velha escola italiana que identificamos, por exemplo, com Tebaldi, Stella, Tucci, Maragliano, Osma, Santunione ou Orlandi-Malaspina, para me deter em instrumentos lírico-spinto. Também tenho bastante apreço pelo soprano norte-americano.
Raul,
relativamente a Sondra Radvanovsky é-me difícil não deleitar com a homogeneidade do instrumento - desde uns graves bem definidos a agudos resplandecentes - o volume generoso, uma emissão constantemente "sul fiato" e a flexibilidade notável numa voz deste porte, sem olvidar a urgência dramática que os seus desempenhos denotam.
Caro Hugo Santos,
Para já, muito obrigado pela atenção que dispensou ao meu (eu sei, tenho que o confessar :-) ) GIGANTESCO Post.
Em tudo concordo consigo, excepto no que concerne a Giuseppe Sinopoli. Mas não vou agora por aí.
Daquilo que vi dessa Tosca72 com a Kabaivanska e Giuseppe Taddei e que gira o extracto no YouTube, lhe digo que é o puro VERISMO em acção e com intérpretes artisticamente e vocalmente à altura. Um estilo de Ópera que hoje, INFELIZMENTE, é classificado de excessivo e fora de moda, perante a “barrocada” e o “light” reinante. Por isso, a escola verista italiana de Lina Bruna Rasa a Mirella Freni está em vias de extinção ou já se extinguiu, infelizmente.
A todos neste Blog aconselho vivamente a ver:
http://www.youtube.com/watch?v=tWkGFqNlr7E&feature=related
Sondra Radvanovsky. Eximia verdiana, revela grandes lacunas ao abordar um papel verista como La Tosca. Falta-lhe a Escola e a Italianitá (se assim se diz e assim se escreve). Técnica, pode tê-la. Exprimir o Drama com a voz e todas as inflexões que devem surgir com uma Tosca, na minha opinião, faltam-lhe
Sabe porque fez a Tosca? Na minha opinião, ora vejamos: at the MET, La Mattila declarou que se demitia do papel; a Sra. Gheorghiu é uma eterna inconstante; La Fleming “ainda” não pegou no papel. Qual a Diva disponível a seguir at the MET? Pensa Peter Gelb, o general manager da casa. Resposta: Sondra Radvanovsky. E para mim, do que eu escutei, os resultados não foram nada famosos.
Caro Portas,
Espero que “devore” o mais rapidamente possível o IIº da Tosca e os Links que eu lhe mandei. Foram pesquisados e achados com todo o amor e carinho. :-D
Arfou com o meu Post? Eu arfei uma tarde inteira a escrevê-lo :-D
Peço já aqui as minhas sinceras desculpas por alguns erros ortográficos e pontapés na Gramática. :-) Pensava em tanta coisa e escrevia ao mesmo tempo…
Foi obra… a não se repetir assim tanto. Não por desconsiderar as penas de reflexão a que este Blog do Dissoluto me obriga :-) , mas o tempo que o levei a elaborar atrasou completamente a minha vida.
Dissoluto, a quanto obrigas :-D ;-))
All the Best.
LG
Hugo Santos,
Sondra Radvanovsky, daquilo que já escutei dela, para mim revela um timbre opaco e baço, nada atraente. Para o drama e inflexões vocais de Leonora de Il Trovatore, serve. Quanto a uma Tosca, continuo a reservar as minhas dúvidas.
Entretanto... não se esqueceu de Virginia Zeani? Também navegou no Lírico-Spinto.
Atenciosamente,
LG
Bem lembrado, Mr.LG. Mais um "senior moment" da minha parte, a acrescentar ao ocorrido com Kabaivanska.
Mr.LG,
a Lírica não é só feita de vozes bonitas, como bem sabe. Se alguns intérpretes nos chamam a atenção por esse factor, outros há que nos despertam a curiosidade por intermédio de outros predicados. Nada de mais natural.
Exactamente, Hugo Santos. :-)
Daí a minha grande admiração por La Marton.
Muito obrigado pela sua atenção.
All the Best.
LG
Bom meus amigos,não resisti e esta noite,melhor dizendo,esta madrugada avancei para o resto da Tosca da Price e de lá saltei para a da Tebaldi e versa-vice e vice versa.Meti os fones,não fosse o prédio ter uma revolta noctívaga e ataquei o que me faltava da Tosca e realmente estou sem, palavras.Resultado : não consegui dormir e a ultima vez que me lembro de olhar para o relógio eram 5:30h da matina!
Bendita Tosca que me deixou umas olheiras do tamanho dos clérigos!
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