segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Joan Sutherland (1926 - 2010)


Consternado e sem mais palavras, anuncio a morte de Dame Joan Sutherland, ocorrida ontem, 10 de Outubro de 2010.

17 comentários:

Raul disse...

Acabo de constatar no site da BBC que dedica um obituário fora de comum. Neste blogue já foi dito tudo sobre talvez o melhor soprano coloratura de que há registos. Eu tenho, para além de em vários cds de árias, Joan Sutherland nos seguintes papéis:
Don Giovanni, Semiramide, La Fille du Régiment em dvd e cd), Maria Stuarda, Lucia di Lammermoor, Lucia di Lammermoor (em três versões) Lucrezia Borgia, Norma, Beatrice di Tenda, La Traviata, Gli Ugonotti e Siegfried.

Plácido Zacarias disse...

Uma grande perda para o mundo lírico.
RIP

Mr. LG, el Mister disse...

Apanhado completamente de surpresa.
Não o esperava,por enquanto.
LG

Raul disse...

Ano duro: Siepi, Simionato, Taddei e agora a Sutherland.

blogger disse...

Este ano é horrivel.
Sutherland é uma das minhas preferidas e das primeiras grandes paixoes. Estou...enfim, muito triste.

Mr. LG, el MIster disse...

É estranho.
Tenho exactamente em lista de espera, para ser escutada, a Messa da Requiem Giuseppe Verdi ,Vienna State Opera Chorus, Sutherland - a própria,
Horne - a sua companheira musical de eleição, também presentemente não em muito bom estado de saúde: foi-lhe diagnosticado já há um certo tempo um cancro no pâncreas, que acabou também por vitimar o SR. Que se segue e que não precisa de apresentações –
Luciano Pavarotti,
Martti Talvela, e o maestro, todos já o sabemos: Sir Georg Solti.
Nunca a escutei, obviamente, e diversas são as notícias de apreciação.
Versão mais apropriada para ser escutada neste momento, talvez o não haja.
Mas… não a quero pôr já e a propósito no meu leitor de CDs para a escutar. Sinto uma mistura de temor e respeito.
LG

Raul disse...

Interessante:
"When she made a public appearance at the Arts Club of Chicago in 1998 to promote her book The Autobiography of Joan Sutherland: A Prima Donna's Progress, she was brash and jocular. She called mezzo Cecilia Bartoli's coloratura "odd" and claimed not to know of soprano June Anderson, who in the 1980s and '90s at Lyric sang many of what had been Miss Sutherland's roles."
Muito interessante:
Ir ao Yahoo e clickar (horrenda parola!!!) em "How to sing bel canto". Escutar as entrevistas Sutherland, Pavarotti, Horne (a mais inteligente) acompanhadas pelo simpático Bonynge.

Ygor C.S. disse...

Sutherland felizmente não é ainda a última das grandes divas do século XX a ir para um plano melhor. Mas a morte dela ainda assim é um merco divisor de águas. Com ela, morreu um estilo de canto que ela não só aperfeiçoou como fez chegar no ápice: nenhuma cantora antes ou depois (nem mesmo as lendárias Patti, conforme os registros e narrações) combinou poder vocal, beleza e riqueza do timbre, musicalidade e precisão fora do comum, um senso de ritmo de fazer qualquer fioratura soar mais graciosa com ela e, por cima de tudo isso, um fortíssimo conhecimento técnico que fazia com que ela raramente falhasse.

Foi um tanto injustiçada por ser tida como "fria", quando sua Turandot, Lucrezia, Stuarda ou Esclarmonde estão muito mais para vulcânicas que para brandas. Talvez se impressionassem com o fato de que, entre chamar a anteção para efeitos fáceis, Sutherland preferia uma Lucia e uma Norma com fragilidades, focadas em sutilezas e numa visão mais romântica e digna, e não em gritos e expressionismos.

Eu penso como Franco Zeffirelli: as duas maiores gigantes do século XX na ópera foram Maria Callas e Joan Sutherland. Houve sim outras cantoras igualmente grandiosas, mas essas duas reuniam talvez algo mais, especialmente aquele negócio raro que é, décadas depois de suas aposentadorias, as pessoas continuarem a debater sobre a classificação vocal delas. Simples: elas foram fenômenos absurdamente raros, tão raros que Sutherland ora parece uma lírico-coloratura (Amina), ora uma dramático-coloratura (Lucrezia Borgia), ora um spinto (Réquiem de Verdi).

Raul disse...

Sim, Ygor, a Sutherland não é a última grande diva desta idade áurea das que já foram grandes nos ano cinquenta. Ainda está viva Leontyne Price.
O que torna a Sutherland única é que além das suas coloraturas infalíveis, sem rival nos registos sonoros, é a proporção da voz, que pode ser wagneriana. Ela canta a Sieglinde e a Senta. Imagine-se a grande Galli-Curci, os canários Lily Pons e Roberta Peters e a também grande Natalie Dessay a cantar Wagner !!!
Quanto ao pensamento de Zeffirelli, grande conhecedor do mundo da ópera e um mal amado neste blogue, mas não por mim, eu não estou de acordo quando diz que as duas maiores cantoras, penso da segunda metade do século XX, são a Callas e a Sutherland. Já o crítico português Jorge Calado diz que são a Callas e a Nilsson. É tudo um pouco redutor. É ignorar outras grandes cantoras, embora não tão únicas como a Tebaldi, a Price e a Schwarzkopf.

Gus On Earth disse...

Não era comparável à Sutherland, certo, mas partiu também a nossa (= portuguesa) Cristina de Castro.

Raul disse...

Coitada! Vi-a na Gilda, Adina e Museta. Não era nada má. Está imortalizada na Traviata de Lisboa da Callas.

Anónimo disse...

Pobre Cristina de Castro que era tão simpática e modesta. Escutei uma Traviata dela e era bastante bonita e muito bem cantada.
A Sutherland foi bastante adulada em vida e com toda a justiça. Também ela parece ter sido bastante simpática o que é sempre um ponto a favor.
Demorei muito tempo a reconheçer o devido merito a esta grande cantora. Foi a Beatrice de Tenda do Bellini que me fez escutar a Sutherland com amis atenção. Até então estava embriagado com as interpretações da Callas e da Caballé.

portasabertascadeirasaosoco disse...

o cd-livro que comprei faz uns tempos,é a melhor recordação que ela me deixou até agora,tem um look muito vintage (ou tinha) mas que me cativa imenso.Fiquei triste.

J. Ildefonso. disse...

O comentário de 13 de Outubro às 16 horas é meu.

Raul disse...

Desculpa lá, ó amigo João Ildefonso, se eu vi a Maria Cristina de Castro uns cinco ou seis anos antes de tu nasceres (meados dos anos sessenta) e era bem uma mulher duns trinta e tal anos, como é que a viste na Traviata! Não te esqueças que ela cantou a Amina, a criada, com a Callas quando esta veio a Lisboa em 1958. Deves estar a confudir com alguém.

J. Ildefonso. disse...

Raul

Eu não a vi na Traviata. Eu escutei-a numa Traviata transmitida pela Antena 2 e exactamente o que me tinha despertado a atenção tinha sido o facto de reconhecer o nome dela do elenco da Traviata de Lisboa com a Callas. Mais tarde conheci-a no S. Carlos e pareceu-me uma pessoa com muito encanto.

J. Ildefonso. disse...

Raul

Também a Scotto cantou uma Traviata em Lisboa tal como a Callas e a Sutherland, não foi?
O Raul esteve presente?