sábado, 4 de setembro de 2010

Em enaltecimento...


(Elisabeth Taylor, em Subitamente no Verão Passado)

Na Cinemateca, no âmbito de um ciclo consagrado a Tennessee Williams – dramaturgo maioríssimo –, assisti a Subitamente no Verão Passado, em êxtase....

Considerações psis (e outras) seguir-se-ão, talvez...

Entretanto, leiam este dramaturgo e maravilhem-se com as sumptuosas adaptações cinematográficas de Gata em Telhado de Zinco Quente, Um Eléctrico chamado Desejo, A Noite da Iguana, and so on...

24 comentários:

blogger disse...

Sem querer tirar o merito a este post, estou a comentar isto para dizer uma coisa ao Raul.

Caro Raul, na proxima temporada em Munique vai ser levado a cena a Medea em Corinto do grande Mayr. Vamos lá? :D

E uma Rusalka com a Nina Stemme. Eu cada vez mais acho que devia viver naquela zona.

Raul disse...

Caro Blogger,
Muito obrigado pela sugestão, mas eu vivo muito longe de Munique e com férias calendarizadas não por mim. Bem gostava de ir, principalmente pela Medea em Corinto. A Rusalka já a vi uma vez, mas pela Nina Stemme era a correr. Mesma assim diga-me, por favor, quando estão agendadas estas óperas. Outro pormenor: talvez daqui a um ano eu regresse definitivamente a Portugal.
Eu aproveito a deixa e sabendo que o caro Blogger é um entusiasta, como eu, de óperas injustamente esquecidas ou não habituais no reportório, tente adquirir uma ópera de Siegfried Wagner. Se quiser pormenores, eu dou-lhos.

blogger disse...

Raul, pode ver neste blog as varias datas das diferentes produções.

http://fanaticosdaopera.blogspot.com/2010/09/bayerische-staatsoper-munique-temporada.html

De Siegfried Wagner não conheço absolutamente nada. Admito, desconhecia-lhe completamente a existência. Nestes ultimos dias tenho andado entretido com o I Medici de Leoncavallo e a Therese de Massenet.

Raul disse...

Caro Blogger,
I Medici de Leoncavallo foi uns dos top 10 CDs eleitos pela Gramophone de Julho último. Por causa disso vem uma ária do Domingo no cd "sample" que acompanha a revista. Já a ouvi. Puro verismo, sem poder deixar de ser, mas música inspirada.
Relativamente à Therese de Massenet, se não me engano, sem consultar nada, é uma ópera pequena e existe uma gravação pelo excelente meio-soprano Huguette Tourangeau. Estarei certo? Nunca a ouvi, mas Massenet nem sempre me extasia. Gosto muito Werther e menos da Manon, mas gosto no seu geral. Também gosto muito do Don Quixote de que tenho uma soberba gravação da Decca com o Ghiaurov, no Don, o grande barítono francês Gabriel Becquier no Sancho Pança, e a imortal Regine Crespin na Dulcineia. A cena dos moínhos com que termina o segundo acto é do melhor Massenet que conheço. Massenet concebeu esta ópera a pensar em Fedor Chaliapin.

blogger disse...

Raul,

Leoncavallo compos uma obra muito interessante. a Cena do assassinato na igreja é fenomenal. O primeiro acto é um aborrecimento, cheio de arias e duetos sobre amor e natureza e lalala. por acaso coloquei um dueto no youtube " ninfa non sono" caso queira procurar. irei colocar mais uns videos em breve assim que tiver vagar.

Quanto a Massenet...bem, Raul, é a minha grande paixão (salvo seja!). A sua musica para mim é fenomenal. O Werther é brutal, mas existem tantas outras obras!

Le Roi de Lahore, para começar. Magnífico. Os momentos corais sao de uma enorme beleza. Os duetos e as arias! Coloquei ha tempos uns videos desta opera no youtube, caso esteja curioso.

Outra grande opera, já num estilo mais "Wagneriano" à la française, é claro, é Esclarmonde. Provavelmente já ouviu Sutherland cantar a aria "esprit de l'air". A invocação dos espiritos é qualquer coisa.

Bem, eu poderia ficar aqui a enaltecer as varias operas deste compositor injustamente acusado de ser comercial (à epoca) e de possuir pouco génio.

Por fim, relativamente à Therese, a versão que mencionou é a que estou a ouvir. Existe tambem uma outra com a Baltsa a qual também é boa, mas não tem o Bonynge a dirigir :)
Dura apenas uma hora, à semelhança da Navarraise, e é um estilo talvez mais verista, á la française novamente é claro. A historia é simples e passa-se durante o extermínio dos jacobinos em França. o final, quando ela grita no meio da multidão enfurecida e ansiosa por sangue "vive le roi!" faz-me arrepiar.

Já agora, mencionou um grande Don Quixote. Possuo essa gravação de forma ilegal. de forma legal possuo uma com o Van Dam. Muito boa também. Essa cena que mencionou, é realmente muito boa.
Enfim, é como digo, poderia aqui ficar horas a falar das operas deste homem!

Raul disse...

Blogger,
Se diz que o Rei de Lahore (alguma fascinação oriental muito fin de siécle?) é uma grande obra, vou pensar em adquirir, caso a veja. Eu tenho a Thaïs e a Herodiade mas não me atraem muito. Cada uma delas tem uma boa ária, mas têm de ser vistas. O Cid que nunca ouvi completo, nem infelizmente a gravação Domingo/Bumbry tem, pelo menos duas árias, o célebre "Pleurez les yeux", imortalizado pela Callas, e mais uma ária para o tenor de que agora não me lembro nome, que me fazem comprar a ópera. Mas curiosamente nunca a encontrei à venda em nenhuma loja de cds, onde tenha ido.
Tirando a Carmen de Bizet, de que não há palavras para classificar a genialidade, originalidade e beleza melódica, o meu compositor francês preferido, e que acho o mais genial em ópera, é Berlioz e os seus épicos Les Troyens.

Raul disse...

Caro Dissoluto,
Desculpe este ancoramento à la Massenet. Sobre o filme colocado no poster e que possuo, só posso dizer o melhor. Ando há anos a tentar procurar um outro filme da Katharine Hepburn que vi nos meus vinte anos e que nunca consegui esquecer. Chamava-se, em português, "A Longa Jornada para a Noite" e era uma maravilha. Também tratava das relações maternais, nas não ficava tão preso à retórica do teatro como este filme.Isto não é uma "alfinetada", pois T. Williams era genial. Prefiro sem dúvida O Eléctrico chamada Desejo e, acima de tudo, o Quem tem Medo de Virgínia Woolf do Edward Albee, interpretado genialmente por Elisabeth Tayle e Richard Burton.

J. Ildefonso. disse...

Querido Raul

São boas as noticias de que talvez regresse a Portugal. pelo menos no que me diz respeito:-)))
Eu gosto muito de Massenet. Curiosamente não me atrai muito o Werther se bem que a recita a que assisti com o Kaufman me tenha entusiasmado muito. também o Sabattini cá em Lisboa foi muito bem. A Esclarmonde é uma granda malha e Le Roi Lahore também mas prefiro a mesma porque é mais disparatada. A Sutherland está esplendida em ambas as gravações e é bem acompanhada pelo Aragall, praticamente ao mesmo nivel,e pelo Lima, de forma mais prosaica. São bons investimentos porque tãocedo não imagino que venham a ser gravadas.
Um abraço.

J. Ildefonso.

Hugo Santos disse...

Da autoria de Jules Massenet, compositor que aprecio, possuo as óperas Manon, Werther, Thais, Herodiade, Le Cid, Cendrillon, Thérèse, Esclarmonde, La Navarraise, Don Quichotte, Cléopâtre, Le Jongleur de Notre-Dame e Griselidis.

No que concerne a Thérèse (1907), gostaria, somente, de salientar a particular eficácia da breve introdução orquestral na criação de uma ambiência perfeitamente identificável com o período histórico a que a obra se reporta.

blogger disse...

Raul,

Bizet foi senhor de um grande génio ao compor a Carmen, conseguindo fazer com que uma ópera fosse apreciada a uma escala global, independentemente do gosto musical. No entanto, o seu "Pecheurs de perles" é um tanto quanto aborrecido (salvo seja o belo dueto bastante conhecido).

Quanto a Le Roi de lahore, bem, existem duas gravaçoes em cd e uma em dvd do teatro la fenice, se não estou em erro. Em cd, duvidas não haverá que a minha recomendação cairá na gravação Sutherland, Milnes, Lima, Ghiaurov, Bonynge (já me viu este elenco de luxo? já não se fazem coisas destas! não se fazem não senhor!). O Dvd é bom para matar a curiosidade :)

Força aí! Sempre que estiver curioso em relação a Massenet cá estarei!

blogger disse...

Hugo,

concordo. Sabe o que é que eu muito aprecio na Therese?

Entre outras coisas, um menueto (creio que é assim que se chama) que a certa altura os dois amantes cantam acompanhados por um cravo (será este o instrumento?) no primeiro acto :)

Hugo Santos disse...

Caro blogger,

está certíssimo. Massenet compôs parte da música para os dois amantes (Thérèse e Armand de Clerval) na forma de um minueto executado por um cravo fora de cena.

Raul disse...

Caro Blogger,
Tem toda a razão. A Carmen é apreciada em lugares que nada tem a ver com a Europa. Na China, que eu conheço muito bem, a Carmen é de longe a ópera mais conhecida. Eu vi-a, inclusivamente, uma vez em Pequim cantada em chinês. Não desgosto assim tanto d'Os Pescadores de pérolas. A ária Comme autrefois tem o seu encanto.
Quanto ao Rei de Lahore, qual é a outra gravação que possui?
Abraço

blogger disse...

Raul,

a outra gravação é o registo em cd do dvd do teatro la Fenice, com Vladimir Stoyanov, Riccardo Zanellato , Federico Sacchi e Marcello Viotti.

Existe um excerto em video deste dvd no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=2AIxD4TnnIE

portasabertascadeirasaosoco disse...

Raul,você viaja que se farta!fantástico.
Bem,há uma coisa que me faz muita espécie,agora que falam aqui da Carmen,e é isto:
como é que um homem chamado Bizet faz uma coisa daquelas,uma ópera que deve ser a mais mediática de todas e se calhar de maior sucesso,e que eu saiba não fez mais nada de jeito para o resto da vida?alguém me explica isto?
será que o homem copiou aquilo de algum génio esquecido?fico perplexo.

Raul disse...

Caro Portas,
Não é viajar: é ter vivido lá. No que se refere a Pequim foram 9 anos.
Quanto a Bizet, que tem óperas secundárias e uma sinfonia, em dó maior, plena de melodia, o que lhe aconteceu é que o génio estava a despertar. Bizet morreu com 33 anos 33 dias depois da estreia da Carmen. O que seria a ópera francesa se ele morresse numa idade provecta! É a vida. Mozart morreu aos 36, Bellini aos 34 e a grande promessa espanhola o compositor Arriaga morreu com 20 anos. Felizmente que Verdi chegou aos 87.

portasabertascadeirasaosoco disse...

Raul,pois isso é que é pena,não sabia dessas mortes prematuras,mas naquele tempo se calhar a excepção foi o Verdi,que viveu tanto.E por falar na ópera francesa,vem-me á memória,que o primeiro cd de ópera que comprei,foi de Berlioz,com a Susan Graham a cantar "les nuits d´été" que aliãs não me entusiasmou muito.Nem sei porque escolhi aquele e não outro....calhou!felizmente que logo veio a "carmina burana" e outro com árias diversas onde entravam grandes cantantes e a coisa mudou,sobretudo quando ouvi uma senhora chamada Ileana Cotrubas,na altura tudo gente desconhecida para mim,e a que só muito recentemente dei o valor devido.

Mr. LG El MIster disse...

Caro Dissoluto,
Miss Taylor a querer deixar de ser a menina bonita de família (futuramente esposa decente e bem comportada) da MGM e a querer ser uma actriz com A bem grande já desde Um Lugar ao Sol (1951) de George Stevens. Tornar-se-ia quase a menina fetiche de Joseph L. Mankiewicz: Cleopatra (1961/63) do mesmo realizador, já estava por perto. Esta película é, para mim, um dos paradigmas hollywoodescos do ESPECTÁCULO EM GRANDE, seguindo a linha iniciada desde Intolerance/Intolerância (1916) de D.W. Griffith, não sendo estranho a Hollywood o espectáculo da Antiguidade visto através das lentes verdianas do Séc. XIX: Cena Triunfal do IIº Acto da Aida. Este filme… só para quem goste :-)
De Clift e Hepburn… nem falo ;-)))
Para sua informação, de cinema, aqui em casa, entrou:
Finalmente, vindo de um hipermercado da cultura do costume, a Medea (1969) de Pier Paolo Pasolini, avec La Callas.

The Garden of Allah/ O Jardim de Alá (1936) de Richard Boleslawski avec La Dietrich.
Para completar, vício de coleccionador (que já não tem espaço aqui em casa ;-D ), do GRANDÍSSIMO David Lean A Filha de Ryan (1970) … ao preço da uva mijona ;-))
E a saga ( a minha favorita ;-) ) Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma (1999) e
Star Wars: Episódio II - O Ataque dos Clones (2002), também ao preço da dita cuja sra. uva ;-))
Agora… tempo para isto tudo… ??? :-? …

Blogger… ou será o Sr. Ilevith? ;-))
Muito obrigado pelo seu link ao extracto de I Medici de Leoncavallo. Tem cheirinhos do Samson et Dalila de Camille Saint-Saëns, tresanda à Hérodiade de Jules Massenet… talvez por o excerto desta ópera que eu conheço tenha Renée Fleming e Plácido Domingo como cantores. El Placido “mantém” ainda uma certa jovialidade de jovem herói Juliano Medicis, mas Daniela Dessi revela-se já, infelizmente, com uma voz já um bocado gasta. Mas, sem dúvida nenhuma, obra a conhecer. :-)
LG

P.S. Dissoluto,
Encontramo-nos na Gulbenkian, nas transmissões televisivas em HD das récitas do Met, lá para Dezembro??... :-)

Il Dissoluto Punito disse...

Lg,

Encontro no Mer, for sure ;)

Hugo Santos disse...

Caro portas,

de um modo diverso, o mesmo sucede com compositores como Ponchielli, Mascagni ou Leoncavallo. Adoptando uma perspectiva analítica, torna-se lícito afirmar que a conjugação de determinados factores, designadamente, uma eficaz confluência da linguagem musical e do texto dramático não se replicou em níveis, minimamente, óptimos que permitissem a produção de obras ao nível daquelas que os imortalizaram.

blogger disse...

Dissoluto e Mr. LG,

Nos encontraremos os 3 na gulbenkian!

vai ser a galhofa total!

blogger disse...

ah e Mr LG,

relativamente ao I Medici. Tem razão no que diz quanto a Dessi. A voz está mesmo muito gasta. Já perdeu muitas das subtilezas sonoras. No entanto, a obra é fantástica. Digo-lhe, tem uma cena de assassinato no meio de uma igreja que é qualquer coisa, e acaba com um final apoteótico. Até dá pena Leoncavallo não ter feito a continuação.

Quanto aos cheiros a musica francesa, também os sinto, e tal pode dever-se à sua estadia em França quando ainda era jovem.

J. Ildefonso. disse...

Mr Lg

Eu gosto bastante do Jardim de Alá. Um deserto cheio de gente, tabernas e conventos com a Dietrich, parece vestida pelo Armani!, e o Charles Boyer num grande dramalhão. É o primeiro filme a cores que conheço em que as cores são bonitas e naturais porque no inicio como era novidade era tudo amarelo, vermelho e azul electrico.

Mr. LG, el Mister disse...

Blogger,
Many thanks pela atenção e pela informação sobre Ruggero Leoncavallo. Desconheço muito os pormenores da vida e formação deste compositor, um dos pais do verismo, género a ser urgentemente reavaliado. Se o Barroco está na berra, que se dê também lugar a espectáculos e recitais com música de outras épocas musicais e não se relegue automaticamente essa música para classificações de démodé e de mau gosto, como tem acontecido com o referenciado estilo operático.

J Ildefonso,
Vou deixar um jovem Tito Gobbi a cantar em 1942, num recital de árias que gravou ainda para 78 r.p.m. (é incrível o cambiante de matizes, cores e harmónicos que esta voz nos oferecia aquando ainda jovem e é notório o endurecimento da sua voz ao se percorrerem os seu registos vocais gravados ao longo da década de 50) e a saga Star Wars (Episódios I e II) e debruçar-me, esta tarde, sobre O Jardim de Alá com Frau Dietrich e Monsieur Boyer, correndo nesse tempo o ano de sua graça de 1936.
Tenho-o aí, ainda não o vi, você referiu-o neste seu Post… porque não, LG? Atira-te a ele. :-)
Até Já
LG