segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Met & Matos



Elisabete Matos debutará no Met, na próxima temporada, em La Fanciulla del West.

Gloriosa Elisabete!

21 comentários:

Paulo disse...

Pois claro.

Hugo Santos disse...

Um justíssimo reconhecimento.

Raul disse...

Sem dúvida, mas -- desculpem-me -- no segundo elenco, pois é só repararem no tenor da Voigt e no da Elisabete Matos. Mesmo assim será um primeiro passo para que os americanos conheçam tão boa cantora. Regozijo com a notícia.

Paulo disse...

Também já fui procurar saber algo mais sobre Carl Tanner, que não conhecia.

José Quintela Soares disse...

Justo.
Talvez depois possa cantar em S.Carlos...se a Direcção do nosso teatro entender se teve ou não sucesso em NY...

Parabéns, Elisabete Matos!

J. Ildefonso. disse...

Será o primeiro Português a cantar no Met?

José Quintela Soares disse...

Também me questionei se seria o primeiro português no MET.

Não será.

Segundo Mário Moreau, Maurício Bensaúde cantou nas temporadas de 1894, 1895 e 1898 diversas óperas, entre as quais "Aida", "La Traviata", "Manon" e "Fausto".

De qualquer forma, já foi no século XIX...

Hugo Santos disse...

Desconfio que Deborah Voigt irá ter alguns problemas com a Minnie, nesta fase da sua carreira. Talvez Elisabete Matos possa "aproveitar" este facto.

Caro José,

se incluirmos, tal como Mário Moreau, Nico Castel no rol de cantores portugueses, Elisabete Matos será a primeira intérprete a apresentar-se no MET desde aquele.

Paulo disse...

Integrar um segundo elenco no Met não é a mesma coisa que cantar no primeiro elenco no Teatro Nacional de São Carlos, para não ir mais longe. Além disso, Elisabete Matos não cantará com Carl Tunner, mas sim com Marcello Giordani, segundo o calendário. Ou seja, será a cover de Deborah Voigt. Como sabemos, o Met não brinca em serviço e joga pelo seguro. Elisabete Matos não é conhecida pelo público de Nova Iorque mas o Met ter-lhe-é reconhecido a capacidade para assegurar as récitas em caso de substituição de Voigt.

J. Ildefonso. disse...

Realmente não imagino a Voigt a "brilhar" no papel da Minnie. Prefiro um timbre mais escuro e aveludado. Também não me parece o papel ideal para a Elisabete Matos que prefiro em papeis mais "centralizantes". O reportório francês que é o que lhe vai melhor. Deve ter feito uma excelente Cassandra.
Aliás o papel da Minnie é bastante dificil até a Leontine Price, para seu própio espanto, se viu obrigada a desistir.
Acredito que a Callas teria dado uma excelente Minnie talvez melhor ainda do que a Tebaldi, Stella e Nilson.

Ricardo disse...

Isto é uma notícia absolutamente maravilhosa!!! :)

Raul disse...

Aqui esquecem-se que a Voigt é americana e que a Minnie é uma personagem do Far-West.
João Ildefonso, a Callas na Minnie!!! Se a Callas te ouvisse até se arrepiaria. A Callas a fazer uma mulher que vai ao "Saloon"!!! Por amor de Deus.

blogger disse...

Raul: LOL

Esta noticia é magnifica. consta que Elisabate ainda vai estar em Portugal este ano para uma Turandot no festival de óbidos, segundo o seu site.

J. Ilderfonso. disse...

Vocalmente acho que iria muito bem à Callas. Cénicamente também. Uma mulher jovem, independente económicamente, que é uma figura maternal e ponto aglutinador duma sociedade inteiramente masculina, apaixonada, corajosa... Também não imagino a Tebaldi tão burguesa italiana a gerir um saloon e pelo menos em disco vai muito bem....

Hugo Santos disse...

Eu tenho a gravação ao vivo da Fanciulla del West que Tebaldi cantou no MET em 1970 com Sandor Kónya e Anselmo Colzani, um dos melhores interpretes do xerife Jack Rance da discografia. Apesar do timbre se encontrar bastante endurecido e as dificuldades no registo agudo serem algo pronunciadas, Tebaldi chega a ser visceral no seu "Tre assi e un paio!" na cena do jogo de cartas. Sem dúvida, uma interpretação a reter.

blogger disse...

Conheço apenas uma gravaçao em dvd de Domingo com a Zampieri.

J. Ildefonso. disse...

Eu ofereci uma com o del Monaco e a Eleonor Steaber. Pareçe que é muito boa mas eu nunca a ouvi na integra.
Não gosto da Zampieri em Puccini. Acho o timbre excessivamente metalico. Talvez para a Turandot.
É esse o problema do papel por um lado exige uma voz possante e penetrante com agudos certeiros como a da Turandot mas timbricamente tem de haver a dimensão de vulnerabilidade e juventude como a Mimi. Em suma tem de ser um timbre bonito e nada agreste. Uma voz por assim dizer redonda.

blogger disse...

concordo J. Ildefonso. mas tambem se diga que nao gosto muito da forma como a Zampieri canta, de forma geral.

Raul disse...

Caro Hugo Santos,
Em excertos ao vivo memoráveis num duplo cd da Tebaldi, tenho-a na Cena das cartas com o Giangacomo Guelfi. A interpretação é memorável no tocante ao empenho dramático. A vocalidade é da maior pucciniana da sua geração.
Quanto a La Franciulla del West é um produto verista fraco de inspiração mediana com o habitual abuso dos "leitmotiv". E pensar que é mais conhecida que o desconhecido Bruder Lustig de Siegfried Wagner ou o Benvenuto Cellini de Berlioz ou a Medea em Corinto de Mayr. Que grande injustiça !!! Eu tenho o dvd do trio Domingo/Zampieri/Pons e o cd do Domingo/Neblett/Milnes e chega.

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

embora não vá tão longe, julgo que Puccini investe mais na cor local, procurando criar uma determinada ambiência condizente com o carácter da peça de David Belasco. A partitura é toda ela mais atmosférica.

A propósito, transcrevo impressões de Magda Olivero sobre a cena do jogo de cartas.

"The card game in Fanciulla is one of the most elegant scenes ever written because Puccini does it with nothing. There's only that tan-tan-tan in the orchestra, which is Minnie's heart beating furiously. She has to find the way to trick Rance and win Johnson. When she cries for water, Rance turns his back. At that moment she raises her skirt, pulls three cards out of her stocking and substitutes them. Rance comes back and says, "Here's your water." She cries, "No, I don't feel faint because I'm ill. I'm faint with joy because I've won! Three aces and a pair!" She places them in front of him. He puts on his hat, says "Buona sera!" and leaves--a stupendous scene. And done with nothing."

J. Ildefonso. disse...

Caro anónimo

Concordo consigo. Eu também não gosto da forma como a Zampieri canta. Anos de audição e de aconselhamento com os mais devotos fãs deixaram-me basicamente indiferente à arte da Zampieri. Abro uma excepção ao Macbeth com o Bruson dirigido pelo Sinopoli.
Quanto ao Raul lamento discordar. Para já acho abusivo aplicar o termo verismo ao Puccini. A arte do Puccini transcende o verismo puro do Giordano e Masgani por exemplo. Há interpretações "veristas", ou seja de cantores de escola verista das óperas de Puccini, mas não considero o Puccini um compositor verista. Acho a Fanciulla uma obra inspirada. Maravilhosa até. Os americanos na altura não gostaram. Queriam folclore.