(Juan Diego Flórez e Alfredo Kraus)
Como Flórez, creio que o canto é um dos mais singulares meios de difusão e / ou expressão da felicidade.
Triunfal em Madrid – como em Lisboa, há uns bons anitos –, Juan Diego Flórez presta homenagem a um dos maiores tenores da história da lírica: Kraus, falecido há dez anos.
Flórez é tão superlativo como o Alfredo Kraus. Ambos cultivam a disciplina e contenção. Ambos são exímios na agilidade, amando e respeitando o belcanto como poucos. Um é moreno, o outro é loiro. O peruano tem um repertório mais alargado que Kraus – não é grande feito, como se sabe...
As diferenças, caro leitor, são mínimas!
«"Cuando llegas a entender que el canto es aire, es cuando comienzas a cantar bien". Lo dijo Juan Diego Flórez en la sobremesa de una cena hace unos meses, mientras saboreaba un pisco sour. Recordé la frase ayer en varios momentos de un recital primoroso, con un canto sin contaminaciones, pletórico de elegancia en el fraseo, inmaculado en el registro agudo hasta rozar lo extraterrestre. Juan Diego ha comprendido hace mucho tiempo que el canto es aire. Y no se ha conformado. Ha llenado ese aire de luz, de serenidad, de belleza sonora. Lo hace todo con una extraordinaria naturalidad y transmite una sensación de placer atemporal, extraño, de otra galaxia. En la sociedad actual del espectáculo y las ocurrencias con pretensiones de genialidad Juan Diego representa la pureza. En vez de recrearse en los efectos especiales los humaniza. Su canto fluye con una sensibilidad alimentada por la inteligencia. Tiene tanto corazón como cabeza, desprende tanta calma como alegría.
Dedicó el recital al inolvidable Alfredo Kraus, fallecido hace diez años. Fue un detalle de un gusto exquisito. Las huellas del tenor canario flotaban en el ambiente. Estaban en El guitarrico, una obra que por recomendación del tenor Juan Antonio de Dompablo, Juan Diego incorporó a su repertorio escuchando una grabación de Kraus. Y estaban también en Adiós Granada, en cuya pista le puso el foniatra krausista Eduardo Lucas, ayer presente, cómo no, en el recital. Las evocaciones se multiplicaban en el repertorio de zarzuela y se movían asimismo por el territorio belcantista.
Las páginas de Rossini, tanto las procedentes de las óperas como las de los Pecados de vejez fueron antológicas. "Melodía sencilla, ritmo claro", en primer lugar, como le gustaba indicar al compositor. Pero, en la voz más rossiniana de las últimas décadas, o quizás de la historia, el canto del Cisne de Pésaro se elevaba a cotas estratosféricas, con una sensualidad sosegada, una elegancia sobrenatural y un sentido del humor sutil. En este repertorio Flórez es imbatible.
Le gritaron desde la sala "qué majo eres" y nos sentimos identificados con el espontáneo. Puso Juan Diego al público en pie con la exhibición de sobreagudos de arias de El barbero de Sevilla o La hija del regimiento y llegó al corazón con una versión apasionada de Júrame o, ya en la calle, desde el balcón, dirigiéndose al público de la plaza de Oriente, con La flor de la canela. Juan Diego Flórez demostró una vez más que el canto puede ser un vehículo idóneo para transmitir la felicidad posible.»
ps a 7 do corrente, JD Flórez volta a atacar ;-)
9 comentários:
Adoro o Florez e acompanho a sua carreira desde uma Nina do Passielo com a Antonacci ao vivo no Scalla. Depois lembro-me também duma contribuição em 3 duetos num c.d. de arias da Kassarova e da Semiramide com a Gruberova tudo isto antes do c.d. de debute que obviamente também comprei. Até agora nunca me decepcionou.
Florez é excelente, concordo.
Mas Kraus...era único.
Passa hoje no "Brava" um "Rigoletto" com Florez.
Sim o Kraus era único tal como todos os GRANDES, mas o Florez está bem encaminhado para ser ùnico também, se não o é já, o que não invalida em nada o mérito do Kraus e do Gedda ou até do Raimondi. É esse o encanto de quem gosta de vozes pode sempre aparecer mais um mesmo que o reportório basicamente se mantenha inalterado desde à 100 anos.
E o Valleti. Já me esquecia do Cesare Valleti.
João, e dentro deste género de tenores quem é o melhor dos melhores? Eu sei quem é :)
Raul
Oh! Eu gosto do Tito Schipa, mas é capaz de estar fora de moda, logo a seguir talvez o Valleti. Gosto muito do Raimondi. A seguir à guerra será mais o Gedda do que o Kraus... lamento. Hoje em dia o Florez em absoluto mas ouvi há muitos anos na Gulbenkian um Juan Jose Lepora que era bastante bom mas perdi-lhe rasto. Sem ligar a cronologias acho que será mesmo o Schipa apesar de poder ser considerado muito datado mas todos os que referi são excelentes e exemplos de "bom cantar".
Sublinho a referência ao Cesare Valletti. Que elegância e bom gosto! No entanto, partilho a admiração por todos os intérpretes mencionados.
Sim, Cesare Valetti foi um grande tenor, mas o melhor dos melhores, a perfeição, chama-se Beniamino Gigli.
Tito Schippa era também muito bom e contava-me a minha avó que uma vez, talvez durante a guerra, cantou ao despique no Coliseu com o nosso Tomaz Alcaide e não se sabia quem era o melhor.
Raul
Eu não percebi a pergunta "de entre este género de tenores" historicos quis o Raul dizer e eu percebi enquanto género/tipologia vocal de tenor lírico/ligeiro.
Agora já percebi. Eu tenho uma grande paixão pelo Bjorling e um grande fraquinho pelo Corelli:-)))
Do Gigli teno a Tosca e a Aida mas prefiro-o nas gravações da juventude.
J. Ildefonso.
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