(cartaz de Milk, de Gus van Sant)
O que menos apreciei em Milk foi, indubitavelmente, a mediocridade da Tosca.
No filme, amiúde, são passados excertos daquela ópera de Puccini. Perto do epílogo, o protagonista assiste a uma récita da dita ópera, com uma encenação inenarrável, uma protagonista horrenda e um Scarpia de apedrejar.
Nem a referência a Bidú Sayão (sublinho o til, pois a senhora era brasileira!) – primadonna do Met no segundo quartel do século XX, pucciniana de antologia – salva a vergonha da referida Tosca.
(Bidú Sayão)
Já agora... o paralelismo Tosca – Harvey Milk é tão óbvio, quanto despropositado, não?!
11 comentários:
A grande Bidú Sayão a cantar a Tosca !!! Que coisa estranha que a Rosina e a Norina do Met do seu tempo cantasse a Tosca! Quem a ouve nas maravilhosas Bachianas brasileiras no.5 e na cantata Floresta da Amazónia de Villa-Lobos não consegue transpor aquela voz para os duetos da Tosca.
caro joao, a Tosca parece estar na moda. Ainda este ano passado ha uma cena de acçao no filme 007 - quantum of solace que decorre durante uma récita da Tosca algures sobre um lago na Austria. Récita essa, aliás, que existe em dvd, salvo erro.
Deve ser a encenação do Festival de Bregenz... em princípio.
mr. LG
Peço desculpa mas, desde quando é que, grosso modo, qualquer ópera é bem cantada e representada num filme? Nem no "Senso", o "Di quella pira" me entusiasma. Refiro-me a películas em que o assunto desempenha uma função secundária.
Atenção, não nos podemos esquecer de que a Ópera no cinema também se nos ofereceu em bons contextos e as respectivas películas muito ganharam com essa associação à Ópera ou à Música Clássica: Cantata Carmina Burana de Carl Orff em Excalibur (1981), Madama Butterfly em Fatal Attraction (1987) e em M. Butterfly (1993) com J. Irons, La Bohéme em Moonstruck (1987) que deu o Óscar a Cher , Cosi Fan Tutte em The Shawshank Redemption (1994) com T. Robbins e M. Freeman, para não nos esquecermos do ardor de Tom Hanks em Philadelphia (1993) que nos ensina La Mamma Morta Callas/A. Chénier.
Mas… tem toda a razão o nosso caro Dissoluto ao referir a mediocridade da Tosca neste Milk. E a culpa vai toda para Gus Van Sant e o argumentista D. L. Black que neste aspecto Tosca/Milk deixou-nos muito no vazio e carenciados.
Sean Penn ( que bem melhor está em Mystic River (2003), com o qual saiu oscarizado) e Gus Van Sant não entendem nada do que se está a ouvir e a passar na Tosca Callas/Sabata (pois era essa a versão que ouvíamos) ao menearem simplesmente com a mão na audição daquela passagem que se mostra no filme. Assim qualquer um o fazia (até eu que não sou nada oscarizado!!... ;-D).
Em definitivo, Gus Van Sant perdeu qualidades que vinha demonstrando desde as décadas de 80 e 90… e o filme, por ser o manifesto que é, não vai sair da cerimónia oscarizado. Se Brokeback Mountain (2005), que era mais lírico e hollywoodesco não ganhou na categoria nº1 MELHOR FILME, quanto mais Milk… Hollywood NÃO COSTUMA GALARDOAR ESTES MANIFESTOS CINEMATOGRÁFICOS.
Que grande filão não teria Hollywood se nos desse uma biografia bem interpretada, realizada, argumentarisada (se me permitem), fotografada e (claro!) bem oscarizada de Flagstad, Leider, Max Lorenz, Germaine Lubin, Irene Minghini-Cattaneo face ao nazismo, fascismo e por tudo aquilo que eles passaram na 2ª Grande Guerra Mundial… não sei… sabem quem manda é o box Office da Warner, da Columbia, da Fox, da Universal, da Miramax… e nós não temos palavra a dizer…
P.S. … já vi e um grande conselho a todos, ESPECIALMENTE AO NOSSO CARO DISSOLUTO: THE READER!
ABSOLUTO!!!
Ansioso estou que Poste sobre este filme e que lance o debate. Prometo que, só para não variar, cá estarei!!
That´s all, Folks. :-) … e já é muito!
Mr. LG
Sean Penn no Milk, a meu ver merecia o óscar tal a coerencia da sua interpretaçao. Nao tenho til nem circunflexo.
MILK - mais um acrescento:
Dan White(J. Brolin) pode ser um Scarpia pela frustração que carrega um homem dos Sécs. XX e XXI tipicamente urbano USA, produto do stress a todos os níveis ( neste filme, político e social) e que o leva, exactamente, ao assassinato; e Milk só poderá ser Tosca por aquilo que passou e pela luta que encetou: " Vissi d'arte, vissi d'amore..."
Agora, e como todos nós o sabemos, não é Scarpia quem assassina Tosca: Dan White que assassina Milk, o que acontece no filme; mas sim Tosca que assassina Scarpia no drama lírico pucciniano.
Pequeno esclarecimento:
Com THE READER quero dizer O LEITOR, último filme de Stephen Daldry acabadinho de estrear e que conta com a soberba interpretação de Kate Winslet, entre outros: David Kross e Ralph Fiennes.
Já agora: KATE FOR THE OSCAR! YEEESSSSS!!! :-))
mr. LG
Óscares para os artistas (a minha escolha):
Sean Penn
Meryl Strep
Heather Legger (?)
Amy Adams
A Troca (filme)
Clint Eastwood (realizador)
Raul:
e para melhor banda sonora?
Raul, não me leve a mal, mas…
Não é Meryl Strep como escreveu, é Meryl Streep.
Não é Heather Legger, é Heath Ledger.
Uma Sugestão: se tiver dúvidas ao escrever nomes de artistas de cinema, é fácil: ou Google.pt ou, melhor ainda, imdb.com. Mesmo escrevendo mal o nome dos actores, chega-se lá.
…e para melhor banda sonora?... olhe Daniel, ainda não vi Defiance/Resistentes nem o tão badalado Slumdog Millionaire; mas apostava (por ordem de preferência) em MILK (independentemente da Tosca/Callas/De Sabata que lá aparece) ou em WALL-E.
All the best. :-)
LG
Mr. LG,
Conheço bem esse website. O primeiro erro foi lapso e o segundo tem (?), porque tinha a certeza que estava a errar. Pensei ir lá mas tinha de sair deste site e deu-me a preguiça.
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