sábado, 27 de setembro de 2008

Met 2008 / 2009 - The Opening Night

Há muito que o Met planeara esta opening night, concebida e idealizada para a mais brilhante estrela lírica americana dos últimos 15 anos, Renée Fleming.

Fleming é esbelta e elegante, tem um timbre de ouro, aveludado e fino. Indubitavelmente, é a mais bela voz do universo lírico da sua geração. Pessoalmente, considero que veio ocupar o lugar (precocemente abandonado) de Cheryl Studer, também ela americana, por coincidência!

Renée Fleming é uma extraordinária cantora, uma actriz mediana e uma intérprete de referência. O povo que aprecia a lírica – onde me encontro, naturalmente – adora-a. Tolera-lhe os maneirismos e vícios de vedeta, que nada têm de transcendente. Fleming é uma criatura quase divina, afinal! A intelectualidade bafienta e possidónia acha-a "pindérica". Como não é chata, nem aborrecida, não capta as atenções desta última categoria de apreciadores (?) de música.

Vem esta prosa, caro e fiel leitor, a propósito da abertura da temporada 2008 / 2009 do Met, integralmente a cargo da grande, grande Renée Fleming.

Fleming interpretou três dos seus predilectos papeis: Manon, Violetta e a Condessa (Capriccio).

Fora eu a escolher o repertório e outro galo cantaria: Fiordiligi, a Condessa (As Bodas de Fígaro), Marchalina, Tatiana, eventualmente Manon, Desdemona...

Renée Fleming é, por natureza, um soprano lírico, tendo sido talhada para Strauss e Mozart! Eis o meu veredicto!

Pois bem, na dita Opening Night – que adulou o seu narcisismo, seguramente -, todos se vergaram diante do seu talento, incluive alguns dos mais destacados costureiros do momento, Lacroix, Galliano e o insuportável Lagerfeld.

«The Metropolitan Opera opened its 125th-anniversary season on Monday evening with a gala Renée Fleming showcase. Everything about the three-part evening was fashioned, quite literally, for Ms. Fleming.

She was featured in three favorite roles: Violetta in Act II of Verdi’s “Traviata”; Manon in Act III of Massenet’s “Manon”; and the Countess in the final scene of Strauss’s “Capriccio,” conducted by Patrick Summers. To lend an extra touch of diva dazzle to the evening, the Met commissioned three renowned fashion designers to create Ms. Fleming’s costumes: Christian Lacroix for “Traviata,” Karl Lagerfeld for “Manon” and John Galliano for “Capriccio.”

For weeks waggish opera bloggers had been calling the evening “The Renée Fleming Fashion Show,” “The Renéesance” and such.

(...)

Ms. Fleming had clearly wanted her special night and hoped to make it enjoyably luxurious. Still, she had serious artistic goals. Hearing her in three works of such contrasting styles did not make for the most cogent operatic experience. But it was a challenging feat to bring off. She gave her all and, for the most part, sang beautifully.


(Fleming como Violetta, La Traviata, de Verdi)

In Act II of “La Traviata,” when we find Violetta living in an airy country home near Paris with her smitten lover, Alfredo, Ms. Fleming, from her first phrases, sang with supple phrasing and found a distinctive vocal coloring — earthy, tremulous, clarion — to match the dramatic and musical moment. As is her way, she took a boldly expressive approach to dynamics, which is not to all tastes. Still, I have seldom heard the music sung with such rhythmic honesty.

(...)

Marco Armiliato conducted Act III of “Manon,” in the highly stylized, handsome production by Jean-Pierre Ponnelle. The act begins at an outdoor fair in Paris, a scene crowded with festive people: vendors, acrobats and more. As the coquettish and fatally superficial young Manon, Ms. Fleming played things to the hilt, tossing off the florid and coyly alluring melodies, soaking up the adulation of the crowd. But she was at her best in the second scene. Learning that the disconsolate lover she abandoned, the Chevalier des Grieux, is about to take vows as a priest, she tracks him down at the Chapel St. Sulpice and lures him back during an intense and unrelenting duet. Mr. Vargas, as des Grieux, was again in ardent form.


(Renée Flemng na pele de Manon, da ópera homónima de Massenet)

But the highlight of the program was the final 20-minute scene, nearly a soliloquy, from Strauss’s final opera, “Capriccio.” This opera is a breezy yet profound dialectical drama that explores an aesthetic question: Is the music more important than the words in song?


(Fleming como Condessa, em Capriccio, de Richard Strauss)

(...)

As the Countess facing the question, Ms. Fleming lovingly shaped the arching, infectious phrases and showed this keenly perceptive character going through bouts of confusion, girlish ardor, flattered vanity and world-weary resignation.»

20 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Il Dissoluto Punito disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Hugo Santos disse...

De facto, uma grande voz e uma personalidade interessante. Pena, os maneirismos. Como diria um certa personagem, não havia necessidade. No entanto, não haja dúvida que é uma intérprete de eleição.

Anónimo disse...

Tive o previlégio de a ouvir ao vivo e sim é uma mozartiana pura. O que é que foi removido aqui ?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Também tive o privilégio de a ver na Desdémona no Covent Garden. Perfeita.
É uma cantora que transferida para os anos cinquenta e sessenta estaria de igual para igual. Provavelmente a melhor cantora da actualidade.
Quanto aos maneirismos, não vejo quais. Não vamos pedir a uma grande cantora de ópera uma postura de "realismo". A ópera perdia o seu lado mágico. Como anteriormente disse, ninguém morre a cantar.

Anónimo disse...

concordo em absoluto, raul. mas tambem gostava de acrescentar que aprecio bastante o trabalho desta senhora enquanto Rusalka. existe uma gravaçao dela extraordinaria, de uma paixao avassaladora e contagiante que me prende desde o preludio ate ao final do ultimo acto e que recomendo vivamente.

Anónimo disse...

Grande Daniel,
Eu não só tenho essa gravação como também tenho o video com ela. Tanto a gravação - talvez mais - como o video são arrebatadores. Quando comprei os 3 Cds eu não parava de os ouvir. Grande e muito grande Rusalka.

Anónimo disse...

Reconheño alguns "maneirismos" nas suas interpretaçoes especialmente nos cds de arias. As vezes e um tanto ou quanto "caligrafica". A Rusalka e perfeita em todos os aspectos e a Fleming cobre-se de gloria.

J. Ildefonso.

P.S.- Lamento tenho as teclas todas baralhadas e nao encontro sinais de pontuañao.

Anónimo disse...

A Fleming cobre-se de gloria na Rusalka e a producao do robert carson e muito bela.
Nos cd's de arias e muito caligrafica e amaneirada mas na Rusalka nenhum desses defeitos e aparente.

J. Ildefonso.

P.S.- lamento tenho as teclas todas baralhadas e nao tenho sinais de pontucao!

Anónimo disse...

sim raul, tambem prefiro a gravaçao em cd ao video, apesar de ter gostado deste ultimo. por acaso nao conhece outras gravaçoes desta opera que me possa recomendar?

Anónimo disse...

ah devo acrescentar que tambem tenho o dvd da "violetta Fleming" como o autor deste blog uma vez disse, e apesar de a encenaçao ser ja muito vista e nao ter acrescentado nada de novo, tambem gostei de a ver nesse papel.

Anónimo disse...

Meu Caro Daniel,
Também gosto bastante do video. Pobre Serge Larin que há bem pouco tempo nos deixou!
Para lhe dizer a verdade, tirando as várias versões do Hino à Lua, apenas conheço esta versão, embora tenha visto a ópera há uns dez anos com a Eva Urbanova na princesa. Sei da existência de uma gravação checa dos inícios dos anos oitenta interpretada pela grande cantora checa Gabriela Benackova. A direcção de orquestra não podia ser melhor para uma obra checa (Vaclav Neuman) e o tenor é o Wieslaw Ochmann, presente em tantas gravações da DG e muito bom.
Um abraço
Raul

Anónimo disse...

A memoria nao atraicoa o Raul. Tenho a gravañçao em questao e posso atestar da sua qualidade. Acima de tudo e notoria uma extraordinaria coesao entre os interpretes e uma "naturalidade" de quem convive com o personagem.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Ouvi a Fleming em excertos do 2 acto da Traviata e pareceu-me tudo muito artificial e demodé.... muito estilo Magda Olivero revisitada. Prefiro a Fleming a fazer de si propia como na Rusalka. A Manon estava bem, se nao nos lembrar-mos da Vitoria de Los Angeles e o Capricio pareceu-me excelente.


J. Ildefonso.
J. Ildefonso.

Anónimo disse...

O vestido é muito fixe. Parece a aleogoria à Primavera do Boticelli:-))

J. Ildefonso.