quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Beleza, beleza vocal...

Pergunto-me por que raio um intérprete não há-de ser bonito!?
Se, além de inegáveis dotes vocais e interpretativos, a criatura for esbelta, tanto melhor, caramba! Todos ficamos a ganhar, excepto os invejosos!


(Mattila ossia Salome absoluta, bela por fora...)

Tiradas deste calibre são, pois, dispensáveis:

«(...) one thing opera buffs have always valued about their beloved art form is that so many excellent opera singers look like everyday people, like us. There is no reason that Rodolfo and Mimi have to look like supermodels. They need only convey that they are beautiful to each other. The music, if sung with tenderness and passion, does the rest.»

Diga-me o fiel leitor o que prefere: uma Salomé esbelta e atraente – além de boa cantora - ou um "camafeu", dotado de invulgar beleza... vocal? Já agora, será melhor um Don Giovanni ao estilo de R. Raimondi ou G.London (ambos feios até aos pés) ou um artista de tipo atlético, ao estilo de S. Keenlyside ou E. Schrott???

40 comentários:

Hugo Santos disse...

De acordo, caro João. Excepto que o que o que mais se tem visto para aí são caras bonitas sem qualquer conteúdo vocal, quanto mais com propostas interpretativas. A voz deve vir sempre em primeiro lugar. Se a essa voz pudermos aliar uma bela figura, tanto melhor. Agora, sacrificar a voz em ópera em detrimento de um qualquer outro factor, isso não.

Anónimo disse...

Uma das maiores cantores de todos os tempos, Maria Stader, sublime mozartiana, sem igual hoje em dia, praticamente não cantava em óperas por causa do seu metro quarenta e pouco. Monstros como a Alexandra Marc, que eu vi a cantar a Turandot no São Carlos deviam ser proibidos de entrar em óperas.
No entanto não vejo que seja algum disparate o conteúdo do texto em inglês que o caríssimo Dissoluto colocou no post.
Claro que se os cantores forem bonitos, melhor, porque como diria Monsieur de La Palisse é melhor ser bonito do que feio . No entanto, se não se tem a cara da Angela Ghoerghiu ou da Karita Matilla, mas uma boa voz, para mim isso chega.

José Quintela Soares disse...

A voz acima de tudo, evidentemente.
Recordo Pavarotti numa "Aida" vocalmente sublime, mas quase impossível de se ver. O grande tenor parecia um "armário".
Caballé cantou uma magnífica "Salome", e por tal razão não me espanto ao saber que Elizabete Matos tentará a mesma façanha...
E Sutherland? haverá soprano tão feio mas tão genial?
A voz, claro!

Ricardo disse...

Na minha opinião, não devemos esquecer que a ópera não é um espectáculo meramente vocal. A voz é apenas um veículo para a expressão do drama teatral, assim como a orquestra também o é. A questão é que nós não vemos a orquestra e os cantores estão constantemente expostos.

Nesse sentido, acho que não faz muito sentido levar a discussão pelos seus atributos físicos, até porque a maquilhagem hoje em dia faz milagres. Devemos sim colocar a questão sob um ponto de vista de Canto Vs. Representação. Colocando as coisas neste prisma, intérpretes como Pavarotti ou Sutherland, apesar do brilhantismo vocal, ainda representam a velha escola do "stand and sing" que, mais do que se discutir se está ultrapassado ou não, se deverá discutir se é realmente a ópera de que queremos disfrutar.

Poeticamente podemos sempre dizer que está tudo na música, mas a verdade é que pouca gente paga fortunas para assistir de olhos fechados a espectáculos de ópera, e nesse sentido, o que é que será preferível? Uma voz radiosa e brilhante como o Pavarotti ou a Sutherland mas cujas capacidades dramáticas/de "acting" são praticamente nulas, ou uma voz menos perfeita mas que seja capaz de nos fazer acreditar que estamos de facto perante um drama humano?

Na minha opinião, o drama apenas ganha vida quando o cantor se esquece de quem ele é e se entrega de corpo e alma à personagem. Quando sacrifica o próprio ego e às vezes a própria voz, para dar vida ao que o compositor escreveu. Callas.
E muito pouca gente depois dela.

Por isso sim, estou completamente contra a postura de "stand and sing" de muitos dos intérpretes da chamada Golden Age. Acho que se é apenas para se ouvir, não faz sentido encenar-se ópera. Façam-se apenas versões de concerto.

Anónimo disse...

Diversos escritos relacionam a Ópera com a Tragédia Grega. Lembro-me de há muitos anos assistir a uma conferência na Gulbenkian dada pela nossa maior helenista, a Professora Maria Helena Rocha Pereira, onde na assistência Maria Alzira Seixo lhe fez essa pergunta e a ilustre senhora trilhando um raciocínio que agora me escapa concluiu que sim.
Ora acontece que, quando o público ateniense ia assistir às representações trágicas já conhecia de antemão o conteúdo das tragédias, não conhecendo, claro, como a matéria tinha sido tratado. A beleza dos intérpretes aqui não tinha lugar, pois actuavam de máscara.
Que quero eu dizer com tudo isto?
Muitos de nós quando vamos à ópera não vamos ouvir "coisa nova", mas sim ouvir e ver algo que conhecemos bem e de que gostamos muito. Há uma empatia (o "pathos" dos gregos)que havia entre o público ateniense. Interessa-nos de sobremaneira o melodrama e não a parte acessória.
Também, por outro lado, não podemos exigir à ópera o "realismo" que há no cinema (o grande "culpado" dos problemas que estamos discorrendo), porque ninguém vai cantar para pedir a alguém que deixe de viver com o filho, e ninguém cai da América a falar japonês. A ópera é um lugar de impossíveis. Se o cantor é barrigudo e a cantora está perdidamente apaixonada por ele, isso não faz parte das razões que nos levam à ópera. Olhem para os primeiros intérpretes de Wagner, ainda em vida do compositor. Lindos! Eu preferia que renascesse um novo Gigli ainda mais feio do que um Corelli a cantar mal.

Anónimo disse...

Conforme o Raúl disse a Alessandra Marc devia ser proibida ou pelo menos empalada! Mas não porque é gorda mas porque cantou pessimamente e no palco é absolutamente nula. É claro que é muito mais dificil para um cantor obesso ser bom actor porque a verossimilidade do espectador está muito condicionada mas se for também um bom cantor é meio caminho andado. A Caballé e a Horne já nos anos 80 na Semiramide de Rossini em Aix-en-Provence são soberbas em todos os aspectos também porque a produção é adequada às suas possibilidades cénicas. Já a Caballé na Rosina ou na Tosca é grotesca. É um problema muito complexo. Por exemplo a Bartoli é tida como boa actriz mas por vezes é insoportavel de "amaneirada" e tem sempre um ar de mulher da fruta Romana, um pouco como a Anna Magnani mas com menos carisma. Tudo depende do contexto, adequação cénica e vocal e do tipo de produção. Um produção conservadora obviamente beneficia mais um cantor sem grandes dotes de representação.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

João Ildefonso,
Não acho que a Alexandra Marc cantasse mal. Não era a Nilsson, obviamente, mas a voz era audível naquelas massas sonoras e o timbre era limpíssimo, com um pouco de metal e, por isso, bonito.
Outra coisa. A Caballe a cantar a Rosina !!! Agora, eu, tipo KGB: Onde? Quando? Quero saber tudo, João Ildefonso :)
Um abraço do tamanho da Muralha da China

Il Dissoluto Punito disse...

Caros Raul e João,

Também fiquei em pulgas com a Rosina da Caballé! Onde, onde e onde???

José Quintela Soares disse...

Confesso que também não sabia que Caballé cantou a Rosina.
Não terá sido apenas em recital? E mesmo assim...

Anónimo disse...

João, não me pergunte a mim !!!
Outra coisa: a Caballé gravou a Elisabetta de Rossini para a Philips, gravação que eu possuo. A ópera tem uma ária para a protagonista,que tem uma segunda parte quase igual ao "Si mi tocanno" (!) da "Una voce poco fa". Será essa a presumível confusão do nosso amigo.
Agora gostaria de perguntar ao João Ildefonso como empalava a Alexandra Marc.

Anónimo disse...

Bem meus Senhores, vamos voltar à velha questiúncula beleza física versus beleza vocal? Helena Vieira ou foi bonita, Ana Ester também, Lucília São Lourenço portentosa, Elisabete Matos graciosissíma.Pelo menos falo destas que são "portuguesinhas" e facilmente um leigo pode constatar.

Anónimo disse...

Empalar é um termo muito deselegante. Presumo que nenhum dos senhores aqui presentes cante ou seja feio, logo porque não tentar o canto?
Porque não se abstêm de uma questão tão subjectiva. mas tudo na vida é subjectivo não é? Custou-me ouvir"Eu preferia que renascesse um novo Gigli ainda mais feio do que um Corelli a cantar mal."
Não aparece aqui nenhuma senhora a comentar?
Termos como "monstros", falta de dotes de representação reportam-se a todos aqueles que não têm beleza física , é isso?
Hoje em dia queremos encenações arrojadas, independentemente de se ouvirem cantores.A memória remete-me para este post e alguns dos comentários feitos a propósito.

Anónimo disse...

http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2007/01/so e

Anónimo disse...

http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2008/07/ensaladas.html

Anónimo disse...

Já me perdi na contagem dos compassos. Mas que Andamento este. Misturar H.V e E.M com Angela Ghoerghiu ou Karita Matilla? Em comum a voz ( Risos estridentes ), o que apetece dizer é que a vida é bela ou antes, a Voz é Bela, qusndo o é.
Saudações musicais e afinal acabam por dizer o mesmo, mesmo não dizendo, paradoxalmente ajeitam as jaquetas para pousar na Frisa.

Anónimo disse...

Eu não gostei de escutar a Alessandra Marc. Os agudos foram aldrabados, os graves eram desagradáveis e entubados e a dicção era péssima. Não gostei porque acho que não cantava bem caso contrario independentemente do fisico provavelmente teria gostado. Empalar não me pareçe um termo deselegante... o acto em si já será outra coisa. Para empalar a Alessandra Marc, perdão por voltar ao assunto Jorge Campos mas devo satisfazer a curiosidade do Raul que é meu amigo, teria que ser utilizada uma maquina industrial, sobre isso não há dúvida.
Eu creio que a Caballé cantou a Rosina já nos anos 80, salvo erro na mesma temporada da Tosca, em Barcelona ambas sem grande sucesso. Não conheço gravação da Rosina.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Jorge Campos,
O seu texto está um bocadinho confuso, mas diga-me só uma coisa: por que é que lhe custou ler "preferia um Gigli ainda mais feio do que um Corelli a cantar mal". E também não percebo por que é preciso chamar uma Senhora para dar a opinião. Quer dizer: percebo e muito bem, mas acho que um Cavalheiro, continua Homem, mesmo falando da fealdade ou não de um cantor.

Anónimo disse...

Quem é a mastronça da foto? Xiça, balofa oxigenada e pançuda.Tenham DÓ .Aquele dedinho na boca,a mulher já deve usar umas lindors.A cara toda marcada,mas afinal o que é que o pessoal aqui anda a ver e a ouvir?

Anónimo disse...

Fernando Freitas, a sua sorte é o dono deste blogue estar em Barcelona. Você nem sabe no que se metia !

Hugo Santos disse...

Raul, essa foi óptima.

Anónimo disse...

Finalmente, já sei a identidade da misteriosa Lucília São Lourenço. Mesmo filmada do pior ângulo e sem ser uma ária de ópera, tem TUDO! Portentosa é pouco, é uma perda que não se tenha dedicado à Ópera, pelo menos desconheço esse registo.

Anónimo disse...

Encontrei isto e deixo à consideração dos mais selectivos em termos de beleza :

http://www.youtube.com/watch?v=jm2sVtYPoao

Anónimo disse...

Jorge Campos,
Isto só pode ser uma brincadeira sua. Esta LSL e o que canta = 0

Anónimo disse...

Caro Jorge Campos

Lamento voltar à questão do empalamento mas devo esclareçer que é um assunto que tem tudo a ver com ópera! Remeto-o para o famoso "coro do empalamento" da Etoile do Chabrier. Fez sucesso na sua época e eu pessoalmente acho uma joia musical e de humor.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Ao Anónimo e ao Sr.J. Ildefonso. : Brincadeira? Não gosta? Aqui não se discutem gostos? Olha que lhe falta conhecer muita coisa e no caso em apreço quem perde é quem não conhece.
Pensei que sabiam identificar uma voz wagneriana, até a cantar uns simples parabéns a você".
A si Anónimo que pontuou aquilo que nem sequer conhece, é de muito mau tom ser tão leviano e se é verdadeiramente um amante de vozes nunca diria o contrário de uma evidência. Só quis mostrar a beleza nas duas vertentes.
Assunto encerrado. Há quem não se venda ao marketing lato sensu e acabo por aqui.

Il Dissoluto Punito disse...

Caro Jorge Campos,

Pobre LSL. É o mais simpático elogio que dirigir lhe posso... Confrangedor.

Anónimo disse...

Fui ver. A voz wagneriana !!! Eu acho que o senhor Jorge Campos devia ouvir um pouco mais de Wagner, antes de dizer uma coisa destas. Estou inteiramente de acordo com o senhor Anónimo e o nosso benvido Dissoluto.
Também considero bastante "ousadia" sua estar neste blogue a usar as palavras que usou em relação ao João Ildefonso quando diz que lhe falta aprender muita coisa. Se é de ópera, o João que um é grande conhecedor, deverá olhar para si do alto de uma torre. E isso é fácil ver, comparando o que diz de ópera, equivalente a zero, com o que diz o João Ildefonso.
Para terminar convido todos a ver o dito video da LSL e vejam quão ridículo é.

Anónimo disse...

E a si pergunto-lhe, já a ouviu? Não fale do que não sabe. Pobre sim porque deve desconhecer que foi parar ao youtube neste registo. Agora termos como pobre e ridículo é ultrajante para a figura que é. Sei sim o que é uma voz wagneriana, não me substime pois não substimei nem a si nem nenhum dos seus respeitáveis comentadores. Mas é uma ousadia dizer de um soprano dramático, ridículo. Há opiniões e há blasfémias. Quero que se dirija a mim como pobre e ridículo mas nunca às pessoas em causa.

Anónimo disse...

Se a Senhora em causa toma conhecimento desta picardia, com o fair play que lhe conheço, sorri apenas ou fica triste, pois na realidade nenhum dos comentadores privou com ela ao que parece e pode fazer qualquer juízo de valor.
Assim como eu aqui cheguei pode chegar uma moutra pessoa. A mim cabe-me a indignação de ver mencionado o nome de E.M de quem sou amigo pessoal e incondicional admirador, de forma menos polida e quanto a L.S.L, habilitada que esta a um repertório wagneriano sim, assim ela o quizesse, quem gosta de ópera e se preocupa em saber o que se passa cá no nosso convento, sabe muito bem que o país perde um Soprano Dramatico. Opções da pessoa em causa.
Se a música nos eleva não nos deixemos achincalhar nem achincalhar os demais.
As minhas saudações musicais e a minha concordância quanto à magificência de outros cantores que com regogizo aqui vejo retratada.

Anónimo disse...

Se E.M. é Elisabete Matos, pelo que me toca a única coisa que posso dizer é que sou um admirador dela. E acho incrível misturar esta cantora, a melhor entre todas as portuguesas há cinquenta anos para cá, com as outras mencionadas.

Anónimo disse...

Querido Raúl

É sempre tão gentil e simpático.
Um grande abraço.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Caro Jorge Campos

A si não vou responder primeiro porque tenho alguma dificuldade em compreender o que escreve e segundo porque me pareçe uma pessoa muito azeda e sem absolutamente nenhum sentido de humor e... de pessoas assim não gosto.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Uau!32 comentários!!!verifico que são assinados por homens (bom, na verdade dos anónimos nada sei, são apenas suposições...).
Volto, com alguma curiosidade, à "mensagem original" e à "foto" ...e pergunto-me - trata-se de introduzir um pouco de bom humor :)- se tão abundante fluxo de pensamentos e palavras sobre "beleza e beleza vocal" terá sido despoletado por uma mulher... "loura" ;-)

Anónimo disse...

Ups!Desculpem, esqueci de colocar o meu nome: Teresa.

Anónimo disse...

Bem vinda Teresa!

Anónimo disse...

Strattas ?
Berganza ?

Anónimo disse...

Citando o Poeta que o Ricardo colocou em evidência no seu blog, quanto ao não gostar de mim, em jeito de réplica aqui lhe deixo:
" Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos."

Anónimo disse...

... ainda de Eugénio de Andrade:

"Não se aprende grande coisa com a idade. Talvez a ser mais simples, a escrever com menos adjectivos(...)"

e...ainda:

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai salvar o mundo,
não mudará
a vida de ninguém-mas quem
é hoje capaz
de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido da vida de alguém?
escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca,
como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco mais.
Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são
a casa, o sal da língua.


Agora, não é do poeta:

Sejamos amáveis :-)

Saibamos sorrir ao que não passa afinal senão da espuma dos dias...ou das conversas...num blog;-)

Anónimo disse...

E assim se gastaram as palavras, sábia Teresa.
Um respeitoso beija mão

Anónimo disse...

THE END