domingo, 13 de julho de 2008

Flórez Graciosas (?)



O título do registo... não é dos mais felizes, temendo-se o pior.
O repertório - belcanto italiano puro e duro - é fascinante, pelo brilho que encerra e disciplina que demanda.
O tenor é brilhante, luminoso e cheio de graça.

É bem verdade que o registo ainda não me chegou às mãos, mas não hesitarei um segundo em adquiri-lo, logo que possa!

Em antevisão, aqui vai uma crítica inglesa:

«Bel Canto Spectacular: Arias and duets by Rossini, Bellini and Donizetti Juan Diego Flórez (tenor), Orquestra de la Comunitat Valenciana, cond Daniel Oren Decca 478 0315, £11.99

The world's most sought-after "tenore di grazia" bounds in with his trademark pizzazz in his party-piece aria from Donizetti's La figlia del reggimento, capped by volleys of exuberantly pinging top Cs. We get another Flórez calling-card in a sweetly voiced "Una furtiva lagrima". Elsewhere this recital, true to its billing, becomes a bel canto celebration for Flórez and friends.
Daniela Barcellona's dark, slightly gusty mezzo hardly makes for an ideal match with the tenor in a scintillating duet from Rossini's Il viaggio a Reims. But Flórez and the darkly flaming Anna Netrebko combine memorably in the love duet from Bellini's I puritani, while Domingo, no less, makes a noble, craggy antagonist in a duet from Rossini's Otello.
On occasion, Flórez can be unduly reluctant to soften his diamond-bright tone. That said, his collaboration with the limpid-voiced Patrizia Ciofi in Linda di Chamounix is a model of graceful, sensitive and - in the ecstatic final climax - viscerally thrilling bel canto singing.
»

9 comentários:

Ricardo disse...

O dueto do Puritani é verdadeiramente notável (já me chegou o disco às mãos ;) ) e não posso deixar de confirmar que Floréz devia ter sido o Arturo do DVD da ópera editado pela DG e não o jovem Eric Cuttler que apesar de promissor não esteve à altura do desafio nem do resto do elenco. Florez e Netrebko fazem realmente uma dupla memorável!

Já em relação à Ciofi... bem, não acho a voz nada de especial... baça, aspirada e honestamente feia.

O dueto do Elixir com o barítono Kwicien não está nada de assinalável. Floréz está bem, aliás, não fosse o cd sei, mas o Belcore soa velho, baço e desinteressante.

Os meus destaques nas colaborações vão obviamente para Netrebko e Barcelona (voz ampla e no entanto ágil).

Anónimo disse...

O Ricardo tem razão ao dizer que a voz da Cioffi é "honestamente feia". Não prima pelo timbre mas é competente, expressiva e por vezes surpreendente. Se tiver oportunidade veja a traviata de Veneza.
A Barcelona é verdadeiramente brilhante e partilhou o palco com o Florez muitas vezes e têm grandes afinidades interpretativas e estilisticas. Vi-os juntos na Semiramide em Barcelona.
Os outros não os conheço bem.
Ouvi o c.d. na Alemanha e o Domingo pareçeu-me grotesco no dueto do Otello. Existe uma outra gravação do mesmo dueto, muito mais antiga, com o Florez e a Kassarova e essa sim enche-me as medidas. Duma forma geral pareçe-me mais interessante o anterior c.d. do Florez dedicado ao Rubini. Talvez seja até o que de melhor fez em estudio até ao momento.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Dada a minha formação linguística e a minha orientação para a gramática contrastiva, a adjectivação vocálica é para mim um tema de muito interesse, pois tenho encontrado nalgumas línguas uma precisão que não encontro termo 100% correspondente em português. Como exemplo, dou o adjectivo "authority" com que muitas vezes a crítica inglesa caracteriza a voz da Flagstad.
O recurso à metáfora é também perfeitamente honesto e, além de tudo, enriquece a língua. Mas a metáfora é feita à custa de um processo psíquico, que só diz respeito ao individual, podendo ser partilhado / compreendido pelos outros. Tudo isto para que me expliquem o que é "honestamente feia" quando queremos caracterizar a voz da Ciofi.
Independentemente deste CD, a que não tive acesso, na minha opinião a Ciofi tem uma linda voz italiana de soprano lírico-ligeiro, que consegue emocionar, para além de ser uma personalidade em palco fascinante, carregada de feminino. Gosto bastante dela na Traviata e na Filha do Regimento, dois DVDs que possuo e "cherish", palavra precisa, muito usada na crítica inglesa, e que não encontro correspondente total
RAUL

Anónimo disse...

Considero que se possa considerar a voz da Ciofi "honestamente feia" no sentido em que em que não é muito uniforme tendo uma grande disparidade entre o registro grave, robusto e timbrado para soprano lirico/ligeiro, e o registro agudo, facil mas um pouco "seco" com um vibrato apertado. Em suma não será uma voz "cremosa".
A mim pareçe-me uma voz interessante mas dificil que no entanto é governada com mestria por uma personalidade excepional que da voz sabe tirar o melhor partido.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Será que o Ricardo se esqueceu de colocar o "honestamente" entre vírgulas. Se for assim, não houve comunicação entre o Ricardo e o João Ildefonso. Isto tudo porque não vejo relação entre o definido e a definição, mas não vale a pena discutir isto, porque no fim de contas o João Ildefonso gosta, como eu, da voz da Ciofi.
RAUL

Anónimo disse...

Pois claro eu gosto muito da Ciofi porque acho que mais vale uma voz deficiente governada por uma cabeça sã, são muitos os exemplos de carreiras longas e artisticamente notáveis de vozes "ordinárias", do que uma grande voz desgovernada, também são muitos os exemplos... normalmente um par de anos de fama e depois um longo arrastar pelos teatros de provincia ou uma retirada por razões de saúde.
Pois claro gosto da Ciofi e acho-a muito mais válida do que a maior parte das estrelas alimentadas pela ganância das etiquetas.
Lembro-me por exemplo dum exemplo recente da Ruth Ziesak, um optimo soprano ligeiro da decada de 90, e infinitamente superior à Barbara Boney, hoje completamente esquecido.
Seguramente não será uma voz homogenea e bela como a da jovem Kiri ou Gruberova mas todos os seus defeitos são aproveitados de forma sagaz e transformados numa mais valia interpretativa. Basta ver a Traviata.

J. Ildefonso.

Ricardo disse...

Relativamente à Ciofi, o J. Ildefonso entendeu-me bem. Como intérprete é muito competente, mas o timbre feio distrai-me desse facto. Relativamente à Traviata em questão, já a vi e acho que cumpre, mas sem distinção.

É claro que há inúmeras intérpretes de vozes com falhas mas que no entanto conseguem cativar o público, no entanto acho que a Ciofi além das falhas, tem um timbre também pouco agradável. Prefiro a Dessay...

Anónimo disse...

Então o "honestamente" não era o seu ponto de vista, mas referia-se à voz da Ciofi, pelo que não estava entre vírgulas. Continuo nem perceber o que é uma voz honestamente feia, mas cada compreende o que quer. Quanto ao timbre da Ciofi, na minha opinião, não é feio, como não o era o da Scotto ou da Cerquetti, embora não tivessem nenhum contrato com o Hedonismo.
Raul

Anónimo disse...

Para dizer a verdade também acho a vos da netrebko honestamente feiosa e desgovernada na sua Traviata ao vivo com a agravante de muito menos expressiva do que a Ciofi na mesma Opera.

J. Ildefonso.