A 5 do corrente mês de Maio, no Diário de Notícias, Ferreira Fernandes disserta sobre o famigerado caso Fritzl. A crónica apenas mereceu a minha atenção redobrada pela ignorância que encerra!
(Ferreira Fernandes)
«A tragédia austríaca de Josef Fritzl engravidando a filha, encafuando-a e aos filhos-netos numa cave, seguiu-se à tragédia também austríaca de Natasha, sequestrada e abusada durante anos. A coincidência levou ilustradores de todo o mundo a desenharem o vienense Freud psicanalizando a Áustria, deitada num divã. Ora, uma das vítimas destes escabrosos casos bem pode ser esse mesmo dr. Sigmund Freud. Os seus patrícios como que se juntaram para demonstrar que ele, afinal, prestou a atenção errada à causa de distúrbios mentais. Quem lê as notícias sobre a Áustria, não fica exactamente com a ideia de que o seu famoso complexo de Édipo - o desejo incestuoso do filho pela mãe, levando a desejar a morte do pai - é que move os tarados. Isto, claro, não excluindo a hipótese de Fritzl e o carrasco de Natasha serem filhos de Freud e terem feito o que fizeram exactamente para darem cabo da reputação do pai (matando-o metaforicamente), para em seguida violarem o bom nome da mãe-Áustria.»
(Josef Fritzl)
Provocatoriamente, bem ao seu estilo, Ferreira Fernandes discorre em tom malicioso, jocoso e irónico sobre o labor psicanalítico, procurando evidenciar a falha d’A Freudiana.
A psicanálise não é dogmática, nem a obra de Freud perfeita. Seguramente.
Ainda assim, cabe-me esclarecer Ferreira Fernandes sobre as suas falhas interpretativas e conceptuais, na prosaica leitura que dos mencionados casos faz.
Desde logo, FF desconhece o essencial: a psicanálise não pretende prestar auxílio a organizações psicopatológicas perversas - da linha de Josef Fritzl. Não só estes doentes não procuram ajuda psicanalítica, posto que a culpabilidade e sofrimento psíquicos lhes são rotundamente estranhos (fazem sofrer, não sofrendo), como a reversibilidade do mal de que enfermam constitui, o mor das vezes, uma ténue miragem.
Em segundo lugar, caro FF, saiba o senhor que o citado complexo de Édipo constitui um organizador psíquico que as personalidades perversas não integram, como o senhor ou eu próprio o fizemos! A prova disso? A exogamia – ditame último do complexo de Édipo – não figura na perturbadíssima mente de Fritzl.
Por último, cabe-me informá-lo que, de facto, a psicopatologia perversa – e bem assim toda a pesada perturbação mental – se encontra bem aquém da possibilidade de aceder a Édipo, no sentido psíquico do termo ossia integrar interditos – a renúncia ao incesto, nomeadamente -, experimentar a culpabilidade e estabelecer as identificações secundárias (ou de género), que fazem com que o homem ame a mulher e vice-versa.
(Sigmund Freud)
Mais lhe digo, caro senhor, que a sátira pode redundar em momentos de uma confrangedora ignorância! Leia Freud, pela sua saúde!
(Ferreira Fernandes)
«A tragédia austríaca de Josef Fritzl engravidando a filha, encafuando-a e aos filhos-netos numa cave, seguiu-se à tragédia também austríaca de Natasha, sequestrada e abusada durante anos. A coincidência levou ilustradores de todo o mundo a desenharem o vienense Freud psicanalizando a Áustria, deitada num divã. Ora, uma das vítimas destes escabrosos casos bem pode ser esse mesmo dr. Sigmund Freud. Os seus patrícios como que se juntaram para demonstrar que ele, afinal, prestou a atenção errada à causa de distúrbios mentais. Quem lê as notícias sobre a Áustria, não fica exactamente com a ideia de que o seu famoso complexo de Édipo - o desejo incestuoso do filho pela mãe, levando a desejar a morte do pai - é que move os tarados. Isto, claro, não excluindo a hipótese de Fritzl e o carrasco de Natasha serem filhos de Freud e terem feito o que fizeram exactamente para darem cabo da reputação do pai (matando-o metaforicamente), para em seguida violarem o bom nome da mãe-Áustria.»
(Josef Fritzl)
Provocatoriamente, bem ao seu estilo, Ferreira Fernandes discorre em tom malicioso, jocoso e irónico sobre o labor psicanalítico, procurando evidenciar a falha d’A Freudiana.
A psicanálise não é dogmática, nem a obra de Freud perfeita. Seguramente.
Ainda assim, cabe-me esclarecer Ferreira Fernandes sobre as suas falhas interpretativas e conceptuais, na prosaica leitura que dos mencionados casos faz.
Desde logo, FF desconhece o essencial: a psicanálise não pretende prestar auxílio a organizações psicopatológicas perversas - da linha de Josef Fritzl. Não só estes doentes não procuram ajuda psicanalítica, posto que a culpabilidade e sofrimento psíquicos lhes são rotundamente estranhos (fazem sofrer, não sofrendo), como a reversibilidade do mal de que enfermam constitui, o mor das vezes, uma ténue miragem.
Em segundo lugar, caro FF, saiba o senhor que o citado complexo de Édipo constitui um organizador psíquico que as personalidades perversas não integram, como o senhor ou eu próprio o fizemos! A prova disso? A exogamia – ditame último do complexo de Édipo – não figura na perturbadíssima mente de Fritzl.
Por último, cabe-me informá-lo que, de facto, a psicopatologia perversa – e bem assim toda a pesada perturbação mental – se encontra bem aquém da possibilidade de aceder a Édipo, no sentido psíquico do termo ossia integrar interditos – a renúncia ao incesto, nomeadamente -, experimentar a culpabilidade e estabelecer as identificações secundárias (ou de género), que fazem com que o homem ame a mulher e vice-versa.
(Sigmund Freud)
Mais lhe digo, caro senhor, que a sátira pode redundar em momentos de uma confrangedora ignorância! Leia Freud, pela sua saúde!
3 comentários:
Como foi capaz de sujar este blogue com a fotografia deste degenerado. Isto é igual a escrever foda-se. Por a fotografia ou escrever um palavrão é tudo a mesma merda.
O Limpa-blogues
Modere a sua linguagem! Neste espaço não há moralismos, nem julgamentos populares! Aqui, reflecte-se, de preferência sem vulgaridades.
De facto o senhor FF fez um comentário de uma grande infelicidade e ignorância... mas duvido que venha a ler a sua resposta, tão esclarecedora sobre a teoria psicanalitica, como sempre...
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