domingo, 9 de dezembro de 2007

Teatro alla Scala: a estreia de Tristan und Isolde

Tristan und Isolde, encenado por Chéreau e dirigido por Baremboim, (re)glorificam a noite milanesa de 7 de Dezembro.

Sob o signo do triunfo, o trabalho da dupla é unanimemente enaltecido pela imprensa mundial:



«Oltre cinque ore, pause comprese, per tre atti che hanno raccontato l'idea dell'amore come forza capace di vincere ogni ostacolo. E alla fine, il trionfo: tredici minuti di applausi e lancio di fiori per Waltraud Meier (Isolde), per Ian Storey (Tristan) e soprattutto per il maestro Barenboim. Anche il regista francese Patrice Chereau e lo scenografo sono stati accolti da applausi, nonostante fra il pubblico si fossero registrate alcune critiche. » (in Corriere della Sera)



«Datato 2008 e non 1981, quello che va in scena alla Scala è un Tristano naturalistico, stilizzato, «fatto», dice Chéreau, «di persone e di corpi». Il muro su cui si apre il sipario, racconta Peduzzi, è stato ispirato, anche, dall’Origine del mondo, lo scioccante quadro di Courbet che raffigura senza censure o infingimenti un sesso femminile. Waltraud Meier ha evocato Scene da un matrimonio di Ingmar Bergman, cioè un uomo e una donna che verbalizzano in maniera minuziosa la propria crisi coniugale. «Bergman, certo, e anche gli addii e le crisi delle nostre vite personali», ammette Chéreau. «Ma la storia che raccontiamo è già tutta nella musica e nel testo di Wagner: quella di due persone che, dieci anni prima, si erano scambiate un lungo sguardo indecifrabile. Poi lui si trasforma nel peggior nemico di lei, uccidendole il promesso sposo e conducendola con la forza in moglie a un altro uomo: nella mia lettura, per una vocazione masochistica, spinto dal proprio bisogno di autoannullamento. Lei subisce l’offesa ed è, insieme, attratta da Tristan e furiosa con lui. Tutto l’atto è una preghiera perché lui venga verso la prua ed esca dall’isolamento». Il filtro d’amore che bevono entrambi al posto del veleno scatena una forza erotica inarrestabile che però, nel secondo atto, diventa «una pulsione più adulta. È venuto il tempo di parlare, di ragionare. Non si è più adolescenti». » (in La Stampa)



«(...) une histoire d'amour absolu transformée en drame sacré. Le philtre bu par les amants est aussi celui de la coupe du Graal et c'est un Tristan expiatoire qui ira s'empaler sur la lance de Mélot pour avoir trahi son roi, cependant qu'Isolde, saignant par les stigmates de son amant blessé, mourra sur son corps mort dans une transfiguration mystique.
Magnifiques, les scènes d'amour sont des extases, qui ploient les corps des amants et les affaissent comme sous le poids d'un harassement plus haut. La première et unique étreinte les a dépossédés d'eux-mêmes. Ils ne se touchent pas car ils sont unis, ne se regardent pas car ils se voient. Leur vie n'est plus qu'une agonie (au sens étymologique de "combat"). Pas un mouvement, pas un déplacement qui ne soit inscrit dans la musique. Chéreau a multiplié les allusions christiques et la découverte des amants ressemble à une arrestation au Jardin des oliviers ; les marins veillent la mort de Tristan comme des disciples.» (in Le Monde)

Patrice Chéreau concede ao El Pais uma entrevista, onde discorre sobre o trabalho de mise-en-scène de Tristan und Isolde: «En mi visión de Tristán no hay amor sexual. Es amor de otra naturaleza, más profundo, con una gran carga de misterio. Hay una exaltación erótica desde la música, sobre todo en dos momentos: el dúo final del primer acto y el principio del segundo. Es el momento en que los personajes se reconocen. La energía sexual que subyace no dura mucho. No hay relación mortal. Se introduce la fascinación de la noche y de la muerte. Hay fusión y no destrucción. En ningún caso se produce una anulación de la individualidad, sino una nueva identidad de los dos en uno.»



(fotos disponíveis no site do Corriere della Sera)


Bem vistas as coisas, do ponto de vista da encenação, a tónica de Chéreau parece ter sido posta na exaltação de um amor humano, pouco afim com os excessos românticos, que tendem a idealizar o mais misterioso e complexo dos sentimentos. Ao que parece, Patrice Chéreau explora dimensões como masoquismo, fusão-simbiótica, erotismo (ainda que sublimado), ambivalência e culpabilidade, entre outros. Ainda assim, é certo que, neste trabalho, há misticismo qb, além de múltiplas alusões crísticas.

Pessoalmente, regozijo-me com a viragem de agulhas: ao invés da enfatização da perda inexorável (noite, morte, maldição, redenção pela morte, etc.), a encenação sublinha a humanidade, apesar de adornada com laivos de divindade...

5 comentários:

Paulo disse...

Caro João.
Já no Ring de Bayreuth, Chéreau fez os deuses descerem à terra e tornarem-se humanos. Um dos aspectos mais importantes das suas encenações deve ser precisamente essa capacidade de humanizar as personagens. Não conhecendo o tenor, sabemos, nós e Chéreau, do que W. Meier é capaz.


P.S. Não o vi na Gulbenkian...

Il Dissoluto Punito disse...

Paulo,

Nem mais! No Der Ring, o mais extraordinário radica na humanização dos deuses! Quanto à Meier, há anos que lhe anunciam a morte vocal - os franceses, sobretudo. Pela minha parte, continuo a adorá-la!
EU ESTIVE NA GULBENKIAN e fiz-me notar...

Paulo disse...

Devemos ter andado desencontrados. Penso que o reconheceria se o tivesse visto. Fica para uma próxima oportunidade.
Vi que gostou do concerto mas eu não me entusiasmei muito, se bem que já fosse preparado para isso. É uma questão de repertório.

Il Dissoluto Punito disse...

Paulo,

Concordo com o interesse relativo das cantatas... Mas que o Scholl está soberbo, está! Nunca o vi tão seguro!
Quanto a reconhecer-me... destaco-me pela altura e pouco mais... 1,88, barba, óculos...
Enfim, seja como for, esta sexta-feira estarei no tnsc, para a récita de Rigoletto. Também lá estará? Vai a outra récita?

Paulo disse...

Ainda não tenho bilhete para nenhuma das récitas. De qualquer modo, ainda não sei se quererei ir ver este Rigoletto... caso decida ir na sexta-feira, informarei aqui.

O Scholl estaria seguro, mas não achei que a voz estivesse no seu melhor. Disseram-me, depois, que ele vinha de uma gripe e que no Porto já estava de novo glorioso. Fiquei mais descansado, porque me pareceu que a voz tinha perdido algum brilho.