Evidentemente, saúda-se a diferença de opiniões neste espaço. Eu próprio a estimo e prezo, dado que a mesma permite o debate e discussão. Discursos unanimistas são coisa de ditadores de meia-tigela, bafientos e decadentes!
Pois bem, esta notícia - que versa sobre a prestação de La Bartoli, em Londres - investe, justamente na diferença! Senão, vejamos:
«(…) In Angelina's "Rondo" finale from Rossini's La Cenerentola, the contrast with Magdalena Kozena at the Royal Opera only a few days ago was immense. Bartoli doesn't have Kozena's voice or technical "correctness" in the pyrotechnics»
What??? Are you nuts???
É verdade que não assisti à performance de Kozená… Mas de uma coisa estou certo e seguro: Kozená não é uma cantora de repertório coloratura!!! Agilidade não é o seu forrte! Terá outros méritos – uma limpidez invejável, a par de um timbre puro e cristalino.
A menos que a bela Magdalena tenha alargado os seus méritos…
E a notícia prossegue:
«Of course, we cannot really know how Malibran sounded – whether she had as small a voice as Bartoli, whether she was prone to the same bad vocal habits, whether she swallowed the sound and aspirated the coloratura (singing or gargling?) as Bartoli is wont to do. In the end, it hardly matters. The point about Bartoli is not the voice but the artistry, and it is possible to get past the strange, at times even grotesque, vocal tics, and share in the sheer relish she has for the repertoire she chooses to sing.»
Neste capítulo, embora em divergência com o crítico, concedo: Cecilia Bartoli é prolixa em maneirismo. Quanto às demais críticas, com franqueza, o tom recorda-me o de uma certa imprensa dos idos anos 1950, que procurava distinguir-se da que idealizava a Callas, menosprezando-a.
Tão tonto é o que idealiza, como o que destrói: o primeiro, saloio, revela deslumbramento e ausência de espírito crítico; o segundo, o mor das vezes, por via da destruição, apenas exibe a sua imensa inveja.
Pois bem, esta notícia - que versa sobre a prestação de La Bartoli, em Londres - investe, justamente na diferença! Senão, vejamos:
«(…) In Angelina's "Rondo" finale from Rossini's La Cenerentola, the contrast with Magdalena Kozena at the Royal Opera only a few days ago was immense. Bartoli doesn't have Kozena's voice or technical "correctness" in the pyrotechnics»
What??? Are you nuts???
É verdade que não assisti à performance de Kozená… Mas de uma coisa estou certo e seguro: Kozená não é uma cantora de repertório coloratura!!! Agilidade não é o seu forrte! Terá outros méritos – uma limpidez invejável, a par de um timbre puro e cristalino.
A menos que a bela Magdalena tenha alargado os seus méritos…
E a notícia prossegue:
«Of course, we cannot really know how Malibran sounded – whether she had as small a voice as Bartoli, whether she was prone to the same bad vocal habits, whether she swallowed the sound and aspirated the coloratura (singing or gargling?) as Bartoli is wont to do. In the end, it hardly matters. The point about Bartoli is not the voice but the artistry, and it is possible to get past the strange, at times even grotesque, vocal tics, and share in the sheer relish she has for the repertoire she chooses to sing.»
Neste capítulo, embora em divergência com o crítico, concedo: Cecilia Bartoli é prolixa em maneirismo. Quanto às demais críticas, com franqueza, o tom recorda-me o de uma certa imprensa dos idos anos 1950, que procurava distinguir-se da que idealizava a Callas, menosprezando-a.
Tão tonto é o que idealiza, como o que destrói: o primeiro, saloio, revela deslumbramento e ausência de espírito crítico; o segundo, o mor das vezes, por via da destruição, apenas exibe a sua imensa inveja.
9 comentários:
Se estivesse perante o redactor do texto e lhe pudesse colocar uma questão, perguntaria: "Globalmente, a prestação da Sr.ª Bartoli foi medíocre ou apresentou qualidade?". Faria esta pergunta uma vez que, na minha opinião, o ponto de vista do crítico em análise prima pela desproporção dos seus argumentos, isto é, se tivéssemos podido assistir à récita e depois lêssemos o artigo, suspeito que o "grotesco" que ele aponta seria mais um exagero da sua visão constrangida do que propriamente uma característica do canto deste meio-soprano. Sem dúvida que apresenta maneirismos, contudo é uma grande intérprete indubitavelmente.
Quanto a mim, esta crítica, ainda que possa partir de "algumas" evidências concretas, é exagerada e desproporcional.
FELIZ ANO NOVO
Filipe
Não estou tanto em desacordo com o crítico. No tempo presente não gosto da musicalidade das coloraturas da Bartoli, há pouco ar entre as notas e, quando "acelera", como em muito Vivaldi, parece um "motor a 4 tempos". Se a Bartoli se esperguiça por longas notas ou faz aqui e ali uma pequena ornamentação, a sua voz maravilha. É por isso que gosto tanto da sua Casta Diva.
Quanto ao Rondo da Cenerentola, que eu adoro, um pouco de limpidez só o beneficia. Existe uma versão, talvez impar, não forçosamente um modelo, que, no entanto me arrasa pela positiva: a versão de Victoria de los Angeles. Ouvindo-a talvez se perceba os parâmetros do crítico quando não estigmatiza o mezzo checa e critica o italiano.
A Bartoli tinha uma excelente voz pequena mas bastante extensa, quente e pastosa, homogénea em todos os registros aliada a um temperamento notável. Infelizmente a voz já não é tão bela, o timbre é cinzento e pareçe um pouco "lassa" á falta de melhor definição. No último disco definitivamente não me convençe nem vocalmente nem dramaticamente. Emite alguns dos sons mais horriveis documentados em disco tal como agudo final da aria de Mendelsohn e em grande parte das arias como a "casta diva" a voz pareçe-me absolutamente inconsistente na melhor tradição da music pop a brincar aos classicos! Dramaticamente pareçe-me uma "Santuza" belcantista e acho que chega a ser bastante vulgar! Definitivamente não gosto e não aprovo. A Bartoli como todos os cantores que gravam muito mas cantam pouco ao vivo necessita urgentemente do aconselhamento de alguém e do trabalho em equipa com colegas e afastar-se da corte da Decca que a diviniza! É nova, tem talento, tem técnica e não é tarde! A historia dela não precisa de ter um final triste. Muita gente não vai gostar de ler o que eu escrevi mas lamento é assim que penso e apeteçeu-me partilhar os meus pensamentos com o Raúl e o João porque são meus amigos e pessoas que eu estimo muito.
J. Ildefonso.
Ouçam ambas as prestações em questão no seguinte sítio:
http://parsifal79.blogspot.com/index.html
João Ildefonso,
A começar por mim, que acho os seus comentários cada vez mais carregados de azedume. João amigo, você julga mais pela negativa do que pela positiva! Não pode ser assim.
Eu estou em completo desacordo consigo relativamente à Bartoli, à sua Casta Diva e ao João querer cantores tão especializados que faria todas as interpretações quase iguais, o que seria uma sensaboria e levaria ao fim do gosto pela ópera.
Um abraço + pancadinhas nas costas.
Talvez os meus comentários estejam muito azedos! Mas quando gosto, gosto também de elogiar, como o c.d. do Florez, agora dizer que gostei do último c.d. da Bartoli ou da Dessay não posso dizer e lamento porque gostava de dizer bem porque são cantoras de que eu gosto mas que considero estarem no mau caminho.
J. Ildefonso.
Que lhe permite dizer que a Dessay está num mau caminho? Pensa por ela? Sabe mais do que ela? Qual o mau caminho ?
No último disco de arias a voz está diferente. Tem um vibrato um persistente, os agudos em "forte" são dífìceis, tem alguns problemas nas frases mais longas com orquestração pesada como é normal numa voz delicada como a sua. A agilidade e coloratura continua de antologia mas sinceramente não é tão satisfatório como outras gravações que fez. Até a Lucia é um pouco decepcionante. Talvez o Donizetti cómico como a "Filha do regimento" e o "Elixir", O Mozart lírico como a Servilia e a Pamina fossem melhores investimentos do que a Maria Stuarda e a Traviata.
J. Ildefonso.
J. Ildefonso.
A grande / pequena Natalie Dessay não precisa de carreira. Não a ouvimos só por esses pormenores. Imagine-se que ela lhe dava ouvidos e não conhecíamos a sua Traviata, papel dramaticamente singular no melodrama, sendo ela sem dúvida nenhuma a melhor cantora-intérprete da actualidade. Se a Callas acabou com as coloraturas como exercícios vocais, não deixando passar a mensagem, a Dessay ainda foi mais longe.
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