Há bem pouco tempo, neste blog, falou-se deste superlativo Don Carlo, gravado em 1954.
A louvável NAXOS reedita-o agora, a preços bem módicos, como é de seu timbre.
É esperar, paciente leitor! É esperar e roer as unhas até não poder mais!!!
Para abrir o apetite, eis o elenco desta pérola:
A louvável NAXOS reedita-o agora, a preços bem módicos, como é de seu timbre.
É esperar, paciente leitor! É esperar e roer as unhas até não poder mais!!!
Para abrir o apetite, eis o elenco desta pérola:
Filippo II (Philip), King of Spain - Boris Christoff (bass)
Don Carlo, Infante of Spain - Mario Filippeschi (tenor)
Rodrigo, Marquis of Posa - Tito Gobbi (baritone)
The Grand Inquisitor - Giulio Neri (bass)
A Monk - Plinio Clabassi (bass)
Elisabetta di Valois (Elizabeth) - Antonietta Stella (soprano)
Princess Eboli - Elena Nicolai (mezzo-soprano)
Tebaldo, page to Elisabetta - Loretta di Lelio (soprano)
Count of Lerma - Paolo Caroli (tenor)
A Royal Herald - Paolo Caroli (tenor)
A Voice from Heaven - Orietta Moscucci (soprano)
Orchestra and Chorus of the Opera House, Rome
(Giuseppe Conca, chorus master)
Gabriele Santini, conductor
(NAXOS HISTORICAL 8.111132-34)
22 comentários:
Sobre esta gravação gostaria de "avisar" que tem os cortes da época. Sem o acto de Fontainbleu (o primeiro a gravá-lo foi o Solti) e aqui e acolá falta umas frases, como, por exemplo, na cena a seguir ao dueto do Grande Inquisidor com Filipe II, este passa de "fra il vostri gioielli" para "adultera consorte", sem ouvirmos os protestos de Elisabeth.
Antonietta Stella é uma boa Elisabeth (gravou um outro Don Carlo também com o Cristoff, onde a única vantagem é ter a Cossoto na Eboli), Mario Filipescchi, o tenor da primeira Norma da Callas, cumpre o seu papel, mas o timbre "so so" e Elena Nicolai, uma especialista de Wagner em Itália, tem voz, mas não deslumbra. Uma curiosidade: a cantora que faz Tebaldo, foi a futura Madame Corelli.
Para concluir: ter o Cristoff, o seu cunhado, Tito Gobbi, e o Neri no Don Carlo é uma coisa a não perder.
Raul
Acho que a Antonieta Stella, cantora Verdiana esquecida dos anos 50/60, pobre de imaginação mas de voz bela e técnica sólida, tinha qualidades para ser uma estrela hoje em dia. Realmente no que toca a vozes Verdianas, especialmente sopranos, vivemos dias muito avaros:-)))
J. Ildefonso.
100 % de acordo. Quando escrevi que a Stella é uma boa Elisabeth pensei nisso mesmo. A Stella, sem grandes deslumbramentos, tudo o que cantava satisfazia. Que eu saiba em Verdi ela gravou o Trovador (com Bergonzi, Bastianini e a Cossoto)a Traviata (substituindo a Callas, por esta se zangar injustamente com o seu mentor o mastro Tulio Sarafin, e também com o di Stefano e o Gobbi), o Simão Boccanegra (na Cetra )o Um Baile de Máscaras e duas vezes o Don Carlo. Para aquela época, tanta gravação verdiana, só podia ser dada a quem fosse realmente apreciado. Existem, por outro lado, muitas gravações ao vivo, porque enquanto cantou a Stella era muito conhecida.
Eu como já disse atrás, vi a Stella na Tosca, Ernani e Fedora, esta só por causa dela. Era uma mulher muito bonita, uma senhora, no que melhor há no termo, e muito elegante. Tenho o seu autógrafo.
Raul
Raul,
De facto, para mim, é o triangulo Christoff - Gobbi - Neri (que não conheço nada bem, mas na sua segura opinião é notável!) que justifica a aquisição da mesma! Já agora, Gobbi e o Christoff eram cunhaddos?
João,
A Leonora dela (Il Trovatore) é óptima!!!
Não sei se vive em Portugal, mas gostando tanto de ópera e sendo conhecedor, para quando crítica de ópera feita em Portugal? Abriu a temporada em S. Carlos e o silêncio dos críticos é ensurdecedor...
Sim, as respectivas esposas eram irmãs.
Outras curiosidades:
Boris Cristoff era um homem muito difícil. Indispôs-se com o Rudolf Bing, o manager do Met dos anos 50 e 60, e, por isso nunca lá cantou; queria que o Scala cortasse com o Ghiaurov, quando este aparece (disse mesmo "ou eu ou ele") e Scala cortou com ele; uma vez ia batendo no Corelli, nuns ensaios precisamente do Don Carlo, e nada aconteceu por intervenção do Tito Gobbi, que fazia o Rodrigo. Este último facto vem nas memórias de Tito Gobbi, que eu li e que por sinal me decepcionaram um pouco, pois esperava uma narrativa muito mais interessante.
Raul
Caro Anónimo,
Vivo em Portugal e tecerei uma crítica ao Così Fan Tutte - que abriu a temporada do TNSC - a 5 de Dezembro, data da récita a que assitirei ;-)
Sim é verdadade eu ofereçi o referido Trovador como Bergonzi e a Stella e achei que era muitíssimo bom!
J. Ildefonso.
Curioso, também uma vez ofereci o referido Trovador.
O Bergonzi não tem as notas do Di quella pira, mas "who cares", quando o canto é tão perfeito. A Cossoto já é uma grande Azucena, mas o "peak", já que estamos no inglês, atingio-o na versão da RCA do Mheta, para mim o melhor Trovador em registo de estúdio.Raul
Raul,
O referido Il Trovatore é, sem sombra de dúvida, o melhor: Price/Milnes/Domingo e a inigualável Cossotto!
Uma joia entre as joias e não imagino nenhuma cdteca sem ela.
Esta gravação está ao nível da Tosca da Callas da Elektra da Nilsson, da Isolda da Flagstad/Furtwangler ou do Anel do Solti, entre poucas outras.
Raul
Aparentemente o Bergonzi simplesmente decidiu cantar só as notas escritas por Verdi. Acção louvável e inédita à época da referida gravação. Conforme refere em nada desmereçe a interpretação.
J. Ildefonso.
Sinceramente acho que o Bergonzi pelo menos à época tinha as notas do "de quella pira". O melhor Edgardo da Lucia que tenho é exactamente o Bergonzi, onde agudos não lhe faltam!, numa curiosa gravação com a Bevery Sills que na cena da loucura utiliza uma "glass harmonica" conforme a intenção inicial de Donizetti.
O Raúl conhece a gravação é de meados dos anos 60 e a Sills está no auge, aliás acho que nunca fez nada melhor...
J. Ildefonso.
João Ildefonso,
Agora vou ter uma atitude dissoluteana: embirro com a Sills. Acho um produto americano e tem a voz demasiado pequena para o meu gosto. Não tenho nada dela. Nunca comprei a Louise do Charpentier, porque em estúdio só sei da existência da gravação dela, da EMI.
Não conheço nenhum Edgardo do Bergonzi (também gravou com a Moffo, mas nunca ouvi as partes do tenor), porém, posso imaginar a perfeição do seu Edgardo. Quanto a verdadeiros agudos no Trovador, ó J.I., eles não são verdadeiros agudos à Corelli, à Pavarotti,...
Eu não tenho comigo a gravação, mas lembro-me.
Raul
Caro Raúl.
Detesto a Sills e só devido à insistência dum meu amigo italiano comprei a referida gravação que devo dizer ser surpreendente.
Aparentemente a voz da Sills rapidamente se degradou quando a sua dona recomeçou a cantar logo após uma intervenção cirugica à pleura o que afectou o suporte vocal criando um feio vibrato. Com a degradação vocal começou o declinio interpretativo com a recorrencia a excessos dramáticos e ornamentais para camuflar a precaridade vocal. Culminando na triste Gilda em parceria com o Kraus. Até 68 a voz é a dum soprano ligeiro notavelmente extensa no registo agudo de timbre fracote mas governada por uma técnica diabólica e por grande sentido dramático. Quiçá não será uma voz muito diferente da Fanny Persianni criadora da Lucia. A harmónica de vidro é muito sugestiva e dá um toque verdadeiramente sobrenatural à cena da loucura. Procure a gravação que não se vai desiludir.
J. Ildefonso.
A Sills teve umas lições com a grande Rosa Poncelle e o primeiro encontro das duas está descrito pela Sills. Tem a sua graça :)
Raul
João e Raul,
Eu tenho essa Lucia - com a Sills - e devo dizer que não me fascina...
Concordo que a Sills não é nenhuma maravilha... Mas, atenção!! A escola americana é do melhorio, tecnicamente falando: Anderson, Studer, Swensen, Gruber, Fleming, Price, etc
Eu tenho muita antipatia pela Sills mas sinceramente considero essa Lucia de referência.
J. Ildefonso.
João,
Algumas dessas cantoras não podem estar na mesma fila, porque engloba uma das melhores cantoras do mundo: Leontyne Price. A Studer e a Fleming, sem dúvida grandes cantoras e de grande versatilidade. Quanto às outras, especialmente a Swensom e às vezes a Anderson (tem um vibrato quando sobe que se aproxima da desafinação) têm um pouco voz de estudante de canto, tipo Elsa Saque.
Raul
Como é que se pode dizer que a Elsa Saque tem uma voz tipo de estudante, sendo uma das nossas maiores cantoras portuguesas com uma carreira de sucessos já longa e que mantém uma frescura vocal difícil de igualar? Certamente quem escreveu tal comentário, não tem noção dos anos de estudo que implica conservar uma voz a esse nível...
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