segunda-feira, 13 de março de 2006

Slobodan Milosevic: suicídio e narcisismo

O suicídio tem a particularidade de convocar enfoques mil, do ponto de vista estritamente psicológico.

Corolário da melancolia - expressão major da ansiedade de perda -, o suicídio é, também, inquestionavelmente a manifestação absoluta da revolta pela não-revolta, como bem frisa António Coimbra de Matos, um dos meus mestres.

Pela parte que me toca, encaro-o na sua vertente mais narcísica, enquanto manifestação magna da omnipotência.



A morte de Slobodan Milosevic, ao que tudo indica, resultou de um acto deliberado do próprio, com o intuito expresso de pôr termo à vida.

Habituado ao poder quase-absoluto, triunfal, Slobodan, com este gesto, torna-se autor do seu próprio destino, fixando o termo da sua existência.

O seu gesto é, pois, de um triunfalismo absoluto, decorrente de uma prepotência magnânima: escapa a tudo e todos, o mesmo é dizer à justiça dos humanos...



[Pode ser que outros déspotas lhe sigam o exemplo... Alguém ouviu falar de Augusto Pinochet?]

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