quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Últimas aquisições...

Uma Arabella inédita, live from Salzbourg (29/30 de Julho de 1958), com dois dos mais míticos intérpretes desta maravilhosa ópera Straussiana - Della Casa e Fischer-Dieskau -, porventura a mais romântica de todas...

Um plus dificilmente negligenciável: Vier Letzte Lieder, na leitura da mesma Della Casa.



Bela, bela, Mullova acede à categoria dos mid-price. Parecendo paradoxal, não é: dois cd´s a preço de 1!
A PHILIPS "homenageia" a sensual violinista russa, reeditando algumas das suas mais destacadas interpretações.

Pela parte que me toca, optei por duas leituras:

Bach (concertos para violino e 3 Partitas)
(detalhes)

e

Concertos para violino do século XX: Stravinsky, Bartók, Shostakovich e Prokofiev.
(detalhes)

Avizinham-se momentos de puro deleite, na companhia destas duas beldades...

19 comentários:

Anónimo disse...

Joãp,
Eu não conheço os Vier Letze Lieder pela Lisa Della Casa, mas a corroborar a sua opinião há o Avant-Scène Opéra que coloca esta interpretação entre as melhores, juntamente com a Schwarzkopf e a grande straussiana Sena Jurinac. Eu tenho pela Flagstad (criadora póstuma dos Lieder com o Furtwangler, mais pela fama e amizade que a ligava ao compositor do que por ser uma voz staussiana), pela Schwarzkopf, que muitos consideram a referência e quem sou eu para contestar, pela L. Price, que coloco no top, pela Norman, que também coloco no top, e por essa cantora única e perfeita, a Janowitz. Para mim entre estas quatro sei lá quem é a melhor. Conheço a versão da Caballé, que é magnifica mas não seria uma primeira escolha.
Raul

Anónimo disse...

Não suporto a Schwarzkopf! Durante anos era proibido admiti-lo publicamente.... e ainda hoje não sei se corro perigo de vida perante tal afirmação. Reconheco-lhe méritos, obviamente, mas é uma reacção alérgica..... essencialmente cutânea. Sinceramente nunca nenhum de vós sentiu o mesmo? Parece-me sempre, mas SEMPRE, tão arteficial. Admiro nas "4 últimas canções" a Della Casa por ser uma "rapariga" moderna, a Studer pela frescura, a Jurinac pela pela humanidade, a Caballé por ser a Caballé (como em tudo o que gravou! Parece-se sempre consigo mesma e raramente com a obra ou o compositor), a Freni por fazer as "4 últimas canções" contemporâneas do Puccini e vice-versa.... as outras não conheço ou tenho reservas, independentemente da supremacia vocal, como a Janowitz que me parece um pouco a la Schwarzkopf.
Um post deliberadamente provocatório e controverso.... mas os gostos e as leituras que fazemos são mesmo assim. Pessoais e tendencialmente intrasmitiveis.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Caro João.

Pessoalmente fico muito feliz por gostares tanto da Della Casa:-))

J. lldefonso.

Il Dissoluto Punito disse...

Bom... esse ciclo straussiano é um dos meus preferidos! Nesta humilde casa, há 12 interpretações diferentes!!! Além das incontornáveis duas da Schwarzkopf e das (igualmente) duas da Della Casa, refiram-se as da Norman, Mattila, Studer, Fleming, Isokoski, Soderstrom, Popp. Bonney, Janowitz...

Il Dissoluto Punito disse...

Oh João,

A Schwarzkopf era tudo o que dizes, mas era superlativa! Crua, velhaca e arrogante, quando cantava deslumbrava... Não conhço uma Condessa (Mozart e Strauss) tão encantadora... Nem uma Fiordiligi tão delicada e humana...

A polémica está aberta! A l´armi!

Il Dissoluto Punito disse...

João,

A Della Casa era a única a fazer frente à Schwarzkopf, sobretudo em Strauss! Para mim, é a Arabella mais encantadora que alguma vez conheci... Para não falar da minha Mattila, que vi no ano passado... Mas essa é a versão sexy da recatada Arabella...

Anónimo disse...

Esquecem-se da Marchallin !!!
Na célebre gravação da Emi "convoco o mundo" a ouvir a pista no.12 do cd1 e digo que só o trabalho artístico (não artificialidade) mais perfeito pode conseguir através de uma técnica e uma sensibelidade genial, repito "genial", emitir aquele timbre tão adequado ao momento e uma "expressão nostálgica, decadente,..." .
Recomendo vivamente a versão da Price que tem conjuntamente um "despertar da Imperatriz" de sonho.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Raul,

Está a falar do Der Rosenkavalier, do Karajan, com a Schwarzkopf? Mas eu nunca disse o contrário! Ela é, com efeito, genial! Repare que disse que a dita intérprete era ímpar em Mozart e STRAUSS!!!

Fala da Leontyne ou da Margareth Price? Presumo ser a primeira! Já agora, qual é o cd de que fala?

Anónimo disse...

João,
Quando fala da Price, salvo o grande respeito que me merece a Margaret, estou a falar da querida Leontyne. O cd em questão é da RCA e tem a identificação 6722-2-RG. O cd é drigido Erich Leinsdorf na parte cantada. O cd contem também o Also sprach Zrathustra dirigido pelo grande Fritz Reiner e a Chicago SO
Raul

Anónimo disse...

A Schwarzkopf era linda, tinha uma voz excepcional, movia-se bem cénicamente mas a mim só me ocorre uma palavra para designá-la....ESTÉRIL.... pensei muito sobre esta avaliação....mas lamento já vive com este segredo durante demasiado tempo e agora já não posso voltar atrás.... nem quero.... porque não sou catolico nem acredito em milagres ou conversões, porque até acho que tenho razão, porque não me apeteçe, porque sou um "desalinhado" e não me sinto suficientemente velho para para aceitar o que me dizem.... sim ainda tenho um átomo rebelde.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Caro J. Ildefonso,
Não quero argumentar consigo, especialmente depois dos nossos bellucianos acordos. Além disso gosto de inconformados per naturam e de todos aqueles que têm um "átomo de rebeldia".
Relativamente à Schwarzkopf temos nas nossas diferenças pelo menos uma "ponte comum" (eis o discurso dos dirigentes chineses)que é o facto da dita senhora ter sido bonita, talvez uma beleza tipo Marlene Dietrich. Mas isto não diz respeito à música, e esta o que interessa.
Quanto à voz, admiro-me que diga que ela tenha tido uma grande voz, quando o que se passa é precisamente o contrário: a Schwarzkopf tinha uma voz pequena, como ela própria reconhece, que foi através de muito e muito trabalho, que é uma qualidade humana valorizada desde Hesíodo, e uma intuição artística genial, que a grande artista,repare "artista" , se tornou na grande cantora que o mundo conhece, dotada de uma cultura musical muito superior a qualquer das grandes divas que deliciaram e deliciam os nossos ouvidos.
Não vamos discutir gostos, mas gostava, se tiver paciência para isso, que me esclarecesse sobre o que entende por "estéril" quando aplicado à voz da Schwarzkopf.
Se não quiser responder, eu compreendo, pois tem todo o direito de se defender de qualquer tentação diabólica que o queira converter.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

João,

Como bem sabes, adoro a Schwarzkopf. Contudo, acho saudável que os estatutos das estrelas se discutam e se questionem! Parece-me um exercício inteligente: desidealizar a criatura é sadio!

Afinal, ela teria de ter algo de não-divino!
Ser, por exemplo, uma megera a dirigir as suas célebres master-classes!!!

Anónimo disse...

Caro Raúl

Tenho muito gosto em explicar-me.
Nesta situação utilizo o adjectivo "estéril" no sentido de inexpressivo, infrutifero. A Schwarzkopft tinha uma voz bonita, era extremamente musical e uma interprete muito inteligente no entanto acho que lhe falta espontaniedade e uma certa qualidade humana que não sei explicar melhor. Nota-se que estudava profundamente os seus papéis e que analisava cada detalhe das suas interpretações no entanto pareçe-me que não conquista o passo seguinte. Ser capaz de sintetisar essa analise, dar credibilidade ao personagem de forma a nos esquecer-mos de todo esse trabalho preparatório e aparentar espontanedade no acto de cantar. Caso contrário arriscamo-nos a pareçer, à falta de melhor definição, um pouco "caligráficos". A palavra escrita tem o seu valor semântico mas o que sobressai é o "desenho" da palavra, o "detalhe". Não sei se isto faz sentido para si. Tenho a certeza que a Vitoria de los Angeles, a Callas, a Freni, a Berganza também faziam esse trabalho preparatório, como todos os bons profissionais, no entanto ele não é aparente no resulatado final.
Espero que o João também leia este mail pois explica a minha atitude relativamente a alguns dos seus comentários.

Pessoalmente prefiro a della Casa mas essa não era casada com um produtor da EMI:-))))

Espero que tenha sido suficientemente claro, peço desculpa mas não tenho o dom da palavra escrita como o meu amigo João... nem o da consição.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

O que é interessante nesta "discussão" é que ela é actualíssima e que o seu tópico foi referido recentemente no artigo Reputations da revista "Gramophone"
(edição de Janeiro 2006), onde o talvez mais famoso crítico britânico, John Steane, falou dessa artificialidade e das vantagens de estar casada com o Walter Legge. O balanço é, no entanto, positivo. De tudo isto sobressai que a nossa argumentação foi um dos temas da revista musical mais lida no mundo.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Caro João,

Como é óbvio, leio este e todos os comentários que aqui colocas, sempre com admiração e respeito pela tua abordagem!

Percebo o que dizes relativamente à Schwarzkopf, mas continuo a achá-la genial! Se a conhecesse pessoalmente, teria outra opinião, pois imagino-a meliciosa... Enfim, fantasias... ;-)

Il Dissoluto Punito disse...

Raul,

Quer isso dizer que este blog mantém e alimenta as polémicas e temáticas de respeitável imprensa! Goooooooood! Qualquer dia ainda nos pagam para mantermos as nossas tertúlias !

Anónimo disse...

João,
Devia por isso ter conhecimento da entrevista que fazem ao Villazon na edição deste mês. Li-a ontem. Que dimensão humana ! A família, cheia de artistas, tinha uma grande casa de uma avó onde um dos tios era caricaturista e outro medium,... Hesitou em muitas carreiras: padre, actor e esteve para ir, para sua surpresa, para psicologia. É uma personalidade transbordante. O entrevistador não se coíbe de dizer que é o melhor cantor-actor em palco entre os tenores e eu, quando o vi, embora não saiba se é o melhor porque não vi os outros, posso dizer que tem uma representação extraordinária.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Raul,

Como já disse, algures, o último cd do Villazón tem um plus - um dvd promocional -, onde o cantor exibe os seus dotes histriónicos, num contexto de quase-furor maníaco! Não duvido, pois da sua capacidade representativa, mas mentenho alguma reticência...

Anónimo disse...

Carissimo João

Eu percebo o fascinio da Schwarzkopf.... talvez nem sequer seja completamente imune. Mas tento distanciar-me.