sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Mozart Lírico puro

Severamente Punito seria um anónimo Dissoluto, se ousasse passar em claro sobre as comemorações do 250º aniversário do nascimento do seu criador, mestre MOZART.

Mestre, mestre, como te venero!

Como contribuir para as ditas comemorações, que perpetuam o génio singularíssimo de um criador que marcou, como poucos, o curso da história da lírica?

Na ausência de rasgos criativos, aqui vai uma reflexão sobre a voz mozartiana.


A ópera mozartiana, na sua essência, é uma arte de câmara, sendo avessa a grandes espaços; trata-se, portanto, de uma criação em tudo antagónica à ópera romântica, que convoca vozes grandes, potentes e ágeis.

Sendo uma ópera clássica, dos seus intérpretes, exige-se equilíbrio, harmonia, rigor e elegância. Nada de potência, extensão ou grande ornamentação!

Falíveis que são as generalizações, arrisco identificar a interpretação vocal mozartiana com o registo lírico puro que, aqui e ali, demanda um carácter, ora mais buffo, ora mais serio; eis, apenas, alguns exemplos: soprano lírico (Donna Elvira, Fiordiligi, Contessa, Susanna, Pamina, Zerlina, Blonde, Ilia), tenor lírico (Ferrando, Don Ottavio, Tito, Lucio Silla, Mitridate, Tamino, Pedrillo, Idomeneo), barítono lírico (Don Giovanni, Fígaro, Conte, Guglielmo, Leporello, Papageno, Don Alfonso).

Fora destas categorias permanecem personagens de tessitura mais grave, actualmente enquadráveis no domínio mezzo (Sesto, Dorabella, Cherubino, Cecilio) e baixo (Commendatore, Sarastro. Osmin).

Ainda à margem do lírico puro, encontram-se sopranos líricos ágeis (Konstanze, Giunia, Donna Anna, Elettra) e sopranos ligeiros (vulgo coloratura, como sejam a Rainha da Noite e Aspasia).

4 comentários:

Anónimo disse...

Ler este texto é o que se chama aprender com os mais novos :)

Anónimo disse...

Parabéns. Excelente sistematização.
Totalmente de acordo.
Raul

Il Dissoluto Punito disse...

Oh Helena,
Aos 35 anos, é um privilégio editar o tempo dos mais novos, em versão musical :-) !

Il Dissoluto Punito disse...

Procurei ser sintético, Raul e ... pelos vistos, não me sai mal!