terça-feira, 5 de abril de 2005

Paris annonce la prochaine saison lyrique !

Paris, como vem sendo hábito, é a primeira das grandes capitais europeias a anunciar oficialmente o programa da próxima temporada lírica. Pour le moment, apenas a Opéra National de Paris (Bastille e Palais Garnier) e o Châtelet divulgaram os respectivos programas.

Da temporada do Châtelet, destacaria O Anel dos Nibelungos, numa produção de Bob Wilson. O ciclo será dirigido por Eschenbach, contando com alguns nomes de peso, em matéria de canto wagneriano: Leiferkus, Seiffert, Domingo, Schnitzer, Rydel, West, Henschel e Watson, entre outros.

Lá estaremos, pois não é todos os dias que pode assistir-se à mais famosa e sublime das tetralogias !

Ainda no Châtelet, Gergiev (à frente do Mariinski) dirigirá um Boris Godounov e Rousset, em versão de concerto, recria dois pilares da ópera de Handel - Tamerlano e Alcina -, contando com prestações notáveis: Mehta, Ford, Piau (na primeira) e, na segunda, preparem-se... C. Schafer que, no que à interpretação operática diz respeito, alarga o seu repertório aos períodos barroco e clássico ! Recordo que, na mesma temporada, na ONP (Ópera National de Paris), ao que julgo, pela primeira vez, interpretará o Cherubino, d´As Bodas de Fígaro e a Donna Anna, do Don Giovanni !

Schafer, a grande musa da interpretação contemporânea, à vontade em Berg - Lulu plena de sensualidade e perversão -, bem como em Schoenberg - onde o sprechstimme que o Pierrot Lunaire requer não lhe levanta dificuldade alguma.

Boulez dirige, também, O Castelo de Barba-Azul, com J. Norman, no papel de Judite... Norman cantará, ainda, na versão de concerto da obra-prima de Purcell, a personagem Dido...
Não teço comentários à presença da (outrora grande) cantora americana, que persiste em não abandonar os palcos.

O último O Castelo de Barba-Azul que vi, justamente no Châtelet, sob a direcção de Boulez, foi esplendoroso, com a dupla Polgar / Urmana !
O que pretende Boulez ao (re)propor a Norman este papel ? É certo que a caprichosa cantora o interpretou, há uns anos... sob a batuta do mesmo Boulez. Ver-se-á !

Por fim - ainda no Châtelet -, para glória de muitos (entre os quais me encontro) Mattila e Heppner cantarão Fidelio !
Se puder, vou vê-la ao Met, onde Heppner estará presente, ladeando-a !

Quanto à ONP, entre outras, conta com uma nova produção da trilogia Mozart / Daponte. Neste âmbito, sublinho a presença de interpretes como Bonney e Raimondi, no Cosí , Oelze (a magnífica Pamina de Gardiner), Regazzo (o Figaro de Jacobs), Delunsch (a Armida de Minkowski) e Grant Murphy, n´As Bodas e, no Il Dissoluto Punito, o soberbo Peter Mattei, que cantou o papel titular desta mesma opera, se não me engano, em Aix, no festival do ano passado. Mattei será, também, o Conde d´As Bodas !!!

Mozart estará em óptimas mãos ! Folgo em ver papeis atribuídos a jovens (embora, todos eles, já rodados...) e talentosos interpretes !

Refira-se, ainda, a nova produção de Iphigénie en Tauride, com Minkowski na direcção e a sumptuosa Graham, no papel titular.

Destaque, também, para a criação mundial de Adriana Mater, de Saariaho, com libreto de Amin Maalouf (autor, entre outros, de Samarcanda, obra singular e portentosa). Esta ópera será dirigida por Salonen, coadjuvado pelo IRCAM.
A produção estará a cargo do venerado Peter Sellars.



Gergiev dirigirá, na Bastilha, uma reprise de Tristão e Isolda, com Clifton Forbis - o Tristão aclamado em Genève, nesta temporada.
Já agora, se puderem assistir à estreia desta produção, nesta temporada, - entre 12 de Abril e 7 de Maio -, não hesitem, pois os papeis titulares estarão a cargo de Meier (cujo vibrato começa a tornar-se incómodo, apesar de tudo o resto, que não é pouco) e Heppner.

Agora vou terminar as minhas obrigações académicas (leia-se corrigir testes !)...

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