sábado, 25 de junho de 2011

Ross... Sininho...

(NAïVE V5221)


(Júlia Lezhneva)

Minkowski – maestro e respeitável musicólogo – deve ter-se tomado de amores pela jovem russa Júlia Lezhneva, propondo-lhe debutar discograficamente no mais exigente Rossini, o serio (La Donna Del Lago, Guillaume Telle e Semiramide). Outra razão não encontro pois – de per si - a falta de maturidade da intérprete explica, em pleno, a grande fragilidade e inconsistência deste registo.

A voz é excessivamente magra e fina, faltando-lhe corpo, alma e sentido teatral. Um toque histriónico – Horne, Bartoli, Baltsa, Valentini-Terrani, Didonato – é imprescindível, quando se aborda o Rossini Buffo e serio! Dito isto, a técnica é, apenas, o começo da aventura belcantista rossiniana.

Lezhneva apresenta-se com uma interessante técnica – com fragilidades (as mudanças de registo...) -, que deverá enriquecer-se, com a maturidade. Presentemente, parece um soprano ligeiro, com afinidades líricas. Ora, aventurar-se neste assassino território exige envergadura dramática – e cénica -, além de uma afinidade primária com as vísceras! As grandes – acima elencadas – também cantam com elas, e não apenas com a cabeça.

Imagina o avisado leitor uma primeira incursão teatral via Shakespear, como protagonista de Macbeth? É desastre garantido...

Nem só de agilidade vive... Rossini!

______

* * * * *

(3/5)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Kata Kabanova, d'après Carsen







A mais bela encenação da década é, justamente, a que Robert Carsen realizou, a partir de Kata Kabanova, de Janacek. Further details will come later...

sábado, 18 de junho de 2011

Últimas aquisições...

... vindas do céu, duas grandes divas: a disciplinada Sutherland, via recital de début (DECCA), e a fogosa Mattila, rainha em Janácek & all...



terça-feira, 14 de junho de 2011

São Carlos: temporada lírica 2011 - 2012

Foi hoje – enfim – divulgada a próxima temporada do Teatro Nacional de São Carlos. Contrariamente ao Paulo – cuja opinião muito estimo e prezo -, não embarco no entusiasmo. É certo que os ventos não sopram de feição – muito menos para as questões da cultura -, mas à parte um ou outro ponto de interesse, a coisa fica-se pela mediocridade.

Dir-me-ão que mantenho uma zanga inalterável com o TNSC, talvez com razão... Quem por lá passou nos derradeiros anos assistiu a uma vergonha sem paralelo, obra de uma gestão acéfala e pindérica. Em duas temporadas, apenas, conspurcou-se um notável trabalho de quase uma década.

Martin André terá sido corajoso em aceder a dirigir o São Carlos. Pessoalmente, nem a peso de ouro me tentariam... Mas quem sou eu?!

Destilado o veneno, vamos a factos, por ordem cronológica:

Don Carlo (Verdi),

O Gato das Botas (Montsalvatge),

Cosi Fan Tutte (Mozart),

Madama Butterfly (Puccini),

Turandot (Busoni) & Francesca da Rimini (Rachmaninov),

Don Pasquale (Donizetti).

Seis produções, para uma temporada, sendo uma dirigida às famílias... Duas novas produções – Don Carlo e a dupla Turandot & Francesca da Rimini. De acordo, haverá La Matos, como Elisabetta di Valois! O melhor a fazer será adquirir entradas para todas as récitas de Don Carlo, au sujet de Mme Matos. Depois, há a insuportável Butterfly...

Pela parte que me toca, as reservas mantêm-se, até prova em contrário.

sábado, 11 de junho de 2011

Il mio mezzo-soprano...





O meu amor e fascínio por Cossotto é mundialmente conhecido! Em Verdi, não há rival - nem Simionato, nem Barbieri, nem Gorr, nem Verrett, nem Borodina, muito menos Obtaztsova! Ailleurs, talvez Ludwig, sobretudo no terreno do Lied.
É uma questão puramente passional, que se explica - também - por uma mestria interpretativa...

Por artes do Demo, tomei conhecimento destas pérolas, indisponíveis em formato convencional... i.e., apenas se encontram à venda em formato virtual (iTunes, entre outras).

Sinto-me compelido a pecar, mesmo que seja apenas virtualmente...

Senhor, tende piedade de mim...

Disse-me um passarinho...





quinta-feira, 2 de junho de 2011

Gulbenkian 2011 / 2012: lirismo superlativo!





Para os amantes de música lírica, a programação do Serviço de Música da F. C. Gulbenkian não podia ser melhor: entre representações, versões de concerto e transmissões Live from the Met, contaremos com 15 récitas operáticas. É obra, sobretudo quando o único teatro lírico do país agoniza, apesar da mudança de terapêutica. Até prova em contrário, Martin André protela a decadência do Teatro Nacional de São Carlos.

Assim, na FCG, para além dos recitais de Deuses como Karita Mattila (17/09), Philippe Jaroussky (14/11), Angelika Kirchschlager (1-2/12), Patricia Petibon (3/12) e Andras Scholl (7/02), teremos 10 récitas transmitidas em tempo real do Met – Anna Bolena (15/10), Don Giovanni (29/10), Siegfried (5/11), Satyagraha (19/11), Faust (10/12), The Enchanted Island (4/02), Gotterdämerung (11/02), Ernani (25/02), Manon (7/04) e La Traviata (21/04). De permeio, contaremos com La Finta Giardiniera (2/10), O Castelo de Barba Azul (24/10) Tannhäuser (12/01), Bastien e Bastienne (2/03) e A Hora Espanhola (31/05).

Depois venham falar-me de crise… Haja agenda!