(Júlia Lezhneva)
Minkowski – maestro e respeitável musicólogo – deve ter-se tomado de amores pela jovem russa Júlia Lezhneva, propondo-lhe debutar discograficamente no mais exigente Rossini, o serio (La Donna Del Lago, Guillaume Telle e Semiramide). Outra razão não encontro pois – de per si - a falta de maturidade da intérprete explica, em pleno, a grande fragilidade e inconsistência deste registo.
A voz é excessivamente magra e fina, faltando-lhe corpo, alma e sentido teatral. Um toque histriónico – Horne, Bartoli, Baltsa, Valentini-Terrani, Didonato – é imprescindível, quando se aborda o Rossini Buffo e serio! Dito isto, a técnica é, apenas, o começo da aventura belcantista rossiniana.
Lezhneva apresenta-se com uma interessante técnica – com fragilidades (as mudanças de registo...) -, que deverá enriquecer-se, com a maturidade. Presentemente, parece um soprano ligeiro, com afinidades líricas. Ora, aventurar-se neste assassino território exige envergadura dramática – e cénica -, além de uma afinidade primária com as vísceras! As grandes – acima elencadas – também cantam com elas, e não apenas com a cabeça.
Imagina o avisado leitor uma primeira incursão teatral via Shakespear, como protagonista de Macbeth? É desastre garantido...
Nem só de agilidade vive... Rossini!
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(3/5)