Sagrada Família - em cena na Culturgest -, de Jacinto Lucas Pires, é um texto medíocre e pretensioso, que “reflecte” sobre política, religião e família. Há sociologia de trazer por casa e humor mordaz de segunda água... Palavrões a gosto, crueza qb, rasgos poéticos e tiradas metafísicas em dose homeopática.
Lucas Pires (LP), que se abeira dos 40, mantém uma obsessão: por via de um estilo e estética freak imutável, “desconstrói” os valores que o formaram.
LP é um verdadeiro «queque». Bem educado e criado, formado no seio do conservadorismo straight. O négligé – alternativo – retro que cultiva é pura cosmética, destinada a contestar uma educação que tem a sua legitimidade. Afinal de contas, que mal há em ser-se «queque»?! Num universo cheio de wanna be’s...
Onde Luísa Costa Gomes é de uma corrosão majestosa, Lucas Pires é, apenas, pouco mais que vulgarote e escravo do lugar-comum.
Quanto à encenação (Catarina Requeijo), dir-se-ia tratar-se de um revivalismo do teatro independente do PREC, com os tiques da época.
No meio desta hora e meia de tédio, Duarte Guimarães brilha, com talento, elegância e poesia grandiosas. Será um representante do LP genuíno, une sorte d’alterego?